Psicologia e Psicoterapia Transpessoal
A Psicologia Transpessoal carateriza-se por estudar o ser humano numa perspetiva integral, holística, considerando-o nos aspetos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais.
O homem, no Transpessoal, é o herdeiro de uma evolução que está inscrita no seu ADN, dotando-o de um conjunto de instintos e de comportamentos inatos que são relevantes na compreensão do seu estar e do seu agir. Ele é igualmente dotado de uma psique individual, resultante quer da sociedade em que vive, que molda comportamentos, formas de pensar e de reagir emocionalmente, quer da família onde cresceu, que o impregnou das características individuais de cada um dos seus elementos, moldando-o com as suas crenças, os seus padrões emocionais dominantes, as suas formas de agir no mundo, criando um todo único, que pensa e se move com autonomia. Mas este ser, herdeiro da natureza, da família e da sociedade, tem, no Transpessoal, uma consciência que é a manifestação da sua filiação espiritual, uma essência que transcende a natureza, a família e a sociedade, e que lhe inspira valores, aspiração à beleza, ao amor incondicional, que possui uma sabedoria própria que ultrapassa a do eu egóico, e a que podemos chamar de Eu Superior ou de Self. Os místicos e os verdadeiros santos de todas as linhas espirituais, aqueles que viveram a experiência mística, são particular objeto de estudo do Transpessoal, talvez, por direito, o seu objeto principal, por terem sido aqueles que mais profundamente trouxeram ao seu quotidiano a dimensão espiritual do homem.
O reconhecimento desta dimensão espiritual do homem, que, muitas vezes, o tende a levar para além das limitações da natureza que o habita, da família que o marca e da sociedade que o circunscreve, permite descobrir um universo de exploração psicológica, ausente nas grandes correntes psicológicas anteriores, relevante tanto para compreender a saúde quanto a doença, e que alargou o espectro da compreensão psicológica do homem, integrando na psicologia a espiritualidade e finalizando um importante ciclo que começa na fundação da psicologia como ciência no séc. XIX.
Os principais objetos de estudo do Transpessoal são, como referido, aquelas pessoas que manifestaram a natureza humana em todas as dimensões e a que Maslow chamou de pessoas autorrealizadas. Estas, são aquelas que não apenas souberam satisfazer as suas necessidades básicas, mas igualmente as suas meta-necessidades (Maslow), a necessidade de beleza, de fazer o bem e viver o bem, de se expressar individualmente no mundo em harmonia com as várias dimensões do seu ser, incluindo a sua dimensão espiritual. O estudo dos místicos segue nesta sequência.
Por outro lado, com comuns intercorrências, o Transpessoal dedica-se ao estudo dos Estados Modificados de Consciência, os estados de consciência diferentes do estado normal de vigília, aquele que se experimenta ao executar uma tarefa quotidiana como arrumar a casa. O facto do Transpessoal se interessar por todas as manifestações da espiritualidade humana e por, na mesma, estados modificados de consciência serem comuns, eles tornaram-se um dos seus principais objetos de estudo, ajudados pelos instrumentos das neurociências, desde o mais remoto eletroencefalograma aos mais recentes exames que recorrem à tomografia por emissão de positrões. Estão assim estudados, a vários níveis, os estados meditativos, a hipnose, o transe xamânico, o êxtase, etc.
O estudo destes diferentes estados de consciência e as diferentes vivências que neles ocorrem, permitiu fazer um mapeamento da consciência com os diferentes territórios passíveis de serem percorridos pelo explorador da mesma, permitindo a elaboração de várias Cartografias da Consciência, de Assagioli a Ken Wilber.
A ligação à psicoterapia e o desenvolvimento do que se pode chamar de Psicoterapia Transpessoal foi sempre inerente à Psicologia do mesmo nome, sendo exemplos precoces Jung (1875-1961) e Assagioli (1888-1974). Basicamente porque a compreensão materialista do homem amputava-o de uma dimensão essencial que, para certas pessoas, tem um lugar central e que, como tal, se viam incompreendidas ou maltratadas por uma visão do homem que não incluísse a espiritualidade, e porque, a exploração dos estados modificados de consciência e da tecnologia do sagrado das várias religiões, demonstrou o efeito terapêutico que tinham, tanto a nível dos problemas da personalidade quanto a nível dos problemas inerentes às vivências espirituais.
Esta nova perspetiva permitiu, inclusive, traçar novas linhas relativamente à conceção psiquiátrica da loucura e da sanidade, permitindo reabilitar pessoas diagnosticadas com esquizofrenia que, na verdade, sofreram apenas de uma emergência espiritual indevidamente tratada.
A Psicoterapia Transpessoal trabalha, assim, num paradigma bastante aberto e alargado, podendo debruçar-se sobre o que lhe é mais específico, as emergências espirituais e os processos de integração da “alma” na personalidade, quanto a problemas típicos da personalidade, desde crises existenciais e relacionais, luto, problemas do desenvolvimento e, sobretudo, traumas. É, por isso, uma Psicoterapia Integrativa que recolhe de várias escolas da história da psicoterapia os conceitos e as técnicas com que trabalha.
O homem, no Transpessoal, é o herdeiro de uma evolução que está inscrita no seu ADN, dotando-o de um conjunto de instintos e de comportamentos inatos que são relevantes na compreensão do seu estar e do seu agir. Ele é igualmente dotado de uma psique individual, resultante quer da sociedade em que vive, que molda comportamentos, formas de pensar e de reagir emocionalmente, quer da família onde cresceu, que o impregnou das características individuais de cada um dos seus elementos, moldando-o com as suas crenças, os seus padrões emocionais dominantes, as suas formas de agir no mundo, criando um todo único, que pensa e se move com autonomia. Mas este ser, herdeiro da natureza, da família e da sociedade, tem, no Transpessoal, uma consciência que é a manifestação da sua filiação espiritual, uma essência que transcende a natureza, a família e a sociedade, e que lhe inspira valores, aspiração à beleza, ao amor incondicional, que possui uma sabedoria própria que ultrapassa a do eu egóico, e a que podemos chamar de Eu Superior ou de Self. Os místicos e os verdadeiros santos de todas as linhas espirituais, aqueles que viveram a experiência mística, são particular objeto de estudo do Transpessoal, talvez, por direito, o seu objeto principal, por terem sido aqueles que mais profundamente trouxeram ao seu quotidiano a dimensão espiritual do homem.
O reconhecimento desta dimensão espiritual do homem, que, muitas vezes, o tende a levar para além das limitações da natureza que o habita, da família que o marca e da sociedade que o circunscreve, permite descobrir um universo de exploração psicológica, ausente nas grandes correntes psicológicas anteriores, relevante tanto para compreender a saúde quanto a doença, e que alargou o espectro da compreensão psicológica do homem, integrando na psicologia a espiritualidade e finalizando um importante ciclo que começa na fundação da psicologia como ciência no séc. XIX.
Os principais objetos de estudo do Transpessoal são, como referido, aquelas pessoas que manifestaram a natureza humana em todas as dimensões e a que Maslow chamou de pessoas autorrealizadas. Estas, são aquelas que não apenas souberam satisfazer as suas necessidades básicas, mas igualmente as suas meta-necessidades (Maslow), a necessidade de beleza, de fazer o bem e viver o bem, de se expressar individualmente no mundo em harmonia com as várias dimensões do seu ser, incluindo a sua dimensão espiritual. O estudo dos místicos segue nesta sequência.
Por outro lado, com comuns intercorrências, o Transpessoal dedica-se ao estudo dos Estados Modificados de Consciência, os estados de consciência diferentes do estado normal de vigília, aquele que se experimenta ao executar uma tarefa quotidiana como arrumar a casa. O facto do Transpessoal se interessar por todas as manifestações da espiritualidade humana e por, na mesma, estados modificados de consciência serem comuns, eles tornaram-se um dos seus principais objetos de estudo, ajudados pelos instrumentos das neurociências, desde o mais remoto eletroencefalograma aos mais recentes exames que recorrem à tomografia por emissão de positrões. Estão assim estudados, a vários níveis, os estados meditativos, a hipnose, o transe xamânico, o êxtase, etc.
O estudo destes diferentes estados de consciência e as diferentes vivências que neles ocorrem, permitiu fazer um mapeamento da consciência com os diferentes territórios passíveis de serem percorridos pelo explorador da mesma, permitindo a elaboração de várias Cartografias da Consciência, de Assagioli a Ken Wilber.
A ligação à psicoterapia e o desenvolvimento do que se pode chamar de Psicoterapia Transpessoal foi sempre inerente à Psicologia do mesmo nome, sendo exemplos precoces Jung (1875-1961) e Assagioli (1888-1974). Basicamente porque a compreensão materialista do homem amputava-o de uma dimensão essencial que, para certas pessoas, tem um lugar central e que, como tal, se viam incompreendidas ou maltratadas por uma visão do homem que não incluísse a espiritualidade, e porque, a exploração dos estados modificados de consciência e da tecnologia do sagrado das várias religiões, demonstrou o efeito terapêutico que tinham, tanto a nível dos problemas da personalidade quanto a nível dos problemas inerentes às vivências espirituais.
Esta nova perspetiva permitiu, inclusive, traçar novas linhas relativamente à conceção psiquiátrica da loucura e da sanidade, permitindo reabilitar pessoas diagnosticadas com esquizofrenia que, na verdade, sofreram apenas de uma emergência espiritual indevidamente tratada.
A Psicoterapia Transpessoal trabalha, assim, num paradigma bastante aberto e alargado, podendo debruçar-se sobre o que lhe é mais específico, as emergências espirituais e os processos de integração da “alma” na personalidade, quanto a problemas típicos da personalidade, desde crises existenciais e relacionais, luto, problemas do desenvolvimento e, sobretudo, traumas. É, por isso, uma Psicoterapia Integrativa que recolhe de várias escolas da história da psicoterapia os conceitos e as técnicas com que trabalha.
MÁRIO RESENDE
LICENCIADO EM FILOSOFIA, MESTRE EM PSICOLOGIA CLÍNICA E PSICOPATOLOGIA, FORMADOR E PSICOTERAPEUTA TRANSPESSOAL ACREDITADO www.almasoma.pt [email protected] in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |