
in REVISTA PROGREDIR | SETEMBRO 2013
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O xamã correspondia, nessa altura, ao que hoje reconhecemos como médicos, astrónomos, professores, terapeutas, etc. E era uma pessoa - normalmente homem, apesar de na origem também existirem mulheres - reconhecida e tratada como “xamã” pela comunidade. Nenhum verdadeiro xamã se autointitulava assim e esse reconhecimento por par te dos seus pares advinha de alguma experiência de cura profunda pela qual tinha passado e que o tinha levado a conectar-se profundamente com a Natureza e a sua linguagem.
Em pleno século XXI, não precisamos de viver em tribos ou de per tencer a uma cultura de raiz xamânica para praticarmos xamanismo. Nem sequer precisamos de alucinogénios ou transes profundos para nos conseguirmos conectar com a energia que nos rodeia e que está disponível a qualquer pessoa. Também não precisamos de nos vestir de maneira específica, de ter um nome indígena, seguir um “xamã” ou participar em rituais. Ser praticante de xamanismo (e é disto que se trata, pois ser “xamã” é um desígnio que não cabe ao indivíduo escolher) exige humildade, uma intenção bem definida e muita prática para ver no dia-a-dia o resultado das técnicas.
Se quisermos falar em dogmas – que, de uma maneira ou de outra, qualquer religião ou prática espiritual acaba por ter – há talvez um que se pode atribuir à prática xamânica: a existência de realidades (mundos) paralelas/invisíveis. No fundo, tudo o que tem vida e está ao alcance dos nossos sentidos tem uma manifestação energética e espiritual que não conseguimos ver, mas à qual podemos aceder. Por isso no xamanismo se fala em três mundos: o de cima ou superior; o do meio ou intermédio; o de baixo ou inferior. E a técnica mais comum utilizada é a da viagem xamânica, que consiste em viajar a um destes mundos para ir buscar informações, pedir auxílio, conhecer o animal de poder, resgatar uma par te nossa que está perdida ou fazer qualquer outro tipo de cura. Esta viagem é feita num estado alterado de consciência, que o toque ritmado de um tambor ou de uma maraca nos pode levar a atingir. Muitos dos praticantes de xamanismo, atualmente, utilizam um cd com uma gravação dessas batidas.
A nível cerebral, o que acontece é que as ondas cerebrais desaceleram do normal estado beta, passando pelo estado alfa (que se atinge na meditação), aprofundando até ao estado teta. Depois, é um vasto mundo (ou, pelo menos, três) de simbologias, imagens, mensagens e histórias que cada um vai encontrar e aplicar à sua vida e ao seu processo de desenvolvimento pessoal e cura.
Sandra Ingerman, uma das mais respeitadas professoras e praticantes de xamanismo, diz que “somos os únicos que temos verdadeiramente o poder de curar as nossas vidas”. Para mim, é esse o verdadeiro Xamanismo no século XXI. Podermos, nas nossas cidades, com as nossas profissões e no nosso dia-a-dia encontrar o poder pessoal, mantermo-nos conectados com a Vida e evoluirmos cada vez mais enquanto pessoas e seres espirituais.

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in REVISTA PROGREDIR | SETEMBRO 2013