Momentos de Verdade... |
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É normal que, para vivermos uma vida plena e feliz, necessitemos de relações com profundidade. Entendo por profundidade relacional o que existe numa relação onde conhecemos o outro com a maior profundidade possível e o outro nos conhece a nós. Sendo que a primeira premissa é a de nos conhecermos cada vez melhor a nós próprios pois, senão nos conhecermos, como nos podemos dar a conhecer e como pode o outro conhecer-nos?
Falo de profundidade relacional em oposição à superficialidade relacional, relações onde conhecemos muito pouco do outro (e o outro muito pouco de nós). Relações que podem ser funcionais mas que dificilmente irão ao encontro do que a nossa Alma necessita. No entanto, apesar de a nossa Alma necessitar de profundidade relacional… de se ligar a outras almas com maior intimidade… muitas vezes não partilhamos o que sentimos dentro de nós. Seja por medo da reação do outro, ou por acharmos que são coisas nossas e que as temos que resolver sozinhos, por vezes com receio de sermos rejeitados ou abandonados ou que podemos sofrer com essa partilha por qualquer outra razão. Assim temos medo de dizer que queremos ter um filho (ou que não queremos ter um filho), que amamos o outro (ou que não amamos o outro), que queremos viver juntos (ou que não queremos viver juntos), que queremos sair só com os amigos (ou que gostávamos muito que o outro nos acompanhasse), que gostamos de fazer determinadas coisas (e que não gostamos de fazer outras), que existem comportamentos que amamos (e comportamentos que nos magoam), que existem coisas com as quais nos identificamos e outras que nem por isso… Não dizemos o que nos vai na Alma e somatizamos as palavras que ficam por dizer, podemos até engordar por cada palavra que engolimos, sentir dores de garganta, etc… Assim como podemos trabalhar a profundidade relacional? Fácil! Criando “momentos de verdade”. Momentos onde falamos com o outro de Coração… Centrados... Partilhando o nosso íntimo com a verdade da nossa Alma, com amabilidade, com a segurança de quem somos, falando com a pureza do coração. Em oposição a falar com o fel da raiva, com o sentimento egóico de exigência, da posse e do “quero posso e mando”. Partilhar, sim, o que nos vai na alma, com sensibilidade, pois por trás dos nossos pensamentos, dos impasses, estão os sonhos mais importantes que cada um tem para a sua vida à espera de serem descobertos. E o que pode acontecer de pior quando partilhamos o que queremos de coração? Apenas coisas boas… entre elas: Se não se consegue encontrar um ponto de equilíbrio entre o que ambos querem de coração, cada um pode seguir, em Paz, o seu caminho, o seu propósito, com a certeza de que a mudança nos traz novas aprendizagens e com a certeza que estamos a ser fiéis ao nosso Ser. Evitando-se assim o “definhar no tempo”, o passar de meses e anos, o “ir andando”, o arrastar “em sofrimento” silencioso (ou não) o que poderá ser inevitável, respeitando-nos e respeitando o outro. Poderá existir sofrimento, mas será um sofrimento eficaz, um sofrimento saudável, que aceitamos como parte inevitável de vivermos no mundo e de crescermos como pessoas. Em oposição a um sofrimento ineficaz onde as possibilidades se fecham. Existindo aceitação mútua, partilha de vontades, de valores e de objetivos, o caminho conjunto pode ser feito de uma forma muito mais profunda, muito mais livre, pois fomos verdadeiros, demos a conhecer o nosso íntimo, os nossos sonhos e… como consequência… a ligação, o carinho, o respeito e o Amor aumentam e solidificam a relação… Assim que tal fazermos acontecer “momentos de verdade!”… conhecermo-nos, darmo-nos a conhecer, conhecer o outro, viver com profundidade relacional, com intimidade, viver em Amor… Pedro Sciaccaluga Fernandes Mais artigos do mesmo Autor aqui |
Foto por Tiago Sousa
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