Entrevista a João Alberto Catalão
“É preciso ir à descoberta daquilo que nos faz felizes”
No estrangeiro, em conferências e palestras, apresentam-no como “militante da vida, irreverente e descarado”. Em Portugal, entre outras funções, é coach executivo de reconhecidas marcas e empresas. João Alberto Catalão explicou à PROGREDIR o sucesso da Atitude UAUme!, um conceito que privilegia a coragem e a surpresa para quem quer mudar de vida. Entrevista por Sofia Frazoa e Fotos por Glória Aguiam
PROGREDIR – Numa visita ao seu site percebe-se que é um homem multifacetado, com formação em diversas áreas. Quem é o João Alberto Catalão?
João Alberto Catalão – Principalmente quando estou em Espanha e no Brasil é normal apresentarem-me como militante da vida, irreverente e descarado. Essa é um bocado a minha filosofia de vida: chocar e pasmar. Estamos todos fartos do discurso politicamente correto, de ir pelos mesmos caminhos. Fala-se muito em criatividade, inovação, motivação, ser diferente e eu acho isso tudo uma treta. Só há duas formas de o ser humano mudar: uma é a dolorosa, o “tenho que”, que é o que está a acontecer connosco; e há uma muito mais gira, que passo no meu livro AtitudeUAUme!, que é o “quero”. Foi a nossa descoberta depois de dois anos de investigação: todos nós nascemos com um software que são seis emoções básicas e o ser humano só tem dentro dele uma emoção que é comum a todos.
PROGREDIR – Que emoções básicas são essas?
João Alberto Catalão – Se formos olhar para elas, e isto é científico, encontramos o medo, que faz com que estejamos vivos, mas é um inibidor do arriscar, do ser criativo, do ter coragem; a raiva, que nos faz indignar quando alguém nos está a fazer mal, mas também nos bloqueia nestes momentos de crise; temos o nojo, que também nos protege; depois temos a alegria, nunca se falou tanto no positivo, no otimismo, mas é um estado de ânimo, não é mais do que isso; e temos a tristeza. Então só resta uma que pode fazer algo por nós, isto é, que nos faz tomar decisões, que é a surpresa. Perante uma surpresa negativa reagimos, perante uma surpresa positiva atuamos.
PROGREDIR – Qual foi a descoberta que deu origem ao livro Atitude UAUme! ?
João Alberto Catalão – É que quando eu surpreendo alguém positivamente gero nela emoções positivas, satisfação, logo, isto tem um efeito boomerang. A minha paixão é fazer acontecer e, neste momento, o meu papel é um bocadinho abanar as mentes e mostrar às pessoas que o quero é, de longe, a melhor solução. Porque o mudar só pode ser “tenho que” ou “porque quero”, o resto é zona de conforto. Quer queiramos, quer não, Portugal e todos os países em crise estão realmente instalados numa zona de conforto. E este não é o momento em Portugal para estar instalado numa zona de conforto.
PROGREDIR – Numa visita ao seu site percebe-se que é um homem multifacetado, com formação em diversas áreas. Quem é o João Alberto Catalão?
João Alberto Catalão – Principalmente quando estou em Espanha e no Brasil é normal apresentarem-me como militante da vida, irreverente e descarado. Essa é um bocado a minha filosofia de vida: chocar e pasmar. Estamos todos fartos do discurso politicamente correto, de ir pelos mesmos caminhos. Fala-se muito em criatividade, inovação, motivação, ser diferente e eu acho isso tudo uma treta. Só há duas formas de o ser humano mudar: uma é a dolorosa, o “tenho que”, que é o que está a acontecer connosco; e há uma muito mais gira, que passo no meu livro AtitudeUAUme!, que é o “quero”. Foi a nossa descoberta depois de dois anos de investigação: todos nós nascemos com um software que são seis emoções básicas e o ser humano só tem dentro dele uma emoção que é comum a todos.
PROGREDIR – Que emoções básicas são essas?
João Alberto Catalão – Se formos olhar para elas, e isto é científico, encontramos o medo, que faz com que estejamos vivos, mas é um inibidor do arriscar, do ser criativo, do ter coragem; a raiva, que nos faz indignar quando alguém nos está a fazer mal, mas também nos bloqueia nestes momentos de crise; temos o nojo, que também nos protege; depois temos a alegria, nunca se falou tanto no positivo, no otimismo, mas é um estado de ânimo, não é mais do que isso; e temos a tristeza. Então só resta uma que pode fazer algo por nós, isto é, que nos faz tomar decisões, que é a surpresa. Perante uma surpresa negativa reagimos, perante uma surpresa positiva atuamos.
PROGREDIR – Qual foi a descoberta que deu origem ao livro Atitude UAUme! ?
João Alberto Catalão – É que quando eu surpreendo alguém positivamente gero nela emoções positivas, satisfação, logo, isto tem um efeito boomerang. A minha paixão é fazer acontecer e, neste momento, o meu papel é um bocadinho abanar as mentes e mostrar às pessoas que o quero é, de longe, a melhor solução. Porque o mudar só pode ser “tenho que” ou “porque quero”, o resto é zona de conforto. Quer queiramos, quer não, Portugal e todos os países em crise estão realmente instalados numa zona de conforto. E este não é o momento em Portugal para estar instalado numa zona de conforto.
PROGREDIR – Em que é que o seu trabalho contribui para sair da zona de conforto?
João Alberto Catalão – Se reparar, hoje, 40 % da população tem atividades comerciais. Toda a gente tem de vender o seu trabalho e a melhor forma é através da consistência. Qual é o valor? Porque é que os outros me hão-de comprar? O mundo está cheio de ofertas alargadas, então aqui há duas coisas. Ou você vende valor ou vão à procura da solução mais barata. Este é o trabalho que eu levo às empresas: desafiá-las. Qual é o valor que você tem para dar e como é que o está a propor? Muitas vezes pode ser um problema de embalagem, de comunicação, o problema de estar a propor ao mercado uma coisa que o mercado já não quer e tem que reinventar o negócio. Adoro isto. Reinventar coisas, chocalhar. Eu diria que o meu primeiro trabalho, em que me especializei, é desestabilizar o status quo. O ser criativo, a pessoa que procura ver o não visto, pensar o não pensado, que hoje muito pomposamente se chama ser resiliente. Esta resiliência já não é uma questão de opção. Na vida não temos aquilo que merecemos, mas sim e apenas o resultado da qualidade daquilo que somos capazes de concretizar.
PROGREDIR – E todas as pessoas são capazes de concretizar?
João Alberto Catalão – Todas. Eu tenho esta convicção. Até hoje ainda não conheci ninguém que saiba realmente o seu talento. A minha atividade de coach é toda feita através de perguntas. A ferramenta do coaching é perguntar, perguntar. Quanto mais horas tenho de coaching, mais descubro isto: não é possível haver bloqueios acerca daquilo que é o talento da pessoa. Todas as pessoas têm talentos ocultos. É só uma questão de ter uma atitude mental positiva e deixar emergir esse talento dentro dela. A pergunta mais forte que eu faço no coaching é esta: “para quê?”
PROGREDIR – Com a resposta a essa pergunta conseguem-se fazer reais mudanças?
João Alberto Catalão – Quando as pessoas têm um problema, na maior parte dos casos, num processo de coaching mudam de problema para desafio.Galileu já dizia que o ser humano é feliz quando pensa. Se olhar à sua volta, quantas pessoas por dia estimulam o seu pensamento? O pensamento é físico, você pensa isto ou aquilo, é só querer. Ou pode não pensar.
PROGREDIR – Considera que é o caso da maior parte das pessoas?
João Alberto Catalão – Exatamente. O nosso software natural são as nossas perceções: vemos, sentimos e pensamos. Com o quê? Com aquilo que temos dentro de nós. Como é que mudamos, como evoluímos? Através de experiências novas. O seu cérebro vai sempre percecionar o mundo com a informação que lhe der, mas, por outro lado, defende-se porque é um órgão. O seu cérebro manda em si.
João Alberto Catalão – Se reparar, hoje, 40 % da população tem atividades comerciais. Toda a gente tem de vender o seu trabalho e a melhor forma é através da consistência. Qual é o valor? Porque é que os outros me hão-de comprar? O mundo está cheio de ofertas alargadas, então aqui há duas coisas. Ou você vende valor ou vão à procura da solução mais barata. Este é o trabalho que eu levo às empresas: desafiá-las. Qual é o valor que você tem para dar e como é que o está a propor? Muitas vezes pode ser um problema de embalagem, de comunicação, o problema de estar a propor ao mercado uma coisa que o mercado já não quer e tem que reinventar o negócio. Adoro isto. Reinventar coisas, chocalhar. Eu diria que o meu primeiro trabalho, em que me especializei, é desestabilizar o status quo. O ser criativo, a pessoa que procura ver o não visto, pensar o não pensado, que hoje muito pomposamente se chama ser resiliente. Esta resiliência já não é uma questão de opção. Na vida não temos aquilo que merecemos, mas sim e apenas o resultado da qualidade daquilo que somos capazes de concretizar.
PROGREDIR – E todas as pessoas são capazes de concretizar?
João Alberto Catalão – Todas. Eu tenho esta convicção. Até hoje ainda não conheci ninguém que saiba realmente o seu talento. A minha atividade de coach é toda feita através de perguntas. A ferramenta do coaching é perguntar, perguntar. Quanto mais horas tenho de coaching, mais descubro isto: não é possível haver bloqueios acerca daquilo que é o talento da pessoa. Todas as pessoas têm talentos ocultos. É só uma questão de ter uma atitude mental positiva e deixar emergir esse talento dentro dela. A pergunta mais forte que eu faço no coaching é esta: “para quê?”
PROGREDIR – Com a resposta a essa pergunta conseguem-se fazer reais mudanças?
João Alberto Catalão – Quando as pessoas têm um problema, na maior parte dos casos, num processo de coaching mudam de problema para desafio.Galileu já dizia que o ser humano é feliz quando pensa. Se olhar à sua volta, quantas pessoas por dia estimulam o seu pensamento? O pensamento é físico, você pensa isto ou aquilo, é só querer. Ou pode não pensar.
PROGREDIR – Considera que é o caso da maior parte das pessoas?
João Alberto Catalão – Exatamente. O nosso software natural são as nossas perceções: vemos, sentimos e pensamos. Com o quê? Com aquilo que temos dentro de nós. Como é que mudamos, como evoluímos? Através de experiências novas. O seu cérebro vai sempre percecionar o mundo com a informação que lhe der, mas, por outro lado, defende-se porque é um órgão. O seu cérebro manda em si.
PROGREDIR – Como podemos sair de uma situação velha para entrar numa nova?
João Alberto Catalão – Há sistemas de automatizações no nosso organismo. O seu cérebro quer pô-la na zona de conforto. Temos que procurar os fios narrativos da nossa vida onde nos sentimos bem e depois ter coragem. A regra é muito simples: ou desafio a minha mente ou ela controla-me. Se decidir que vou sempre de férias para o mesmo sítio, com os mesmos amigos, ótimo! Não me vou é queixar que há outros que conhecem outras coisas, que têm outras experiências. Eu é que decidi assim. Portanto, a vida é feita de decisões, de escolhas.
PROGREDIR – E com treino, escolhendo as experiências que nos valorizam, podemos mudar as nossas vidas?
João Alberto Catalão – O professor Damásio descobriu que, quando estamos tensos, aborrecidos, deprimidos, ativamos no hipotálamo um neurotransmissor, o glutamato, que, juntamente com a cortisona, mata os neurónios. Portanto, quando a comunicação social ou os políticos nos andam a pôr assim, estão a embrutecer-nos, a estupidificar-nos. A ideia aqui é procurar outros caminhos.
PROGREDIR – Quem são as pessoas que têm sucesso na vida?
João Alberto Catalão – São as pessoas que fazem e desfazem para fazerem melhor. Olhe os dez mais ricos de Portugal. Houve algum que estudou aquilo que está a fazer? O maior inimigo das nossas vidas é o medo social. Não somos autênticos por causa dos outros, que é o que se chama ter medo do ridículo. A primeira questão é a tal coragem de romper crenças. Se percebermos qual é o nosso papel na sociedade, o importante é sermos felizes. Para sermos felizes temos de descobrir coisas novas, caminhos novos, porque, se formos pelo mesmo caminho, vamos dar ao mesmo sítio.
PROGREDIR – No caso das pessoas que vivem mais limitadas, inclusive por questões económicas, como é que se lhes pode dar a esperança da mudança?
João Alberto Catalão – A nossa atitude é que condiciona os nossos comportamentos e os nossos comportamentos alteram os nossos resultados. E os nossos resultados são o nosso modus vivendi. Costumo dizer que na crise há sempre três tipos de pessoas: os que não sabem o que se passa (convém fugir deles porque esses nem lá vão, nem deixam ir); os que estão à espera que isto passe (esses são mesmo tóxicos porque nos contaminam); e as pessoas que têm sucesso no mundo, que são aquelas que exatamente nos momentos adversos se reinventam. As pessoas que aceitam ganhar quinhentos euros têm de olhar para o espelho e perguntar: “sinceramente, é isto que queres?”. Muitas vezes dizemos que o trabalho não me realiza. E o que fazemos por nós diariamente? E quantas vezes elogiamos os outros?
João Alberto Catalão – Há sistemas de automatizações no nosso organismo. O seu cérebro quer pô-la na zona de conforto. Temos que procurar os fios narrativos da nossa vida onde nos sentimos bem e depois ter coragem. A regra é muito simples: ou desafio a minha mente ou ela controla-me. Se decidir que vou sempre de férias para o mesmo sítio, com os mesmos amigos, ótimo! Não me vou é queixar que há outros que conhecem outras coisas, que têm outras experiências. Eu é que decidi assim. Portanto, a vida é feita de decisões, de escolhas.
PROGREDIR – E com treino, escolhendo as experiências que nos valorizam, podemos mudar as nossas vidas?
João Alberto Catalão – O professor Damásio descobriu que, quando estamos tensos, aborrecidos, deprimidos, ativamos no hipotálamo um neurotransmissor, o glutamato, que, juntamente com a cortisona, mata os neurónios. Portanto, quando a comunicação social ou os políticos nos andam a pôr assim, estão a embrutecer-nos, a estupidificar-nos. A ideia aqui é procurar outros caminhos.
PROGREDIR – Quem são as pessoas que têm sucesso na vida?
João Alberto Catalão – São as pessoas que fazem e desfazem para fazerem melhor. Olhe os dez mais ricos de Portugal. Houve algum que estudou aquilo que está a fazer? O maior inimigo das nossas vidas é o medo social. Não somos autênticos por causa dos outros, que é o que se chama ter medo do ridículo. A primeira questão é a tal coragem de romper crenças. Se percebermos qual é o nosso papel na sociedade, o importante é sermos felizes. Para sermos felizes temos de descobrir coisas novas, caminhos novos, porque, se formos pelo mesmo caminho, vamos dar ao mesmo sítio.
PROGREDIR – No caso das pessoas que vivem mais limitadas, inclusive por questões económicas, como é que se lhes pode dar a esperança da mudança?
João Alberto Catalão – A nossa atitude é que condiciona os nossos comportamentos e os nossos comportamentos alteram os nossos resultados. E os nossos resultados são o nosso modus vivendi. Costumo dizer que na crise há sempre três tipos de pessoas: os que não sabem o que se passa (convém fugir deles porque esses nem lá vão, nem deixam ir); os que estão à espera que isto passe (esses são mesmo tóxicos porque nos contaminam); e as pessoas que têm sucesso no mundo, que são aquelas que exatamente nos momentos adversos se reinventam. As pessoas que aceitam ganhar quinhentos euros têm de olhar para o espelho e perguntar: “sinceramente, é isto que queres?”. Muitas vezes dizemos que o trabalho não me realiza. E o que fazemos por nós diariamente? E quantas vezes elogiamos os outros?
PROGREDIR – Não elogiamos por causa da inveja que se diz sentirmos dos outros?
João Alberto Catalão – Não, não é isso. Não estamos educados para o sucesso. Já trabalhei nos cinco continentes e posso dizer que saio de Portugal e só ouço falar bem dos portugueses. Para falar mal dos portugueses é cá dentro. Temos os melhores vinhos do mundo, queijos, é fantástico lá para fora. Povo ordeiro e trabalhador. Agora eu gostava de dizer “povo ordeiro e trabalhador, feliz e esperto como o raio”. A primeira questão que temos em Portugal chama-se auto-estima. Quando alguém tem sucesso, o que nós gastamos de energia, a tal inveja que corrói, à procura de um podre. Porquê? É a mentalidade a que fomos habituados: é melhor eu não ter e aquele também não ter do que ele ter e eu não.
PROGREDIR – Acredita que Portugal vai ultrapassar esta fase difícil?
João Alberto Catalão – Acredito que Portugal vai dar a volta. Neste momento somos os atores e espectadores de uma crise internacional. Vamos ter de pagar, vamos ter de nos privar, só que temos de fazer isto com a tal resiliência. Estou tão otimista. Vão emergir novos empresários, professores, políticos, novas mentalidades. Não acredito que estes jovens que estão a sair das universidades vão aceitar que a mediocridade continue a ser bem aceite em Portugal.
PROGREDIR – O que deveríamos mudar a partir daqui?
João Alberto Catalão – Um Portugal positivo, primeiro que tudo. Um Portugal que começava nos media, em que funcione a justiça e a educação. Depois, um sentido coletivo. Aqui usa-se o dividir para reinar. Há sempre alguém que está preparado para criticar. Primeiro que tudo, não dar espaço ao negativo, ser tolerância zero ao falar mal. Se dermos tanto eco ao positivo, ao que de bom acontece em Portugal, isto muda. Temos de dar espaço ao talento.
PROGREDIR – Na prática, há alguma coisa que se possa fazer para treinar diariamente o positivo?
João Alberto Catalão – Há um exercício que costumo recomendar. Nunca se deitem sem pensar o que é que aconteceu no dia que foi positivo. Outra coisa é definirmos objetivos. Em Janeiro de cada ano decidir as prendas que vamos dar a nós próprios. O ser humano é tão feliz quando tem desafios e corre atrás. Eu só ponho desafios para mim que vou cumprir. Recuso-me a pôr na minha agenda coisas que não vou fazer.
PROGREDIR – Fala também de soft skills, competências comportamentais. Quais são as principais?
João Alberto Catalão – Há quatro que têm de ser transversais a todos os portugueses. Uma delas é a gestão de conflitos. Isto está tenso, mas temos a tal resiliência de transformar um problema em desafio. Há também a gestão de emoções. Se estiver bem, os meus resultados vão ser melhores. Tenho de ser capaz de mandar no meu cérebro e não deixar que ele mande. Depois há a comunicação, o maior obstáculo à eficácia é a comunicação, os problemas dos casais, dos filhos, da empresa. Portugal está a comunicar mal. Este país precisava muito de uma mentalidade de marketing. A outra é “qual é o nosso propósito?”. Portugal está cheio de gente fantástica, é uma questão de mobilização geral. Se todos pensássemos no nosso propósito, porque é que trabalhamos todos os dias, para quê, se calhar o mundo mudava.
João Alberto Catalão – Não, não é isso. Não estamos educados para o sucesso. Já trabalhei nos cinco continentes e posso dizer que saio de Portugal e só ouço falar bem dos portugueses. Para falar mal dos portugueses é cá dentro. Temos os melhores vinhos do mundo, queijos, é fantástico lá para fora. Povo ordeiro e trabalhador. Agora eu gostava de dizer “povo ordeiro e trabalhador, feliz e esperto como o raio”. A primeira questão que temos em Portugal chama-se auto-estima. Quando alguém tem sucesso, o que nós gastamos de energia, a tal inveja que corrói, à procura de um podre. Porquê? É a mentalidade a que fomos habituados: é melhor eu não ter e aquele também não ter do que ele ter e eu não.
PROGREDIR – Acredita que Portugal vai ultrapassar esta fase difícil?
João Alberto Catalão – Acredito que Portugal vai dar a volta. Neste momento somos os atores e espectadores de uma crise internacional. Vamos ter de pagar, vamos ter de nos privar, só que temos de fazer isto com a tal resiliência. Estou tão otimista. Vão emergir novos empresários, professores, políticos, novas mentalidades. Não acredito que estes jovens que estão a sair das universidades vão aceitar que a mediocridade continue a ser bem aceite em Portugal.
PROGREDIR – O que deveríamos mudar a partir daqui?
João Alberto Catalão – Um Portugal positivo, primeiro que tudo. Um Portugal que começava nos media, em que funcione a justiça e a educação. Depois, um sentido coletivo. Aqui usa-se o dividir para reinar. Há sempre alguém que está preparado para criticar. Primeiro que tudo, não dar espaço ao negativo, ser tolerância zero ao falar mal. Se dermos tanto eco ao positivo, ao que de bom acontece em Portugal, isto muda. Temos de dar espaço ao talento.
PROGREDIR – Na prática, há alguma coisa que se possa fazer para treinar diariamente o positivo?
João Alberto Catalão – Há um exercício que costumo recomendar. Nunca se deitem sem pensar o que é que aconteceu no dia que foi positivo. Outra coisa é definirmos objetivos. Em Janeiro de cada ano decidir as prendas que vamos dar a nós próprios. O ser humano é tão feliz quando tem desafios e corre atrás. Eu só ponho desafios para mim que vou cumprir. Recuso-me a pôr na minha agenda coisas que não vou fazer.
PROGREDIR – Fala também de soft skills, competências comportamentais. Quais são as principais?
João Alberto Catalão – Há quatro que têm de ser transversais a todos os portugueses. Uma delas é a gestão de conflitos. Isto está tenso, mas temos a tal resiliência de transformar um problema em desafio. Há também a gestão de emoções. Se estiver bem, os meus resultados vão ser melhores. Tenho de ser capaz de mandar no meu cérebro e não deixar que ele mande. Depois há a comunicação, o maior obstáculo à eficácia é a comunicação, os problemas dos casais, dos filhos, da empresa. Portugal está a comunicar mal. Este país precisava muito de uma mentalidade de marketing. A outra é “qual é o nosso propósito?”. Portugal está cheio de gente fantástica, é uma questão de mobilização geral. Se todos pensássemos no nosso propósito, porque é que trabalhamos todos os dias, para quê, se calhar o mundo mudava.
PROGREDIR – Porque é que diz que o coaching é uma das melhores ferramentas de desenvolvimento pessoal?
João Alberto Catalão – Para mim, é a ferramenta mais poderosa que existe na atualidade para desenvolvimento pessoal e profissional. O coaching nasceu para aí há 15/16 anos nos Estados Unidos. Os gestores de topo sentiam-se sozinhos, precisavam que alguém os escutasse, de ser desafiados. Então o coaching surgiu como um processo assente na ideia de que alguém é desafiado a criar as suas próprias metas. É um processo de descoberta de novas possibilidades.
PROGREDIR – E é a pessoa que encontra as suas próprias respostas?
João Alberto Catalão – O coaching ajuda as pessoas a sonharem acordadas porque é inspirador. O papel do coach é ser um facilitador. É tudo ao contrário do que existiu até agora, da consultoria, da formação, do ensino. A maior parte de nós não atinge determinadas metas porque está cheio de problemas. E o coaching ajuda exatamente a encontrar a solução para deixar de ser problema e passar a ser desafio. E depois há outra coisa. A maior preocupação do coaching é promover a autonomia. Se a pessoa se habitua a ter sempre desafios, a pessoa está sempre in. Se eu estou sempre a desafiar a minha mente, não deixo que seja ela a controlar-me.
PROGREDIR – A tomada de consciência é um processo importante?
João Alberto Catalão – Todas as ferramentas de coaching partem de três coisas muito simples, que qualquer pessoa pode experimentar: quando eu tomo consciência de algo, responsabilizo-me, quando me responsabilizo, atuo. O papel do coaching é conseguir trabalhar com alguém que tome consciência. Isto é um problema? Vamos ver se é verdade. Quer mudar? Vamos ver se quer mesmo mudar. Porque no momento em que a pessoa toma consciência, a seguir passamos para a fase da responsabilização. Quando você se responsabiliza de algo que tomou consciência, muda.
PROGREDIR – Onde é que a psicologia se cruza com o coaching?
João Alberto Catalão – A psicologia, a psicoterapia, tem uma rutura total com o coaching. Você tem o mercado do coaching cheio de psicólogos, que não é mau se conseguirem despir-se de tudo o que aprenderam na psicologia. A psicoterapia, tal como se diz, é desenterrar, é ir à procura da causa de um problema. Portanto, a psicologia parte do princípio de que se temos uma patologia, temos algo dentro de nós que provocou isso. O coaching está apenas focado no que vai acontecer. Está-se preocupado hoje para amanhã, não lá atrás. De vez em quando temos que fazer uma inversão, fazemos os chamados inquéritos apreciativos, e trabalhamos com a psicologia positiva, quando a pessoa não tem auto-estima e vai encontrar momentos da sua vida que foram bons.
João Alberto Catalão – Para mim, é a ferramenta mais poderosa que existe na atualidade para desenvolvimento pessoal e profissional. O coaching nasceu para aí há 15/16 anos nos Estados Unidos. Os gestores de topo sentiam-se sozinhos, precisavam que alguém os escutasse, de ser desafiados. Então o coaching surgiu como um processo assente na ideia de que alguém é desafiado a criar as suas próprias metas. É um processo de descoberta de novas possibilidades.
PROGREDIR – E é a pessoa que encontra as suas próprias respostas?
João Alberto Catalão – O coaching ajuda as pessoas a sonharem acordadas porque é inspirador. O papel do coach é ser um facilitador. É tudo ao contrário do que existiu até agora, da consultoria, da formação, do ensino. A maior parte de nós não atinge determinadas metas porque está cheio de problemas. E o coaching ajuda exatamente a encontrar a solução para deixar de ser problema e passar a ser desafio. E depois há outra coisa. A maior preocupação do coaching é promover a autonomia. Se a pessoa se habitua a ter sempre desafios, a pessoa está sempre in. Se eu estou sempre a desafiar a minha mente, não deixo que seja ela a controlar-me.
PROGREDIR – A tomada de consciência é um processo importante?
João Alberto Catalão – Todas as ferramentas de coaching partem de três coisas muito simples, que qualquer pessoa pode experimentar: quando eu tomo consciência de algo, responsabilizo-me, quando me responsabilizo, atuo. O papel do coaching é conseguir trabalhar com alguém que tome consciência. Isto é um problema? Vamos ver se é verdade. Quer mudar? Vamos ver se quer mesmo mudar. Porque no momento em que a pessoa toma consciência, a seguir passamos para a fase da responsabilização. Quando você se responsabiliza de algo que tomou consciência, muda.
PROGREDIR – Onde é que a psicologia se cruza com o coaching?
João Alberto Catalão – A psicologia, a psicoterapia, tem uma rutura total com o coaching. Você tem o mercado do coaching cheio de psicólogos, que não é mau se conseguirem despir-se de tudo o que aprenderam na psicologia. A psicoterapia, tal como se diz, é desenterrar, é ir à procura da causa de um problema. Portanto, a psicologia parte do princípio de que se temos uma patologia, temos algo dentro de nós que provocou isso. O coaching está apenas focado no que vai acontecer. Está-se preocupado hoje para amanhã, não lá atrás. De vez em quando temos que fazer uma inversão, fazemos os chamados inquéritos apreciativos, e trabalhamos com a psicologia positiva, quando a pessoa não tem auto-estima e vai encontrar momentos da sua vida que foram bons.
PROGREDIR – Mas como é que podemos depois potenciar esses fatores que descobrimos?
João Alberto Catalão – É tê-los presentes. O coaching apreciativo tem uma vantagem que é estarmos a olhar para nós como seres humanos, com qualidades, com defeitos, só que estamos focados em potenciar aquilo em que já somos bons para ser excelentes. O coach não assenta o seu trabalho naquele desenterrar problemas, nem catarses, nada disso. O coaching exige alguma maturidade. Às vezes não é o bilhete de identidade, é quilómetros, experiência de vida. Eu digo sempre aos jovens: aproveitem estas oportunidades todas, tenham mundo. E ter mundo pode ser no computador, hoje temos internet, estamos sempre conectados. O coaching perde toda a sua credibilidade quando não entende o contexto.
PROGREDIR – O que é preciso para se ser um bom coach?
João Alberto Catalão – É preciso ter bom senso, ter o papel de gostar de estar atrás e não à frente, isto é, ser facilitador. Também existe o mentoring. Tenho clientes que querem aproveitar a minha experiência de trabalho, as minhas ideias, e querem que eu seja o seu mentor. Ser mentor é diferente.
PROGREDIR – Qual é o segredo para ser feliz?
João Alberto Catalão – O remédio para ser feliz é muito fácil. É não estar agarrado ao passado e não estar a olhar para as miragens do futuro. É viver o aqui e o agora, com ação. O que é que eu estou a fazer aqui e agora?
PROGREDIR – O que é que lhe falta fazer?
João Alberto Catalão – Falta-me fazer uma coisa muito gira. Gostava muito que nascesse em Portugal um grupo de pessoas que fosse capaz de ter como missão energizar este país, para olhar, para criar uma cultura de apreciar aquilo que temos. Criar um mood em Portugal em que fosse importante falar do positivo, olhar para o positivo. Gostava tanto, era assim a minha missão, gostava muito que dissessem “este tipo contagiou A, B ou C”. Sabe que o politicamente está instalado. São os dois campos, o politicamente e o medíocre. Outra coisa que gostava era que as ruas em Portugal, as praças e as homenagens que se fazem fossem aos vivos e não aos mortos.
PROGREDIR – Considera que já deixou a sua marca?
João Alberto Catalão – Sim, sim. Os meus fãs no Facebook, todas as pessoas que fizeram dos meus livros best-sellers. Sabe o que me entristece um bocadinho ainda? Portugal continua a pagar a estrangeiros que não vêm trazer nada de novo, há aí casos que são caricatos. Quando eu olho à volta, digo: “que pena que o estrangeiro reconhece mais o talento do português que os próprios portugueses”. Cada um de nós não vive a vida que tem porque não a negoceia. São raros os portugueses que fazem aquilo que gostam e que gostam daquilo que fazem, mas porque não querem voltar a escolher. Viram que escolheram mal, mas não querem voltar a escolher. A licenciatura não nos garante nada, a nossa atitude é que vai mexer com os nossos comportamentos. Significa isto que, para reinventar a vida, é preciso ir à descoberta daquilo que nos faz felizes.
PROGREDIR – “Para quê” continua a ser a pergunta mais importante a fazer?
João Alberto Catalão – Sem dúvida. Em tudo o que façam na vida, antes de fazer perguntem sempre: “o quê?”, “para quê?”. E quando tiver a resposta, a seguir é só isto: “como?” e “quando?”.
João Alberto Catalão – É tê-los presentes. O coaching apreciativo tem uma vantagem que é estarmos a olhar para nós como seres humanos, com qualidades, com defeitos, só que estamos focados em potenciar aquilo em que já somos bons para ser excelentes. O coach não assenta o seu trabalho naquele desenterrar problemas, nem catarses, nada disso. O coaching exige alguma maturidade. Às vezes não é o bilhete de identidade, é quilómetros, experiência de vida. Eu digo sempre aos jovens: aproveitem estas oportunidades todas, tenham mundo. E ter mundo pode ser no computador, hoje temos internet, estamos sempre conectados. O coaching perde toda a sua credibilidade quando não entende o contexto.
PROGREDIR – O que é preciso para se ser um bom coach?
João Alberto Catalão – É preciso ter bom senso, ter o papel de gostar de estar atrás e não à frente, isto é, ser facilitador. Também existe o mentoring. Tenho clientes que querem aproveitar a minha experiência de trabalho, as minhas ideias, e querem que eu seja o seu mentor. Ser mentor é diferente.
PROGREDIR – Qual é o segredo para ser feliz?
João Alberto Catalão – O remédio para ser feliz é muito fácil. É não estar agarrado ao passado e não estar a olhar para as miragens do futuro. É viver o aqui e o agora, com ação. O que é que eu estou a fazer aqui e agora?
PROGREDIR – O que é que lhe falta fazer?
João Alberto Catalão – Falta-me fazer uma coisa muito gira. Gostava muito que nascesse em Portugal um grupo de pessoas que fosse capaz de ter como missão energizar este país, para olhar, para criar uma cultura de apreciar aquilo que temos. Criar um mood em Portugal em que fosse importante falar do positivo, olhar para o positivo. Gostava tanto, era assim a minha missão, gostava muito que dissessem “este tipo contagiou A, B ou C”. Sabe que o politicamente está instalado. São os dois campos, o politicamente e o medíocre. Outra coisa que gostava era que as ruas em Portugal, as praças e as homenagens que se fazem fossem aos vivos e não aos mortos.
PROGREDIR – Considera que já deixou a sua marca?
João Alberto Catalão – Sim, sim. Os meus fãs no Facebook, todas as pessoas que fizeram dos meus livros best-sellers. Sabe o que me entristece um bocadinho ainda? Portugal continua a pagar a estrangeiros que não vêm trazer nada de novo, há aí casos que são caricatos. Quando eu olho à volta, digo: “que pena que o estrangeiro reconhece mais o talento do português que os próprios portugueses”. Cada um de nós não vive a vida que tem porque não a negoceia. São raros os portugueses que fazem aquilo que gostam e que gostam daquilo que fazem, mas porque não querem voltar a escolher. Viram que escolheram mal, mas não querem voltar a escolher. A licenciatura não nos garante nada, a nossa atitude é que vai mexer com os nossos comportamentos. Significa isto que, para reinventar a vida, é preciso ir à descoberta daquilo que nos faz felizes.
PROGREDIR – “Para quê” continua a ser a pergunta mais importante a fazer?
João Alberto Catalão – Sem dúvida. Em tudo o que façam na vida, antes de fazer perguntem sempre: “o quê?”, “para quê?”. E quando tiver a resposta, a seguir é só isto: “como?” e “quando?”.
FOTOGRAFIA POR GLÓRIA AGUIAM
FOTÓGRAFA 214 536 187 | 964 690 874 www.aguiam.com [email protected] http://facebook.com/aguiamfotografas |