in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Se existisse uma fórmula para o sucesso nesta questão acredito que passaria sempre por um denominador comum (e ao mesmo tempo variável): nós. A maneira como cada um olha para a sua vida e a sente deveria ser sempre a mote para o próprio bem-estar, para a própria felicidade e sentido de satisfação. Ora, por alguma razão se chamará bem-estar: atentando nas duas palavras base ali juntinhas conseguiremos facilmente chegar ao seu simples, mas poderoso, significado.
(**Na dúvida aconselhemo-nos com a nossa língua portuguesa:
bem-estar substantivo masculino
1. Situação agradável do corpo e do espírito.
2. Tranquilidade.
3. Conforto.
4. Satisfação.**)
Tão poderoso que por vezes nem parecemos saber dar-lhe a importância devida.
A cru poderíamos concluir facilmente que tudo isto é muito óbvio e que faria pouco sentido se tentássemos ser felizes através de bens que não sentimos ou acreditamos serem nossos. Mas a verdade é que isto acontece tantas e tão variadas vezes, e às vezes parecemos nem nos aperceber.
O meio (social) em que vivemos bombardeia-nos com tanta informação sobre o que é ou não suposto sermos, gostarmos, fazermos. Nós próprios tantas vezes adotamos como necessidade coisas sobre as quais não perdemos verdadeiramente tempo a pensar se nos fazem falta, ou porque é que fazem. E há ofertas para todos os gostos neste marketing das emoções, do coração. É como um vale tudo do saber viver.
Como podemos, então, fugir a isto? Como sobreviver ao que nos pede o coração? Como aprender ou saber ser feliz com o que temos, e continuar a procurar a felicidade na nossa vida? Como viver?
Nunca se saberá bem ao certo, mas... Sejamos gentis. Connosco. Com aquilo que nos faz falta. Com aquilo que nos faz bem. Percamos algum tempo a olhar para dentro de nós e a perceber o que queremos, o que podemos mudar, o que nos está a faltar. Mas também, e sem menos valor, tomemos importância e consciência de tudo o que temos. Experimente-se o exercício: Há quanto tempo não nos congratulamos ou deliciamos com algo que temos? Algo simples, mas poderoso, como saúde, alguém de quem gostamos e retribui, uma refeição com a nossa família. Parece muito básico, se não fizermos ideia do numero real de pessoas que têm alguma doença incapacitante, que por alguma razão vivem isoladas ou que não têm acesso a uma refeição completa pelo menos uma vez ao dia. É muita gente, infelizmente. Somos uns sortudos, felizmente, não necessariamente por estas, mas pelas mais variadas razões. É preciso é tomar atenção ao que nos rodeia. Acredito que muitas vezes nos salve termos noção das nossas sortes (às vezes tão simples como conseguir ler estas palavras).
Falou Aristóteles dos pequenos prazeres da vida (que de pequenos poderão ter, mesmo, só o nome), da simplicidade e do prazer das pequenas coisas, e do trunfo de saber apreciá-las na sua forma mais pura.
Viver bem pode ser isso, quase como que ter a audácia de ser um pouco ingénuo, sem medo de olhar para si e para o seu mundo, sem medo de pensar na sua própria felicidade antes de outra coisa qualquer. Ter a coragem de olhar para dentro de nós e assumir que queremos ser precisamente isso: nós (E não aquilo que nos tentam ou tentamos, nós próprios, impor).
Fazer as coisas à nossa medida e ao ritmo do nosso coração pode dar-nos um prazer incrível e um poder imensurável. Mas nem sempre é fácil. Nem sempre é simples e nem sempre os outros o aceitam. No entanto, o primeiro passo está dado quando assumimos este compromisso: de cuidar, de ouvir, de manter. O nosso equilíbrio, a nossa felicidade. Isto não significa ignorar o mundo e toda a gente que vive nele para ceder aos nosso caprichos. Mas até para cuidarmos e interagirmos com os outros precisamos, antes de qualquer outra coisa, de cuidar de nós próprios.
Viver também é isto, um desafio constante e complexo que nos vai estimulando a cada etapa e ao qual temos que responder à altura.
Pode dizer-se, que viver por vezes assusta. Por várias razões. É um desafio constante que nos testa e estimula e desafia. É um turbilhão de escolhas, decisões, interações. Muitas interações. Com pessoas, que têm elas próprias as suas individualidades e particularidades. No entanto o primeiro passo pode estar dado quando assumimos este compromisso com o nosso bem-estar. Porque, afinal, se soubermos ser felizes e viver bem connosco próprios é meio caminho andado para vivermos bem com os outros.
"bem-estar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/DLPO/bem-estar [consultado em 14-06-2016].
PSICÓLOGA CLÍNICA
CONSULTA PSICOLÓGICA DE EPILEPSIA
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in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2016
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