Virgínia López
De Peito Aberto à Vida
Virgínia López , nasceu em Valladolid, Espanha. Estudou Jornalismo na Universidade Complutense de Madrid e, em 2000, o Programa Erasmus trouxe-a para Lisboa, onde vive desde então, com o marido e os dois filhos. Tem vários livros publicados de diferentes temáticas, e compagina a escrita com o trabalho de palestrante, formadora e mentora de comunicação e vendas. Fala aos leitores da Revista Progredir sobre o seu último livro “De Peito Aberto à vida” e sobre a importância de vivermos a vida na melhor forma possível.
Progredir: Para os leitores que não a conhecem, quatro palavras que a definem como pessoa?
Virgínia López: Otimista, Inteligente, Generosa, Sonhadora.
Progredir: Fale-nos um pouco do seu percurso?
Estudei Jornalismo na Faculdade Complutense de Madrid e no ano 2000 vim de Erasmus, no ISCSP. Nesse ano, apaixonei-me pelo país, no geral, e por um português, em particular. Após um ano e meio de namoro à distância, decidi regressar para viver com quem hoje é o meu marido, pai dos meus dois filhos e companheiro de vida.
Durante uma década trabalhei como correspondente de vários meios de comunicação espanhóis, entre eles, o jornal El Mundo, e a rádio Cadena SER. Também colaborei com meios de comunicação portugueses e fui comentadora na Antena 1 e nas televisões.
Em 2012 escrevi o meu primeiro livro, DE ESPANHA NEM BOM VENTO NEM BOM CASAMENTO, e um ano depois escrevi IMPUNIDADE. Em 2018, em parceria com o meu marido, escrevi KILLERS, um livro de true crime que faz uma reflexão sobre a condição humana.
Depois de ser mãe, deixei de trabalhar como jornalista para poder dedicar-me à maternidade; a vida de correspondente era precária, instável e com horários incompatíveis com a família. Durante sete anos fui diretora de vendas de uma empresa de alta cosmética. Fui formadora e conquistei a primeira posição de vendas a nível nacional, pelo que na pandemia decidi escrever o livro SUPERVENDEDORA SUPERVENCEDORA, onde partilho a minha estratégia de vendas, comunicação e marca pessoal para triunfar no mundo dos negócios.
Nesse ano também publiquei o meu primeiro romance, A SOLIDÃO DA GAIOLA, um livro intimista que convida às leitoras a fazer uma introspeção sobre os sonhos e objetivos, e a própria felicidade que às vezes vamos adiando na vida. Também lancei o meu primeiro conto infantil: E VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE EM PALÁCIOS SEPARADOS, um conto de fadas que trata o tema do divórcio.
Em 2022, aceitei o convite para participar no Big Brother Famosos com o objetivo de viver a experiência e poder contá-la num livro. Assim foi como nasceu SÓ EU SEI PORQUE ESTIVE NA CASA, um relato da minha experiência e ao mesmo tempo um manual de desenvolvimento pessoal para ultrapassar desafios.
Em dezembro de 2023, descobri um caroço na mama esquerda que veio a confirmar-se que era um cancro de mama. Fui operada em março do ano seguinte, fiz uma mastectomia total e posteriormente tive de fazer quimioterapia. Após terminar os tratamentos, fiz a reconstrução mamária.
Progredir: Para os leitores que não a conhecem, quatro palavras que a definem como pessoa?
Virgínia López: Otimista, Inteligente, Generosa, Sonhadora.
Progredir: Fale-nos um pouco do seu percurso?
Estudei Jornalismo na Faculdade Complutense de Madrid e no ano 2000 vim de Erasmus, no ISCSP. Nesse ano, apaixonei-me pelo país, no geral, e por um português, em particular. Após um ano e meio de namoro à distância, decidi regressar para viver com quem hoje é o meu marido, pai dos meus dois filhos e companheiro de vida.
Durante uma década trabalhei como correspondente de vários meios de comunicação espanhóis, entre eles, o jornal El Mundo, e a rádio Cadena SER. Também colaborei com meios de comunicação portugueses e fui comentadora na Antena 1 e nas televisões.
Em 2012 escrevi o meu primeiro livro, DE ESPANHA NEM BOM VENTO NEM BOM CASAMENTO, e um ano depois escrevi IMPUNIDADE. Em 2018, em parceria com o meu marido, escrevi KILLERS, um livro de true crime que faz uma reflexão sobre a condição humana.
Depois de ser mãe, deixei de trabalhar como jornalista para poder dedicar-me à maternidade; a vida de correspondente era precária, instável e com horários incompatíveis com a família. Durante sete anos fui diretora de vendas de uma empresa de alta cosmética. Fui formadora e conquistei a primeira posição de vendas a nível nacional, pelo que na pandemia decidi escrever o livro SUPERVENDEDORA SUPERVENCEDORA, onde partilho a minha estratégia de vendas, comunicação e marca pessoal para triunfar no mundo dos negócios.
Nesse ano também publiquei o meu primeiro romance, A SOLIDÃO DA GAIOLA, um livro intimista que convida às leitoras a fazer uma introspeção sobre os sonhos e objetivos, e a própria felicidade que às vezes vamos adiando na vida. Também lancei o meu primeiro conto infantil: E VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE EM PALÁCIOS SEPARADOS, um conto de fadas que trata o tema do divórcio.
Em 2022, aceitei o convite para participar no Big Brother Famosos com o objetivo de viver a experiência e poder contá-la num livro. Assim foi como nasceu SÓ EU SEI PORQUE ESTIVE NA CASA, um relato da minha experiência e ao mesmo tempo um manual de desenvolvimento pessoal para ultrapassar desafios.
Em dezembro de 2023, descobri um caroço na mama esquerda que veio a confirmar-se que era um cancro de mama. Fui operada em março do ano seguinte, fiz uma mastectomia total e posteriormente tive de fazer quimioterapia. Após terminar os tratamentos, fiz a reconstrução mamária.
Progredir: Qual a sua maior paixão?
Virgínia López: Escrever. Preciso de escrever tanto quanto preciso de respirar e por isso, acordo todos os dias às 5 da manhã para escrever, quando o mundo ainda dorme e não há notificações no telemóvel. Adoro ouvir histórias, inspirar-me no que vejo e ouço à minha volta e depois conta-lo em forma de romance, relato, biografia ou contos.
Também adoro passar tempo com a minha família e amigos, viajar e conhecer lugares, pessoas e comidas novas, passear na praia com a minha cadela, jogar jogos de tabuleiro, vibrar com os golos do meu filho mais novo e rir às gargalhadas com as piadas do meu filho mais velho.
Progredir: Como surge o Livro "De Peito Aberto à Vida"?
Virgínia López: Na noite em que o meu marido me rapou o cabelo, decidi partilhar a fotografia nas minhas redes e a partir desse momento, muitas mulheres começaram a escrever-me para demonstrar-me o seu carinho e dar-me animo, mas também para partilhar as suas histórias, medos, emoções, preocupações. Percebi que a minha história era só mais uma, mas havia emoções que todas as mulheres partilhamos, não só mulheres com cancro, toda a minha geração. Então pensei que podia contar o que estava a viver, de forma a que pudesse servir a outras mulheres que pudessem estar a passar pelo mesmo. Não é um livro da “vítima” nem um drama, pretende ser um livro de esperança e amor, que fala da importância de abraçarmos a vida de peito aberto, vivendo o presente, um dia de cada vez. É um relato auto biográfico escrito em forma de romance, mas também está lá a jornalista que pesquisou mais sobre o tema descobriu um dado: em Portugal 1800 mulheres morrem por ano com cancro de mama. Esse dado arrepiou-me e por isso decidi escrever o livro, para dizer as mulheres da minha geração que devemos estar mais atentas ao nosso corpo e não descuidar o nosso autocuidado. As mamografias são fundamentais, e não só.
Progredir: Apesar de cada vez mais ser um tema presente no nosso dia a dia, na sua opinião como podemos todos contribuir para que estes desafios sejam vividos com mais tranquilidade e esperança?
Virgínia López: Eu sempre digo que não é o que nos acontece, é o que fazemos com o que nos acontece. Cada vez mais, mais pessoas e mais jovens podem ter cancro, as estatísticas dizem que em breve serão uma de cada duas pessoas. Dizer isto não é ser catastrofista, é relembrar a importância de cuidar de nós. A forma como nos alimentamos, o exercício físico, o stress, as nossas emoções... Felizmente, a ciência e a medicina avançam, mas eu acredito que a principal força da cura está em nós, na nossa vontade de ultrapassar os desafios e continuar a viver. Todos vamos morrer um dia, por tanto, não se trata de ganhar ou perder nenhuma batalha contra o cancro, mas sim de viver a nossa vida da melhor forma possível, fiéis aos nossos valores e à pessoa que queremos ser, todos os dias. Dizer mais vezes amo-te e pedir desculpas quando lastimamos as pessoas que amamos. Com autoconhecimento, aceitação das nossas emoções, empatia, amor e uma comunicação positiva todos podemos ser mais felizes e saudáveis. Acredito na frase da Louise Day que diz que curar os nossos ressentimentos pode até curar um cancro. É importante vigiar, tratar da nossa saúde física, mas não esquecer a nossa saúde mental e emocional.
Progredir: O próximo tema da revista progredir é "Alma", acredita que num processo como aquele que passou, também a alma se transforma?
Virgínia López: Acredito que a nossa alma está em transformação constante e mais quando nos acontece algo tão desafiador como um cancro. Mas precisamos de estar dispostos a viver essa metamorfose. A minha enfermeira disse-me: um cancro pode ser uma segunda oportunidade para aprender e fazer as coisas de forma diferente e eu decidi aprender. O cancro obrigou-me a parar, aproveitei para refletir, olhar dentro de mim, aceitar o que não podia mudar e mudar o que estava na minha mão. A minha mãe, que morreu de cancro, costumava dizer-me que eu tinha vindo ao mundo para fazer algo grandioso. Durante muito tempo pensei que falava de ter sucesso, mas durante o cancro entendi que o mais grandioso que podemos fazer é sermos a nossa melhor versão. Reconhecer os erros, pedir perdão e perdoar, ter humildade para aprender deles e determinação para os corrigir. Confiar na nossa intuição, ouvir o nosso coração e respeitar o propósito da nossa alma. Sem alma, a vida deixa de fazer sentido. Quando o corpo passa por um desafio como a doença e é levado ao limite, há momentos duros, em que parece que já nem sequer temos alma... mas ela está sempre lá, somos muito mais fortes do que pensamos, e cada dia que acordamos temos uma nova oportunidade para melhorar-nos. Enquanto estivermos vivos há uma história para contar. Cada um de nós decide como vai contá-la e qual é o legado que vai deixar aos outros. Na nossa alma está o nosso propósito e não podemos ir embora deste mundo sem o cumprir.
Progredir: Uma mensagem para os nossos leitores
Virgínia López: Mais do que deixar uma mensagem, diria para cada pessoa olhar no interior e escutar o coração; normalmente ouvimos muito mais à razão e muitas vezes ela engana-nos. O coração nunca se engana. No final, quando a nossa vida tiver terminado, não vão importar muito os bens materiais nem as coisas que temos, mas sim as experiências vividas e partilhadas com as pessoas que amamos e o que ficará de nós nelas. A minha mãe é a minha maior inspiração para viver a vida ao máximo, aproveitando todas as oportunidades, não perdendo tempo com coisas inúteis, preocupar-me menos e cuidar mais de mim. Há um provérbio chinês que costumo lembrar muitas vezes: o presente desaproveitado é o amanhã que quem morreu ontem não vai ter. Por isso, o meu lema é Carpe Diem. O importante é viver de peito aberto à vida. O resto acontece como tiver de acontecer.
Virgínia López
(@virginialopez.oficial)
Virgínia López: Escrever. Preciso de escrever tanto quanto preciso de respirar e por isso, acordo todos os dias às 5 da manhã para escrever, quando o mundo ainda dorme e não há notificações no telemóvel. Adoro ouvir histórias, inspirar-me no que vejo e ouço à minha volta e depois conta-lo em forma de romance, relato, biografia ou contos.
Também adoro passar tempo com a minha família e amigos, viajar e conhecer lugares, pessoas e comidas novas, passear na praia com a minha cadela, jogar jogos de tabuleiro, vibrar com os golos do meu filho mais novo e rir às gargalhadas com as piadas do meu filho mais velho.
Progredir: Como surge o Livro "De Peito Aberto à Vida"?
Virgínia López: Na noite em que o meu marido me rapou o cabelo, decidi partilhar a fotografia nas minhas redes e a partir desse momento, muitas mulheres começaram a escrever-me para demonstrar-me o seu carinho e dar-me animo, mas também para partilhar as suas histórias, medos, emoções, preocupações. Percebi que a minha história era só mais uma, mas havia emoções que todas as mulheres partilhamos, não só mulheres com cancro, toda a minha geração. Então pensei que podia contar o que estava a viver, de forma a que pudesse servir a outras mulheres que pudessem estar a passar pelo mesmo. Não é um livro da “vítima” nem um drama, pretende ser um livro de esperança e amor, que fala da importância de abraçarmos a vida de peito aberto, vivendo o presente, um dia de cada vez. É um relato auto biográfico escrito em forma de romance, mas também está lá a jornalista que pesquisou mais sobre o tema descobriu um dado: em Portugal 1800 mulheres morrem por ano com cancro de mama. Esse dado arrepiou-me e por isso decidi escrever o livro, para dizer as mulheres da minha geração que devemos estar mais atentas ao nosso corpo e não descuidar o nosso autocuidado. As mamografias são fundamentais, e não só.
Progredir: Apesar de cada vez mais ser um tema presente no nosso dia a dia, na sua opinião como podemos todos contribuir para que estes desafios sejam vividos com mais tranquilidade e esperança?
Virgínia López: Eu sempre digo que não é o que nos acontece, é o que fazemos com o que nos acontece. Cada vez mais, mais pessoas e mais jovens podem ter cancro, as estatísticas dizem que em breve serão uma de cada duas pessoas. Dizer isto não é ser catastrofista, é relembrar a importância de cuidar de nós. A forma como nos alimentamos, o exercício físico, o stress, as nossas emoções... Felizmente, a ciência e a medicina avançam, mas eu acredito que a principal força da cura está em nós, na nossa vontade de ultrapassar os desafios e continuar a viver. Todos vamos morrer um dia, por tanto, não se trata de ganhar ou perder nenhuma batalha contra o cancro, mas sim de viver a nossa vida da melhor forma possível, fiéis aos nossos valores e à pessoa que queremos ser, todos os dias. Dizer mais vezes amo-te e pedir desculpas quando lastimamos as pessoas que amamos. Com autoconhecimento, aceitação das nossas emoções, empatia, amor e uma comunicação positiva todos podemos ser mais felizes e saudáveis. Acredito na frase da Louise Day que diz que curar os nossos ressentimentos pode até curar um cancro. É importante vigiar, tratar da nossa saúde física, mas não esquecer a nossa saúde mental e emocional.
Progredir: O próximo tema da revista progredir é "Alma", acredita que num processo como aquele que passou, também a alma se transforma?
Virgínia López: Acredito que a nossa alma está em transformação constante e mais quando nos acontece algo tão desafiador como um cancro. Mas precisamos de estar dispostos a viver essa metamorfose. A minha enfermeira disse-me: um cancro pode ser uma segunda oportunidade para aprender e fazer as coisas de forma diferente e eu decidi aprender. O cancro obrigou-me a parar, aproveitei para refletir, olhar dentro de mim, aceitar o que não podia mudar e mudar o que estava na minha mão. A minha mãe, que morreu de cancro, costumava dizer-me que eu tinha vindo ao mundo para fazer algo grandioso. Durante muito tempo pensei que falava de ter sucesso, mas durante o cancro entendi que o mais grandioso que podemos fazer é sermos a nossa melhor versão. Reconhecer os erros, pedir perdão e perdoar, ter humildade para aprender deles e determinação para os corrigir. Confiar na nossa intuição, ouvir o nosso coração e respeitar o propósito da nossa alma. Sem alma, a vida deixa de fazer sentido. Quando o corpo passa por um desafio como a doença e é levado ao limite, há momentos duros, em que parece que já nem sequer temos alma... mas ela está sempre lá, somos muito mais fortes do que pensamos, e cada dia que acordamos temos uma nova oportunidade para melhorar-nos. Enquanto estivermos vivos há uma história para contar. Cada um de nós decide como vai contá-la e qual é o legado que vai deixar aos outros. Na nossa alma está o nosso propósito e não podemos ir embora deste mundo sem o cumprir.
Progredir: Uma mensagem para os nossos leitores
Virgínia López: Mais do que deixar uma mensagem, diria para cada pessoa olhar no interior e escutar o coração; normalmente ouvimos muito mais à razão e muitas vezes ela engana-nos. O coração nunca se engana. No final, quando a nossa vida tiver terminado, não vão importar muito os bens materiais nem as coisas que temos, mas sim as experiências vividas e partilhadas com as pessoas que amamos e o que ficará de nós nelas. A minha mãe é a minha maior inspiração para viver a vida ao máximo, aproveitando todas as oportunidades, não perdendo tempo com coisas inúteis, preocupar-me menos e cuidar mais de mim. Há um provérbio chinês que costumo lembrar muitas vezes: o presente desaproveitado é o amanhã que quem morreu ontem não vai ter. Por isso, o meu lema é Carpe Diem. O importante é viver de peito aberto à vida. O resto acontece como tiver de acontecer.
Virgínia López
(@virginialopez.oficial)
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