Entrevista a Sandra Oliveira,
" Nascer Saudável!"
Sandra Oliveira, Fundadora do BioNascimento desde 2005, Doula certificada pela DONA International, fala aos leitores da Revista Progredir sobre a importância de Nascer Saudável.
Progredir: Para quem não conhece a Sandra Oliveira como gosta de se apresentar?
Sandra Oliveira: Tenho 44 anos, sou Mãe de dois filhos, a Rita com 16 e o Tiago com 8. Sou uma ativista do parto e do nascimento. Há 12 anos que me dedico em exclusivo para que se nasça melhor em Portugal.
Progredir: Como foi para si o momento de ser mãe?
Sandra Oliveira: Foi por um lado tal e qual eu quis, por outro foi muito além. O parto, o momento da minha filha nascer foi de tal ordem exigente e intenso de prazer que ainda hoje é nele que penso quando preciso de ultrapassar obstáculos na minha vida. O pós-parto foi igualmente muito bom, e hoje sei que posso agradecer às hormonas do parto. Foi tal e qual eu tinha imaginado, mas surpreendeu-me exatamente pelas sensações maravilhosas que senti.
Progredir: Para quem não conhece a Sandra Oliveira como gosta de se apresentar?
Sandra Oliveira: Tenho 44 anos, sou Mãe de dois filhos, a Rita com 16 e o Tiago com 8. Sou uma ativista do parto e do nascimento. Há 12 anos que me dedico em exclusivo para que se nasça melhor em Portugal.
Progredir: Como foi para si o momento de ser mãe?
Sandra Oliveira: Foi por um lado tal e qual eu quis, por outro foi muito além. O parto, o momento da minha filha nascer foi de tal ordem exigente e intenso de prazer que ainda hoje é nele que penso quando preciso de ultrapassar obstáculos na minha vida. O pós-parto foi igualmente muito bom, e hoje sei que posso agradecer às hormonas do parto. Foi tal e qual eu tinha imaginado, mas surpreendeu-me exatamente pelas sensações maravilhosas que senti.
Progredir: Como a maternidade catapultou uma mudança na sua vida profissional?
Sandra Oliveira: O gosto pelo momento da maternidade está em mim desde tenra idade. Era adolescente, tinha 13 anos quando nasceu a minha irmã mais velha, a minha mana Sofia, como gosto de lhe chamar. Por pouco assistia ao parto dessa irmã, mas consegui, por razões especiais inerentes ao nascimento dela, que apesar de menor, mas com uma aparência muito matura, que assim que ela nasceu me deixassem vê-la, pegar-lhe e estar com ela. Isto há 31 anos atrás, altura em que os bebés ainda iam para os berçários.
Um ano mais tarde a minha mana mais velha, a Elsa, é mãe pela primeira vez, e eu fui a Doula do meu cunhado, que ficou na sala de espera. Sempre quis estar nestes momentos que já me fascinavam.
Quando surge a minha gravidez, foi quando contactei pela primeira vez com a palavra doula, numa monografia que andava perdida no Centro de Saúde onde tive a preparação para o parto. Portanto há mais de 16 anos. Após uma reestruturação na empresa em que trabalhava, de uma forma muito intuitiva e até incerta eu senti que tinha que sair. Nessa altura, percebi que tinha chegado o momento de saber afinal o que era isto de se ser doula, e agarrei a oportunidade que a vida me estava a dar, para ir ao encontro do que hoje sei ser a minha vocação e missão de vida. Costumo dizer que agradeço à minha filha Rita o facto de ser uma privilegiada, que desde os 33 anos de idade faço o que amo. São poucas as pessoas que se cruzam na vida com este privilégio.
Progredir: Porquê fundar o Bionascimento? Qual a filosofia por de trás deste conceito?
Sandra Oliveira: Não foram precisas muitas horas, para perceber que Portugal levava um acentuado atraso no que dizia respeito às práticas recomendadas na obstetrícia. As necessidades foram identificadas. Era preciso informar.
O nome Bionascimento surge inspirado no livro do Dr. Michel Odent, The Farmer and the Obstetrician (O agricultor e o obstetra). Neste livro Michel Odent faz de uma forma muito bem fundamentada a analogia entre o que tem acontecido na evolução da agricultura, em busca de alimentos mais saudáveis e o que se passa com a Obstetrícia. Um livro que me marcou muito. Na altura ainda foi uma possibilidade o nome ser Bioparto, mas não me fazia sentido. O meu foco nas boas práticas atinge acima de tudo os bebés. Assim nasceu o nome e a marca Bionascimento, que alguns já consideram um conceito tal como temos em tantas outras coisas “Bio” na sociedade moderna.
O “Bio” procura acima de tudo que se perceba que é um aproximar do que é mais natural e biológico, e logo mais saudável, isto é, em oposição ao que tem químicos e é muito manipulado/industrializado, e que cada vez mais sabemos que tem por base impactos tão negativos na nossa saúde. O parto e nascimento não é diferente. Estou convicta que seremos ainda muito surpreendidos com o tanto que se faz e que não se sabe os efeitos a médio e longo prazo. Suspeitas já há muitas. Mas continua-se a “assobiar para o lado”. O Bionascimento quis gerar consciência, reflexão e conseguiu, não só com o site, mas com todas as atividades que debaixo deste nome tem desenvolvido seja junto dos casais, seja junto dos profissionais.
Sandra Oliveira: O gosto pelo momento da maternidade está em mim desde tenra idade. Era adolescente, tinha 13 anos quando nasceu a minha irmã mais velha, a minha mana Sofia, como gosto de lhe chamar. Por pouco assistia ao parto dessa irmã, mas consegui, por razões especiais inerentes ao nascimento dela, que apesar de menor, mas com uma aparência muito matura, que assim que ela nasceu me deixassem vê-la, pegar-lhe e estar com ela. Isto há 31 anos atrás, altura em que os bebés ainda iam para os berçários.
Um ano mais tarde a minha mana mais velha, a Elsa, é mãe pela primeira vez, e eu fui a Doula do meu cunhado, que ficou na sala de espera. Sempre quis estar nestes momentos que já me fascinavam.
Quando surge a minha gravidez, foi quando contactei pela primeira vez com a palavra doula, numa monografia que andava perdida no Centro de Saúde onde tive a preparação para o parto. Portanto há mais de 16 anos. Após uma reestruturação na empresa em que trabalhava, de uma forma muito intuitiva e até incerta eu senti que tinha que sair. Nessa altura, percebi que tinha chegado o momento de saber afinal o que era isto de se ser doula, e agarrei a oportunidade que a vida me estava a dar, para ir ao encontro do que hoje sei ser a minha vocação e missão de vida. Costumo dizer que agradeço à minha filha Rita o facto de ser uma privilegiada, que desde os 33 anos de idade faço o que amo. São poucas as pessoas que se cruzam na vida com este privilégio.
Progredir: Porquê fundar o Bionascimento? Qual a filosofia por de trás deste conceito?
Sandra Oliveira: Não foram precisas muitas horas, para perceber que Portugal levava um acentuado atraso no que dizia respeito às práticas recomendadas na obstetrícia. As necessidades foram identificadas. Era preciso informar.
O nome Bionascimento surge inspirado no livro do Dr. Michel Odent, The Farmer and the Obstetrician (O agricultor e o obstetra). Neste livro Michel Odent faz de uma forma muito bem fundamentada a analogia entre o que tem acontecido na evolução da agricultura, em busca de alimentos mais saudáveis e o que se passa com a Obstetrícia. Um livro que me marcou muito. Na altura ainda foi uma possibilidade o nome ser Bioparto, mas não me fazia sentido. O meu foco nas boas práticas atinge acima de tudo os bebés. Assim nasceu o nome e a marca Bionascimento, que alguns já consideram um conceito tal como temos em tantas outras coisas “Bio” na sociedade moderna.
O “Bio” procura acima de tudo que se perceba que é um aproximar do que é mais natural e biológico, e logo mais saudável, isto é, em oposição ao que tem químicos e é muito manipulado/industrializado, e que cada vez mais sabemos que tem por base impactos tão negativos na nossa saúde. O parto e nascimento não é diferente. Estou convicta que seremos ainda muito surpreendidos com o tanto que se faz e que não se sabe os efeitos a médio e longo prazo. Suspeitas já há muitas. Mas continua-se a “assobiar para o lado”. O Bionascimento quis gerar consciência, reflexão e conseguiu, não só com o site, mas com todas as atividades que debaixo deste nome tem desenvolvido seja junto dos casais, seja junto dos profissionais.
Progredir: Fale-nos do seu livro "Nascer Saudável"
Sandra Oliveira: O livro é um projeto que as mulheres que fui apoiando como doula ao longo destes 12 anos me foram pedindo. Em 2015 fiquei sem como adiar, pois, surge a “encomenda” da Editora Chá das Cinco.
O Nascer Saudável é um livro que procura comunicar a informação essencial que as mulheres devem deter para protegerem o melhor que conseguirem os filhos que vão fazer nascer. É um livro que foi pensado para fomentar a autonomia, determinação e isenção na procura da informação. Um dos objetivos do Nascer Saudável foi dar a conhecer a Biblioteca Cochrane, a mais isenta e conceituada biblioteca médica. Acessível e gratuita, esta importante fonte de informação é muito pouco conhecida e usada em Portugal.
O prefácio do Nascer Saudável foi escrito pelo Professor Doutor Vaz Carneiro, coordenador desta biblioteca em Portugal, e que dirige outros projetos de relevo no que diz respeito à medicina baseada em fundamentos científicos. Portanto, o Nascer Saudável não é um livro de opinião pessoal, é acima de tudo um livro de fundamentos, que são cruzados com vivências com as famílias que acompanho.
Progredir: Na sua opinião o que tem de mais transformador, o momento mágico do nascimento?
Sandra Oliveira: É um momento em que sem aviso crescemos verdadeiramente. Atingimos um nível de responsabilidade que mais nada na vida nos proporciona. Apesar que já é assim na gravidez, é no nascimento que o olhar nos olhos no invade e nos diz “dependo de ti”. Costumo dizer que foi com o nascimento da minha primeira filha que me senti verdadeiramente crescida e adulta.
Progredir: O tema deste mês da Revista Progredir é o “Prazer”. Na sua opinião o que fazer para tirar o maior prazer de toda a experiência da natalidade?
Sandra Oliveira: Esta é uma pergunta que receio que a minha resposta possa não ser compreendida, mas a leitura do Nascer Saudável irá ajudar-me.
Para se tirar verdadeiramente prazer de algo, temos que muitas vezes deixar que os sentidos sejam devidamente usados. A experiência da natalidade começa na gravidez. Desfrutar do tempo que uma gestação nos proporciona para usar e abusar do sentir um filho que cresce dentro de nós, eu diria que é essencial para a forma como vamos desfrutar a maternidade.
O parto tem igualmente um papel importante. A experiência de parto, fica na memória da mulher para o resto da vida. No filho, consciente ou inconscientemente também. Cada vez mais, vamos tendo sinais de alerta do quanto as hormonas do parto, várias delas segregadas no hipotálamo (a zona do cérebro que comanda várias ações essenciais à nossa sobrevivência) podem influenciar a forma como ficamos marcados na nossa experiência de maternidade. O nascer de um filho, sempre que a natureza assim o permita, foi concebido por esta para nos gerar prazer. Mas isto apesar de hoje ser bem mais fácil de explicar, com base no conhecimento das hormonas, é omitido.
O prazer da experiência de ter um filho, começa na gravidez e tem um ponto chave que é o parto, e que deverá durar o resto da vida. Mas para isso há que ter a preocupação que se vivam gravidezes e partos felizes. Cuidar bem das gravidezes e do parto deveria ser um investimento na saúde pública.
Progredir: Uma mensagem para os nossos leitores?
Sandra Oliveira:Pegando no título desta revista on-line, gostava que conseguíssemos todos PROGREDIR no sentido de confiarmos no que a natureza concebeu para o momento mágico do encontro Mãe-Bebé e Pai, e procurem o melhor que conseguirem que as intervenções nesse momento único, se limitem às efetivamente necessárias.
Desfrutem com a maior simplicidade possível, com o mínimo de “sofisticação”, e estarão a proporcionar um Nascer o mais Saudável que se pode ter. No fundo, a humanidade chegou a esse ponto de equilíbrio, temos por norma o que precisamos para corrigir o que a Natureza nos exige, e temos também o conhecimento que nos deverá impor o respeito pelo que a Natureza sábia nos proporciona.
Sandra Oliveira
Progredir: Fale-nos do seu livro "Nascer Saudável"
Sandra Oliveira: O livro é um projeto que as mulheres que fui apoiando como doula ao longo destes 12 anos me foram pedindo. Em 2015 fiquei sem como adiar, pois, surge a “encomenda” da Editora Chá das Cinco.
O Nascer Saudável é um livro que procura comunicar a informação essencial que as mulheres devem deter para protegerem o melhor que conseguirem os filhos que vão fazer nascer. É um livro que foi pensado para fomentar a autonomia, determinação e isenção na procura da informação. Um dos objetivos do Nascer Saudável foi dar a conhecer a Biblioteca Cochrane, a mais isenta e conceituada biblioteca médica. Acessível e gratuita, esta importante fonte de informação é muito pouco conhecida e usada em Portugal.
O prefácio do Nascer Saudável foi escrito pelo Professor Doutor Vaz Carneiro, coordenador desta biblioteca em Portugal, e que dirige outros projetos de relevo no que diz respeito à medicina baseada em fundamentos científicos. Portanto, o Nascer Saudável não é um livro de opinião pessoal, é acima de tudo um livro de fundamentos, que são cruzados com vivências com as famílias que acompanho.
Progredir: Na sua opinião o que tem de mais transformador, o momento mágico do nascimento?
Sandra Oliveira: É um momento em que sem aviso crescemos verdadeiramente. Atingimos um nível de responsabilidade que mais nada na vida nos proporciona. Apesar que já é assim na gravidez, é no nascimento que o olhar nos olhos no invade e nos diz “dependo de ti”. Costumo dizer que foi com o nascimento da minha primeira filha que me senti verdadeiramente crescida e adulta.
Progredir: O tema deste mês da Revista Progredir é o “Prazer”. Na sua opinião o que fazer para tirar o maior prazer de toda a experiência da natalidade?
Sandra Oliveira: Esta é uma pergunta que receio que a minha resposta possa não ser compreendida, mas a leitura do Nascer Saudável irá ajudar-me.
Para se tirar verdadeiramente prazer de algo, temos que muitas vezes deixar que os sentidos sejam devidamente usados. A experiência da natalidade começa na gravidez. Desfrutar do tempo que uma gestação nos proporciona para usar e abusar do sentir um filho que cresce dentro de nós, eu diria que é essencial para a forma como vamos desfrutar a maternidade.
O parto tem igualmente um papel importante. A experiência de parto, fica na memória da mulher para o resto da vida. No filho, consciente ou inconscientemente também. Cada vez mais, vamos tendo sinais de alerta do quanto as hormonas do parto, várias delas segregadas no hipotálamo (a zona do cérebro que comanda várias ações essenciais à nossa sobrevivência) podem influenciar a forma como ficamos marcados na nossa experiência de maternidade. O nascer de um filho, sempre que a natureza assim o permita, foi concebido por esta para nos gerar prazer. Mas isto apesar de hoje ser bem mais fácil de explicar, com base no conhecimento das hormonas, é omitido.
O prazer da experiência de ter um filho, começa na gravidez e tem um ponto chave que é o parto, e que deverá durar o resto da vida. Mas para isso há que ter a preocupação que se vivam gravidezes e partos felizes. Cuidar bem das gravidezes e do parto deveria ser um investimento na saúde pública.
Progredir: Uma mensagem para os nossos leitores?
Sandra Oliveira:Pegando no título desta revista on-line, gostava que conseguíssemos todos PROGREDIR no sentido de confiarmos no que a natureza concebeu para o momento mágico do encontro Mãe-Bebé e Pai, e procurem o melhor que conseguirem que as intervenções nesse momento único, se limitem às efetivamente necessárias.
Desfrutem com a maior simplicidade possível, com o mínimo de “sofisticação”, e estarão a proporcionar um Nascer o mais Saudável que se pode ter. No fundo, a humanidade chegou a esse ponto de equilíbrio, temos por norma o que precisamos para corrigir o que a Natureza nos exige, e temos também o conhecimento que nos deverá impor o respeito pelo que a Natureza sábia nos proporciona.
Sandra Oliveira
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