in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Muitas vezes, entretanto, a pessoa se confunde com o trabalho que faz ou com a profissão que exerce, essa simbiose é muito comum na falta de auto-consciência.
Considerando o papel social central da vida profissional na nossa identidade e a sua importância na nossa sobrevivência, a vulnerabilidade nessa área traz um desconforto considerável.
Negar a vulnerabilidade ou tentar extingui-la, nos colocaria numa posição de conforto engessada e pouco realista perante um mundo em constante mudança. Além disso, nós somos seres sociais, isso significa que estamos biologicamente programados para nos importar com o que os outros pensam sobre nós. Inútil é pensar que as opiniões dos outros não têm potencial impacto em nós e sábio é filtrar a pequena parcela de críticas construtivas que são recursos poderosos para o nosso crescimento e descartar todas as outras.
A grande questão da vulnerabilidade é aceitá-la (por vezes, promovê-la) e enriquecer-se através dela.
Estudos científicos na área da Psicologia definem vulnerabilidade como o estado de incerteza, risco e/ou exposição emocional. Todo ato de coragem é definido pela incerteza, risco ou exposição emocional, logo, a vulnerabilidade é condição sine qua non para a coragem. Além de necessária para existência da coragem, é a medida mais precisa para medi-la.
Ninguém almeja a vulnerabilidade, pois não é confortável, pode não ser segura e traz emoções difíceis tais como: vergonha, dor, carência, medo, incerteza e ansiedade. Por outro lado, a vulnerabilidade permite o nascimento de amor, de pertença e de alegria. Especificamente, no trabalho, a aceitação da incerteza, do risco e da exposição emocional intrínsecos à vulnerabilidade dão origem à empatia e à confiança nas relações de trabalho, à inovação e à criatividade no trabalho em si, também à inclusão, equidade, diversidade, à resolução de problemas e às decisões éticas nos grupos de trabalho. Ou seja, a vulnerabilidade é o desconforto necessário para crescimento pessoal e emocional, para o aprimoramento do trabalho e, consequentemente, da sociedade e para a nossa evolução individual e coletiva.
Essa relação entre vulnerabilidade e coragem, no fundo, nada mais é do que a aceitação de si mesmo e da imperfeição como condição humana, o que foi muito bem ilustrada por Theodore Roosevelt em seu discurso, em 1910, na França: “O que importa não é o homem que critica ... importante, em verdade, é o homem que está na arena com a face coberta de poeira, suor e sangue; que luta com bravura, erra e segue tentando. É aquele que conhece os grandes entusiasmos, as grandes devoções e se consome numa causa justa. É aquele que, no sucesso, melhor conhece o triunfo final dos grandes feitos e que, se fracassa, ao menos o faz com coragem de modo que seu lugar jamais será com as almas frias e tímidas, que não conhecem nem a vitória, nem a derrota.”
A cada um de nós cabe a escolha diária. Podemos nos esconder num canto ou podemos nos juntar à turba de críticos na plateia e ficar à margem da nossa própria história, ou podemos viver a nossa história em pleno, incluindo possibilidades que sequer imaginamos na arena, abraçando a nossa vulnerabilidade e colhendo o que ela nos trouxer. Certamente trará sofrimento mas é a única escolha verdadeiramente recompensadora, pois permitirá vibrar com as vitórias e aprender com as derrotas, e, mais importante, crescer em ambas!
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