Eu sei… mas ele vai mudar... |
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Já ouviram alguma combinação destas palavras num qualquer desabafo perto de vocês?
O problema é que ele “é assim”… tem estes comportamentos… traiu-me... ou não quer casar… ou não quer ter filhos… ou só quer casar ou ter filhos daqui a 5 anos (ou 5 mil…)… ou só liga aos amigos… ou não me liga nenhuma… ou não mé dá atenção… ou não me valoriza… ou só liga ao futebol… ou só bebe… ou grita comigo… ou ele isto… ou ele aquilo… Quando ouvimos algo semelhante ao escrito anteriormente (considerando que será uma descrição parcial e fragmentada da perceção de um “eu”) podemos colocar a seguinte questão: “Se estivesses no meu lugar, a ouvir o que me disseste, o que te dirias?” Nessa altura podemos ouvir: O Problema é que eu gosto dele… Ele diz que vai mudar! Ele vai mudar! Temos (95% de) momentos maus mas também temos (5% de) momentos bons… e… se terminasse a relação quem me iria querer? Vou ficar sozinha? Já estamos juntos há tanto tempo… Vou ter que começar de novo? E se ainda me “calha” um pior? Pelo menos “este” já conheço… Não fui feita para estar sozinha… Por vezes é difícil tomar decisões racionais num campo emocional. Analisar e decidir com base em factos concretos. Aceitar que será difícil o outro mudar o que quer que seja quando nós próprios temos essa dificuldade, quando nós próprios não o fazemos, quando nós próprios mantemos as nossas convicções. Por vezes é difícil tomarmos uma decisão que nos irá fazer sofrer no imediato e no curto prazo. Mas compensará sofrer aos bocadinhos? Em lume brando e a longo prazo? Evitando assim uma felicidade maior no futuro? Não me parece razoável esperar que uma relação seja “perfeita” pois isso provavelmente significaria a satisfação dos desejos egoicos de apenas uma das partes da equação… (e o outro não é uma marioneta ao nosso dispor… tem vontade própria!). Uma relação vai-se construindo… Poderá passar por fases boas e outras menos boas… mas em todos os momentos parece-me saudável existir Amor, sintonia, carinho, vontade de ouvir o outro… de estar com o outro… “It takes two to tango” (or to kizomba). Será necessário que, para além do carinho que possamos sentir pelo outro, exista uma base de “quereres” comuns, de “vontades” comuns, de pilares comuns, caso contrário o edifício terá fundações fracas e instáveis. Se de mãos dadas queremos caminhar em sentidos opostos pouco avançaremos… avançaremos devagar no sentido do que puxar com mais força em cada momento… mas é isso que queremos? Ou queremos caminhar de mãos dadas no mesmo sentido? P.S. - Onde aparece "ele" naturalmente poderá ser uma "ela" :) Pedro Sciaccaluga Fernandes Mais artigos do mesmo Autor aqui |
Foto por Pedro Capelas
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