
Por Ricardo Fonseca
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2017
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Vivemos numa era em que o Ser Humano tem procurado iluminar a sua vida através da compreensão dos acontecimentos que vive, da gestão das suas emoções e através da sua demanda em encontrar respostas para os seus dilemas e forças para os seus desafios, podendo assim encher-se de luz, que mostra todo o seu potencial quando o Ser Humano reconhece a sua luz interior e de igual modo, as suas sombras.
Cada um de nós tem a sua luz própria e as suas sombras, sendo o nosso Viver pautado pelas nossas tentativas em equilibrar estes dois polos, balançando entre momentos de menos e mais luz, começando a aceitar as nossas sombras e a lidar com as mesmas, não por as considerarmos como ausência de luz, mas sim como uma parte fundamental do nosso ser, sendo que residem nas nossas sobras algumas das mais importantes e necessárias emoções para o entendimento do nosso viver.
Sendo que cada Ser Humano tem a sua luz própria é nas interações sociais, nas relações e relacionamentos que vamos partilhando a nossa luz com o Outro e que de igual modo, recebemos a luz do Outro sobre as mais variadas formas, sejam elas ensinamentos, lições, desafios, partilhas, emoções, sentimentos e tudo aquilo que nos possa permitir reconhecer a nossa luz e identificar de que modo podemos contribuir para a iluminação do Outro, que muitas vezes sente dificuldade em reconhecer a sua luz.
Iluminar o nosso Viver é descobrir a melhor forma de potenciarmos a nossa luz pessoal, tornando o nosso Ser mais luminoso, tornando-o assim inspirador para outras vidas, com todas as suas vivências e experiências e que se tornam mais luminosos ao relacionarem-se connosco e partilhando um dos mais importantes percursos (na minha opinião muito pessoal) a percorrer, que é a iluminação da nossa vida ao vivermos o nosso caminho espiritual, aceitando-nos como somos e acreditando que podemos ser tudo aquilo em que nos queremos tornar.
Viver e percorrer o nosso caminho espiritual pode assumir várias formas e ser vivido em diferentes contextos do nosso dia-a-dia, utilizando as nossas ferramentas internas (capacidades, habilidades, caraterísticas) e as ferramentas externas ao nosso ser (relações, terapias, entre outras), sendo que ser alguém iluminado e/ou com uma vida iluminada, em nada implica ser superior ao Outro que ainda não reconheceu a sua luz, pois um ser iluminado é aquele que reconhecendo a sua luz encontra a melhor forma de a partilhar com o Outro com quem se relaciona, sem hierarquizações, sem presunções, mas com humildade e simplicidade.
A partilha da luz que cada um de nós tem é a melhor forma de identificar um ser iluminado, que mesmo que reconheça a sua própria luz, ainda se encontra a viver o seu caminho de iluminação, a iluminar as suas sombras, equilibrando as suas emoções com aceitação, compreensão e integração e é, a constante tentativa em equilibrar da luz no nosso ser, que nos torna seres mais luminosos, capazes de acender a luz no Outro e de inspirar as suas caminhadas ao encontro da sua luz.
Iluminar o nosso Viver, na vivência da nossa espiritualidade, é acender a nossa luz pessoal em cada lugar onde vamos, em cada pessoa com quem nos cruzamos, acreditando e reforçando no potencial de luz de cada Ser Humano, de modo a que em conjunto possamos partilhar essa mesma luz, tão importante e fulcral para o nosso dia-a-dia, servindo com um guia e/ou um farol nos momentos menos bons, nas dificuldades e nos desafios, recordando-nos que por vezes temos que saber viver na nossa sombra para reconhecermos e aceitarmos a importância da nossa luz.
Cada vez que lidamos, aceitamos e compreendemos as nossas emoções, sejam quais forem os processos emocionais a elas inerentes, estamos a reacender a nossa luz, tornando-a mais forte em cada etapa de crescimento, amadurecimento, evolução e transformação e, ao vivermos este processo de um modo tão próprio e especial, muitas vezes sem nos apercebermos, estamos a inspirar outras vidas e assim, estamos a iluminar o viver do Outro que se cruza e/ou relaciona connosco.
Iluminar o nosso Viver não é e nem implica uma vivência transcendental, como se tivéssemos que atingir um determinado nível evolutivo na nossa caminhada de vida e espiritual, implicando sim que cada um de nós reconheça os diversos pontos de luz que existem no seu interior, as diversas formas como pode partilhar a sua luz nas suas palavras, gestos, atitudes e essencialmente, respeitando e aceitando o ritmo próprio de cada Ser Humano para reconhecer e aceitar a sua luz.
Quando aceitamos o tempo e ritmo do Outro no processo de aceitação da sua luz, estamos também a iluminar o nosso viver, a potenciar a nossa luz com as nossas emoções, potenciando assim a iluminação do Outro, em humildade e compreensão.
É este percurso de aceitação, partilha e integração que enaltece a iluminação do nosso Viver, que pode inspirar outras vidas, ao encher de luz onde quer que se vá e com quem quer que nos cruzemos e que pode originar uma rede de luminosidade pessoal, de modo a que cada um de nós ao se entregar, ao se aceitar, ao se amar, se ilumine e seja criador de mais luz, para si, para o Outro e para o Mundo.

ENFERMEIRO, ESCRITOR, TERAPEUTA
www.facebook.com/RicardoJSFonseca
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2017
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