Entrevista a Paul Aurand
“O corpo tem sempre uma mensagem”
Criador do Body Wisdom Process, o hipnoterapeuta norte-americano Paul Aurand é também especialista em regressão a vidas passadas e na terapia Life Between Lives. Numa das suas vindas a Portugal, explicou à REVISTA PROGREDIR a importância da morte e dos sinais que o corpo emite para tratar a doença. Entrevista por Sofia Frazoa e Fotos por Joana Aguiam
PROGREDIR: O que é o Body Wisdom Process?
Paul Aurand: Desenvolvi o Body Wisdom Process quando trabalhei num consultório médico com pacientes que sofriam de doença e dor crónica. Usava a hipnoanestesia tradicional e vi resultados limitados. As pessoas ficavam temporariamente aliviadas, mas voltavam em breve para um novo tratamento. Ao trabalhar com esses pacientes descobri que, em vez de anestesiar ou eliminar a dor, o corpo tinha uma mensagem. Assim, através da hipnose, em vez de pensarem no problema, os pacientes podiam ser observadores objetivos e explorarem a origem dessa dor. Ao aprenderem a ouvir o que o corpo estava a tentar comunicar-lhes, podiam começar a perceber a mensagem sobre algumas mudanças de estilo de vida ou o que era preciso para se curarem. É isso o Body Wisdom Process: tornar-se um observador objetivo, explorar a verdadeira fonte do problema e encontrar uma solução.
PROGREDIR: Esse processo de tomada de consciência das mensagens do corpo é acessível a todas as pessoas?
Paul Aurand: Eu penso que somos todos capazes disso, ou seja, o próprio corpo está cheio de conhecimentos incríveis. Podemos pensar no impressionante que é a capacidade que o corpo tem de se regenerar quando caímos, nos magoamos ou nos cortarmos. Há uma sabedoria incrível por detrás do nosso intelecto. O grande desafio é sair da nossa mente racional e analítica e ir para um lugar mais intuitivo, onde podemos ouvir o corpo e a sabedoria interior. Ou seja, todos temos essa capacidade, é uma questão de aprender a ouvir o que não ouvíamos antes.
PROGREDIR: Quando as pessoas acedem a essa informação, descodificam sozinhas as mensagens ou é necessário um acompanhamento terapêutico?
Paul Aurand: Varia muito. Sou um fã da auto-terapia, por isso, quando faço o Body Wisdom Process a alguém, ensino-lhe uma série de coisas. Uma delas é aprender a entrar em contacto com o corpo e a ouvi-lo para não ficar dependente de outra pessoa; depois, é importante deixar-se ir e entrar no que o corpo nos quer dizer.
PROGREDIR: Há alguma queixa comum ou alguma parte do corpo costume enviar mais mensagens?
Paul Aurand: Varia muito de pessoa para pessoa. O corpo tem sempre uma mensagem, mesmo que algo físico esteja a ocorrer. Há uns anos caí da escada e desloquei o ombro. Demorou muito tempo a curar-me e, mais tarde, voltei a ter dores que me impediam de dormir. A lógica dizia-me: é Primavera, joguei basebol com o meu filho, dei um jeito qualquer. Pedi a um dos meus alunos para me fazer Body Wisdom porque sabia que devia ser alguma coisa.
PROGREDIR: O que encontrou?
Paul Aurand: No início, consegui ver o tecido inflamado dentro do ombro e perguntei o que aquilo me estava a querer demonstrar. O meu ombro disse-me: “tens ido além do limite, trabalhando demasiado”. Na verdade, as consultas estavam a aumentar, tinha criado a fundação, tinha cada vez mais trabalho. Era preciso deixar alguma coisa e, então, comecei a delegar algumas tarefas. Nesse momento, deixou de doer. Não posso dizer que nunca mais vai doer, mas se voltar a doer já sei que é uma mensagem.
PROGREDIR: O que é o Body Wisdom Process?
Paul Aurand: Desenvolvi o Body Wisdom Process quando trabalhei num consultório médico com pacientes que sofriam de doença e dor crónica. Usava a hipnoanestesia tradicional e vi resultados limitados. As pessoas ficavam temporariamente aliviadas, mas voltavam em breve para um novo tratamento. Ao trabalhar com esses pacientes descobri que, em vez de anestesiar ou eliminar a dor, o corpo tinha uma mensagem. Assim, através da hipnose, em vez de pensarem no problema, os pacientes podiam ser observadores objetivos e explorarem a origem dessa dor. Ao aprenderem a ouvir o que o corpo estava a tentar comunicar-lhes, podiam começar a perceber a mensagem sobre algumas mudanças de estilo de vida ou o que era preciso para se curarem. É isso o Body Wisdom Process: tornar-se um observador objetivo, explorar a verdadeira fonte do problema e encontrar uma solução.
PROGREDIR: Esse processo de tomada de consciência das mensagens do corpo é acessível a todas as pessoas?
Paul Aurand: Eu penso que somos todos capazes disso, ou seja, o próprio corpo está cheio de conhecimentos incríveis. Podemos pensar no impressionante que é a capacidade que o corpo tem de se regenerar quando caímos, nos magoamos ou nos cortarmos. Há uma sabedoria incrível por detrás do nosso intelecto. O grande desafio é sair da nossa mente racional e analítica e ir para um lugar mais intuitivo, onde podemos ouvir o corpo e a sabedoria interior. Ou seja, todos temos essa capacidade, é uma questão de aprender a ouvir o que não ouvíamos antes.
PROGREDIR: Quando as pessoas acedem a essa informação, descodificam sozinhas as mensagens ou é necessário um acompanhamento terapêutico?
Paul Aurand: Varia muito. Sou um fã da auto-terapia, por isso, quando faço o Body Wisdom Process a alguém, ensino-lhe uma série de coisas. Uma delas é aprender a entrar em contacto com o corpo e a ouvi-lo para não ficar dependente de outra pessoa; depois, é importante deixar-se ir e entrar no que o corpo nos quer dizer.
PROGREDIR: Há alguma queixa comum ou alguma parte do corpo costume enviar mais mensagens?
Paul Aurand: Varia muito de pessoa para pessoa. O corpo tem sempre uma mensagem, mesmo que algo físico esteja a ocorrer. Há uns anos caí da escada e desloquei o ombro. Demorou muito tempo a curar-me e, mais tarde, voltei a ter dores que me impediam de dormir. A lógica dizia-me: é Primavera, joguei basebol com o meu filho, dei um jeito qualquer. Pedi a um dos meus alunos para me fazer Body Wisdom porque sabia que devia ser alguma coisa.
PROGREDIR: O que encontrou?
Paul Aurand: No início, consegui ver o tecido inflamado dentro do ombro e perguntei o que aquilo me estava a querer demonstrar. O meu ombro disse-me: “tens ido além do limite, trabalhando demasiado”. Na verdade, as consultas estavam a aumentar, tinha criado a fundação, tinha cada vez mais trabalho. Era preciso deixar alguma coisa e, então, comecei a delegar algumas tarefas. Nesse momento, deixou de doer. Não posso dizer que nunca mais vai doer, mas se voltar a doer já sei que é uma mensagem.
PROGREDIR: Diz que pediu ajuda a um aluno seu. Significa que não conseguimos fazê-lo a nós próprios ou não somos objetivos o suficiente?
Paul Aurand: Podemos, muitas vezes, fazê-lo a nós próprios. O meu problema de fazer a mim próprio era a minha mente e o meu ego. Era mais fácil ter alguém que me levasse dentro desse estado de conseguir ser, realmente, um observador objetivo e ouvir a minha sabedoria interior.
PROGREDIR: Esse estado de que fala é um estado alterado de consciência?
Paul Aurand: Há diferentes formas de explicá-lo. A mente consciente é analítica, mas a mente mais profunda, a mente subconsciente, está associada à memória, à emoção. Num estado de hipnose, as pessoas movem-se para além da mente racional e analítica, para entrarem na mente subconsciente, onde todas estas coisas vivem. Ao acedermos à mente subconsciente, podemos, na realidade, influenciar as funções do corpo. Podemos fazer coisas como aumentar o metabolismo, reduzir a dor, influenciar a cura natural do corpo. Outro nome para o Body Wisdom é “acordar o terapeuta que está dentro de nós”. Todos temos este curador interior, é uma questão de entrarmos em contacto com ele e trabalhar com ele. Trabalhei por um tempo com pacientes com cancro. Mesmo com os tumores malignos, há algumas mensagens para a pessoa. Usamos o Body Wisdom para diminuir os efeitos secundários da quimioterapia, por exemplo.
PROGREDIR: Sobre a regressão a vidas passadas, às vezes as pessoas perguntam se não é um produto da nossa imaginação. O que se pode responder a uma pergunta destas?
Paul Aurand: Sabe que não sou um investigador, nem um académico, sou um terapeuta e deixaria ao critério da pessoa decidir. As primeiras regressões a vidas passadas que fiz foram acidentais. Estava a fazer controlo da dor e as pessoas regrediram espontaneamente a essas vidas passadas, com memórias autênticas do passado, que na altura eu não sabia, mas resultou com elas. Houve mudanças físicas, como a fobia que desapareceu, a obsessão por outra pessoa que foi eliminada, o corpo que não estava mais em dor. Então disse para mim próprio: se é uma metáfora, se é uma fantasia ou pura imaginação, não quero saber. Foram mesmo escravos?! Foram agredidos e mortos?! Não sei. A dor passou?! Sim. Isso é o que importa.
Paul Aurand: Podemos, muitas vezes, fazê-lo a nós próprios. O meu problema de fazer a mim próprio era a minha mente e o meu ego. Era mais fácil ter alguém que me levasse dentro desse estado de conseguir ser, realmente, um observador objetivo e ouvir a minha sabedoria interior.
PROGREDIR: Esse estado de que fala é um estado alterado de consciência?
Paul Aurand: Há diferentes formas de explicá-lo. A mente consciente é analítica, mas a mente mais profunda, a mente subconsciente, está associada à memória, à emoção. Num estado de hipnose, as pessoas movem-se para além da mente racional e analítica, para entrarem na mente subconsciente, onde todas estas coisas vivem. Ao acedermos à mente subconsciente, podemos, na realidade, influenciar as funções do corpo. Podemos fazer coisas como aumentar o metabolismo, reduzir a dor, influenciar a cura natural do corpo. Outro nome para o Body Wisdom é “acordar o terapeuta que está dentro de nós”. Todos temos este curador interior, é uma questão de entrarmos em contacto com ele e trabalhar com ele. Trabalhei por um tempo com pacientes com cancro. Mesmo com os tumores malignos, há algumas mensagens para a pessoa. Usamos o Body Wisdom para diminuir os efeitos secundários da quimioterapia, por exemplo.
PROGREDIR: Sobre a regressão a vidas passadas, às vezes as pessoas perguntam se não é um produto da nossa imaginação. O que se pode responder a uma pergunta destas?
Paul Aurand: Sabe que não sou um investigador, nem um académico, sou um terapeuta e deixaria ao critério da pessoa decidir. As primeiras regressões a vidas passadas que fiz foram acidentais. Estava a fazer controlo da dor e as pessoas regrediram espontaneamente a essas vidas passadas, com memórias autênticas do passado, que na altura eu não sabia, mas resultou com elas. Houve mudanças físicas, como a fobia que desapareceu, a obsessão por outra pessoa que foi eliminada, o corpo que não estava mais em dor. Então disse para mim próprio: se é uma metáfora, se é uma fantasia ou pura imaginação, não quero saber. Foram mesmo escravos?! Foram agredidos e mortos?! Não sei. A dor passou?! Sim. Isso é o que importa.
PROGREDIR: O que muda em nós quando fazemos uma regressão a vidas passadas?
Paul Aurand: A regressão a vidas passadas não é só uma revisão do nosso passado. Vai atrás para recuperar memórias. Quando faço uma regressão a vidas passadas, vou à infância e depois ao útero. O útero é fascinante porque aqui temos a alma a juntar-se ao corpo. Então podemos começar a fazer perguntas do género “como se sente por nascer?”. Algumas almas ficam contentes e dizem que não conseguem esperar; outras não querem nascer. Podemos também perguntar por que razão está a nascer, por que vem ao mundo? A maior parte das pessoas vive com esta questão: “por que estou aqui?” E o útero é um lugar onde se podem fazer estas perguntas. Depois vamos a uma vida passada e podemos recuperar acontecimentos significativos dessa vida.
PROGREDIR: De que forma é que isso é terapêutico?
Paul Aurand: O real valor terapêutico está numa série de coisas. Em primeiro lugar, em resultado das experiências que tivemos na vida passada, com que pensamentos e sentimentos deixámos essa vida? É importante saber porque vamos carregá-los para a próxima vida. A outra questão é a estratégia de sobrevivência, se a criança vivenciou algum trauma numa vida passada. De forma inconsciente, decide que, para se sentir segura e amada, vai comportar-se de uma determinada maneira.
PROGREDIR: Aceder a essa informação do passado é suficiente para mudar a situação atual da pessoa?
Paul Aurand: Tomar apenas consciência pode mudar até um certo ponto. As pessoas têm a capacidade de pôr em perspetiva. Mas, a um nível mais profundo, pode fazer uma intervenção, algum tipo de tratamento e de libertação. Uma vez, uma paciente regrediu a uma vida passada e verificou que, na pela de índia, viveu grandes tragédias, entre elas a dos filhos terem sido assassinados. Ela morreu com o pensamento de que não voltaria a ser mãe porque não sabia cuidar. E esta pessoa, nesta vida, não tinha filhos. Neste caso, além de tomar consciência, iríamos com esta paciente à vida passada falar com aquelas crianças e pedir-lhes perdão por não ter sido capaz de salvá-las e protegê-las. Iríamos levá-la também a perdoar-se si própria, à mulher que não conseguiu salvar as crianças. Neste processo também temos uma libertação da culpa, do sentido de responsabilidade ou vergonha, ou o que a alma carregue. Isto dá à pessoa a possibilidade de, quando voltar a ter aquele sentimento, duas coisas acontecerem: uma é pô-lo em perspetiva sabendo de onde vem, diminuindo a dor; e a outra é diminuir a carga emocional, fazendo que haja menos energia nesse momento, perdendo significado.
PROGREDIR: A libertação acontece porque as pessoas participam no seu próprio processo e revivem as situações?
Paul Aurand: Varia muito de pessoa para pessoa e há diferentes estilos ou abordagens numa terapia regressiva. Ao que eu faço chamo “persistir suavemente”, ou seja, eu levo as pessoas a representarem algo, sobretudo se for algo traumático. Mas não tem de ser só traumas. Há capacidades fantásticas que as pessoas têm e voltam atrás para se conectarem com isso e as reclamarem para si. Por vezes são coisas realmente maravilhosas. Quando se trata de traumas, sim, muitas vezes há reações e as pessoas choram. Mas, normalmente, na regressão fazemos de forma a que a pessoa veja a cena a partir de cima, a uma distância confortável, para que se possa lembrar, observar o que acontece, sem ter de o experienciar totalmente de novo no seu corpo. Mas sim, há emoções, e essa é também a forma que temos para verificar a validade de uma memória. Porque se a memória é uma fantasia, apenas imaginação, provavelmente não há muita cura a acontecer. Quando as pessoas choram, têm medo, estão ansiosas, aí sabemos que está a ter efeitos.
Paul Aurand: A regressão a vidas passadas não é só uma revisão do nosso passado. Vai atrás para recuperar memórias. Quando faço uma regressão a vidas passadas, vou à infância e depois ao útero. O útero é fascinante porque aqui temos a alma a juntar-se ao corpo. Então podemos começar a fazer perguntas do género “como se sente por nascer?”. Algumas almas ficam contentes e dizem que não conseguem esperar; outras não querem nascer. Podemos também perguntar por que razão está a nascer, por que vem ao mundo? A maior parte das pessoas vive com esta questão: “por que estou aqui?” E o útero é um lugar onde se podem fazer estas perguntas. Depois vamos a uma vida passada e podemos recuperar acontecimentos significativos dessa vida.
PROGREDIR: De que forma é que isso é terapêutico?
Paul Aurand: O real valor terapêutico está numa série de coisas. Em primeiro lugar, em resultado das experiências que tivemos na vida passada, com que pensamentos e sentimentos deixámos essa vida? É importante saber porque vamos carregá-los para a próxima vida. A outra questão é a estratégia de sobrevivência, se a criança vivenciou algum trauma numa vida passada. De forma inconsciente, decide que, para se sentir segura e amada, vai comportar-se de uma determinada maneira.
PROGREDIR: Aceder a essa informação do passado é suficiente para mudar a situação atual da pessoa?
Paul Aurand: Tomar apenas consciência pode mudar até um certo ponto. As pessoas têm a capacidade de pôr em perspetiva. Mas, a um nível mais profundo, pode fazer uma intervenção, algum tipo de tratamento e de libertação. Uma vez, uma paciente regrediu a uma vida passada e verificou que, na pela de índia, viveu grandes tragédias, entre elas a dos filhos terem sido assassinados. Ela morreu com o pensamento de que não voltaria a ser mãe porque não sabia cuidar. E esta pessoa, nesta vida, não tinha filhos. Neste caso, além de tomar consciência, iríamos com esta paciente à vida passada falar com aquelas crianças e pedir-lhes perdão por não ter sido capaz de salvá-las e protegê-las. Iríamos levá-la também a perdoar-se si própria, à mulher que não conseguiu salvar as crianças. Neste processo também temos uma libertação da culpa, do sentido de responsabilidade ou vergonha, ou o que a alma carregue. Isto dá à pessoa a possibilidade de, quando voltar a ter aquele sentimento, duas coisas acontecerem: uma é pô-lo em perspetiva sabendo de onde vem, diminuindo a dor; e a outra é diminuir a carga emocional, fazendo que haja menos energia nesse momento, perdendo significado.
PROGREDIR: A libertação acontece porque as pessoas participam no seu próprio processo e revivem as situações?
Paul Aurand: Varia muito de pessoa para pessoa e há diferentes estilos ou abordagens numa terapia regressiva. Ao que eu faço chamo “persistir suavemente”, ou seja, eu levo as pessoas a representarem algo, sobretudo se for algo traumático. Mas não tem de ser só traumas. Há capacidades fantásticas que as pessoas têm e voltam atrás para se conectarem com isso e as reclamarem para si. Por vezes são coisas realmente maravilhosas. Quando se trata de traumas, sim, muitas vezes há reações e as pessoas choram. Mas, normalmente, na regressão fazemos de forma a que a pessoa veja a cena a partir de cima, a uma distância confortável, para que se possa lembrar, observar o que acontece, sem ter de o experienciar totalmente de novo no seu corpo. Mas sim, há emoções, e essa é também a forma que temos para verificar a validade de uma memória. Porque se a memória é uma fantasia, apenas imaginação, provavelmente não há muita cura a acontecer. Quando as pessoas choram, têm medo, estão ansiosas, aí sabemos que está a ter efeitos.
PROGREDIR: Faz regressões a quem só queira saber o que foi numa vida passada?
Paul Aurand: Bem, as pessoas vêm porque estão curiosas. Tive pessoas que me ligaram a dizer que vinham com um amigo fazer uma regressão e depois iam jantar fora, como uma espécie de entretenimento. Desencorajo coisas deste tipo. As regressões mais difíceis são com pessoas que apenas estão curiosas. Não as mando embora, mas tento falar com elas e explicar-lhes a essência, como devia ser a experiência, que não é um jogo, que não é necessariamente divertido. A verdade é que, quando comecei a fazer este tipo de regressão há 20 anos, as pessoas pensavam que era muito estranho, mas com livros como os do Brian Weiss, por exemplo, qualquer um agora sabe o que é e está interessado.
PROGREDIR: A regressão a vidas passadas de que falamos é o mesmo que a terapia Life Between Lives?
Paul Aurand: O Life Between Lives está relacionado, mas é muito diferente. Por vários anos, muitos de nós foram conduzidos em regressões de vidas passadas e muitas das terapias, muito da cura, acontecia à volta da cena de morte. É no momento da morte que temos a pessoa a rever a sua vida. Com que pensamentos e sentimentos deixou a vida? Há um trabalho de fazer alguma libertação e perdão. Em 1998 tive uma experiência de quase morte e, nessa experiência, tive uma revisão de vida que me mudou profundamente. A partir daí, a minha abordagem a este tipo de trabalho mudou muito também. Comecei a pesquisar como seria possível levar uma pessoa a esse estado de experiência profunda. E foram anos a tentar descobri-lo.
PROGREDIR: Como é que descobriu?
Paul Aurand: Um dia, um colega ligou-me porque o Michael Newton precisava de um assistente para ajudar com as experiências do Life Between Lives. Convidaram-me para ir e eu percebi que era a resposta. A beleza disto é que no Life Between Lives levamos uma pessoa às experiências que ela teve, incluindo morrer, numa vida passada, deixar o corpo e ir para o espírito. Aí conhecem guias e entes queridos que fazem a terapia com a pessoa. Há muito para reter. Uma coisa é uma pessoa acreditar que temos alma, espírito, que existe reincarnação. Muitas pessoas acreditam. Outra coisa é uma pessoa sair da sessão a dizer que sabe que tem alma, que falou com a sua alma, que sabe qual o seu propósito de vida e que conseguiu comunicar com os seus entes queridos. Isso é tão profundo, é uma pessoa diferente. Experimenta-se mesmo o amor incondicional.
PROGREDIR: Esta terapia faz-se quando as pessoas têm um problema nesta vida e querem encontrar a sua missão?
Paul Aurand: Varia muito de pessoa para pessoa, mas eu diria que comummente uma das grandes questões das pessoas é “por que estou aqui?”, “deve ser mais do que pagar o carro, a casa”. Elas querem mesmo saber. E há as pessoas que experimentam a perda: perdem a casa, perdem os seus filhos e querem saber por que razão estas coisas acontecem.
PROGREDIR: Pode exemplificar?
Paul Aurand: Em Nova Iorque, fui contactado por uma mulher polaca com uma história trágica. Disse-me que conheceu a sua alma gémea, com quem passou quase um ano a viajar pelo mundo, a viver uma vida maravilhosa. Ele ia a conduzir para a casa dos pais dela, para anunciar o noivado, quando teve um acidente mortal. Ela contactou-me a perguntar como podia Deus ter sido tão cruel? Estava devastada. Queria vir de propósito da Polónia para fazer uma sessão para falar com ele. Eu nem sequer sabia se ela ia conseguir fazê-lo. Veio, fizemos terapia de vidas passadas primeiro, para ver como respondia, e depois fizemos a sessão de Life Between Lives. O espírito dele foi um dos primeiros a aparecer e, claro, foi um momento de lágrimas. Ela perguntou-lhe pela tragédia e ele disse que lhe tinha sido dada uma extensão de vida para poderem ter tido aquele tempo juntos. Da perspetiva humana, a questão era: “como pode existir Deus?”. Daquela perspetiva era tudo diferente e foi muito poderoso. Ele também lhe disse que ela ia encontrar outro homem, mas ela não estava preparada. Em espírito, ele estava realmente feliz por ela.
Paul Aurand: Bem, as pessoas vêm porque estão curiosas. Tive pessoas que me ligaram a dizer que vinham com um amigo fazer uma regressão e depois iam jantar fora, como uma espécie de entretenimento. Desencorajo coisas deste tipo. As regressões mais difíceis são com pessoas que apenas estão curiosas. Não as mando embora, mas tento falar com elas e explicar-lhes a essência, como devia ser a experiência, que não é um jogo, que não é necessariamente divertido. A verdade é que, quando comecei a fazer este tipo de regressão há 20 anos, as pessoas pensavam que era muito estranho, mas com livros como os do Brian Weiss, por exemplo, qualquer um agora sabe o que é e está interessado.
PROGREDIR: A regressão a vidas passadas de que falamos é o mesmo que a terapia Life Between Lives?
Paul Aurand: O Life Between Lives está relacionado, mas é muito diferente. Por vários anos, muitos de nós foram conduzidos em regressões de vidas passadas e muitas das terapias, muito da cura, acontecia à volta da cena de morte. É no momento da morte que temos a pessoa a rever a sua vida. Com que pensamentos e sentimentos deixou a vida? Há um trabalho de fazer alguma libertação e perdão. Em 1998 tive uma experiência de quase morte e, nessa experiência, tive uma revisão de vida que me mudou profundamente. A partir daí, a minha abordagem a este tipo de trabalho mudou muito também. Comecei a pesquisar como seria possível levar uma pessoa a esse estado de experiência profunda. E foram anos a tentar descobri-lo.
PROGREDIR: Como é que descobriu?
Paul Aurand: Um dia, um colega ligou-me porque o Michael Newton precisava de um assistente para ajudar com as experiências do Life Between Lives. Convidaram-me para ir e eu percebi que era a resposta. A beleza disto é que no Life Between Lives levamos uma pessoa às experiências que ela teve, incluindo morrer, numa vida passada, deixar o corpo e ir para o espírito. Aí conhecem guias e entes queridos que fazem a terapia com a pessoa. Há muito para reter. Uma coisa é uma pessoa acreditar que temos alma, espírito, que existe reincarnação. Muitas pessoas acreditam. Outra coisa é uma pessoa sair da sessão a dizer que sabe que tem alma, que falou com a sua alma, que sabe qual o seu propósito de vida e que conseguiu comunicar com os seus entes queridos. Isso é tão profundo, é uma pessoa diferente. Experimenta-se mesmo o amor incondicional.
PROGREDIR: Esta terapia faz-se quando as pessoas têm um problema nesta vida e querem encontrar a sua missão?
Paul Aurand: Varia muito de pessoa para pessoa, mas eu diria que comummente uma das grandes questões das pessoas é “por que estou aqui?”, “deve ser mais do que pagar o carro, a casa”. Elas querem mesmo saber. E há as pessoas que experimentam a perda: perdem a casa, perdem os seus filhos e querem saber por que razão estas coisas acontecem.
PROGREDIR: Pode exemplificar?
Paul Aurand: Em Nova Iorque, fui contactado por uma mulher polaca com uma história trágica. Disse-me que conheceu a sua alma gémea, com quem passou quase um ano a viajar pelo mundo, a viver uma vida maravilhosa. Ele ia a conduzir para a casa dos pais dela, para anunciar o noivado, quando teve um acidente mortal. Ela contactou-me a perguntar como podia Deus ter sido tão cruel? Estava devastada. Queria vir de propósito da Polónia para fazer uma sessão para falar com ele. Eu nem sequer sabia se ela ia conseguir fazê-lo. Veio, fizemos terapia de vidas passadas primeiro, para ver como respondia, e depois fizemos a sessão de Life Between Lives. O espírito dele foi um dos primeiros a aparecer e, claro, foi um momento de lágrimas. Ela perguntou-lhe pela tragédia e ele disse que lhe tinha sido dada uma extensão de vida para poderem ter tido aquele tempo juntos. Da perspetiva humana, a questão era: “como pode existir Deus?”. Daquela perspetiva era tudo diferente e foi muito poderoso. Ele também lhe disse que ela ia encontrar outro homem, mas ela não estava preparada. Em espírito, ele estava realmente feliz por ela.
PROGREDIR: Já veio a Portugal várias vezes dar formações. Como descreve os portugueses?
Paul Aurand: Tenho observado várias coisas. Há muitos terapeutas nos meus cursos que têm o grau académico, mas não a experiência e vêm buscar isso mesmo. A um nível pessoal e individual, posso dizer que para os homens portugueses não é tão confortável expressar sentimentos, emoções. Claro que acontece com os homens em geral e em várias culturas, mas é muito forte aqui e é parte da cultura. A minha experiência diz-me, também, que os portugueses são curiosos. A minha sensação é que os portugueses, quando foram à descoberta do mundo, queriam explorar, conhecer, trazer para cá e integrar. E vê-se muitas raças integradas nesta cultura, o que é fascinante. Há, ainda, algo que marca as pessoas a um nível emocional por causa da ditadura. Talvez não tanto a juventude, mas os mais velhos ainda têm essa dificuldade de se expressarem e serem realmente livres.
Paul Aurand: Tenho observado várias coisas. Há muitos terapeutas nos meus cursos que têm o grau académico, mas não a experiência e vêm buscar isso mesmo. A um nível pessoal e individual, posso dizer que para os homens portugueses não é tão confortável expressar sentimentos, emoções. Claro que acontece com os homens em geral e em várias culturas, mas é muito forte aqui e é parte da cultura. A minha experiência diz-me, também, que os portugueses são curiosos. A minha sensação é que os portugueses, quando foram à descoberta do mundo, queriam explorar, conhecer, trazer para cá e integrar. E vê-se muitas raças integradas nesta cultura, o que é fascinante. Há, ainda, algo que marca as pessoas a um nível emocional por causa da ditadura. Talvez não tanto a juventude, mas os mais velhos ainda têm essa dificuldade de se expressarem e serem realmente livres.
FOTOGRAFIA POR JOANA AGUIAM
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