Entrevista a Paulo Pais,
"Caminhos Conscientes"
Paulo Pais, criador da TESED e da RNV – Reflexologia Neuro-Visceral, fala aos leitores da Revista Progredir sobre o seu percurso de vida e como este o levou a uma interna e externa.
Progredir: Paulo Pais, fale nos um pouco de si e da sua história pessoal?
Paulo Pais: Tenho atualmente 52 anos e sou pai do Miguel que está a fazer 20 e da Daniela que já entrou nos 16. Formei-me em Engenharia Mecânica aos 23 anos e em Gestão de Empresas aos 32. Logo após o término do curso de engenharia ingressei no mundo do trabalho e depois de 15 meses de interrupção para cumprir o serviço militar obrigatório, retornei fazendo um percurso por algumas empresas portuguesas. Aos 29 anos entrei na Volkswagen Autoeuropa tendo atingido a partir de 1999 funções de liderança ao nível da chefia de departamento e desde 2004 ao nível da direção de divisão. Desempenhei esse tipo de funções durante 14 anos passando praticamente por todas as divisões da área da garantia da qualidade.
Durante o ano de 2007 fiz a minha experiência internacional ao exercer funções de cariz mais abrangente em Wolfsburg – Centro de Operações da Volkswagen. No início de 2014 saio da empresa para abraçar um desafio pessoal e criar o projeto TESED. Apesar do projeto se materializar nessa data, só foi possível porque aconteceram situações na minha vida que me levaram nessa direção.
A primeira aconteceu perto de fazer 35 anos, no espaço de duas semanas tive duas cólicas renais e a resposta médica à minha pergunta “como posso evitar a terceira cólica?” foi bastante desmotivadora. Sem fazer a menor ideia do significado desse acontecimento, iniciei uma viagem que me obrigou a estudar medicina e psicologia. Eu achava na altura que se queria resolver qualquer situação patológica deveria envolver tanto o corpo como a mente no processo. Não tinha qualquer objetivo para além do querer perceber como me curar e evitar ficar novamente doente.
Assim de 1999 até 2006 o percurso foi apenas como autodidata e apesar de ser limitador consegui resolver várias situações, tais como, o problema de asma do meu filho, eliminei a maior parte da necessidade da minha família tomar medicamentos com efeitos secundários desfavoráveis, eu próprio sentia-me cada vez mais saudável, motivando-me a ir mais fundo no estudo. Ainda pensei em licenciar-me em medicina e em psicologia, mas ao analisar os programas percebi que não era bem aquilo que eu queria aprender, e não estava disposto a desperdiçar 11 anos da minha vida apenas para ter um diploma, eu estava interessado no conhecimento não em certificados.
Durante o ano de 2007 planeei o meu percurso académico e quando voltei da Alemanha iniciei a minha formação, fui fazendo o meu próprio curso de medicina e psicologia, aprendendo com vários mestres e continuando a investigar os temas que eu achava pertinentes serem aprofundados. Nos finais de 2009 começo a colocar em prática clinica o que estava a aprender, o objetivo nessa altura era apenas ganhar experiência prática com o público em geral. Esta vertente da minha vida era por mim vista como um hobby que queria explorar cada vez mais, nunca tive como objetivo exercer terapia a tempo inteiro.
Em 2012 nasce o embrião da TESED que coloca em causa tudo o que tinha aprendido até então e me leva a uma investigação ainda mais aprofundada de como o ser humano funciona, e aquilo que eu achava que nunca iria acontecer, acontece, o meu hobby torna-se a minha atividade profissional. No início de 2014 começo a exercer terapia a tempo inteiro e a ensinar os conceitos TESED. Neste momento o projeto é mais abrangente do que inicialmente poderia prever, para além do ensino e das consultas, lancei o livro “TESED - para acabar de vez com a ciência… e tudo o resto” e, no início deste ano abracei o projecto de desenvolver capacidades pessoais e desenvolver equipas nas organizações empresariais através dos conceitos TESED em sinergia com os conceitos do ensino de teatro.
Progredir: Considera-se um explorador? Um homem de perguntas, mas também de respostas?
Paulo Pais: Acho que não, pelo menos não no sentido clássico do termo. Sou mais um explorador na perspetiva da criança que se diverte com o que está a fazer e que durante a brincadeira surgem questões que precisam de respostas. E tal como uma criança na idade dos porquês começo a perguntar “e porquê?” enquanto for possível fazer essa pergunta, ou seja, só paro quando encontro uma explicação simples para a questão, e tem de ser tão simples que seria possível explicar a uma criança de seis anos o assunto e ela entender como se fosse um adulto.
Convém salientar que o facto de ser simples não significa que seja fácil. Muitas vezes ficamos presos na complexidade do caminho para responder às perguntas e esquecemo-nos que as respostas para serem verdadeiras tem de ser simples, fugimos da simplicidade porque não queremos cair na facilidade, confundimos então os dois termos. Por exemplo, quando dizemos de forma fácil que a gripe tem como causa o vírus da gripe esquecemo-nos propositadamente de responder à pergunta: se o vírus é o responsável, então qual a razão para nem todos os que entraram em contacto com o vírus contraírem a suposta doença?
Progredir: Como nasce o método TESED?
Paulo Pais: O método TESED não nasceu, nem foi concebido, ele existe desde sempre e está disponível para todos. Eu apenas fiz uma coisa que nenhuma outra pessoa fez, enganei-me, e ao me enganar, o resultado para além de surpreendente questionava tudo aquilo que me tinham ensinado. E assim nasceu o conceito por detrás da TESED, estava em consulta de hipnose clínica e usava um processo que eu conhecia muito bem, mas para além disso, ainda tinha o protocolo disponível comigo não fosse esquecer alguma situação de base importante.
Mesmo com “backup” à prova de fogo enganei-me numa pergunta e isso despoleta uma serie de situações que só foi possível ultrapassar devido a toda a minha experiência e conhecimento adquirido em terapias até então. O paciente quando volta para a sessão seguinte refere que, não queria que eu fizesse mais nada do que eu fazia antes e só queria que eu lhe aplicasse o processo que eu tinha aplicado na última sessão. Este episódio leva a que cerca de dois anos depois e após busca intensiva, construir aquilo que na altura chamava a “Terapia dos Estados Somato-Emocionais Dissociados”. Nesta fase eu tinha entendido a linguagem com que a nossa mente está construída, sabia exatamente como ela está organizada e como se liga ao nosso corpo bem como todos os seus processos inerentes.
No entanto, no início de 2014 acontecem uma serie de acontecimentos de certa forma estranhos, pelo menos para mim, que levam à descoberta de uma outra forma de abordagem terapêutica que ninguém me tinha ensinado. Percebi cerca de seis meses depois que os dois processos podiam ser sinergicamente unidos pois tratava-se de caminhos diferentes para um mesmo fim, um é específico, o outro é mais global. Significava que eu tinha agora um helicóptero, podia atuar desde a raiz de cada árvore até ao ambiente envolvente da floresta, passo a chamar a esse processo simplesmente TESED e ao entender como esses processos funcionam e as implicações para o ser humano, deixei de a considerar como uma terapia, mas como uma filosofia de vida em direcção à cura.
Progredir: Qual a missão e valores que estão por detrás deste projeto?
Paulo Pais: A TESED nasceu como projeto mais alargado no inicio de 2014 e tem como base ensinar e transmitir os conceitos pelos quais a vida neste planeta se rege, formar terapeutas que apliquem esses conceitos em terapia e na sua vida em geral, formar pessoas e chegar às organizações empresariais transmitindo novas possibilidades de desenvolvimento de equipas e de potenciação das capacidades pessoais dos colaboradores, trazer saúde ao individuo e a todo o ambiente circundante.
Respeitar-nos a nós próprios e respeitar os outros são os valores que nos regulam, entender a total amplitude deste conceito é o que nos move. As transformações na vida de cada um, nas famílias, nas empresas, na sociedade, enfim no planeta de um modo geral, seriam enormes se conseguíssemos sistemática e conscientemente viver interiormente dessa forma.
Progredir: Na sua opinião qual o caminho para alcançarmos TESED?
Paulo Pais: A TESED é um processo de atingir a cura tanto a nível físico como psicológico, envolve todo o ser e o ambiente que o rodeia, tanto familiar como profissional. Para que esse processo aconteça é necessário primeiro que a pessoa o queira fazer, não porque alguém fez mas porque é importante para ela, esteja disponível para se amar a si própria, aprender a respeitar-se, perceber os seus limites e os limites dos outros respeitando-os, entender que na vida não existem coincidências mas sincronismos e estar disponível para elevar a sua consciência. Quando se começa este processo de mudança interna, o mundo exterior começa igualmente e de forma natural a mudar. Escolhemos assim, abandonar o caminho que nos leva à doença e começamos a deslocarmo-nos na direcção da cura.
Paulo Pais: O método TESED não nasceu, nem foi concebido, ele existe desde sempre e está disponível para todos. Eu apenas fiz uma coisa que nenhuma outra pessoa fez, enganei-me, e ao me enganar, o resultado para além de surpreendente questionava tudo aquilo que me tinham ensinado. E assim nasceu o conceito por detrás da TESED, estava em consulta de hipnose clínica e usava um processo que eu conhecia muito bem, mas para além disso, ainda tinha o protocolo disponível comigo não fosse esquecer alguma situação de base importante.
Mesmo com “backup” à prova de fogo enganei-me numa pergunta e isso despoleta uma serie de situações que só foi possível ultrapassar devido a toda a minha experiência e conhecimento adquirido em terapias até então. O paciente quando volta para a sessão seguinte refere que, não queria que eu fizesse mais nada do que eu fazia antes e só queria que eu lhe aplicasse o processo que eu tinha aplicado na última sessão. Este episódio leva a que cerca de dois anos depois e após busca intensiva, construir aquilo que na altura chamava a “Terapia dos Estados Somato-Emocionais Dissociados”. Nesta fase eu tinha entendido a linguagem com que a nossa mente está construída, sabia exatamente como ela está organizada e como se liga ao nosso corpo bem como todos os seus processos inerentes.
No entanto, no início de 2014 acontecem uma serie de acontecimentos de certa forma estranhos, pelo menos para mim, que levam à descoberta de uma outra forma de abordagem terapêutica que ninguém me tinha ensinado. Percebi cerca de seis meses depois que os dois processos podiam ser sinergicamente unidos pois tratava-se de caminhos diferentes para um mesmo fim, um é específico, o outro é mais global. Significava que eu tinha agora um helicóptero, podia atuar desde a raiz de cada árvore até ao ambiente envolvente da floresta, passo a chamar a esse processo simplesmente TESED e ao entender como esses processos funcionam e as implicações para o ser humano, deixei de a considerar como uma terapia, mas como uma filosofia de vida em direcção à cura.
Progredir: Qual a missão e valores que estão por detrás deste projeto?
Paulo Pais: A TESED nasceu como projeto mais alargado no inicio de 2014 e tem como base ensinar e transmitir os conceitos pelos quais a vida neste planeta se rege, formar terapeutas que apliquem esses conceitos em terapia e na sua vida em geral, formar pessoas e chegar às organizações empresariais transmitindo novas possibilidades de desenvolvimento de equipas e de potenciação das capacidades pessoais dos colaboradores, trazer saúde ao individuo e a todo o ambiente circundante.
Respeitar-nos a nós próprios e respeitar os outros são os valores que nos regulam, entender a total amplitude deste conceito é o que nos move. As transformações na vida de cada um, nas famílias, nas empresas, na sociedade, enfim no planeta de um modo geral, seriam enormes se conseguíssemos sistemática e conscientemente viver interiormente dessa forma.
Progredir: Na sua opinião qual o caminho para alcançarmos TESED?
Paulo Pais: A TESED é um processo de atingir a cura tanto a nível físico como psicológico, envolve todo o ser e o ambiente que o rodeia, tanto familiar como profissional. Para que esse processo aconteça é necessário primeiro que a pessoa o queira fazer, não porque alguém fez mas porque é importante para ela, esteja disponível para se amar a si própria, aprender a respeitar-se, perceber os seus limites e os limites dos outros respeitando-os, entender que na vida não existem coincidências mas sincronismos e estar disponível para elevar a sua consciência. Quando se começa este processo de mudança interna, o mundo exterior começa igualmente e de forma natural a mudar. Escolhemos assim, abandonar o caminho que nos leva à doença e começamos a deslocarmo-nos na direcção da cura.
Progredir: Lançou recentemente o Livro “Tesed Para acabar de vez com a ciência… e tudo o resto”, qual a mensagem que pretende transmitir com esta publicação
Paulo Pais: Comecei a escrever esse livro em 2004 porque precisava de sistematizar os conhecimentos que vinha a adquirir e nunca pensei muito na mensagem que queria transmitir, mas quando no processo de escrita tive de o rever, o que ele me transmitia era que, podemos ser o que quisermos ser e que isso apenas depende de cada um.
Questionar a vida não ficando por respostas fáceis e mergulhar no processo da descoberta da simplicidade. Evitar aceitar de forma fácil tudo aquilo que nos dizem, fazer e construir a própria experiência, só assim se pode evoluir. Sair das nossas zonas de conforto pois se existem coisas das quais nos afastamos porque não gostamos, identificá-las imediatamente como oportunidades de crescimento e perceber qual a aprendizagem que estamos a bloquear. E no final aprendermos a ser crianças, divertirmo-nos com tudo aquilo que fazemos, e se existem coisas que temos de fazer que não nos trazem valor adicional, devemos transformá-las para que apesar de tudo sejam interessantes e nos tragam algo de útil.
Progredir: O tema deste mês da Revista Progredir é “Caminhar”, acredita que é no caminho que o Ser evolui e não apenas no atingir da meta?
Paulo Pais: Sim, é no caminho que o Ser evolui mas é acima de tudo no caminhar consciente que a evolução é potenciada ao seu máximo. Caminhar de forma inconsciente não traz qualquer aprendizagem, mantêm-nos a vida em círculos, como se fossemos hamsteres numa gaiola, a caminhar em cima de uma roldana com um ecrã 360º projetando imagens sempre diferentes, dando-nos a sensação de estarmos a ter experiências novas enquanto caminhamos.
Quando o caminhar é consciente percebemos exactamente onde estamos a andar e temos de decidir se queremos mantermo-nos na gaiola caminhando na roldana ou caminharmos livremente. É uma escolha, não existe um certo e um errado na escolha, existe apenas vidas diferentes a viver. Uma é ilusória, a outra é real. Numa achamos que estamos a aprender, na outra evoluímos continuamente. Numa procuramos posições de conforto, a outra obriga-nos a procurar soluções.
Quando viajamos pela vida de forma consciente a meta é apenas um ponto desse caminho e que é importante ser definida conscientemente pois esse vai ser o nosso foco, objectivos fazem assim parte do caminho. Caminhar sem foco é como andar no mar alto à deriva sem instrumentos de navegação, podemos atingir o porto que queremos mas o mais comum é morrermos no mar alto pois navegamos em círculos ou, quando atingimos terra ficamos desiludidos com o local pois não era nada daquilo que queríamos, mas neste caso em vez de ficarmos desiludidos devemos entender que se calhar era o que precisávamos. Nem sempre temos aquilo que queremos mas invariavelmente temos aquilo que precisamos. É no fazer consciente que a aprendizagem é máxima.
Progredir: Uma mensagem para os nossos leitores?
Paulo Pais: Comecem a ser realmente quem são, saiam das vossas caixas de paredes feitas de crenças limitadoras e enfrentem os vossos receios sem medo, compreendam que todos esses medos e bloqueios não fazem parte de quem são e existem apenas para poderem aprender a ultrapassá-los. Permitam que a vossa criança interior cresça, amadureça e se liberte dos conceitos castradores com que foram ensinados, mas entendam e respeitem a única regra que regula todo o universo – o livre arbítrio – respeitem-se e respeitem os outros.
Iniciem o processo que levará a viverem em sintonia com o Mestre que vive dentro de cada um de vós e deixem de seguir o Aprendiz arrogante que, apenas sabe caminhar no habitual e que se manifesta através da vossa mente.
Paulo Pais
www.tesed.pt
|