Por Carla Paulo
in REVISTA PROGREDIR | AGOSTO 2012
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Numa abordagem hindu, sabe-se que Patãnjali, o “pai do Yoga”, reuniu e classificou um conjunto de práticas ascéticas e técnicas de contemplação que continuam a ser utilizadas hoje em dia, por isso a prática da Yoga é já muito antiga.
Quando falamos em Yoga, devemos ter presentes as oito etapas da Yoga (Asthanga-Yoga): Yama (comportamento ético), Niyama (regras), Asana (postura), Pranayama (respiração), Pratyahara (recolher dos sentidos), Dharana (concentração), Dhyana (meditação) e Samadhi (unidade). Todas estas etapas devem estar presentes no nosso dia-a-dia enquanto praticantes, embora a maioria das vezes se inicia na etapa da Asana, quando se procura a prática física, mas o que a maioria dos praticantes não sabe é que as duas primeiras etapas são de extrema importância quando integramos o Yoga na nossa vida. A primeira etapa, Yama, é constituída por cinco valores que devemos ter presentes:
1. A não violência (Ahimsa), deve ser praticada na acção, na palavra e no pensamento; não devemos fazer nenhum mal a nenhum ser vivo.
2.O segundo comportamento ético a praticar é a verdade (Satya); o pensamento, a palavra e a acção devem ser coerentes com a verdade.
3. Asteya, é o terceiro comportamento, abster-se de roubar e de cobiçar.
4. Brahmacharya, é o comportamento ético que encara a actividade sexual como uma actividade saudável e de minimizar a sua perca de energia.
5. O último comportamento ético nesta etapa é Aparigraha, que significa não ser possessivo. Só devemos ter aquilo que é necessário, não devemos acumular bens.
Na segunda etapa, Nyama, existem cinco regras que o Yogui/Yoguini deve saber:
1. Purificação interna (Saucha), que vai desde uma alimentação vegetariana à eliminação das emoções e pensamentos indesejáveis.
2. Contentamento (Samtosha), é a extracção da alegria face ao que se é, e que se tem; os desejos são infindáveis e devemos refreá-los.
3. Auto-superação (Tapas), é a firme determinação de fazer todos os seus esforços, de mobilizar toda a energia e atenção, a fim de atingir o objectivo que se pretende.
4. O estudo (Svadhyaya), dos textos védicos (hindus).
5. A dedicação á via do yoga (Ishvara-Pradnidhana).
Verificamos que, enquanto os Yamas incidem sobre a harmonia das relações do Homem com o seu semelhante, os Nyamas visam a organização da sua vida interior.
Assim, quando iniciamos a pratica da Yoga como actividade física, devemos estende-la à pratica do comportamento ético e das regras de observância em nós, só assim iniciamos um caminho correto, que nos trás paz e felicidade e nos permite alcançar as outras etapas do Yoga referidas anteriormente. Para os Yoguis/Yoguinis, Yoga é mesmo uma forma de estar na vida, cuja identificação teve origem na Índia à mais de 5000 anos. Desde então, foram colocadas à disposição de todos nós técnicas que nos auxiliam a compreendermos melhor quem somos e a usufruir do bem-estar físico e mental que as mesmas proporcionam no nosso dia-a-dia. A Yoga pode ser praticado por qualquer faixa etária, devendo esta ser uma prática diária e com dedicação. A Yoga pode ser uma mudança de Vida.