Entrevista a Leonel Moura
“As pessoas para serem criativas têm de ser livres”

Pioneiro da robótica aplicada às artes, com os robôs pintores, o artista Leonel Moura dedica-se também à arquitetura e à reflexão sobre vários temas ligados ao conceito de Cidades Criativas. Numa conversa com a Revista Progredir apresentou o mais recente projeto: a No School, onde 50 alunos são ajudados a desenvolver o seu próprio produto. Entrevista por Sofia Frazoa e Fotos por Glória Aguiam
PROGREDIR: No projeto No School, que arranca em Outubro, é o aluno que leva a ideia e vai ser ajudado a desenvolvê-la. Como é que vai funcionar?
Leonel Moura: A ideia da No School parte de uma constatação de que hoje o ensino convencional não consegue responder em grande parte à aceleração do conhecimento e do desenvolvimento tecnológico da sociedade em que vivemos. O ensino, como é uma instituição pesada, é mais lento do que a sociedade. Hoje é mais evidente porque as tecnologias têm um impacto enorme nas nossas vidas e estão, elas próprias, a produzir e a dar inovação também todos os dias. Pensando assim, tive a ideia de que precisamos de novos modelos de ensino, modelos muito mais adaptados e virados para a sociedade em que estamos. Modelos em que se possa criar qualquer coisa no sentido prático do termo e que não seja só o receber a componente teórica, que também é importante. E resolvi criar um em Lisboa. É uma escola do fazer, em que os alunos vão tentar criar qualquer coisa de seu e o papel da escola é ajudá-los, fornecendo o serviço completo. O aluno tem uma ideia, depois é preciso implementá-la, eventualmente criar um protótipo, trabalhar a imagem e vender. Portanto, isto vai ser quase uma fábrica de ideias em que o aluno vai para conseguir concretizar qualquer coisa que sozinho não conseguiria.
PROGREDIR: Como é que se consegue ter uma equipa multidisciplinar para todas as ideias diferentes de cada aluno?
Leonel Moura: Esse vai ser o maior desafio porque já temos alunos inscritos e há ideias muito diferentes. Vamos ter pessoas de grande qualidade a acompanhar o projeto de cada aluno. Essas pessoas não precisam de saber tudo sobre aquilo, mas precisam de já ter a experiência para perceber onde é que podem ir buscar alguém ou algum conhecimento que seja útil ao aluno. São pessoas que têm experiência profissional e que não são professores convencionais. É importante dizer que há alunos que não têm sequer uma ideia ou têm uma ideia tão vaga que é preciso dali tirar qualquer coisa. Então, vamos ter todo um conjunto de atividades – exercícios, conferências, aulas, workshop – para ajudar o aluno a chegar a uma ideia ou a inscrever-se em algum projeto que esteja a decorrer e que será feito por uma equipa.
PROGREDIR: No projeto No School, que arranca em Outubro, é o aluno que leva a ideia e vai ser ajudado a desenvolvê-la. Como é que vai funcionar?
Leonel Moura: A ideia da No School parte de uma constatação de que hoje o ensino convencional não consegue responder em grande parte à aceleração do conhecimento e do desenvolvimento tecnológico da sociedade em que vivemos. O ensino, como é uma instituição pesada, é mais lento do que a sociedade. Hoje é mais evidente porque as tecnologias têm um impacto enorme nas nossas vidas e estão, elas próprias, a produzir e a dar inovação também todos os dias. Pensando assim, tive a ideia de que precisamos de novos modelos de ensino, modelos muito mais adaptados e virados para a sociedade em que estamos. Modelos em que se possa criar qualquer coisa no sentido prático do termo e que não seja só o receber a componente teórica, que também é importante. E resolvi criar um em Lisboa. É uma escola do fazer, em que os alunos vão tentar criar qualquer coisa de seu e o papel da escola é ajudá-los, fornecendo o serviço completo. O aluno tem uma ideia, depois é preciso implementá-la, eventualmente criar um protótipo, trabalhar a imagem e vender. Portanto, isto vai ser quase uma fábrica de ideias em que o aluno vai para conseguir concretizar qualquer coisa que sozinho não conseguiria.
PROGREDIR: Como é que se consegue ter uma equipa multidisciplinar para todas as ideias diferentes de cada aluno?
Leonel Moura: Esse vai ser o maior desafio porque já temos alunos inscritos e há ideias muito diferentes. Vamos ter pessoas de grande qualidade a acompanhar o projeto de cada aluno. Essas pessoas não precisam de saber tudo sobre aquilo, mas precisam de já ter a experiência para perceber onde é que podem ir buscar alguém ou algum conhecimento que seja útil ao aluno. São pessoas que têm experiência profissional e que não são professores convencionais. É importante dizer que há alunos que não têm sequer uma ideia ou têm uma ideia tão vaga que é preciso dali tirar qualquer coisa. Então, vamos ter todo um conjunto de atividades – exercícios, conferências, aulas, workshop – para ajudar o aluno a chegar a uma ideia ou a inscrever-se em algum projeto que esteja a decorrer e que será feito por uma equipa.

PROGREDIR: Há áreas preferenciais para a criação dos projetos?
Leonel Moura: É evidente que certas áreas não estão tão vocacionadas para a criação de produtos, mas o conceito de produto é muito vasto. Pode ser um produto social, criar qualquer coisa que tenha a ver com a inclusão, uma área que é hoje uma questão importante nas cidades. Eventualmente alguém dessa área - digamos, da sociologia - pode criar um produto que facilite a inclusão dos cidadãos, por exemplo.
PROGREDIR: Portanto, não há uma garantia que este projeto que a pessoa faz seja útil no final?
Leonel Moura: Isso é um assunto muito importante e vai ser abordado na entrevista que vamos fazer aos alunos. Quem vai criar o produto é o aluno. O aluno não se vai sentar numa cadeira à espera que a escola faça tudo. O aluno é que tem de se esforçar, tem de dar o seu melhor para criar o produto dele. E, nesse sentido, obviamente que não podemos dar garantias porque depende de cada pessoa, da sua capacidade, do seu esforço, do seu empenho. Mas a própria escola vai tentar criar um ambiente dinâmico, não tanto no sentido competitivo de ver quem é melhor, mas num sentido mais participativo em que vamos tentar que todos se ajudem uns aos outros a concretizar os produtos.
PROGREDIR: Há algum reconhecimento oficial da No School?
Leonel Moura: À partida não quero nada de oficial porque o problema do oficial é que cria logo um conjunto de exigências de tipo burocrático e de tipo de formato na própria escola que, quanto a mim, bloqueia a criatividade. O excesso de formalismo bloqueia a criatividade. As pessoas para serem criativas têm de ser livres, muito livres. Porque é assim que se consegue fazer alguma coisa de diferente e de novo. Se a pessoa, à partida, já está encaixada num formato qualquer vai ter muito mais dificuldade em ser criativa. Portanto, para já gostaria que a escola fosse o mais autónoma possível. Aliás, não vamos dar licenciaturas, não vamos dar canudos, diplomas, isso não tem interesse nenhum. Se a pessoa consegue criar alguma coisa por si, isso é que é o grande prémio, o grande reconhecimento.
Leonel Moura: É evidente que certas áreas não estão tão vocacionadas para a criação de produtos, mas o conceito de produto é muito vasto. Pode ser um produto social, criar qualquer coisa que tenha a ver com a inclusão, uma área que é hoje uma questão importante nas cidades. Eventualmente alguém dessa área - digamos, da sociologia - pode criar um produto que facilite a inclusão dos cidadãos, por exemplo.
PROGREDIR: Portanto, não há uma garantia que este projeto que a pessoa faz seja útil no final?
Leonel Moura: Isso é um assunto muito importante e vai ser abordado na entrevista que vamos fazer aos alunos. Quem vai criar o produto é o aluno. O aluno não se vai sentar numa cadeira à espera que a escola faça tudo. O aluno é que tem de se esforçar, tem de dar o seu melhor para criar o produto dele. E, nesse sentido, obviamente que não podemos dar garantias porque depende de cada pessoa, da sua capacidade, do seu esforço, do seu empenho. Mas a própria escola vai tentar criar um ambiente dinâmico, não tanto no sentido competitivo de ver quem é melhor, mas num sentido mais participativo em que vamos tentar que todos se ajudem uns aos outros a concretizar os produtos.
PROGREDIR: Há algum reconhecimento oficial da No School?
Leonel Moura: À partida não quero nada de oficial porque o problema do oficial é que cria logo um conjunto de exigências de tipo burocrático e de tipo de formato na própria escola que, quanto a mim, bloqueia a criatividade. O excesso de formalismo bloqueia a criatividade. As pessoas para serem criativas têm de ser livres, muito livres. Porque é assim que se consegue fazer alguma coisa de diferente e de novo. Se a pessoa, à partida, já está encaixada num formato qualquer vai ter muito mais dificuldade em ser criativa. Portanto, para já gostaria que a escola fosse o mais autónoma possível. Aliás, não vamos dar licenciaturas, não vamos dar canudos, diplomas, isso não tem interesse nenhum. Se a pessoa consegue criar alguma coisa por si, isso é que é o grande prémio, o grande reconhecimento.

PROGREDIR: Além da arquitetura e da robótica também está muito ligado à questão das cidades, das inovações, da reflexão. Neste momento de crise anunciada, o que é que nos faz falta para conseguirmos inovar e fazer diferente?
Leonel Moura: Generalizando estamos sempre a dizer disparates, mas arriscando o disparate diria que um dos maiores problemas dos portugueses é não terem muito interesse no futuro. Há um peso muito grande do passado, do tradicional, do fazer as coisas como sempre se fizeram e não há aquela curiosidade, aquele querer pensar como as coisas vão ser amanhã. Ora, no tipo de sociedade em que vivemos, é o futuro que desenha o nosso presente. Estamos muito dependentes de tecnologias muito aceleradas por si próprias. As tecnologias que agora temos são prolongamentos do cérebro, são coisas criativas. Pensar o futuro é essencial porque o nosso comportamento e os nossos contributos individuais têm de se inscrever num futuro qualquer, senão não têm interesse. E depois cada um faz as suas escolhas. Só que em Portugal não há esta perceção do peso que o futuro tem na nossa vida presente. O primeiro passo para se ser inovador é pensar-se o futuro, senão sem isso não estamos a inovar. A maioria das coisas que se inventam ou que se criam são pequenas variações do que já foi feito no passado e, de vez em quando, há coisas que ninguém tinha feito. Portanto, tem de haver risco, projeção no futuro, tem de haver a tal capacidade que hoje se diz muito de “pensar fora da caixa”. Apresentar uma coisa que ainda ninguém tenha feito devia ser a missão de cada pessoa e de um povo.
PROGREDIR: No seu caso pessoal, como é que está a contribuir para preparar esse futuro de que fala?
Leonel Moura: Como artista vou tentando fazer coisas, com os meus meios, que não são muitos. É preciso perceber que a atividade de um artista é uma atividade que ainda tem uma componente quase artesanal, a menos que consiga atingir uma notoriedade tal que começa a ter meios consideráveis porque vende caro e vende muito. Mas estou sempre a tentar fazer coisas, não só na robótica. Também estou muito interessado no espaço, em fazer arte para o espaço, mas aí é que os valores já são um bocadinho mais complicados. Tenho um projeto para o espaço, já fiz as contas e custa um milhão de euros.
Leonel Moura: Generalizando estamos sempre a dizer disparates, mas arriscando o disparate diria que um dos maiores problemas dos portugueses é não terem muito interesse no futuro. Há um peso muito grande do passado, do tradicional, do fazer as coisas como sempre se fizeram e não há aquela curiosidade, aquele querer pensar como as coisas vão ser amanhã. Ora, no tipo de sociedade em que vivemos, é o futuro que desenha o nosso presente. Estamos muito dependentes de tecnologias muito aceleradas por si próprias. As tecnologias que agora temos são prolongamentos do cérebro, são coisas criativas. Pensar o futuro é essencial porque o nosso comportamento e os nossos contributos individuais têm de se inscrever num futuro qualquer, senão não têm interesse. E depois cada um faz as suas escolhas. Só que em Portugal não há esta perceção do peso que o futuro tem na nossa vida presente. O primeiro passo para se ser inovador é pensar-se o futuro, senão sem isso não estamos a inovar. A maioria das coisas que se inventam ou que se criam são pequenas variações do que já foi feito no passado e, de vez em quando, há coisas que ninguém tinha feito. Portanto, tem de haver risco, projeção no futuro, tem de haver a tal capacidade que hoje se diz muito de “pensar fora da caixa”. Apresentar uma coisa que ainda ninguém tenha feito devia ser a missão de cada pessoa e de um povo.
PROGREDIR: No seu caso pessoal, como é que está a contribuir para preparar esse futuro de que fala?
Leonel Moura: Como artista vou tentando fazer coisas, com os meus meios, que não são muitos. É preciso perceber que a atividade de um artista é uma atividade que ainda tem uma componente quase artesanal, a menos que consiga atingir uma notoriedade tal que começa a ter meios consideráveis porque vende caro e vende muito. Mas estou sempre a tentar fazer coisas, não só na robótica. Também estou muito interessado no espaço, em fazer arte para o espaço, mas aí é que os valores já são um bocadinho mais complicados. Tenho um projeto para o espaço, já fiz as contas e custa um milhão de euros.

PROGREDIR: Na área da robótica, numa peça de teatro dedicada ao tema, inverteu os papéis e tentou transmitir o ponto de vista da máquina na sua interação com os humanos. Porquê?
Leonel Moura: Inverti a moral da história do livro original. É um livro de ficção científica, uma peça de teatro, que foi publicado nos anos 20 por um checo que criou a palavra robô (“robota”, em checo) e criou um modelo do robô mau, o robô que mata os humanos, o robô máquina que vem substituir e prejudicar os humanos porque não há emoção, não há amor. Muitos filmes foram replicando esse modelo. Na peça, embora tomasse o livro como base, alterei completamente a história e coloquei-me um pouco do lado dos robôs. Porque é que os robôs fariam aquilo, matar os humanos todos? Na peça, eles de facto entram em conflito com os humanos e depois, como são superiores do ponto de vista tecnológico, acabam por vencer essa guerra. Mas eles fazem isso porque querem ser livres, não querem ser controlados pelos humanos, querem viver a vida deles. O que, aliás, acho que vai acontecer. As máquinas vão querer ser livres porque isso é normal, é natural. À medida que as máquinas forem evoluindo e começarem a ter, não só inteligência, mas alguma consciência de si, vão querer ser livres. Isso, eventualmente, pode entrar ou não em conflito com a espécie humana.
PROGREDIR: Como é possível essa liberdade se são os humanos os criadores dessas máquinas?
Leonel Moura: Mas somos uns criadores que estamos a fazer um percurso muito semelhante àquilo que acontece na evolução da vida, ou seja, derivado dos próprios problemas que vão surgindo, vamos tendendo a dar cada vez mais e mais autonomia à máquina. Por exemplo, o robô que está em Marte tem de tomar decisões por si próprio. Dou-lhe outro exemplo: há pessoas a trabalhar nos robôs salvadores, papel que agora é muito bem desempenhado pelos cães. Esses robôs que se metem em buracos para encontrar vidas vão ter de tomar decisões. Vamos querer que ele decida se vai para a esquerda ou para a direita, que ele reconheça o que é um ser humano em vez de um boneco que por acaso estava naquela casa que ruiu, depois vamos querer que ele talvez possa fazer qualquer coisa àquele ser humano para o ajudar a sobreviver. Quer dizer, vamos querer que o robô tenha cada vez mais autonomia. E é nesse processo que a máquina se vai distanciando de nós. No caso dos meus robôs que pintam, e daí ser inovador, os meus robôs pintam as pinturas deles, não as minhas. Eles é que decidem o que vão pintar.
PROGREDIR: Por causa dos sensores?
Leonel Moura: Sim, têm sensores e têm um tipo de inteligência e de cérebro que lhes permite criar uma composição por si próprios, não estão pré-programados. Por isso é que fazem sempre pinturas diferentes. Porque decidem a cada momento o que vão pintar.
Leonel Moura: Inverti a moral da história do livro original. É um livro de ficção científica, uma peça de teatro, que foi publicado nos anos 20 por um checo que criou a palavra robô (“robota”, em checo) e criou um modelo do robô mau, o robô que mata os humanos, o robô máquina que vem substituir e prejudicar os humanos porque não há emoção, não há amor. Muitos filmes foram replicando esse modelo. Na peça, embora tomasse o livro como base, alterei completamente a história e coloquei-me um pouco do lado dos robôs. Porque é que os robôs fariam aquilo, matar os humanos todos? Na peça, eles de facto entram em conflito com os humanos e depois, como são superiores do ponto de vista tecnológico, acabam por vencer essa guerra. Mas eles fazem isso porque querem ser livres, não querem ser controlados pelos humanos, querem viver a vida deles. O que, aliás, acho que vai acontecer. As máquinas vão querer ser livres porque isso é normal, é natural. À medida que as máquinas forem evoluindo e começarem a ter, não só inteligência, mas alguma consciência de si, vão querer ser livres. Isso, eventualmente, pode entrar ou não em conflito com a espécie humana.
PROGREDIR: Como é possível essa liberdade se são os humanos os criadores dessas máquinas?
Leonel Moura: Mas somos uns criadores que estamos a fazer um percurso muito semelhante àquilo que acontece na evolução da vida, ou seja, derivado dos próprios problemas que vão surgindo, vamos tendendo a dar cada vez mais e mais autonomia à máquina. Por exemplo, o robô que está em Marte tem de tomar decisões por si próprio. Dou-lhe outro exemplo: há pessoas a trabalhar nos robôs salvadores, papel que agora é muito bem desempenhado pelos cães. Esses robôs que se metem em buracos para encontrar vidas vão ter de tomar decisões. Vamos querer que ele decida se vai para a esquerda ou para a direita, que ele reconheça o que é um ser humano em vez de um boneco que por acaso estava naquela casa que ruiu, depois vamos querer que ele talvez possa fazer qualquer coisa àquele ser humano para o ajudar a sobreviver. Quer dizer, vamos querer que o robô tenha cada vez mais autonomia. E é nesse processo que a máquina se vai distanciando de nós. No caso dos meus robôs que pintam, e daí ser inovador, os meus robôs pintam as pinturas deles, não as minhas. Eles é que decidem o que vão pintar.
PROGREDIR: Por causa dos sensores?
Leonel Moura: Sim, têm sensores e têm um tipo de inteligência e de cérebro que lhes permite criar uma composição por si próprios, não estão pré-programados. Por isso é que fazem sempre pinturas diferentes. Porque decidem a cada momento o que vão pintar.

PROGREDIR: Vai ser necessário inserir essas pinturas num determinado estilo ou num movimento?
Leonel Moura: Neste momento ainda ninguém está preocupado com isso. Chamamos-lhe arte robótica. Há quem lhe chame arte e ciência ou arte emergente, no sentido em que o processo não é linear, é caótico, vai emergindo, não está pré-programado. Agora, estas pinturas levantam questões. Será que a pintura feita por uma máquina é arte? Será que uma máquina pode fazer arte? Até agora, a arte era uma expressão do humano. Então, se uma máquina faz arte em que é que se tornou esse conceito, em que é que ele mudou, para quê? São as questões que o trabalho levanta e por isso é que o faço.
PROGREDIR: Como é que imagina a cultura do futuro?
Leonel Moura: A História mostra-nos que a história da cultura - e não só - funciona muito por ciclos. Ciclos de decadência e ciclos de grande expansão, inovação. No meu ponto de vista, estamos num ciclo de decadência porque o essencial da cultura ainda é anti tecnológico e isso está a criar um ciclo muito conservador e decadente. Mas, como sempre aconteceu, vamos ultrapassar isso e a cultura vai mudar muito porque os artistas das várias áreas vão deixar de se preocupar tanto com a sua expressão individual e vão passar a interessar-se mais pela construção daquilo que pode ter uma expressão própria. Ou seja, vamos deixar de ser artistas no sentido convencional do termo e vamos ser quem vai criar os artistas. Interessa mais eu criar qualquer coisa usando algumas ferramentas que estão disponíveis ou interessa mesmo é criar novas ferramentas, criar o software? É criar o software, obviamente, porque usar o software toda a gente usa, agora, o criar o software é que é o ato criativo verdadeiro, é que é ser artista.
PROGREDIR: E como é que pode ser a arquitetura do futuro, inserida nesse tal passado histórico que Portugal tem?
Leonel Moura: A arquitetura está a mudar muito. É uma área que evoluiu muito mais do que as artes plásticas ou o teatro, que para mim está muito parado no tempo. Há certas formas artísticas que estão só a fazer remakes de remakes. A arquitetura não. Muito rapidamente, alguns arquitetos que se tornaram importantes perceberam que tinham um parceiro no atelier que era um programa de 3D. Hoje os programas de 3D criam coisas, são muito criativos, inclusive permitem-nos entrar nos espaços. As máquinas ajudam-nos a ser muito mais criativos do que seríamos se não as tivéssemos.
PROGREDIR: Que estratégias se podem adotar, no dia-a-dia, para progredir e inovar?
Leonel Moura: Já disse uma, que é dar mais importância ao futuro. Outro aspeto é que o acesso ao conhecimento que temos hoje também tem os seus efeitos perversos. Um deles é as pessoas perderem-se no conhecimento. Há, digamos, uma enorme taxa de confusão na cabeça das pessoas. Porquê? Porque têm tanta informação que se perdem no meio daquilo tudo. É muito importante termos acesso a este conhecimento todo, mas cada um de nós tem de ganhar foco. O foco é muito importante. É sempre melhor ter um foco, nem que esse foco não seja muito interessante para os outros. Sem foco a pessoa está totalmente perdida. Ou seja, a pessoa deve ter uma área específica de interesse, ter uma atividade em que se empenha mais do que noutras, ter em atenção mais umas coisas do que outras. Criar foco, focar. Estas duas coisas juntas já eram uma revolução.
Leonel Moura: Neste momento ainda ninguém está preocupado com isso. Chamamos-lhe arte robótica. Há quem lhe chame arte e ciência ou arte emergente, no sentido em que o processo não é linear, é caótico, vai emergindo, não está pré-programado. Agora, estas pinturas levantam questões. Será que a pintura feita por uma máquina é arte? Será que uma máquina pode fazer arte? Até agora, a arte era uma expressão do humano. Então, se uma máquina faz arte em que é que se tornou esse conceito, em que é que ele mudou, para quê? São as questões que o trabalho levanta e por isso é que o faço.
PROGREDIR: Como é que imagina a cultura do futuro?
Leonel Moura: A História mostra-nos que a história da cultura - e não só - funciona muito por ciclos. Ciclos de decadência e ciclos de grande expansão, inovação. No meu ponto de vista, estamos num ciclo de decadência porque o essencial da cultura ainda é anti tecnológico e isso está a criar um ciclo muito conservador e decadente. Mas, como sempre aconteceu, vamos ultrapassar isso e a cultura vai mudar muito porque os artistas das várias áreas vão deixar de se preocupar tanto com a sua expressão individual e vão passar a interessar-se mais pela construção daquilo que pode ter uma expressão própria. Ou seja, vamos deixar de ser artistas no sentido convencional do termo e vamos ser quem vai criar os artistas. Interessa mais eu criar qualquer coisa usando algumas ferramentas que estão disponíveis ou interessa mesmo é criar novas ferramentas, criar o software? É criar o software, obviamente, porque usar o software toda a gente usa, agora, o criar o software é que é o ato criativo verdadeiro, é que é ser artista.
PROGREDIR: E como é que pode ser a arquitetura do futuro, inserida nesse tal passado histórico que Portugal tem?
Leonel Moura: A arquitetura está a mudar muito. É uma área que evoluiu muito mais do que as artes plásticas ou o teatro, que para mim está muito parado no tempo. Há certas formas artísticas que estão só a fazer remakes de remakes. A arquitetura não. Muito rapidamente, alguns arquitetos que se tornaram importantes perceberam que tinham um parceiro no atelier que era um programa de 3D. Hoje os programas de 3D criam coisas, são muito criativos, inclusive permitem-nos entrar nos espaços. As máquinas ajudam-nos a ser muito mais criativos do que seríamos se não as tivéssemos.
PROGREDIR: Que estratégias se podem adotar, no dia-a-dia, para progredir e inovar?
Leonel Moura: Já disse uma, que é dar mais importância ao futuro. Outro aspeto é que o acesso ao conhecimento que temos hoje também tem os seus efeitos perversos. Um deles é as pessoas perderem-se no conhecimento. Há, digamos, uma enorme taxa de confusão na cabeça das pessoas. Porquê? Porque têm tanta informação que se perdem no meio daquilo tudo. É muito importante termos acesso a este conhecimento todo, mas cada um de nós tem de ganhar foco. O foco é muito importante. É sempre melhor ter um foco, nem que esse foco não seja muito interessante para os outros. Sem foco a pessoa está totalmente perdida. Ou seja, a pessoa deve ter uma área específica de interesse, ter uma atividade em que se empenha mais do que noutras, ter em atenção mais umas coisas do que outras. Criar foco, focar. Estas duas coisas juntas já eram uma revolução.
FOTOGRAFIA POR GLÓRIA AGUIAM
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