Estás Vivo ou Morto?
|
|
Bem… se estás a ler estas linhas, se respiras e o teu coração bate estarás… vivo…
No entanto nestas linhas convido-te a partires numa viagem mais além… convido-te a viajares no mundo dos teus pensamentos, das tuas memórias e quem sabe a descobrires novas respostas, novos caminhos, novas vidas… Imagina o teu nascimento… nasces para o mundo e separas-te fisicamente da tua mãe… à medida que cresces ganhas consciência dessa separação, da tua individualidade, sentes-te Só… surge o desejo de União, de te sentires parte de algo, de transcenderes a tua Vida Individual… de sentires União… Podemos sentir esta desejada “União” de diversas formas, por exemplo: 1) Atingindo estados de transe autoinduzido, por exemplo com o consumo excessivo de álcool ou drogas ou, de uma forma mais normal e natural, através do sexo. No entanto, embora este conjunto de possibilidades diminua a ansiedade durante algum tempo, o seu caráter transitório faz com que a ansiedade e sensação de separação voltem a aparecer, até que se repita o ritual num ciclo sem fim. 2) A União pelo Conformismo, a união com o grupo, é outra forma de nos sentirmos parte de algo, de preenchermos o “vazio”. Esta forma de União é serena, ditada pela rotina e tende a ter um caráter permanente. No entanto sendo uma solução imposta pelo exterior não nos preenche na totalidade. A nossa Alma pede mais… Esta forma de união, sendo serena e rotineira (pois é culturalmente aceite e incentivada) introduz um dos maiores riscos de “morrer em vida”, de termos uma vida pré-fabricada, desenhada por “outros”, com pouca profundidade. Com um trabalho pré-fabricado, diversão pré-fabricada, viagens pré-fabricadas, sentimentos pré-fabricados… semana após semana, ano após ano… vegetando num estado de alienação e de morte… 3) Também podemos atingir a união pela atividade criativa. Ao realizarmos um trabalho criativo, no qual estejamos presentes no seu planeamento e produção, vivenciando o seu resultado. Unimo-nos como criadores à nossa obra e com esta unimo-nos ao mundo. No entanto esta forma de união não é interpessoal… e por isso não a sentimos como total… 4) A União connosco e com o Mundo é outra via para nos conectarmos e encontrarmos plenitude. Neste caminho, que podemos percorrer através da quietude, da Contemplação e da meditação concentrada, alimentamos a Alma, ligamo-nos connosco, crescemos mentalmente e espiritualmente, passamos a ser pais e mães de nós próprios atingindo independência, ganhando liberdade e clarividência. Podemos considerar este tipo de união um passo fundamental para Sermos Inteiros mas que peca por ainda não ser uma União interpessoal. 5) Acredito que a resposta mais sã e completa, ao nosso anseio de união, está na nossa capacidade de Amar, na nossa capacidade de Dar Amor através de todas as manifestações e expressões do que está Vivo em nós: Dando a nossa compreensão, o nosso interesse, o nosso sentir, os nossos conhecimentos, humor, alegria… Aumentamos assim a vitalidade do outro por estarmos em contacto com a nossa própria vitalidade. Paradoxalmente estamos profundamente Vivos e sentimo-nos Vivos quando “damos” a nossa Vida. Referir no entanto que o Amor descrito não se resume exclusivamente ao Amor romântico. Como disse Erich Fromm “O amor não é antes de mais uma relação com outra pessoa em particular”, “é uma atitude, uma orientação de caráter, que determina a relação de uma pessoa com o mundo em geral e não apenas com o “objeto” do amor”. Acredito que este é o principal desafio na Vida. O de crescermos… de nos transformarmos até Sermos Amor… sem medo… inteiros, livres e conscientes... Atingindo a União… através do Amor… Pedro Sciaccaluga Fernandes Mais artigos do mesmo Autor aqui Bibliografia: A Arte de Amar - O Amor como força vital de Erich Fromm |
Foto por Tiago Sousa
|
Partilha a tua Opinião... |
|