Entrevista a Maria José Costa Félix
“Estamos todos a ser ‘obrigados’ a ir ao caroço daquilo que somos”
Astróloga e jornalista há 30 anos, Maria José Costa Félix acaba de lançar o seu oitavo livro, um mergulho nas profundezas do Amor. Numa conversa com a PROGREDIR, a autora de “Atalhos do amor” fala do principal motor da vida e dos desafios que nos são lançados atualmente. Entrevista por Sofia Frazoa e Fotos por Joana Aguiam
PROGREDIR: A que estamos a ser convidados com esta crise?
MARIA JOSÉ COSTA FÉLIX (MJCF): Estamos a ser “obrigados” a uma regeneração ao nível de “o que é a essência daquilo que eu sou?”. Porque há aquilo que eu sou, o que herdei dos meus pais, o que meteram cá para dentro através da educação, o que fui colhendo através das várias experiências da minha vida. Todos somos condicionados no sentido de nos encaixarmos e aprendermos a viver neste mundo, que é o que os nossos pais e a sociedade nos ensinam. Mas vamos arranjando uma espécie de carapaça e o que somos ao nível da essência vai ficando escondido, tapado, muitas vezes para sempre. Somos condicionados para precisarmos de uma quantidade enorme de coisas.
PROGREDIR: E agora temos de aprender a viver sem elas?
MJCF: Temos sempre de ter algumas coisas porque somos espírito, mas também somos matéria. Portanto, enquanto estivermos neste mundo, temos de ter algum dinheiro para sobreviver, mas não temos de ter mais do que isso. Se estivermos muito entretidos a gastar muito dinheiro esquecemo-nos que somos espírito, que é aquilo que permanece. E, nestas alturas, estamos todos a ser “obrigados” - a nível individual, familiar, do país, do mundo - a ir ao cerne, ao caroço daquilo que somos. Somos um ser limitado, mas habitado por algo de ilimitado. Penso que quem não tiver um lado espiritual ou uma outra forma de não se limitar ao ganhar dinheiro, não encontra saída. Porque, realmente, estamos a ter que limpar, deitar fora, tudo aquilo que nos esteja a tapar para o que somos ao nível da essência.
PROGREDIR: Mas cada um tem os seus desafios…
MJCF: A forma como cada um está a ser obrigado a viver estes tempos varia conforme aquilo que a pessoa tiver necessidade de cortar, for convidada a largar para aprender. Se, por exemplo, uma pessoa pensa que não vive sem carro e, de repente, deixa de ter dinheiro para a gasolina é para ver que, na realidade, se calhar consegue e pode viver feliz sem um carro.
PROGREDIR: Astrologicamente, quais são os planetas responsáveis por esta mudança?
MJCF: Este trabalho é essencialmente feito por Plutão, o planeta dono de Escorpião. O seu significado é morrer para renascer, portanto, é deitar fora uma determinada coisa, se já não ajuda na nossa evolução. Se eu não souber o quê, a vida encarrega-se de nos fazer passar por isso. Porque, ao mesmo tempo, este Plutão está (e vai estar) no signo de Capricórnio, o signo do despojamento. Ou seja, de que é que tenho de me despojar, seja um objeto, uma maneira de pensar, um relacionamento? Isto depois é muito reforçado pelo facto de Saturno, que é o dono de Capricórnio, estar ainda em Balança, que é o signo da relação a dois. Portanto, a nível de relacionamentos, todos nós estamos a ser “obrigados” a ver que o importante de um relacionamento, qualquer que seja o nível, é olhar para aquela pessoa sem ser alguém a quem eu tenha de me agarrar, de quem preciso, uma espécie de bengala.
PROGREDIR: A que estamos a ser convidados com esta crise?
MARIA JOSÉ COSTA FÉLIX (MJCF): Estamos a ser “obrigados” a uma regeneração ao nível de “o que é a essência daquilo que eu sou?”. Porque há aquilo que eu sou, o que herdei dos meus pais, o que meteram cá para dentro através da educação, o que fui colhendo através das várias experiências da minha vida. Todos somos condicionados no sentido de nos encaixarmos e aprendermos a viver neste mundo, que é o que os nossos pais e a sociedade nos ensinam. Mas vamos arranjando uma espécie de carapaça e o que somos ao nível da essência vai ficando escondido, tapado, muitas vezes para sempre. Somos condicionados para precisarmos de uma quantidade enorme de coisas.
PROGREDIR: E agora temos de aprender a viver sem elas?
MJCF: Temos sempre de ter algumas coisas porque somos espírito, mas também somos matéria. Portanto, enquanto estivermos neste mundo, temos de ter algum dinheiro para sobreviver, mas não temos de ter mais do que isso. Se estivermos muito entretidos a gastar muito dinheiro esquecemo-nos que somos espírito, que é aquilo que permanece. E, nestas alturas, estamos todos a ser “obrigados” - a nível individual, familiar, do país, do mundo - a ir ao cerne, ao caroço daquilo que somos. Somos um ser limitado, mas habitado por algo de ilimitado. Penso que quem não tiver um lado espiritual ou uma outra forma de não se limitar ao ganhar dinheiro, não encontra saída. Porque, realmente, estamos a ter que limpar, deitar fora, tudo aquilo que nos esteja a tapar para o que somos ao nível da essência.
PROGREDIR: Mas cada um tem os seus desafios…
MJCF: A forma como cada um está a ser obrigado a viver estes tempos varia conforme aquilo que a pessoa tiver necessidade de cortar, for convidada a largar para aprender. Se, por exemplo, uma pessoa pensa que não vive sem carro e, de repente, deixa de ter dinheiro para a gasolina é para ver que, na realidade, se calhar consegue e pode viver feliz sem um carro.
PROGREDIR: Astrologicamente, quais são os planetas responsáveis por esta mudança?
MJCF: Este trabalho é essencialmente feito por Plutão, o planeta dono de Escorpião. O seu significado é morrer para renascer, portanto, é deitar fora uma determinada coisa, se já não ajuda na nossa evolução. Se eu não souber o quê, a vida encarrega-se de nos fazer passar por isso. Porque, ao mesmo tempo, este Plutão está (e vai estar) no signo de Capricórnio, o signo do despojamento. Ou seja, de que é que tenho de me despojar, seja um objeto, uma maneira de pensar, um relacionamento? Isto depois é muito reforçado pelo facto de Saturno, que é o dono de Capricórnio, estar ainda em Balança, que é o signo da relação a dois. Portanto, a nível de relacionamentos, todos nós estamos a ser “obrigados” a ver que o importante de um relacionamento, qualquer que seja o nível, é olhar para aquela pessoa sem ser alguém a quem eu tenha de me agarrar, de quem preciso, uma espécie de bengala.
PROGREDIR: O convite é para encararmos o outro de que forma?
MJCF: O outro pode servir-me de espelho porque é no confronto de mim com aquela pessoa que eu posso ver melhor o que tenho de trabalhar. Os relacionamentos são muito importantes – os íntimos mais importantes ainda – porque é através da relação com aquela pessoa que eu mais vou podendo mergulhar em mim. E, ao mergulhar em mim, vou vendo o que existe para lá do acidental, do efémero. Qual é o meu lado divino? É aquilo que há em mim e que permanece para lá do que morre (tem muitos nomes, como espírito, alma). Nesta altura estamos a ser “obrigados” a ver que há muitas coisas nas nossas vidas que não só não nos ajudam como, pelo contrário, nos prejudicam e nos atrapalham, nos pesam a evolução. O que conta é a evolução. É eu ir descobrindo que sou mais do que aquilo que vejo de mim quando olho para o espelho.
PROGREDIR: Quem já tem vindo a fazer esse trabalho evolutivo pode conseguir escapar a esta crise?
MJCF: As pessoas estão em planos diferentes, mas isto não pode, de maneira nenhuma, ser uma coisa fácil para ninguém porque todos nós estamos a ser “obrigados” a ir ao fundo. É como ter uma casa que está limpa, mas agora temos de fazer uma limpeza profundíssima e ver debaixo de todos os móveis o que temos de deitar fora. Todos temos lixo cá dentro, todos temos coisas de que já não precisamos. Ninguém pode passar ao lado desta tendência porque, se a pessoa ainda aqui está, é porque ainda está presa à matéria.
PROGREDIR: Estará mais presa se mais jovem ou não é necessariamente assim?
MJCF: Evidentemente que, em termos de despojamento, uma pessoa mais velha é diferente de uma pessoa que tem 20 anos. Até aos 30, 35 anos, é um período em que as pessoas têm mesmo de conquistar coisas, de sentir que são boas, apreciadas. Estão no auge, têm de passar por isso. E depois, lentamente, vão vendo que tudo, afinal, é efémero e que, a certa altura, é preciso deixar ir, às vezes com derrocadas. A partir de um dado momento, provavelmente, já não é preciso haver essas coisas tão horríveis, tão violentas. A consciência que temos do significado, do porquê do que nos está a acontecer, vai sendo cada vez maior e a pessoa deixa-se conduzir. Hoje em dia, a minha mente racional incomoda-me muito menos do que dantes.
PROGREDIR: É a vida que nos vai guiando?
MJCF: A vida é que nos vai mostrando o que é e como é. Constato que há muitas pessoas que não têm problemas de dinheiro, mas que deixaram de ir a restaurantes e viajar, embora gostassem, por causa da crise. Isso está completamente errado. Se uma pessoa gosta de fazer uma determinada coisa e pode fazê-la, faça-a! Isto varia de pessoa para pessoa. Cada um tem de ver se pode fazer aquilo que lhe dá mesmo prazer. É que se pode, materialmente falando, é porque está a ser convidado pela vida a fazê-lo e a ter prazer com isso. O prazer em viver é uma coisa muito importante.
PROGREDIR: E quando não conseguimos aceder ao convite da vida e não conseguimos ou não queremos, por exemplo, largar o velho para deixar entrar o novo?
MJCF: Quando eu utilizei a palavra “obrigatório”, é muito rigoroso, é muito forte. Detesto as palavras castigo e recompensa, mas acho que se pode empregar a lei da causa/consequência. Ou seja, se eu estou a ser convidada a fazer um determinado trabalho – e se eu estou a ser convidada é porque posso fazê-lo –, se não o fizer, é grave no sentido de que há uma coisa qualquer que acontece e que não precisaria de acontecer. Como muitas das doenças esquisitas para as quais ninguém encontra razão. Muitas pessoas próximas a mim morreram antes de tempo, não tenho dúvidas nenhumas.
PROGREDIR: Morreram porque não aceitaram o convite da mudança?
MJCF: Antes de tempo no sentido em que está certo a pessoa ir-se embora quando já não está aqui a fazer nada, quando já fez tudo aquilo que podia ter feito. E o que eu acho que é suposto é a pessoa ir até ao final da sua caminhada terrena. Eu sei de muitas pessoas próximas que foram embora mais cedo. Quem acredita na lei do karma, nas reencarnações e noutras vidas, acredita na lei da causa/consequência. Já nesta vida nós temos a recompensa. No fundo, a pessoa deve ousar acreditar. Aquela ideia de que a fé move montanhas, pois a fé é uma ousadia. No fundo, não temos certeza de nada. Hoje em dia todos temos de aprender que nada é garantido. E temos de acreditar que nada nos vai faltar ao nível do que é essencial.
MJCF: O outro pode servir-me de espelho porque é no confronto de mim com aquela pessoa que eu posso ver melhor o que tenho de trabalhar. Os relacionamentos são muito importantes – os íntimos mais importantes ainda – porque é através da relação com aquela pessoa que eu mais vou podendo mergulhar em mim. E, ao mergulhar em mim, vou vendo o que existe para lá do acidental, do efémero. Qual é o meu lado divino? É aquilo que há em mim e que permanece para lá do que morre (tem muitos nomes, como espírito, alma). Nesta altura estamos a ser “obrigados” a ver que há muitas coisas nas nossas vidas que não só não nos ajudam como, pelo contrário, nos prejudicam e nos atrapalham, nos pesam a evolução. O que conta é a evolução. É eu ir descobrindo que sou mais do que aquilo que vejo de mim quando olho para o espelho.
PROGREDIR: Quem já tem vindo a fazer esse trabalho evolutivo pode conseguir escapar a esta crise?
MJCF: As pessoas estão em planos diferentes, mas isto não pode, de maneira nenhuma, ser uma coisa fácil para ninguém porque todos nós estamos a ser “obrigados” a ir ao fundo. É como ter uma casa que está limpa, mas agora temos de fazer uma limpeza profundíssima e ver debaixo de todos os móveis o que temos de deitar fora. Todos temos lixo cá dentro, todos temos coisas de que já não precisamos. Ninguém pode passar ao lado desta tendência porque, se a pessoa ainda aqui está, é porque ainda está presa à matéria.
PROGREDIR: Estará mais presa se mais jovem ou não é necessariamente assim?
MJCF: Evidentemente que, em termos de despojamento, uma pessoa mais velha é diferente de uma pessoa que tem 20 anos. Até aos 30, 35 anos, é um período em que as pessoas têm mesmo de conquistar coisas, de sentir que são boas, apreciadas. Estão no auge, têm de passar por isso. E depois, lentamente, vão vendo que tudo, afinal, é efémero e que, a certa altura, é preciso deixar ir, às vezes com derrocadas. A partir de um dado momento, provavelmente, já não é preciso haver essas coisas tão horríveis, tão violentas. A consciência que temos do significado, do porquê do que nos está a acontecer, vai sendo cada vez maior e a pessoa deixa-se conduzir. Hoje em dia, a minha mente racional incomoda-me muito menos do que dantes.
PROGREDIR: É a vida que nos vai guiando?
MJCF: A vida é que nos vai mostrando o que é e como é. Constato que há muitas pessoas que não têm problemas de dinheiro, mas que deixaram de ir a restaurantes e viajar, embora gostassem, por causa da crise. Isso está completamente errado. Se uma pessoa gosta de fazer uma determinada coisa e pode fazê-la, faça-a! Isto varia de pessoa para pessoa. Cada um tem de ver se pode fazer aquilo que lhe dá mesmo prazer. É que se pode, materialmente falando, é porque está a ser convidado pela vida a fazê-lo e a ter prazer com isso. O prazer em viver é uma coisa muito importante.
PROGREDIR: E quando não conseguimos aceder ao convite da vida e não conseguimos ou não queremos, por exemplo, largar o velho para deixar entrar o novo?
MJCF: Quando eu utilizei a palavra “obrigatório”, é muito rigoroso, é muito forte. Detesto as palavras castigo e recompensa, mas acho que se pode empregar a lei da causa/consequência. Ou seja, se eu estou a ser convidada a fazer um determinado trabalho – e se eu estou a ser convidada é porque posso fazê-lo –, se não o fizer, é grave no sentido de que há uma coisa qualquer que acontece e que não precisaria de acontecer. Como muitas das doenças esquisitas para as quais ninguém encontra razão. Muitas pessoas próximas a mim morreram antes de tempo, não tenho dúvidas nenhumas.
PROGREDIR: Morreram porque não aceitaram o convite da mudança?
MJCF: Antes de tempo no sentido em que está certo a pessoa ir-se embora quando já não está aqui a fazer nada, quando já fez tudo aquilo que podia ter feito. E o que eu acho que é suposto é a pessoa ir até ao final da sua caminhada terrena. Eu sei de muitas pessoas próximas que foram embora mais cedo. Quem acredita na lei do karma, nas reencarnações e noutras vidas, acredita na lei da causa/consequência. Já nesta vida nós temos a recompensa. No fundo, a pessoa deve ousar acreditar. Aquela ideia de que a fé move montanhas, pois a fé é uma ousadia. No fundo, não temos certeza de nada. Hoje em dia todos temos de aprender que nada é garantido. E temos de acreditar que nada nos vai faltar ao nível do que é essencial.
PROGREDIR: E nos relacionamentos, o tema central do seu último livro “Atalhos do Amor”, aplica-se o mesmo?
MJCF: É a mesma coisa. Às vezes somos atraídos por pessoas que nos magoam. Ouço pessoas a dizerem uma frase que considero um disparate: “Eu, apaixonar-me mais?! Não quero!”. Porque dá muito trabalho, porque depois a pessoa vai-se embora e o outro sofre. Temos de estar de coração aberto, ou seja, acreditando que a nossa cabeça, as nossas necessidades de dizermos que precisamos de alguém e que não queremos ficar sozinhas, são ilusões. Se eu sinto uma necessidade enormíssima de viver com aquela pessoa, de fazer tudo para a puxar para mim, devo fazê-lo. É porque tenho ainda de aprender como isso é falso, como é uma ilusão. O que eu acho que nunca ninguém deve fazer é cortar, dizer que nunca mais se apaixonará. Se estamos a ser atraídos por uma pessoa, mesmo que saibamos que é um erro, é porque temos alguma coisa a aprender com ela. E muitas vezes temos de aprender através de coisas que nos magoam.
PROGREDIR: E temos aqui uma oportunidade de crescimento?
MJCF: O campo dos relacionamentos é aquele em que mais podemos crescer. É, no fundo, ao Amar aquela pessoa, ao ter um relacionamento especial com aquela pessoa, que mais posso aprender como a liberdade existe e como sou um ser livre. Fala-se muito em Alma Gémea, cara-metade, etc. Isso é um bocado “treta” porque ninguém é metade de ninguém, nós somos inteiros. Agora, é através de eu me relacionar com aquela pessoa que vou ver que, na realidade, eu queria que ela fosse tudo para mim ou eu tudo para ela. Temos uma ânsia de absoluto. Em todos nós há apelo à perfeição, mas com consciência de que a perfeição não é neste mundo. Vivemos na dualidade (a noite e o dia, a luz e a sombra…).
PROGREDIR: Como é que se consegue aceitar a nossa sombra, já que buscamos a perfeição?
MJCF: A questão da luz e da sombra é extremamente importante porque temos sempre aquela vontade de ser perfeitos, de não fazer nada mal, de encontrar a pessoa acertada. Quando, no fundo, temos que ir aprendendo que o importante é as experiências que me levam ao encontro comigo. Então, é por isso que aquela pessoa é muito importante para mim. As primeiras pessoas de quem precisamos são dos nossos pais e, depois, vamos precisando de várias. Eu não estou sozinha. Todos temos de ir aprendendo que somos um. E, portanto, aquela pessoa que eu odeio, que me magoou horrorosamente, eu também sou essa pessoa. A vida e o caminhar é da dualidade para a unidade. Quanto mais próximos estivermos da unidade, mais tranquilos estamos.
PROGREDIR: Estas aprendizagens de que fala, mesmo as mais dolorosas, são sempre sobre nós?
MJCF: Claro. Se eu estou continuamente a ser atraída por aquela pessoa é porque, de certeza, aquelas características também estão em mim. Podemos não demonstrá-las, nem sequer ter consciência. A quantidade de vezes que repetimos os mesmos padrões é para ir vendo como há coisas em mim de sombra, escuridão, negativo, que eu não ousava ver. É ao atrair uma pessoa com essas características que vou perceber as coisas negativas que estão em mim. Por isso é que os relacionamentos são muito importantes e o que destaco neste livro é que, realmente, não há nada mais importante do que o Amor. No entanto, também não há nada mais difícil do que sabermos, por experiência vivida, como é ter uma relação que nos preencha plenamente.
PROGREDIR: O que torna essa experiência tão difícil?
MJCF: Não é fácil porque andamos iludidos, achando que pode haver alguém que nos satisfaça completamente. Procuramos fora aquilo que não existe, já que nenhuma pessoa me pode preencher na totalidade. E só vamos entender isso à medida que nos apaixonamos ou nos relacionamos. Iludimo-nos e temos de nos desiludir as vezes que forem precisas até vermos que, no fundo, não preciso de nada desta pessoa a não ser aprender, para ver que eu já tenho em mim aquilo que eu procuro nela. Enquanto cá estamos, o que importa é olharmos a vida como qualquer coisa que não tem fim, mesmo quando tiver.
MJCF: É a mesma coisa. Às vezes somos atraídos por pessoas que nos magoam. Ouço pessoas a dizerem uma frase que considero um disparate: “Eu, apaixonar-me mais?! Não quero!”. Porque dá muito trabalho, porque depois a pessoa vai-se embora e o outro sofre. Temos de estar de coração aberto, ou seja, acreditando que a nossa cabeça, as nossas necessidades de dizermos que precisamos de alguém e que não queremos ficar sozinhas, são ilusões. Se eu sinto uma necessidade enormíssima de viver com aquela pessoa, de fazer tudo para a puxar para mim, devo fazê-lo. É porque tenho ainda de aprender como isso é falso, como é uma ilusão. O que eu acho que nunca ninguém deve fazer é cortar, dizer que nunca mais se apaixonará. Se estamos a ser atraídos por uma pessoa, mesmo que saibamos que é um erro, é porque temos alguma coisa a aprender com ela. E muitas vezes temos de aprender através de coisas que nos magoam.
PROGREDIR: E temos aqui uma oportunidade de crescimento?
MJCF: O campo dos relacionamentos é aquele em que mais podemos crescer. É, no fundo, ao Amar aquela pessoa, ao ter um relacionamento especial com aquela pessoa, que mais posso aprender como a liberdade existe e como sou um ser livre. Fala-se muito em Alma Gémea, cara-metade, etc. Isso é um bocado “treta” porque ninguém é metade de ninguém, nós somos inteiros. Agora, é através de eu me relacionar com aquela pessoa que vou ver que, na realidade, eu queria que ela fosse tudo para mim ou eu tudo para ela. Temos uma ânsia de absoluto. Em todos nós há apelo à perfeição, mas com consciência de que a perfeição não é neste mundo. Vivemos na dualidade (a noite e o dia, a luz e a sombra…).
PROGREDIR: Como é que se consegue aceitar a nossa sombra, já que buscamos a perfeição?
MJCF: A questão da luz e da sombra é extremamente importante porque temos sempre aquela vontade de ser perfeitos, de não fazer nada mal, de encontrar a pessoa acertada. Quando, no fundo, temos que ir aprendendo que o importante é as experiências que me levam ao encontro comigo. Então, é por isso que aquela pessoa é muito importante para mim. As primeiras pessoas de quem precisamos são dos nossos pais e, depois, vamos precisando de várias. Eu não estou sozinha. Todos temos de ir aprendendo que somos um. E, portanto, aquela pessoa que eu odeio, que me magoou horrorosamente, eu também sou essa pessoa. A vida e o caminhar é da dualidade para a unidade. Quanto mais próximos estivermos da unidade, mais tranquilos estamos.
PROGREDIR: Estas aprendizagens de que fala, mesmo as mais dolorosas, são sempre sobre nós?
MJCF: Claro. Se eu estou continuamente a ser atraída por aquela pessoa é porque, de certeza, aquelas características também estão em mim. Podemos não demonstrá-las, nem sequer ter consciência. A quantidade de vezes que repetimos os mesmos padrões é para ir vendo como há coisas em mim de sombra, escuridão, negativo, que eu não ousava ver. É ao atrair uma pessoa com essas características que vou perceber as coisas negativas que estão em mim. Por isso é que os relacionamentos são muito importantes e o que destaco neste livro é que, realmente, não há nada mais importante do que o Amor. No entanto, também não há nada mais difícil do que sabermos, por experiência vivida, como é ter uma relação que nos preencha plenamente.
PROGREDIR: O que torna essa experiência tão difícil?
MJCF: Não é fácil porque andamos iludidos, achando que pode haver alguém que nos satisfaça completamente. Procuramos fora aquilo que não existe, já que nenhuma pessoa me pode preencher na totalidade. E só vamos entender isso à medida que nos apaixonamos ou nos relacionamos. Iludimo-nos e temos de nos desiludir as vezes que forem precisas até vermos que, no fundo, não preciso de nada desta pessoa a não ser aprender, para ver que eu já tenho em mim aquilo que eu procuro nela. Enquanto cá estamos, o que importa é olharmos a vida como qualquer coisa que não tem fim, mesmo quando tiver.
PROGREDIR: Há um caminho para o Amor ou cada um tem o seu?
MJCF: O Amor está para lá de nós, o Amor é a fonte de tudo. Vivemos o Amor de diversas formas, através da natureza, dos animais, da música e, de uma forma especial, através da relação com o outro. Quando eu perco uma pessoa de quem eu gosto, porque morreu, e eu digo “perdi o amor”, não perdi Amor nenhum. O Amor continua em mim. Eu deixei de poder viver o Amor através daquela pessoa. Portanto, o Amor é a força, o grande motor, por isso é tão importante sentirmo-nos amados.
PROGREDIR: Os trânsitos astrológicos levam-nos nesse sentido?
MJCF: Estes trânsitos levam-nos extraordinariamente para aí porque, por exemplo, Neptuno, o dono de Peixes, que tem a ver com este Amor, está a entrar agora em Peixes. Aquário e Peixes são os dois signos mais evoluídos do Zodíaco, que falam precisamente daquilo que está para lá do aqui e do agora. Aquário pela via mental e Peixes pela via emocional. Urano (que tem a ver com a mudança, com a ousadia) passou por Aquário e Peixes e, nesta altura, em Carneiro, convida-nos a ousarmos, a começar qualquer coisa de novo. Fala-se de mudança de paradigma e é completamente. Mudança em termos de saber que eu sou um indivíduo, livre, que tenho de estar inteiro comigo, que eu é que decido o que faço. Tendo em vista que eu sou um num meio do universo, quanto mais me for encontrando comigo, mais me vou sentindo ligada a todos os outros.
PROGREDIR: Por que razão ainda temos necessidade da comparação com o exterior?
MJCF: Se uma pessoa não aproveita bem as coisas que tem, vive carente. Se estivermos sempre a pensar que precisamos de coisas porque os nossos amigos também têm, então não reparamos e não aproveitamos o que temos. E o que temos vai ficando sem significado e vai desparecendo porque não vale a pena termos. Sinto isso e vejo em muitas pessoas que os tempos de crise - que são sempre uma passagem de nível - são um empurrão no sentido de vermos que há coisas que temos de largar para termos outras, muitas vezes sem sabermos quais. Ou então para apreciarmos de forma diferente aquilo que temos. Vivemos num país com imenso Sol, podemos andar, temos o mar ao pé. Somos responsáveis por aquilo que temos e por aquilo que somos.
PROGREDIR: Há uma passagem no livro que diz que nem sempre encontramos o Amor. Como é que isso é possível?
MJCF: Refiro-me ao Amor com maiúscula, que está para lá das emoções, sem necessidade de luta nem de fusão total com alguém. Amar é simplesmente abrir a Alma. Ou seja, o Amor é tudo, é o absoluto, é a verdade, é a força propulsora da vida. Isso é dado a cada um de nós. Cada um é convidado, desde o princípio da nossa vida, a conhecer o Amor através de muitas maneiras. Há pessoas que dizem que nunca amaram verdadeiramente ninguém. Mas digamos que o Amor está dentro de todos nós e manifesta-se através das pessoas e coisas de que gostamos. Agora, se eu restringir o Amor a casar ou viver intimamente, é normal a pessoa dizer que passou pela vida sem conhecer o Amor, mas eu não acho que isso seja verdade. Porque sem Amor não há vida. Digamos que a forma de irmos descobrindo o que é o Amor é procurando olhar para o milagre da vida que está a cada passo.
PROGREDIR: Mas, apesar desse conceito universal, o Amor varia de pessoa para pessoa?
MJCF: O Amor está em todo o lado, agora é evidente que a forma como cada um se apercebe varia de pessoa para pessoa. Eu penso que, para a pessoa se sentir realmente amada, não tem de depender de ter um marido ou um namorado, um pai ou uma mãe que a ame incondicionalmente. E o que está nas nossas cabeças é isso. Eu tenho Amor se houver alguma pessoa especial na minha vida. É completamente uma ilusão e, por causa dessa ilusão, dessa procura, dessa mania, muitas pessoas se desiludem e acontecem coisas terríveis (violência doméstica, crianças maltratadas, etc).
PROGREDIR: Qual é o segredo para nos sentirmos bem, convivendo com as nossas sombras e com esse Amor que habita em nós?
MJCF: É só aceitando o que no dia-a-dia nos é “imposto”. Estou com uma dor de cabeça horrorosa ou quero que aquela pessoa me telefone e ela não telefona. Ou seja, olhando para o dia. De manhã, é bom acordar e ter uma atitude de agradecimento. Há muitas coisas que fazemos maquinalmente: acordamos, levantamo-nos, tomamos o pequeno-almoço. Depois há coisas que temos mesmo de fazer maquinalmente, mas sempre que as podemos fazer de outra maneira, é fundamental. Se tivermos a Alma aberta, temos sempre motivos de agradecimento. E, claro, também temos motivos de entristecimento. Mas está nas nossas mãos dar mais peso, focalizar mais as nossas energias, para aquilo que nos é dado, como o Sol.
PROGREDIR: Que estratégias se podem usar para não nos sentirmos tão sós ou dependentes dos outros?
MJCF: Uma pessoa que vive sozinha, por exemplo, diz que não tem ninguém, mas há sítios onde as pessoas se encontram, como um jardim para jogar às cartas. Ter um ser vivo em casa também é importantíssimo. A pessoa tem de ter uma atitude ativa. O Amor não é uma coisa que se impõe, está em todos nós e no mundo todo, mas está como que a dizer “vem-me descobrir, eu estou à tua espera”. Não está escondido porque se manifesta, mas está à espera que o descubramos. Por exemplo, se eu estou a querer conquistar uma pessoa, então para ela sou sedutora, simpática, porque tenho aquela fisgada. Estou a canalizar as energias todas para ali e as outras coisas passam despercebidas. Só que o Amor, realmente, manifesta-se das mais variadas maneiras. Eu acho que tanto faz, ao nível do essencial, se é através de uma pessoa pela qual eu estou apaixonada, por um concerto ou por algo que uma pessoa escreve e me causa bem-estar. Esta descoberta do Amor, às vezes, é mais complicada do que outras e exige um longo trajeto.
MJCF: O Amor está para lá de nós, o Amor é a fonte de tudo. Vivemos o Amor de diversas formas, através da natureza, dos animais, da música e, de uma forma especial, através da relação com o outro. Quando eu perco uma pessoa de quem eu gosto, porque morreu, e eu digo “perdi o amor”, não perdi Amor nenhum. O Amor continua em mim. Eu deixei de poder viver o Amor através daquela pessoa. Portanto, o Amor é a força, o grande motor, por isso é tão importante sentirmo-nos amados.
PROGREDIR: Os trânsitos astrológicos levam-nos nesse sentido?
MJCF: Estes trânsitos levam-nos extraordinariamente para aí porque, por exemplo, Neptuno, o dono de Peixes, que tem a ver com este Amor, está a entrar agora em Peixes. Aquário e Peixes são os dois signos mais evoluídos do Zodíaco, que falam precisamente daquilo que está para lá do aqui e do agora. Aquário pela via mental e Peixes pela via emocional. Urano (que tem a ver com a mudança, com a ousadia) passou por Aquário e Peixes e, nesta altura, em Carneiro, convida-nos a ousarmos, a começar qualquer coisa de novo. Fala-se de mudança de paradigma e é completamente. Mudança em termos de saber que eu sou um indivíduo, livre, que tenho de estar inteiro comigo, que eu é que decido o que faço. Tendo em vista que eu sou um num meio do universo, quanto mais me for encontrando comigo, mais me vou sentindo ligada a todos os outros.
PROGREDIR: Por que razão ainda temos necessidade da comparação com o exterior?
MJCF: Se uma pessoa não aproveita bem as coisas que tem, vive carente. Se estivermos sempre a pensar que precisamos de coisas porque os nossos amigos também têm, então não reparamos e não aproveitamos o que temos. E o que temos vai ficando sem significado e vai desparecendo porque não vale a pena termos. Sinto isso e vejo em muitas pessoas que os tempos de crise - que são sempre uma passagem de nível - são um empurrão no sentido de vermos que há coisas que temos de largar para termos outras, muitas vezes sem sabermos quais. Ou então para apreciarmos de forma diferente aquilo que temos. Vivemos num país com imenso Sol, podemos andar, temos o mar ao pé. Somos responsáveis por aquilo que temos e por aquilo que somos.
PROGREDIR: Há uma passagem no livro que diz que nem sempre encontramos o Amor. Como é que isso é possível?
MJCF: Refiro-me ao Amor com maiúscula, que está para lá das emoções, sem necessidade de luta nem de fusão total com alguém. Amar é simplesmente abrir a Alma. Ou seja, o Amor é tudo, é o absoluto, é a verdade, é a força propulsora da vida. Isso é dado a cada um de nós. Cada um é convidado, desde o princípio da nossa vida, a conhecer o Amor através de muitas maneiras. Há pessoas que dizem que nunca amaram verdadeiramente ninguém. Mas digamos que o Amor está dentro de todos nós e manifesta-se através das pessoas e coisas de que gostamos. Agora, se eu restringir o Amor a casar ou viver intimamente, é normal a pessoa dizer que passou pela vida sem conhecer o Amor, mas eu não acho que isso seja verdade. Porque sem Amor não há vida. Digamos que a forma de irmos descobrindo o que é o Amor é procurando olhar para o milagre da vida que está a cada passo.
PROGREDIR: Mas, apesar desse conceito universal, o Amor varia de pessoa para pessoa?
MJCF: O Amor está em todo o lado, agora é evidente que a forma como cada um se apercebe varia de pessoa para pessoa. Eu penso que, para a pessoa se sentir realmente amada, não tem de depender de ter um marido ou um namorado, um pai ou uma mãe que a ame incondicionalmente. E o que está nas nossas cabeças é isso. Eu tenho Amor se houver alguma pessoa especial na minha vida. É completamente uma ilusão e, por causa dessa ilusão, dessa procura, dessa mania, muitas pessoas se desiludem e acontecem coisas terríveis (violência doméstica, crianças maltratadas, etc).
PROGREDIR: Qual é o segredo para nos sentirmos bem, convivendo com as nossas sombras e com esse Amor que habita em nós?
MJCF: É só aceitando o que no dia-a-dia nos é “imposto”. Estou com uma dor de cabeça horrorosa ou quero que aquela pessoa me telefone e ela não telefona. Ou seja, olhando para o dia. De manhã, é bom acordar e ter uma atitude de agradecimento. Há muitas coisas que fazemos maquinalmente: acordamos, levantamo-nos, tomamos o pequeno-almoço. Depois há coisas que temos mesmo de fazer maquinalmente, mas sempre que as podemos fazer de outra maneira, é fundamental. Se tivermos a Alma aberta, temos sempre motivos de agradecimento. E, claro, também temos motivos de entristecimento. Mas está nas nossas mãos dar mais peso, focalizar mais as nossas energias, para aquilo que nos é dado, como o Sol.
PROGREDIR: Que estratégias se podem usar para não nos sentirmos tão sós ou dependentes dos outros?
MJCF: Uma pessoa que vive sozinha, por exemplo, diz que não tem ninguém, mas há sítios onde as pessoas se encontram, como um jardim para jogar às cartas. Ter um ser vivo em casa também é importantíssimo. A pessoa tem de ter uma atitude ativa. O Amor não é uma coisa que se impõe, está em todos nós e no mundo todo, mas está como que a dizer “vem-me descobrir, eu estou à tua espera”. Não está escondido porque se manifesta, mas está à espera que o descubramos. Por exemplo, se eu estou a querer conquistar uma pessoa, então para ela sou sedutora, simpática, porque tenho aquela fisgada. Estou a canalizar as energias todas para ali e as outras coisas passam despercebidas. Só que o Amor, realmente, manifesta-se das mais variadas maneiras. Eu acho que tanto faz, ao nível do essencial, se é através de uma pessoa pela qual eu estou apaixonada, por um concerto ou por algo que uma pessoa escreve e me causa bem-estar. Esta descoberta do Amor, às vezes, é mais complicada do que outras e exige um longo trajeto.
FOTOGRAFIA POR JOANA AGUIAM
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