in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Curioso como umas medidas impostas por alguém que nos é externo pode causar uma alteração tão significativa no nosso conceito de ser livre e de viver em liberdade, alterando os nossos comportamentos e levando à criação de novos conceitos sobre o que é ser livre. Ser livre é viver em sintonia com a sociedade onde somos inseridos, baseando essa mesma liberdade em conceitos fundamentais como o respeito, a autonomia, a responsabilidade e a motivação.
Afinal o que significa, para cada um de nós, ser livre? Que ideia temos sobre o conceito de liberdade e de que forma vivemos e integramos esse conceito na nossa existência? Poderão haver certamente muitas e distintas respostas para estas questões, mas todas elas irão debater-se com uma reflexão sobre a forma como nos sentimos livres ou a forma como nos sentimos aprisionados em nós mesmos, mesmo não havendo qualquer restrição no nosso viver.
Tendo em conta o conceito de liberdade é preciso ter em consideração que muitas vezes somos nós mesmos que nos aprisionamos, que colocamos limites e barreiras que nos impedem de viver da forma como queremos e, nestes casos, estes limites impostos por nós mesmos são muito mais fortes do que aqueles que temos que respeitar em sociedade. O ser humano cria a sua própria prisão pessoal e individual quando se impede de viver, de lutar pelos seus sonhos, de gerir as suas emoções, de dar voz ao seu sentir, de materializar os seus pensamentos e, muitas vezes continua a culpar o Outro e o que lhe é externo por essa prisão que foi tão-somente criada por si.
Quando nos impedimos de viver da forma como queríamos viver estamos a limitar a nossa própria liberdade, aquela liberdade que nos permite dar vida à nossa vida, que nos permite, em respeito pela liberdade do Outro, dar voz, corpo e alma a tudo aquilo que gostaríamos de ter na nossa Vida. Somos nós que nos impedimos de viver em liberdade cada vez que nos deixamos envolver e aprisionar pelos grilhões do medo, da culpa, da dúvida, do ócio e de tudo aquilo que nos impede de acreditar, de seguir em frente, tendo sempre em conta as barreiras que temos que respeitar, mas que não nos impedem de ser livres.
Ser livre é escutar o nosso coração e acolher as nossas emoções sem quaisquer constrangimentos, sem quaisquer limites, pois cada vez que não gerimos o que estamos a sentir, estamos a criar pequenas prisões dentro de nós, pois estamos a impedir-nos de sentir, de tentar compreender porque nos sentimos de certa forma e estamos a aumentar a sensação de não nos sentirmos livres. Nestes casos somos nós mesmos que nos aprisionamos, mas no entanto, tentamos tantas vezes encontrar desculpas ou até encontrar alguém, ou algo a que possamos atribuir a culpa daquilo que sentimos ou de não estamos a viver como queríamos viver.
Ser livre e viver em liberdade é permitir o desenrolar do nosso percurso de vida, lidando com cada desafio como algo novo e como uma nova oportunidade, em vez de o encararmos como um obstáculo ou como algo que nos está a tirar a liberdade para continuar a calcorrear o nosso caminho de vida. Ser livre é entender que mesmo que hajam imposições externas, não nos estão a retirar a liberdade de Ser, Sentir e Viver, pois, essa mesma liberdade depende de cada um de nós e não do que o Outro possa dizer, fazer ou afirmar.
Viver em liberdade é aceitar o nosso ser tal como ele é, dando-lhe asas para voar, continuando a lutar pelos nossos sonhos e objetivos, continuando a querer crescer, evoluir e aperfeiçoar a forma como lidamos connosco mesmos e com o Outro. Viver em liberdade é respeitar quer a nossa liberdade (não nos reprimindo ou aprisionando a nós mesmos) quer a liberdade do Outro, que por sua vez precisa respeitar a nossa forma de viver livre e tal como queremos viver.
ENFERMEIRO I ESCRITOR
www.semearemocoes.com
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