Felicidade
“Há muitas formas de fazer a viagem; ser feliz é só uma delas”
Fernando Loureiro
A frase que dá o mote a este artigo, é de um professor que muito contribuiu para o meu desenvolvimento pessoal ao longo de vários anos e que já chegou, entretanto à paragem final desta viagem.
Será que sobrestimamos a “felicidade”? Será que somos reféns do conceito porque o mal interpretamos? Dependerá dos padrões que colocamos no conceito. Se estes forem exteriores, muito provavelmente; se estes estiverem ligados ao “ter”, muito provavelmente; e principalmente, se a distinção entre “ser” e “estar” não for clara, garantidamente. Foquemo-nos neste último aspeto:
Temos por hábito descrever-nos com o verbo “ser”, estejamos a falar de profissões, estados de espírito, características pessoais ou outros. É habitual dizermos “eu sou economista”, “eu sou professor”, “eu sou alegre”, “eu sou introvertido” etc. Este verbo é tremendamente limitador e aprisiona-nos a algo que pode não nos fazer felizes. Ao identificarmo-nos totalmente com a descrição que nos damos, vivemos a frustração de não ser algo mais, de não ser diferente, de não ser qualquer outra coisa que, não sendo a nossa, parecerá sempre mais interessante! Ora, se o verbo usado for o verbo “estar”, toda uma libertação ocorre. Porque o facto é que eu não “sou” economista em essência, eu estou economista nos momentos do meu dia em que desempenho essa função, mas sou muito mais do que isso. Reforçando esta ideia, eu tenho todo o potencial em mim para ser muito mais do que isso! Não será a felicidade isso mesmo? A possibilidade da vida; a perspetiva de alcançar objetivos; o potencial que o horizonte nos apresenta todos os dias?
O mesmo ocorre com sentimentos ou características pessoais. Interiorizar a ideia de que eu não sou triste, mas sim estou triste num determinado momento é libertador. A tristeza não me define e é apenas um estado de espírito que vivencio e que se transformará inevitavelmente noutro. Perceber que eu não sou introvertido, mas que estou introvertido nesta fase de vida (que pode ter sido toda a vida até ao momento) mas que isso pode mudar e eu posso passar a ser algo diferente superando-me é o primeiro passo para um crescimento emocional a esse nível se for esse o objetivo. É o primeiro passo de um processo de desenvolvimento pessoal.
Daqui voltemos à frase inicial. Nem sempre estamos felizes, é um facto. Mas isso é só uma das formas de fazer a viagem da qual nos desviaremos e aproximaremos várias vezes. Podemos, no entanto, ser felizes pelo simples facto de estar a fazer a viagem em si.
Fernando Loureiro
A frase que dá o mote a este artigo, é de um professor que muito contribuiu para o meu desenvolvimento pessoal ao longo de vários anos e que já chegou, entretanto à paragem final desta viagem.
Será que sobrestimamos a “felicidade”? Será que somos reféns do conceito porque o mal interpretamos? Dependerá dos padrões que colocamos no conceito. Se estes forem exteriores, muito provavelmente; se estes estiverem ligados ao “ter”, muito provavelmente; e principalmente, se a distinção entre “ser” e “estar” não for clara, garantidamente. Foquemo-nos neste último aspeto:
Temos por hábito descrever-nos com o verbo “ser”, estejamos a falar de profissões, estados de espírito, características pessoais ou outros. É habitual dizermos “eu sou economista”, “eu sou professor”, “eu sou alegre”, “eu sou introvertido” etc. Este verbo é tremendamente limitador e aprisiona-nos a algo que pode não nos fazer felizes. Ao identificarmo-nos totalmente com a descrição que nos damos, vivemos a frustração de não ser algo mais, de não ser diferente, de não ser qualquer outra coisa que, não sendo a nossa, parecerá sempre mais interessante! Ora, se o verbo usado for o verbo “estar”, toda uma libertação ocorre. Porque o facto é que eu não “sou” economista em essência, eu estou economista nos momentos do meu dia em que desempenho essa função, mas sou muito mais do que isso. Reforçando esta ideia, eu tenho todo o potencial em mim para ser muito mais do que isso! Não será a felicidade isso mesmo? A possibilidade da vida; a perspetiva de alcançar objetivos; o potencial que o horizonte nos apresenta todos os dias?
O mesmo ocorre com sentimentos ou características pessoais. Interiorizar a ideia de que eu não sou triste, mas sim estou triste num determinado momento é libertador. A tristeza não me define e é apenas um estado de espírito que vivencio e que se transformará inevitavelmente noutro. Perceber que eu não sou introvertido, mas que estou introvertido nesta fase de vida (que pode ter sido toda a vida até ao momento) mas que isso pode mudar e eu posso passar a ser algo diferente superando-me é o primeiro passo para um crescimento emocional a esse nível se for esse o objetivo. É o primeiro passo de um processo de desenvolvimento pessoal.
Daqui voltemos à frase inicial. Nem sempre estamos felizes, é um facto. Mas isso é só uma das formas de fazer a viagem da qual nos desviaremos e aproximaremos várias vezes. Podemos, no entanto, ser felizes pelo simples facto de estar a fazer a viagem em si.