Entrevista a Peter Deadman,
"Viver Plenamente!"
Peter Deadman, fundador do “Journal of Chinese Medicine”, reconhecido profissional de Medicina Chinesa no mundo ocidental, partilha com os leitores da Revista Progredir, qual o segredo para uma vida plena.
Progredir: Fale-nos um pouco de si, quem é Peter Deadman?
Peter Deadman: Eu tenho estado ligado à área de saúde e bem-estar desde 1971, quando co-fundei um dos primeiros restaurantes de alimentos macrobióticos/naturais da Grã-Bretanha - logo seguido por uma loja (Infinity Foods), padaria e armazém de distribuição a nível nacional. Alguns anos depois criamos o Centro de Saúde Natural de Brighton, que ainda floresce - ensinando yoga, tai chi, qigong, dança, pilates, meditação e muito mais para a comunidade de Brighton e Hove (uma cidade costeira no sul da Inglaterra).
Progredir: Porquê seguir o caminho da Medicina Tradicional Chinesa?
Peter Deadman: O meu interesse na comida macrobiótica (uma maneira de comer livremente com base nos princípios da medicina do Leste Asiático) conduziu a um crescente interesse na medicina chinesa, que comecei a estudar em 1975 e que pratico há cerca de 30 anos. Eu adorava os princípios centrais de equilíbrio, harmonia, o meio caminho, o livre fluxo e também a filosofia de aprender com a natureza. Fiquei especialmente atraído pela sua perspetiva holística, exemplificada no princípio de que a compreensão da doença está na compreensão da sua raiz na vida e no estilo de vida de cada indivíduo. A filosofia e a natureza da acupuntura, praticamente livre de tecnologia (apenas algumas agulhas) também me atraíram muito. Mais tarde, desenvolvi uma atração igualmente forte pela tradição maravilhosamente sofisticada das ervas medicinais chinesas.
Progredir: Fale-nos um pouco de si, quem é Peter Deadman?
Peter Deadman: Eu tenho estado ligado à área de saúde e bem-estar desde 1971, quando co-fundei um dos primeiros restaurantes de alimentos macrobióticos/naturais da Grã-Bretanha - logo seguido por uma loja (Infinity Foods), padaria e armazém de distribuição a nível nacional. Alguns anos depois criamos o Centro de Saúde Natural de Brighton, que ainda floresce - ensinando yoga, tai chi, qigong, dança, pilates, meditação e muito mais para a comunidade de Brighton e Hove (uma cidade costeira no sul da Inglaterra).
Progredir: Porquê seguir o caminho da Medicina Tradicional Chinesa?
Peter Deadman: O meu interesse na comida macrobiótica (uma maneira de comer livremente com base nos princípios da medicina do Leste Asiático) conduziu a um crescente interesse na medicina chinesa, que comecei a estudar em 1975 e que pratico há cerca de 30 anos. Eu adorava os princípios centrais de equilíbrio, harmonia, o meio caminho, o livre fluxo e também a filosofia de aprender com a natureza. Fiquei especialmente atraído pela sua perspetiva holística, exemplificada no princípio de que a compreensão da doença está na compreensão da sua raiz na vida e no estilo de vida de cada indivíduo. A filosofia e a natureza da acupuntura, praticamente livre de tecnologia (apenas algumas agulhas) também me atraíram muito. Mais tarde, desenvolvi uma atração igualmente forte pela tradição maravilhosamente sofisticada das ervas medicinais chinesas.
Progredir: Do que trata a tradição Chinesa Yang Sheng?
Peter Deadman: Yangsheng traduz-se como uma vida nutritiva. É a sabedoria acumulada de cerca de 2500 anos de conhecimento taoista, confucionista, budista, médico, marcial e popular. Ele - Yangsheng – ensina-nos quais os comportamentos prejudiciais a evitar, como cultivar a saúde e o bem-estar através de atividades cotidianas comuns, como comer, beber, fazer exercício ou dormir e, também, como ir um pouco mais longe e realmente nutrir a vida através de práticas como meditação e exercícios de corpo e respiração.
Progredir: Publicou recentemente o Livro " “Live Well Live Long”, este livro é espelho dos seus últimos 45 anos de vivência e experiências no sentido de criar saúde?
Peter Deadman: Sim, é a expressão do meu antigo interesse em (e estudo de) dieta, medicina chinesa e práticas tradicionais de promoção de saúde, como qigong. Na verdade, a prevenção da doença através do estilo de vida saudável tem sido a base da medicina chinesa desde os seus primeiros dias. O clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo, com 2000 anos de idade (a "bíblia" da tradição) afirma que o papel do melhor médico não é o de esperar até que a doença surja para intervir, mas sim, agir antes que as doenças tenham começado. A espera é comparada ao atraso na produção de armas até que a batalha já tenha começado. Isso reflete a perspetiva de todos estes os médicos ao longo da história: a doença crónica grave é quase impossível de curar, embora a medicina possa fazer muito para reduzir a sua gravidade. Isto é especialmente importante hoje quando uma epidemia de doenças crónicas como cancro, diabetes, doenças cardiovasculares, demência ou acidentes vasculares cerebrais ameaçam sobrecarregar os serviços de saúde, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento.
Progredir: Qual é na sua opinião o segredo para vivermos uma vida com saúde, bem-estar e longevidade?
Peter Deadman: O primeiro passo, é claro, é aprender a cuidar de nós mesmos, e isso nem sempre é fácil. Quantas vezes fazemos resoluções para nos exercitarmos mais, para pararmos de beber ou fumar, ou para terminarmos com outros comportamentos prejudiciais e, em seguida, descobrimos que não estamos a cumprir estas resoluções? É por isso que o yangsheng, tradicionalmente, começa com o cultivo da mente e das emoções. Até que tenhamos algum grau de harmonia e integração internas, podemos achar muito difícil cuidar de nós mesmos da maneira que gostaríamos de cuidar de nossos filhos ou de outros entes queridos. Cultivar a mente e as emoções pode ser um conceito estranho para muitos ocidentais, uma vez que tendemos a amar a emoção poderosa, como podemos facilmente identificar pela maioria das escolhas que fazemos em relação à maioria dos nossos livros, filmes, etc. O assunto sobre o qual que versam, é, normalmente, sobre ficar “loucamente apaixonado”. A tradição asiática tende a preferir estados de espírito calmos e centrados, a evitar o excesso emocional, e a relevar práticas como a meditação para acalmar a mente e aumentar a consciência.
Mas este cuidado da mente é apenas uma das "quatro pernas da cadeira" de yangsheng. As outras são dieta, exercício e sono. E assim como uma cadeira precisa de quatro pernas para ser forte e estável, nós também precisamos de cuidar de todos estes quatro aspetos. Contrariamente a isto, muitos de nós, focam-se em uma ou duas destas “pernas da cadeira”, por exemplo com exercício obsessivo e dieta conjugadas com uma vida emocional caótica e falta de sono.
Peter Deadman: Yangsheng traduz-se como uma vida nutritiva. É a sabedoria acumulada de cerca de 2500 anos de conhecimento taoista, confucionista, budista, médico, marcial e popular. Ele - Yangsheng – ensina-nos quais os comportamentos prejudiciais a evitar, como cultivar a saúde e o bem-estar através de atividades cotidianas comuns, como comer, beber, fazer exercício ou dormir e, também, como ir um pouco mais longe e realmente nutrir a vida através de práticas como meditação e exercícios de corpo e respiração.
Progredir: Publicou recentemente o Livro " “Live Well Live Long”, este livro é espelho dos seus últimos 45 anos de vivência e experiências no sentido de criar saúde?
Peter Deadman: Sim, é a expressão do meu antigo interesse em (e estudo de) dieta, medicina chinesa e práticas tradicionais de promoção de saúde, como qigong. Na verdade, a prevenção da doença através do estilo de vida saudável tem sido a base da medicina chinesa desde os seus primeiros dias. O clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo, com 2000 anos de idade (a "bíblia" da tradição) afirma que o papel do melhor médico não é o de esperar até que a doença surja para intervir, mas sim, agir antes que as doenças tenham começado. A espera é comparada ao atraso na produção de armas até que a batalha já tenha começado. Isso reflete a perspetiva de todos estes os médicos ao longo da história: a doença crónica grave é quase impossível de curar, embora a medicina possa fazer muito para reduzir a sua gravidade. Isto é especialmente importante hoje quando uma epidemia de doenças crónicas como cancro, diabetes, doenças cardiovasculares, demência ou acidentes vasculares cerebrais ameaçam sobrecarregar os serviços de saúde, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento.
Progredir: Qual é na sua opinião o segredo para vivermos uma vida com saúde, bem-estar e longevidade?
Peter Deadman: O primeiro passo, é claro, é aprender a cuidar de nós mesmos, e isso nem sempre é fácil. Quantas vezes fazemos resoluções para nos exercitarmos mais, para pararmos de beber ou fumar, ou para terminarmos com outros comportamentos prejudiciais e, em seguida, descobrimos que não estamos a cumprir estas resoluções? É por isso que o yangsheng, tradicionalmente, começa com o cultivo da mente e das emoções. Até que tenhamos algum grau de harmonia e integração internas, podemos achar muito difícil cuidar de nós mesmos da maneira que gostaríamos de cuidar de nossos filhos ou de outros entes queridos. Cultivar a mente e as emoções pode ser um conceito estranho para muitos ocidentais, uma vez que tendemos a amar a emoção poderosa, como podemos facilmente identificar pela maioria das escolhas que fazemos em relação à maioria dos nossos livros, filmes, etc. O assunto sobre o qual que versam, é, normalmente, sobre ficar “loucamente apaixonado”. A tradição asiática tende a preferir estados de espírito calmos e centrados, a evitar o excesso emocional, e a relevar práticas como a meditação para acalmar a mente e aumentar a consciência.
Mas este cuidado da mente é apenas uma das "quatro pernas da cadeira" de yangsheng. As outras são dieta, exercício e sono. E assim como uma cadeira precisa de quatro pernas para ser forte e estável, nós também precisamos de cuidar de todos estes quatro aspetos. Contrariamente a isto, muitos de nós, focam-se em uma ou duas destas “pernas da cadeira”, por exemplo com exercício obsessivo e dieta conjugadas com uma vida emocional caótica e falta de sono.
Progredir: Como vê a disponibilidade do ocidente para receber as tradições do oriente? Estamos abertos a mudar os nossos hábitos?
Peter Deadman: Acho que o Ocidente sempre foi fascinado pelas ideias orientais e no presente não é diferente. Veja-se, por exemplo, o grande interesse na meditação e na atenção plena. Historicamente, estas têm sido, fundamentalmente, práticas orientais. Outro exemplo é o fascínio com o yoga e, em menor medida, com práticas como o tai chi.
Atualmente a Medicina Chinesa, bem como outras áreas de saúde tradicional estão a ser ensinadas e praticados em todo o mundo. Em Portugal, por exemplo, o IMT (Instituto de Medicina Tradicional) ensina cursos abrangentes em acupuntura e recentemente realizou a sua terceira conferência internacional de sucesso.
Progredir: O tema deste mês da Revista Progredir é “Iluminar”. Poderá a Iluminação ser um Propósito de vida?
Peter Deadman: Absolutamente, mas vamos primeiro tentar definir o que é iluminação. No budismo tem um significado muito particular e na maioria das mentes das pessoas é uma espécie de cegueira profunda e de uma revelação profundamente transformadora. A minha perspetiva é diferente. Gostaria de observar que, embora possamos cuidar bem de nós mesmos, o envelhecimento e o declínio são inevitáveis. A nossa força, a nossa agilidade, a nossa visão, a nossa audição, a nossa libido e o nosso apetite se deteriorarão e nossos órgãos se enfraquecerão. Muitos de nós chegarão a um ponto em que as atividades diárias comuns se tornam desafiadoras. No entanto, há uma coisa que não entra em declínio - de fato, ela pode crescer até o último momento da vida – ela é a Sabedoria. A Sabedoria é o fruto de uma vida bem vivida. Se permanecemos flexíveis em nossas mentes, continuamente observando, aprendendo e estando prontos para mudar, e ter a capacidade de ser honesto e internamente conscientes, então a sabedoria será o fruto que pode amadurecer até o fim.
Progredir: Uma mensagem para os nossos leitores?
Peter Deadman: Para muitos de nós que não são religiosos, esta é a única vida que esperamos ter. Podemos desperdiçá-la, preocupando-nos, ficando entediados e irritados, ansiosos ou zangados ou cheios de ressentimento e ódio, sempre pensando no passado ou desejando o futuro ou, em alternativa, podemos aprender a estar plenamente presentes, vivendo plenamente as nossas próprias vidas, aprendendo a cuidar de nós mesmos e dos outros de maneiras que maximizem a saúde, o bem-estar e a “longa vida”.
Peter Deadman
Progredir: Como vê a disponibilidade do ocidente para receber as tradições do oriente? Estamos abertos a mudar os nossos hábitos?
Peter Deadman: Acho que o Ocidente sempre foi fascinado pelas ideias orientais e no presente não é diferente. Veja-se, por exemplo, o grande interesse na meditação e na atenção plena. Historicamente, estas têm sido, fundamentalmente, práticas orientais. Outro exemplo é o fascínio com o yoga e, em menor medida, com práticas como o tai chi.
Atualmente a Medicina Chinesa, bem como outras áreas de saúde tradicional estão a ser ensinadas e praticados em todo o mundo. Em Portugal, por exemplo, o IMT (Instituto de Medicina Tradicional) ensina cursos abrangentes em acupuntura e recentemente realizou a sua terceira conferência internacional de sucesso.
Progredir: O tema deste mês da Revista Progredir é “Iluminar”. Poderá a Iluminação ser um Propósito de vida?
Peter Deadman: Absolutamente, mas vamos primeiro tentar definir o que é iluminação. No budismo tem um significado muito particular e na maioria das mentes das pessoas é uma espécie de cegueira profunda e de uma revelação profundamente transformadora. A minha perspetiva é diferente. Gostaria de observar que, embora possamos cuidar bem de nós mesmos, o envelhecimento e o declínio são inevitáveis. A nossa força, a nossa agilidade, a nossa visão, a nossa audição, a nossa libido e o nosso apetite se deteriorarão e nossos órgãos se enfraquecerão. Muitos de nós chegarão a um ponto em que as atividades diárias comuns se tornam desafiadoras. No entanto, há uma coisa que não entra em declínio - de fato, ela pode crescer até o último momento da vida – ela é a Sabedoria. A Sabedoria é o fruto de uma vida bem vivida. Se permanecemos flexíveis em nossas mentes, continuamente observando, aprendendo e estando prontos para mudar, e ter a capacidade de ser honesto e internamente conscientes, então a sabedoria será o fruto que pode amadurecer até o fim.
Progredir: Uma mensagem para os nossos leitores?
Peter Deadman: Para muitos de nós que não são religiosos, esta é a única vida que esperamos ter. Podemos desperdiçá-la, preocupando-nos, ficando entediados e irritados, ansiosos ou zangados ou cheios de ressentimento e ódio, sempre pensando no passado ou desejando o futuro ou, em alternativa, podemos aprender a estar plenamente presentes, vivendo plenamente as nossas próprias vidas, aprendendo a cuidar de nós mesmos e dos outros de maneiras que maximizem a saúde, o bem-estar e a “longa vida”.
Peter Deadman
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