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Maldade, a bondade em tensão útil

1/3/2013

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A maldade é uma víbora venenosa. A bondade retarda o envelhecimento. É o motor consistente da boa vida. A maldade é ilusão (por isso cai). A bondade é a renovação interior – todos os dias. 
Por Carlos Lourenço Fernandes

in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Há quem reporte a maldade como a qualidade do que é mau, a propensão para praticar o mal, o ato ou dito que ofende deliberadamente alguém, ato perverso, cruel, ou a travessura própria de uma criança. O maldoso, o que tende a praticar o mal, que tem ou encerra maldade, que interpreta os outros no pior sentido. A bondade (virtude), a disposição natural em praticar o bem, para ser generoso, benevolente, amável e gentil. A busca da melhor interpretação e compreensão dos atos ou ditos dos outros. O altruísmo e a benevolência. Sempre, opções e escolhas. Opções e escolhas que convocam o persistente esforço por cumprir humanidade. E, reduzir, eliminar, as pulsões autoritárias, conspirativas, maldosas. Isto é, garantir, em esforço, que prevalece o altruísmo sobre o egoísmo (ambos presentes na condição humana).

A tensão útil da bondade sempre ameaçada pelo outro, o outro encerrado na alma negra de cada um, o outro, o ser maldoso. Fazer prevalecer a excelência e o valor nas atitudes, comportamentos, atos, momentos e ditos. E que não se pode confundir com o moralismo imperativo, inútil e inculcado na generosa condição humana quando se afirma em nascer. Tensão útil nas que percorre, em resultado dominante, em resultados visíveis, o percurso da humanidade. Percurso feliz, mas, sofredor. A bondade, a qualidade do que é adequado e justo, não se organiza, atenta e vigilante. Transporta boa-fé: a maldade organiza conspiração, intriga, insídia, injustiça e ignomínia. Trabalha, em permanência, para fazer sofrer. Mas, a tensão útil, o instinto de sobrevivência humana, percorre vitórias consistentes. No mais absurdo campo de concentração, existiu sempre o guardião amigo e bondoso. E denunciou a maldade, a abjeta e desprezível maldade. A virtude supera. Progride e, em espontaneidade, provoca avanço, benevolência e felicidade.

O sorriso bondoso constrói poesia nas faces, nos rostos. O cinismo, a hipocrisia, convoca a tessitura rugosa, a rejeição (mesmo que sob máscaras de beleza primeira), a antipatia. A reserva. O cuidado acrescido. A renúncia. A bondade constrói emergências e erupções de beleza verdadeira. A interior que, afirmando-se, projeta-se em peles e superfícies exteriores convocantes de empatia, sedas, tecidos esvoaçantes, brisas morenas e caldas, aromas de permanência. Tudo reconhece a vantagem de prosseguir a tensão útil da bondade. Praticar bondade, praticar a justiça, é caminho difícil, mas melhor caminho. A estação terminal da bondade chama-se envelhecer bem. Percorrer a estrada da vida em companhia consistente de bem-fazer. A bondade significa o despojamento, o desprendimento material, a paz e sabedoria, o espírito de infância, a serenidade. A maldade é companheira do mau envelhecimento, aquele que se inicia quando o acessório (e inútil) prevalece, tem primazia, sobre o essencial. O bom envelhecimento é aquele que onde nos sentimos prontos e melhor preparados para viver. A maldade é deterioração. Degradação. A perda de frescura e graça. A maldade é a indiferença da alma. Pobres, os maldosos. A bondade organiza a juventude ao longo dos anos. O belo, porque é bom, transforma o percurso em glória e alegria.

A maldade enruga a pele. Obriga a silicones violentos na busca da adequação que não se alcança. Dar o mais possível de coração bondoso é trabalhar na alegria. Na aleluia permanente. Com a bondade, a velhice assume dignidade, beleza e quietude tranquila, verdadeira. No fundo, envelhecer trata de morrer em boa saúde. E. boa saúde, é tradução de saúde física, mental, social (as boas interatividades) e espiritual (a prevalência das virtudes).
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Carlos Lourenço Fernandes
Professor, Escritor, Conferencista 
clfurban@gmail.com

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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Quando a “violação” é consentida

1/3/2013

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O sexo vende, desperta interesse e é um dos motores da humanidade. Em casos extremos e de total desrespeito pelo ser humano resulta em violação física. Mas há outras formas de “violação” consentida, contra as mulheres e infligida pelas próprias. Delas resulta um feminino profundamente ferido e a precisar de cura. 
Por Sofia Frazoa

in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Nos últimos meses, notícias de violações de mulheres por grupos de homens, na Índia, chocaram o mundo e voltaram a levantar a questão dos direitos e proteção da mulher. Estes comportamentos bárbaros também nos levam a questionar a bondade inata do ser humano e a consciência do respeito, consideração e compaixão pelos outros seres humanos, sejam mulheres ou homens. Ainda tentamos encontrar “desculpas” que possam justificar tais atos, como questões culturais, exercício de poder, sociedades subdesenvolvidas, mas nada há que nos convença que tinha de ser assim e que não podia ser de outra maneira. Este mês, o tema convida-nos a refletir sobre outras formas subtis de “violação” contra as mulheres e a maldade que as mulheres infligem a si próprias.

Outras formas de “violação”

O sexo é - e sempre foi - um dos temas que mais curiosidade e interesse desperta na vida das pessoas. Passamos a vida a seduzir e ser seduzid@s, consciente ou inconscientemente; a tentar agradar e sentir agrado; a procurar situações que mantenham acesa a chama da paixão, que nos faz sentir viv@s, desejad@s e ativ@s. Se entendermos o sexo como uma das componentes da vida do ser humano que contribui para o seu bem-estar e equilíbrio, estamos a honrar parte da nossa natureza biológica. A conotação de “maldade” e perversão que depois lhe damos já está relacionada com questões culturais, religiosas e/ou sociais. E, neste sentido, as mulheres têm sido as mais penalizadas.
            
Começa logo por, ao longo dos séculos, terem sido vedados às mulheres os direitos de terem prazer e viverem o sexo como os homens, justificando-se que estes são biologicamente diferentes. Depois, provavelmente poucas pessoas perdem tempo a pensar nisso, mas os “piropos” e comentários com conotação sexual são, por norma, mais dirigidos às mulheres do que aos homens.
            
E aquilo que, à primeira vista, parece um elogio e uma demonstração elogiosa de “interesse”, visto à lupa constitui uma invasão e, em última análise, uma “violação” porque não há consentimento mútuo nem relação de igualdade e prazer para os dois lados. Já experimentaram perguntar a uma mulher se a incomoda ser “elogiada” por aquele homem em particular ou com aquele tipo de comentário? As respostas poderiam ser surpreendentes (“detesto que me digam isto!”, “credo, com este homem nem morta!”, “vai dizer isso à tua mãe” ou “não tens espelho em casa?” poderiam ser algumas das reações…).

O feminino ferido

Do ponto de vista terapêutico, estas “agressões” a que as mulheres estão expostas vão ferindo o feminino desde a infância/adolescência, quando muitas vezes há, inclusive, sentimento de culpa por nos terem tocado ou feito determinado comentário. Crescem, assim, mulheres feridas com a sua sexualidade, com os homens e com a vida em geral (dependendo, obviamente, da profundidade/gravidade de uma situação e da forma como foi sentida). A nível do corpo, essa energia de dor fica acumulada na zona do útero e dos ovários. E precisa de ser entendida, desbloqueada e curada para uma total libertação.
            
O mesmo se passa no âmbito de um relacionamento íntimo, em que supostamente há consentimento mútuo. A grande questão é que, devido aos papéis de género que nos foram sendo inculcados, há muitas mulheres que se “obrigam” a encaixar num padrão que não é o seu. E ao permitirem-se viver esse modelo, ao renunciarem à sua voz interior, vão traindo a vontade do seu feminino e contribuindo para o ferir um bocadinho mais. Sim, sobretudo a nível sexual. Mais uma vez, essa energia de dor, por vezes repulsa e até mágoa, vai preenchendo a zona do útero e dos ovários e pode assumir sensações de ter pedregulhos alojados, ardor, picadas e até pontas de facas a espetarem.
            
Estas são apenas algumas das maldades que as mulheres podem fazer a si próprias. Tendo em conta que o centro da criatividade, da vida, do feminino, está precisamente nessa zona do corpo das mulheres, torna-se imprescindível tratar dessas feridas. Em nome do próprio bem-estar e do consequente bom relacionamento com os outros.
            
Fica o convite às mulheres a escutarem o seu útero/ovários (mesmo que se tenham submetido a alguma cirurgia essa memória continua lá). Podemos fazer uma meditação em que viajamos até esta zona do corpo ou, simplesmente, sentir os sinais que ela nos vai dando. Que história conta? Que feridas tem? Que tratamento pede?
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Sofia Frazoa
Terapeuta
www.caminhosdaalma.com
caminhosalma@gmail.com
Facebook: Caminhos da Alma

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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A Maldade

1/3/2013

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A vida é o que é, não é o que idealizo. A maldade surge quando considero a vida errada, injusta, negativa, má. Será que a vida quer saber a minha opinião. Vive-se de mil e uma maneiras. E posso aproveitar para extrair as lições que a vida me oferece ou posso escolher apontar o dedo e ficar sentado na cadeira reservada às vítimas. Tanta maldade!
Por Emídio Carvalho

in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Encontramos pessoas que vivem num perfeito estado de negação. Podem estar à beira de um divórcio litigioso, com artrite reumatóide e desempregadas, e mesmo assim mantêm um sorriso na face e afirmam estar tudo bem.

Conseguimos maltratar-nos bastante quando acreditamos que a vida deveria ser um mar de rosas e tudo deveria funcionar a nosso favor. Imaginamos um mundo ideal, prazenteiro, onde todos se comportam como nós queremos. É um mundo surreal.

O ser humano, ao longo dos últimos milhares de anos, tem criado, na sua mente, uma realidade incongruente com a vida.

A realidade é tornada romântica pela mente. Imaginamos companheiros felizes e responsáveis que partilham as suas vidas connosco, filhos exemplares e bons alunos, empregos onde somos valorizados e que nos preenchem, férias paradisíacas, pais iluminados que nos compreendem, patrões simpáticos que apoiam todas as nossas decisões, políticos honestos que trabalham para a população que servem, líderes religiosos moderados e sábios, vizinhos seguros em quem podemos confiar, serviços públicos infalíveis. Enfim, criamos uma versão do mundo que não existe.

Talvez aqui resida a principal maldade: não querer ver a realidade tal como se apresenta.

Nesta realidade imaginada há apenas passarinhos que chilreiam, cães amigos dos seus donos, amantes carinhosos, alimentos nutritivos, intervenções cirúrgicas que salvam temporariamente uma vida, pores-do-sol belos e amigos que nos compreendem.

A verdade é que também há tsunamis que apagam milhares de vidas em minutos, vespas que ferram, abutres que se alimentam de animais mortos, patrões que levam uma empresa à falência, maridos traidores, cães que mordem, líderes desonestos, bactérias assassinas.

O mundo não é um local agradável, é um local onde a vida acontece de mil e uma formas. Um ciclo continuo de criação e destruição.

O ser humano, se tiver sorte, irá nascer, crescer, adoecer, entrar em declínio e morrer. Se tiver muita sorte irá nascer e morrer sem passar por todas estas transformações.

Criámos esta ideia absurda de como a vida deveria ser. Não como é, mas como deveria ser. E a vida nunca acontece como deveria: acontece como acontece, sem a nossa autorização.

A primeira maldade que cometemos é querer controlar aquilo que não se controla jamais: a vida.

Muitas pessoas afirmam que se fizermos isto iremos ter aquilo. Tentam impingir uma fórmula que resolve qualquer drama. Um inferno! Há maldade sempre que afirmo que tens que fazer algo, ou deverias fazer algo, para estares bem. É assim que a maldade persiste. Tens que estar bem para eu poder estar contigo. Deverias estudar mais para eu gostar de ti. Tens que ser arrumado para eu me sentir bem perto de ti. Deverias ter um propósito para ser feliz.

Ter a pretensão de controlar a vida é um absurdo! Dizem-nos para termos pensamentos positivos e a nossa vida será positiva. Na minha experiência isto não funciona. Pelo simples facto que não controlamos os pensamentos. Os pensamentos simplesmente surgem na mente. Não penso, sou pensado. E a única forma de eliminar os pensamentos que dizem que não presto, ou que o mundo é um lugar perigoso, ou que os homens não deveriam ser infiéis, ou que os amigos deveriam compreender-nos, é questionando cada pensamento que sinto mal-estar. E questiono cada pensamento para ter paz, nunca para ter razão. Não é possível ter paz e razão ao mesmo tempo.

Ensinam-nos a ter objetivos na vida, e a segui-los. Mais uma forma de sofrer. Criamos uma expetativa. Se as coisas não correrem como planeio ficarei desapontado. Um horror! Mas posso criar objetivos e ficar num estado de curiosidade. Talvez as coisas aconteçam como planeei ou talvez não. Confio na vida a cem por cento. Não sei o que é melhor. A vida sabe. E o melhor é o que está a acontecer agora. Quer goste ou não, o que está a acontecer agora é a única realidade possível.

Nesta realidade haverá sempre pessoas que rotulamos de boas e más. Bonitas e feias. Certas e erradas. Mas se para mim é importante a bondade, a beleza e o que está certo, poderia ser o exemplo daquilo que espero dos outros?

Jamais conseguirei controlar os outros. Não é possível. E se tenho que parar de ser quem sou para que outros gostem de mim, então os outros irão gostar de uma máscara e nunca de quem sou realmente. Muita maldade.

E apesar de comummente associarmos a maior maldade humana a situações como a guerra e a fome, posso afirmar, que é numa zona de guerra ou de fome que podemos ter a experiência do maior amor que um ser humano nutre por outro. É nas situações de maior crueldade que o melhor que há em nós surge naturalmente.

E quando procuro a bondade, como trato aqueles que são antipáticos? Ou os que maltratam animais? Como trato um violador? Ou um pedófilo? Como trato aquele que governa e se deixa corromper?

Temos muita dificuldade em separar o ser humano da ação cometida. A criança deixa cair um copo e não dizemos para ter mais cuidado ao segurar o copo, preferimos dizer “trapalhão” ou algo ainda mais maldoso. O violador comete um ato extremo de violência, e irá pagar por isso. E quem é a pessoa por detrás deste violador? Que história de vida terá? Não digo que a violação é algo positivo (eventualmente podemos descobrir que pode ser, se estivermos despertos), mas julgo a violação. E antes de julgar aquele que maltrata os animais, ou o pedófilo, ou o toxicodependente, ou o traidor, posso permitir-me mergulhar dentro de mim e descobrir-me.

Onde é que já me traí e traí outros? Talvez quando disse sim e queria dizer não. Ou talvez quando fiz algo para agradar a outros e não por querer mesmo. Onde é que me violo e violo outros? Talvez quando cedo a um pedido que não pretendo cumprir. Ou talvez quando me obrigo a fazer um frete. Onde é que não me respeito, e não respeito os outros? Talvez quando permito que outros se aproveitem de mim. Ou talvez quando fico zangado porque não gosto da opinião.

E é curioso como valorizamos e desvalorizamos as ações humanas de acordo com os nossos interesses. Um exemplo disto é a mentira que a amiga conta para não ir tomar café connosco (errado) e a “mentirinha” que contamos para não magoar o amigo (certo). Mentira é mentira. Traição é traição. Não caias na asneira de desvalorizar as “asneiras” que fazes para te sentires acima de outro.

Outra maldade que cometemos com frequência chama-se “tolerância”. As pessoas julgam-se serem boas porque toleram outras. Em realidade tolerar outro é colocar-se acima dele. Quando tolero o que estou a afirmar é que estou tão acima de ti que permito a tua existência. Chamo a isto arrogância refinada. Prefiro aceitar-te tal como és, torna a minha vida mais pacífica.

E a única maldade que encontro é aquela que luta com a realidade. E perante a realidade presente irei apenas questionar se há alguma coisa que possa fazer para a alterar. E se há, faço-o. E se não há, aceito-a.

Haverá maior maldade que querer que outros mudem para eu estar bem?
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Emídio Carvalho
Filósofo
www.emidiocarvalho.com
emidiocarvalho@gmail.com

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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O psicopata que habita em mim

1/3/2013

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Existe um psicopata em cada um de nós. A psicopatia só ganha contornos de doença mental quando não é assumida e integrada no nosso ser como característica pessoal que nos permite crescer e evoluir como ser humano.
Por Ricardo Fonseca


in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Nesta edição da Revista progredir o tema central baseia-se na Maldade, que se pode manifestar de diferentes formas consoante a personalidade de cada indivíduo.

O título deste artigo pode parecer a alguns de vós um ato de loucura ao confessar que existe um psicopata em mim, mas ao longo deste artigo perceberão o porquê desta confissão e da associação destas ideias.

A psicopatologia desde sempre estudou os comportamentos dos indivíduos que manifestavam determinados comportamentos que podiam ser aglomerados numa única doença: a psicopatia. Porém, ao longo dos tempos a psicopatia adquiriu novos significados e em muito contribui a empresa cinematográfica que usou e abusou de personagens psicopatas que toldaram o verdadeiro significado desta patologia.

Segundo Ana Sila um psicopata é “um indivíduo que apresenta um transtorno de personalidade, que se carateriza pela total ausência de sentimento de culpa, arrependimento ou remorso pelo que faz de errado; pela falta de empatia com o outro e de qualquer tipo de emoção”.

Os psicopatas são indivíduos mentirosos compulsivos, egocêntricos, frios, calculistas, manipuladores, impulsivos, irresponsáveis, transgressores das regras sociais, violentos e narcisistas e coabitam no meio de todos nós sem que nos apercebamos de tal a não ser que sejamos utilizados para a satisfação dos seus próprios desejos.

Hoje já não se associa como erroneamente se fazia no passado, a psicopatia á loucura.

Segundo uma recente classificação, da Associação de Psiquiatria Americana (APA) os psicopatas podem assumir 5 tipologias diferentes:

- O conquistador: aquele que ora é odiado ou amado ao mesmo tempo, que fala utilizando muitas piadas e aquilo que a outra pessoa quer ouvir; vive de ciclos de autoengano motivado pela sensação de poder, pois a “caça” promove a sua potência como predador e utiliza todo o seu charme para dominar a conquista.

- O malandro: aquele que só quer gozar a vida aproveitando cada momento sem qualquer pudor ou medo das consequências e ignorando as regras sociais e morais.

- O invocado: aquele que identifica em primeiro lugar os perigos e riscos pois gosta de estar sempre perto da confusão, seja para acusar ou agredir defendendo sempre a sua inocência e supostamente os outros.

- O vigarista: aquele que consegue através da ilusão mover as pessoas para aquilo que quer, sendo vendedor de sonhos e confiança e evocando ambições desconhecidas mesmo para quem usa como alvo.

- O serial killer: aquele que é frio, calculista. Age da forma que para ele é adequado, usando a impulsividade e não tendo qualquer sentimento de culpa ou justificação.

Mediante o que foi dito assumo o psicopata que habita em mim, pois em muitas alturas da vida assumi e integrei algumas das características da psicopatia e convivi com elas o tempo que considerei necessário.

E vocês, caros leitores, identificam alguma destas características na vossa maneira de ser e estar? Já pensaram que alguns destes indivíduos podem ser membros das vossas famílias, do vosso círculo de amigos, vossos colegas de trabalho?

Ser psicopata não significa que se vá cometer um crime mais ou menos hediondo ou marcarmos negativamente cada passo da nossa caminhada de vida. A maldade, como todos nós sabemos, é uma questão acessível a todos nós e é uma questão de contexto.

Todos nós já realizamos conscientemente e intencionalmente atos prejudiciais, maus, causadores de danos nos outros com quem nos relacionamos para usufruirmos de alguns ganhos pessoais e pelo nosso bem-estar. Todos o fizemos, porém é difícil admitirmos que aconteceu, por estarmos conscientes da infelicidade que causámos nos outros.

Aliás, se pensarmos um pouco sobre esta questão, em alguns grupos sociais há indivíduos com comportamentos desviantes que são capazes de ter uma vida plena, calma e conseguem construir relações saudáveis. Em outros casos são indivíduos com características associadas a este tipo de transtorno que movem alguns grupos para a evolução permitindo uma crescimento e desenvolvimento adaptativo, através da promoção da aceitação e da cooperação entre pares.

Quando nos referimos neste artigo á psicopatia, não relacionamos com o transtorno de personalidade num grau elevado em que há definitivamente uma doença mental instaurada e exige a necessidade de um tratamento e acompanhamento profissional adequado. Referimo-nos às características dos psicopatas que todos nós temos e reitero, mediante determinados contextos.

Sim, eu aceito o psicopata que habita em mim e ao aceitar a minha verdadeira forma de ser, consigo enumerar as atitudes e comportamentos associados a um determinado comportamento e assim crescer e evoluir como ser humano.

A não-aceitação de uma parte de nós faz com que a mesma seja considerada impura, não digna e é nestes casos de recalcamento continuado, segundo a APA, que em muitos casos surge a progressão para um transtorno mental.

Todos nós, caros leitores, temos um psicopata em nós. É esse psicopata que escondemos do mundo e de nós mesmos, que muitas vezes surge como reflexo no nosso espelho e compete a cada um de nós aceitar essa sua característica tão própria.

Sim, existe um psicopata em mim sendo um grande contributo para o meu crescimento e evolução como ser humano.
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Ricardo Fonseca
Enfermeiro / Escritor
http://escritadoautoconhecimento.webnode.pt
percursosdevida@gmail.com

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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Sou o Santo da Loja

1/3/2013

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Como experimenta as suas interações na atividade profissional? Veste a máscara de Santo ou de Diabo? As relações pessoais são um dos principais fatores de bem-estar e sucesso no local de trabalho.
Por David Rodrigues


in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

A nossa vida profissional é influenciada não só pelo nosso empenho, pela nossa competência, conhecimentos e capacidades técnicas e práticas, mas igualmente pelo ambiente, pela cultura, pelas relações, competências e ações de colegas, subordinados e superiores hierárquicos, pelas condições físicas da organização e pelas interações que estabelecemos com os diferentes envolvidos na nossa atividade profissional, desde clientes, a fornecedores, parceiros, utentes, financiadores, concorrentes entre tantos outros. Este é um facto inegável.

E no meio de todas estas interações e condicionantes, há uma que tendencialmente pode ser crítica para a nossa satisfação pessoal e performance profissional, que são as relações humanas desenvolvidas. E aqui é onde por vezes surgem problemas complexos: os patrões autoritários, os colegas invejosos ou interesseiros, os superiores insuportáveis, entre outros.

E isso leva a atitudes e comportamentos que lesam por vezes o nosso bem-estar emocional e psicológico, como intrigas, mentiras, “jogo sujo” e conflitos diretos ou indiretos que colocam em causa a qualidade do nosso desempenho bem como a imagem e credibilidade profissional que é passada a terceiros. Isto provoca um sofrimento e desgaste muito grandes levando a elevados níveis de ansiedade, depressões, esgotamentos, alterações de humor, alterações físicas até à doença e por vezes mesmo à desestruturação da vida pessoal e a um total desequilíbrio psicológico. Este é um facto inegável.

Agora é também um facto inegável, que o aparecimento destas situações na nossa vida, não são inocentes nem casuais, aliás nada do que acontece na nossa vida é casual. Do ponto de vista energético, há um propósito na vivência daquela situação, que pode ter variadíssimas origens e múltiplas interpretações e mensagens implícitas como:

  • já há muito tempo que estamos naquela posição e emprego e embora os sinais se tenham multiplicado nunca mais tomamos a decisão de sair e mudar (sim é verdade temos sempre as melhores justificações do mundo);
  • precisamos de aprender a ser mais humildes;
  • temos de crescer e tomar consciência de que tem de existir tolerância para formas diferentes de ver o mundo, e formas diferentes de lidar com determinadas realidades no âmbito profissional;
  • há uma aprendizagem de perdão a ser feita;
  • não trabalhamos para o nosso patrão, mas sim para nós próprios, e quando assim não acontece, focamo-nos nos problemas e não na nossa realização;
  • as nossas expectativas, pelo efeito pigmaleão, concretizam-se sempre reforçando as nossas convições e certezas, de que colegas ou patrões são problemáticos, autoritários, …
  •  …

“Esperem lá… não me venham com cantigas, eu já tive em 3 empregos diferentes e apanhei sempre chefes que eram embirrentos e implicativos, vão-me dizer que isso não é um azar desgraçado…”

Pois claro que não, ainda por cima se a experiência se repete, não é mesmo de todo por acaso e o mais interessante é que o único fator comum, é o próprio protagonista da experiência. Que crenças tem relativamente às empresas e aos patrões? Sente-se seguro nas suas competências e qualidades? Qual a sua relação com o dinheiro? E com as suas emoções? Como são as outras relações da sua vida, amorosas, familiares, de amizade? Em que nível é que a sua vida está a precisar de ser curada?

A nossa vida é uma simbiose de múltiplos aspetos e dimensões que interagem energeticamente. O nosso nível vibratório é influenciado pelas mesmas e simultaneamente elas influenciam as situações que atraímos para a nossa vida. Isto é mais ou menos o mesmo que na psicologia positiva se denomina por lei da aproximação, em que existe uma maior abertura do nosso sistema de retenção de informação e da capacidade sensorial para detetar, seguir e aproveitar solicitações e informações que se cruzam no nosso espectro sensorial (que são milhares diariamente) e assim moldar e criar a nossa realidade de formas totalmente diferentes dependendo do nosso foco mental e emocional. Assim a nossa postura na vida, as nossas decisões, pensamentos e emoções moldam a teia energética que nos envolve e como vivemos num sistema sempre em busca do equilíbrio energético, são enviadas sirenes, apitos e encontrões que trazem mensagens de alerta para corrigirmos os desequilíbrios encontrados, da mesma forma que quando não comemos o organismo informa-nos que estamos em défice através da sensação de fome.

Assim e embora vejamos apenas os defeitos e problemas dos nossos colegas, subordinados ou superiores (como se nós não tivessemos nenhuns e o mal todo estivesse neles), em boa verdade, a maldade ou bondade não existe em termos absolutos na nossa vida profissional. Existem sim experiências que interpretamos como boas ou menos boas, mas que têm um significado muito concreto para nós, e que acontecem a nós em particular e não a outras pessoas ou quando acontecem a duas pessoas nem sempre o motivo é o mesmo.

Isto leva-nos ao grande desafio de transformarmos o nosso papel de vítimas indefesas em responsáveis pela criação da nossa realidade, com tudo o que isso tem de maravilhoso (e exigente)!
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David Rodrigues
Consultor Money Life
www.moneylife.com.pt

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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As maldades da austeridade

1/3/2013

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As políticas de austeridade são injustas e inúteis, e são uma violência sobre um país devedor, além de terem componentes perigosas e difíceis de explicar. Corta-se o Estado Social mas ao mesmo tempo dá-se dinheiro aos bancos?
Por Domingos Amaral


in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

O mais grave problema das políticas de austeridade é que elas prejudicam todas as pessoas que vivem num país, independentemente de elas terem ou não tomado opções erradas na sua vida financeira. Uma política de austeridade é cega, e muitos dos que mais sofrem com ela não fizeram nada que justifique esse sofrimento.

Na origem da justificação para qualquer política de austeridade nacional está o suposto mau comportamento do seu governo e do seu povo durante muitos anos. Ou seja, é-nos dito que “vivemos acima das nossas possibilidades”, e por isso acumulámos muita dívida, seja ela privada – das pessoas, das famílias, das empresas – seja ela pública. Esse acumular de dívidas, que foi feito ao longo dos anos, atinge a partir de certa altura um limite insustentável, que já não é suportável, e portanto torna-se necessário praticar políticas de austeridade, para que todos se endividem menos.

Porém, há algumas falácias nesse raciocínio, sendo que a primeira é que a definição de “viver acima das possibilidades”. Na verdade, quando no passado contraíram dívidas, pessoas e empresas e até o Estado, não estavam a viver acima das suas possibilidades, mas sim a serem racionais. Quando a taxa de juro é baixa, e há muito crédito disponível, é racional contrair dívida, e não faz sentido dizer que isso é “viver acima das possibilidades”. A verdade é que as pessoas, as empresas e o Estado estão apenas a aproveitar a situação económica favorável para viverem e crescerem melhor. Se contraem dívidas, não é porque sejam irresponsáveis, mas porque as condições económicas são tão favoráveis que não faz sentido não pedir dinheiro emprestado.

Foi isso que se passou com Portugal. A entrada do país na moeda única – euro – permitiu que todos tivessem acesso a muito crédito e a crédito barato. Isso não foi culpa das pessoas, mas sim do ambiente económico que o euro criou para elas. Vir, dez anos mais tarde, dizer que as pessoas viveram “acima das suas possibilidades” é esquecer que não foram elas que criaram essas oportunidades, mas sim a Europa e a entrada no euro.

Mas, o principal problema, a maldade intrínseca das políticas de austeridade, é que elas atingem e castigam todos, mesmo aqueles que não se endividaram em demasia. A austeridade profunda e prolongada que se pratica em Portugal atualmente, atinge as empresas, que começam a ter de despedir pessoas, e muitas das que vão parar ao desemprego nem sequer tinham grandes dívidas. Ou seja, mesmo quando não contribuíram para a dívida excessiva, as pessoas pagam um elevado preço pela austeridade.

Por fim, a austeridade é má porque é muitas vezes quase inútil. É apenas uma cura drástica de emagrecimento, uma dieta brusca, que provoca recessão e desemprego, mas não altera nem o comportamento dos consumidores, nem o modelo económico que o país tem. Em vez de ser uma dieta moderada mas inteligente, que tenta alterar o comportamento para o futuro, é apenas um violento emagrecimento, mas quando acabar toda a gente se vai comportar da mesma forma que se comportou no passado e voltar a “comer” da mesma maneira.

Há ainda, e no caso específico português, contradições preocupantes dentro da própria política de austeridade. Nós ouvimos falar da necessidade de sacrifícios, de aumento de impostos para pagar a despesa do Estado, e da urgência em cortar 4 mil milhões de euros em despesas sociais – salários, pensões, despedimento de funcionários públicos, diminuição das despesas em educação e saúde – e ao mesmo tempo, o mesmo sistema político que nos tenta convencer da necessidade imperiosa destes “cortes” entrega ao sistema bancário português fundos na ordem dos 14 mil milhões de euros! É impressionante que se diga que é absolutamente indispensável reduzir a despesa do Estado em certas áreas que afetam a população muito, justificando isso com a falta de dinheiro, e ao mesmo tempo se auxilie de uma forma obscena a banca nacional, emprestando-lhe muito mais dinheiro do que aquele que se deseja cortar! Algo está profundamente mal e errado nesta lógica, e é também por isso que as políticas de austeridade perdem legitimidade aos olhos da população portuguesa.

É evidente que, quando um país atinge um nível de dívida demasiado elevado, há comportamentos que têm de ser alterados para o futuro, pois esse nível é insustentável. Porém, não é correto dizer-se que a culpa é apenas do devedor e que os credores é que têm de ser protegidos. Onde há um devedor irresponsável, há também um credor irresponsável, que não devia ter emprestado tanto dinheiro a quem tinha menos capacidades. Assim, quando se torna necessário um “ajustamento”, ele não deve recair apenas sobre os devedores – como é o caso atual de Portugal – mas também sobre os credores, que têm de suportar perdas pelos excessos que também eles cometeram. Se a Europa, e sobretudo a Alemanha, tivesse reconhecido que não se tratava apenas de um problema de mau comportamento dos devedores, o ajustamento português não teria sido tão brutal e tão cego.

O “ajustamento” português foi uma violência, e faria muito mais sentido fazê-lo em dez anos do que em dois ou três. Assim, acabámos numa profunda recessão e sem saída à vista. Ou seja, acabámos com ainda mais dificuldades de pagar dívidas. Se a ideia era ajustarmos para melhor pagar as nossas dívidas, não é certamente com um milhão de pessoas no desemprego que as vamos conseguir pagar.

Frases destaque

O “ajustamento” português foi uma violência, e faria muito mais sentido fazê-lo em dez anos do que em dois ou três.

Onde há um devedor irresponsável, há também um credor irresponsável, que não devia ter emprestado tanto dinheiro a quem tinha menos capacidades.

Mesmo quando não contribuíram para a dívida excessiva, as pessoas pagam um elevado preço pela austeridade.

O mesmo Estado que diz ser necessário cortar 4 mil milhões de euros em despesas sociais, empresta aos bancos mais de 14 mil milhões de euros!
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Domingos Amaral
Jornalista, economista, escritor
www.domingosamaral.com

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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Alienação parental. Maldade primária e perversa

1/3/2013

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A reflexão de um pai sobre a tendência de algumas mães que consciente e inconscientemente, promovem o afastamento dos filhos – rapazes – em relação aos pais, especialmente nas situações que se seguem a uma separação ou divórcio. 
Por António Marim


in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Este artigo reflete um dos aspetos da alienação parental. Ou seja, a alienação parental promovida pelas mães, em relação aos filhos rapazes que com elas vivem.

A finalidade deste artigo é ajudar os pais a compreenderem as diferentes situações e promover junto das mães, comportamentos assertivos e saudáveis no relacionamento que os filhos devem ter com ambos os progenitores.

A situação de afastamento dos filhos – rapazes – em relação ao pai, começa muitas vezes ainda no âmbito da vida de casal. Todos conhecemos os desentendimentos em matéria escolar, de educação, de estabelecimento de regras, de condescendência versus autoridade, entre outros aspectos que, não raras vezes, a criança ou adolescente se apercebem e exploram a seu favor.

É um exercício, digamos que legítimo, por parte das crianças ou adolescentes que gradualmente querem ganhar espaço de negociação com o pai e com a mãe, processo que faz parte do seu crescimento. Já é um exercício menos legítimo por parte do pai e da mãe que, no essencial e entre si, devem estar de acordo sobre os princípios orientadores a seguir em relação aos filhos, mas também como vão acordar entre eles e com a criança a flexibilização, gradualização ou a redefinição das regras e a incorporação de novas variáveis que vão chegando à dinâmica pais/filhos à medida que estes últimos crescem.

A forma como pai e mãe comunicam entre si sobre os filhos e como são consequentes nas suas ações conjuntas (separados ou não), é determinante para o equilíbrio dos filhos.

Quando a comunicação e as ações (é sempre o exemplo que se dá e que vale por mil palavras) por parte da mãe são unilaterais, inicia-se gradualmente a exclusão do pai (maioritariamente em relação aos filhos rapazes) e a desvalorização da sua ação, quando a mãe pelo sentido de posse que tem dos filhos e estes pela relação edipiana com a mãe, assumem como que uma comunicação paralela, que exclui o pai.

Os atos de afastamento do pai podem ser vários: desde a sua desvalorização feita pela mãe nos primeiros cuidados (ao não permitir que o pai intervenha), menos consciente, até aos segredos e cumplicidades mãe-filho (com a conivência manipulatória da mãe), mais consciente, que passam a compartilhar à margem do pai e que podem ir desde o segredo de uma nota escolar, à suavização de uma regra importante para o pai, com a qual a mãe até concordou, até casos mais extremos, como um adolescente estar a tratar de ir estudar para um país estrangeiro, sem que a mãe, sabendo, partilhe isso com o pai, apesar de todos viverem na mesma casa. Ou, no limite, pelo silêncio tácito que a mãe assume perante o pai em relação à vida dos filhos e aos seus eventuais “desvios” e que estes últimos percecionam como conivente por parte da mãe.

Numa situação de separação ou divórcio, estas situações assumem contornos mais graves. A mãe na sua ação alienadora do papel do pai tenta normalmente “matar” o pai aos filhos rapazes através de uma de duas modalidades que designo por “primária” e “perversa”, esta última mais sofisticada.

A modalidade primária
Neste caso, a mãe pode protagonizar diversas formas de boicote ou negação dos filhos ao pai, de forma a eliminá-lo progressivamente das suas vidas.

Para atingir aquele objetivo, vários estratagemas são utilizados pela mãe, sobretudo em crianças mais pequenas, para que o filho não se encontre com o pai: “está doente”, “tem trabalhos da escola para fazer” “tem que ir a casa da avó”, “tem uma festa de anos dos colegas da escola”, “a tia vem buscá-lo para irem ao cinema”…ou a criança está triste e não quer ir com o pai e ela, a mãe, não vai obrigá-la…entre muitos outros exemplos que a imaginação possa facultar.

A mãe nesta “modalidade primária” deseja que o filho ao não tomar contacto com o pai interiorize que este já não quer saber de si, pela simples razão que deixou de aparecer. Exacerbando a sua maldade, a mãe pode dizer à criança que o pai era para vir buscá-la, mas telefonou a dizer que não vinha, quando foi a mãe a invocar a suposta indisponibilidade da criança ao próprio pai que se predispunha a estar com ela, sem que o pai tenha qualquer possibilidade de avaliar a situação. Para a criança, isto é tomado como verdade. Afinal o seu espaço de referência, vivendo com ela, é a mãe e considerará no seu inconsciente que a sua securização se faz pelo comportamento que a mãe adota consigo, tomando todas as suas posições como verdadeiras ainda que, como sabemos, muitas vezes seja o contrário.

Por esta via o afastamento é também estendido à família de origem do pai (avós paternos, tios e demais família paterna), de modo a evitar mecanismos de identificação com a família do pai.

Nesta modalidade, a mãe comunica com o pai, embora seja uma comunicação disfuncional.

Modalidade Perversa
A modalidade perversa, usada pela mãe está mais presente quando a criança passa da fase da puberdade para a adolescência e quando a mãe socialmente não quer ser conotada com um comportamento alienante. É uma modalidade que pode ser mais vincada em meios culturalmente mais diferenciados, ainda que possa ser combinada com alguns aspetos da modalidade primária.

Basicamente, a perversão da mãe é feita de duas formas que podem ser usadas isoladamente ou em simultâneo: uma fortemente manipulatória e outra pelo silêncio.

Na primeira – manipulatória – pode, por exemplo, dizer ao filho que este tem que se encontrar com o pai para falarem da mudança de escola (comportamento valorizador do pai), mas em que induz o contrário junto da criança ou adolescente ao recusar-se a falar com o pai sobre a mudança de escola do filho (comportamento desvalorizador do pai). Saliente-se que os filhos esperam que os pais (ainda que separados) possam estar de acordo sobre aspetos essenciais das suas vidas.

Ou seja, na forma manipulatória, a mãe tem um comportamento ambíguo (diz que sim e pensa que não) e dual do papel do pai, transmitindo esta dualidade e ambiguidade ao filho na sua relação com o pai o que é potenciador da conflitualidade do adolescente, para além daquela que é própria da sua idade.

A outra forma de perversão é o silêncio que a mãe possa promover junto da criança ou adolescente, sobre o pai de forma a eliminá-lo ou no mínimo a que exista uma má representação.

Os exemplos são vários: eliminar o tema pai das suas conversas com o filho; não referir situações que o pai possa ser evocado; não procurar o pai ou rejeitar as iniciativas deste para falarem sobre os aspetos relacionados com a vida do filho; falar o menos possível com a família de origem do pai (avós, tios, primos) para também apagar esta memória da criança/adolescente associada ao pai e, finalmente, o mais importante, em toda esta modalidade perversa: remeter todas as conversas que ela – mãe – deve ter com o pai, sobre o desenvolvimento da criança/adolescente para o próprio filho, ainda que este tenha conflitos com o pai, invocando perversamente a autonomia que o adolescente já tem para ser ele próprio a resolver determinados assuntos.

Ou seja, a mãe transfere para o filho toda a conflitualidade inerente a diferentes pontos de vista que deve ser assumida entre ela e o pai, sobre assuntos do filho. Com esta postura, a mãe outorga ao filho o poder de ele conflituar com o pai sem qualquer limitação, sobre assuntos para os quais ele não tem ainda a necessária maturidade, tendo a secreta esperança – consciente ou inconscientemente - que o filho se incompatibilize com o pai através de um misto de imaturidade e irreverência. A verificar-se esta forma suprema de perversão: a mãe tem um aliado contra o pai. O filho de ambos. É o seu falo imaginário, no caso de não ter reconstruído a sua vida afetiva.

No limite estas mães dirão: “eu não tenho nada a ver com o conflito. Isso é entre ti e ele”. Ou seja, excluem-se de uma dinâmica que é a três: pai, mãe e filho, “esquecendo” por outro lado que ao passarem a responsabilidade da resolução de determinados assuntos para os filhos estão a fomentar nestes conflitos de lealdades, para além de potenciarem “disfuncionalidades” próprias da imaturidade dos adolescentes.

Para o pai, estas situações causam dificuldades de perceção; entre o que são manifestações de adolescência e o que são atos de imaturidade fomentados pela “cobertura” da mãe para o conflito aberto com o fim último da incompatibilização entre pai e filho. Aos pais nestes casos, recomenda-se em simultâneo: uma paciência sem limites; firmeza; afeto e serenidade.

Mas como alguém escreveu: o tempo é o grande escultor. E mais tarde ou mais cedo, os filhos que conseguirem a libertação edipiana das suas mães, saberão destrinçar as situações chave onde houve manipulação, sendo naturalmente desejável que - após estas descobertas que são sempre progressivas e chocantes -, mantenham laços afetivos saudáveis com as suas mães. Os pais, esses devem manter sempre a sua presença afetiva, paciente e assertiva junto dos seus filhos – até para os ajudarem na libertação edipiana -, por maiores que sejam as provocações e, acreditem, são muitas, diversas e inimagináveis. Muitas delas com controlo remoto.

António Marim

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013
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A Maldade na Violência Psicológica e os seus Reflexos na Saúde

1/3/2013

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A violência psicológica, muitas vezes silenciosa, pode ser tão ou mais nefasta que a violência física e pode deixar danos irreparáveis para o resto da vida.
Por Cristina Madeira


in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

“Não existe nada tão raro como um homem inteiramente mau, a não ser talvez um homem inteiramente bom.” Denis Diderot

Salvo raras exceções do foro da saúde mental que podem envolver doença ou perversão, em que uma pessoa não é capaz de sentir ou expressar qualquer remorso, arrependimento ou compreensão por um mal ou dano infligido ao outro, no fundo não ser capaz de qualquer processo de identificação com outra pessoa: aquilo a que chamamos Empatia, nem tão pouco ter consciência e compreensão para ajuizar os seus atos e os seus comportamentos, sendo por exemplo, indiferente ao sofrimento ou sentimento do outro, parece ser unânime que ninguém é só bom ou só mau. Assim, podemos pensar que o mal e o bem coexistem em praticamente todas as pessoas, em menor ou maior grau. No entanto, felizmente, a maior parte destas consegue viver em sociedade de forma estável e adaptada ao meio envolvente sem provocar dano no(s) outro(s), como se de certa forma o seu lado bom prevalecesse.

De uma forma geral, culturalmente a ideia do mal relaciona-se com tudo aquilo que não é desejável ou que deve ser destruído mas o mal, a dor e a violência aplicados ao outro existe e as suas “expressões” podem ser diversas, umas mais explícitas, outras mais subtis mas sempre com consequências nefastas para quem por elas é atingido.

Quando falamos em violência falamos numa diversidade de problemas e realidades, como por exemplo:
  • Violência Emocional ou Psicológica;
  • Violência Verbal;
  • Violência Física;
  • Violência Social;
  • Violência Sexual;
  • Negligência.

Sabemos hoje que a violência psicológica ou emocional é uma agressão tão ou mais prejudicial que a violência física, sendo considerada a mais silenciosa de todas as formas de violência. Por poder ser tão subtil faz com que muitas vezes não seja corretamente identifica, nem a própria pessoa que é violentada tem a real noção de que está a ser alvo deste tipo de agressão.

A violência psicológica não deixa marcas “visíveis”, uma vez que o mal que provoca ao outro é por “dentro” mas a nível emocional e psicológico pode deixar “cicatrizes” para o resto da vida.

Pode assumir a forma de:
  • Rejeição
  • Depreciação
  • Discriminação
  • Humilhação
  • Desrespeito 
  • Punições ou castigos exagerados
  • Isolamento relacional
  • Intimidação
  • Domínio económico
  • Ameaça de morte

Frequentemente a “estratégia” utilizada pelo agressor passa pela mobilização emocional e psicológica da pessoa vitimizada para satisfazer todas as suas necessidades de atenção, de carinho e de importância. De forma dissimulada o agressor tenta inferiorizar a pessoa, tornando-a dependente e com sentimentos de culpa.

Mas é bom ter em mente que ninguém está verdadeiramente só e que existem “redes de apoios” e serviços que podem proteger e apoiar pessoas que são vítimas de algum tipo de agressão! Também é bom recordar que a lei portuguesa penaliza as situações de agressão identificadas e que por isso pode ser vital assinalar uma situação de violência. Seja a nível psicológico, físico, social, sexual ou de outro tipo e seja infligida a uma criança, a um adolescente, a um adulto, a uma pessoa idosa ou a uma pessoa portadora de deficiência física ou mental.

A desinformação e o medo por parte das pessoas pode dar força ao agressor, pelo que é urgente inverter isso e sensibilizar as pessoas para o compromisso da não violência e da não discriminação.

Atualmente o art.º 152 do Código Penal referindo-se a violência doméstica, refere que existe crime de violência quando existem "maus tratos físicos e psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais (...) a pessoa de outro ou do mesmo sexo" com quem o agressor "mantenha ou tenha mantido uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem habitação".

Danos da Violência Psicológica na Saúde

A Organização Mundial da Saúde - OMS define saúde como “o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade”. Desta forma podemos considerar que a saúde depende de um equilíbrio e de um bem-estar relacionados com as questões do corpo, onde se inclui a mente, a componente física e emocional (nível celular) e as questões relacionais e macro (nível social).

Os efeitos da violência psicológica são vastos e sensíveis e podem permanecer durante muito tempo silenciosos.

Podem incluir:
  • Desenvolvimento desequilibrado da personalidade (no caso das crianças)
  • Falta de esperança
  • Dificuldade em confiar 
  • Dificuldade em criar laços e em construir relações
  • Influência negativa na vida sexual da pessoa vitimada
  • A pessoa vitimizada, consoante a gravidade das agressões emocionais e psicológicas, pode mais tarde passar a ter o papel de agressor em vez do de vítima.

Os sintomas apresentados pelas pessoas que sofrem de violência psicológica refletem muitas vezes, o stress de lidar repetidamente com as agressões verbais, humilhações e isolamento social. Estes sintomas podem potenciar em algumas pessoas o consumo de substâncias e a automedicação, traduzindo-se num consequente aumento de riscos para a saúde. Outra dimensão importante no que se refere às raparigas e às mulheres é o impacto que a violência psicológica pode ter na saúde reprodutiva, direta ou indiretamente e onde se pode incluir: a gravidez não desejada, o acesso restrito ao planeamento familiar, o recurso a abortos ilegais, as complicações resultantes de gravidezes de alto risco e da falta de assistência médica, as infeções sexualmente transmissíveis, os problemas psicológicos, incluindo o medo de contacto e perda de interesse ou prazer sexual.

Algumas Consequências de Ordem Psicológica:
  • Ansiedade 
  • Angústia
  • Baixa autoestima
  • Irritabilidade
  • Depressão 
  • Sentimento de incapacidade
  • Sentimento de culpa
  • Perda de memória
  • Abuso de álcool e drogas 
  • Diagnóstico de pânico
  • Diagnóstico de fobias
  • Comportamentos destrutivos
  • Sensação de vazio
  • Tentativa de suicídio 

Algumas Consequências de Ordem Física:
  • Nódoas negras 
  • Hemorragias
  • Fraturas 
  • Dores de cabeça 
  • Aborto espontâneo 
  • Problemas ginecológicos
 
Alguns Contatos e Apoios Úteis:
  • Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) - www.apav.pt
  • Polícia de Segurança Pública – www.psp.pt 
  • Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres - www.cidm.pt 
  • Observatório Nacional de Violência e Género - http://onvg.fcsh.unl.pt/ 
  • Direcção-Geral da Saúde - www.dgs.pt
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Cristina Madeira
Psicóloga Clínica
cristina.m.estevao@gmail.com 
www.akademiadoser.com 

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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A Maldade Humana

1/3/2013

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Somos levados a acreditar que a violência só acontece no coração dos criminosos, dos terroristas, mas a maldade pode estar em cada ser humano. 
Por Maria Melo

in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

(clique no link acima para ler o artigo na Revista)

Fará a maldade, parte da condição humana? Será a maldade um comportamento intencional realizado através de uma escolha consciente? Ou estará a maldade associada apenas a comportamentos patológicos.

Comecemos por definir a maldade como um ato que se encontra fora da ética padrão de determinada sociedade, que envolve danos à saúde humana.

Mencio Mong Tse (371 a.C. – 289 a.C), pensador chinês e seguidor de Confúcio, sustentava que “os seres humanos são naturalmente bons, agem dentro da moralidade, são dotados de compaixão e da capacidade de distinguir o bem do mal e, por isso, o mal é resultado de influências externas”

Os atos de maldade são muito complexos podendo ser vários os fatores implicados, tais como biológicos, ambientais, genéticos, sociais e políticos.

Poderemos diferenciar a maldade comum, da maldade patológica. Assim, as pessoas associadas à maldade comum apresentariam características como o narcisismo e egoísmo exacerbado, com tendência à vitimização, possuindo uma incrível preguiça para a escolha do bem, com uma grande capacidade de mentir, de esconder as suas intenções, de reverter situações e mascarar quadros, bem como uma preocupação com a aparência, inclusive do ponto de vista da legalidade. No caso da maldade patológica a grande diferença entre os psicopatas clássicos e a maldade comum seria o facto dos primeiros não sentirem culpa nos seus atos e desta forma não sentirem a necessidade de mentir ou de manter as aparências em níveis tão elevados de perfeição, ou seja a maldade comum seria um ato consciente carregado de culpa.

Se pensarmos na maldade como um comportamento intencional no sentido de desumanizar prejudicar, destruir ou mesmo matar pessoas, poderemos questionar-nos se perante as condições favoráveis, poderíamos todos assumir esse comportamento. Então o que nos faz escolher entre o ato de maldade ou a escolha da não maldade?

Vivemos num mundo rodeado de violência. A mesma mente humana que cria as mais belas obras de arte e maravilhas da tecnologia extraordinária é igualmente responsável pela perversão de sua própria perfeição.

Vivemos a dicotomia entre a escolha do bem e do mal, sendo estes dois conceitos aprendidos desde a infância e através dos valores passados através da educação e da própria sociedade. A verdade é que de uma forma consciente conseguimos diferenciar o bem do mal, uma pessoa boa de uma pessoa má, através da análise que realizamos avaliando comportamentos e atitudes. O funcionamento mental de uma pessoa tem uma natureza dialética, pois oscila entre as forças de construção e destruição. O conflito psíquico é inerente, daí a necessidade de desenvolver uma capacidade para administrar o conflito, e não extingui-lo.

Conseguimos adaptarmo-nos a qualquer circunstância conhecida ambiental, a fim de sobreviver, criar e destruir, se necessário. Não nascemos com tendências para o bem ou o mal, mas com modelos mentais para fazer a escolha entre um ou o outro.

Pesquisas clássicas lideradas pelos psicólogos americanos Stanley Milgram e Philip Zimbardo mostraram que o mais pacato dos seres humanos poderia cometer atos terríveis se assim lhe fosse ordenado pelas autoridades, pois teríamos uma tendência inata à obediência e à submissão. Contudo, um novo estudo mais recente realizado por Alex Haslam, psicólogo da Universidade de Queensland, na Austrália, refere que as pessoas que agem de forma violenta através da obediência e submissão não são apenas motivadas pela obediência cega, mas também demonstram entusiasmo ao realizar atrocidades. Pessoas capazes de cometer atos cruéis não são penas recetoras passivas de ordens; elas também se identificam com autoridades abusivas, e acreditam estar fazendo o correto mesmo quando são violentas.

Deveremos acreditar no potencial humano para a transformação. A linha que separa o bem e o mal encontra-se no centro de cada coração humano, através de uma escolha consciente em cada ato na interação e relação com o outro. Somos todos humanos e fazemos parte um todo, só com este reconhecimento, poderemos com humildade reconhecer as nossas vulnerabilidades e assim desenvolver mecanismos para combater as transformações que nos fazem agir, como não humanos.

“O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade.”

Albert Einstein
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Maria Melo
Life coach e co-fundadora da Akademia do Ser 
www.akademiadoser.com 
mariamelo@akademiadoser.com 

REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2013

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