Por Ana Luísa Oliveira e Joana de São João Rodrigues
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A Qualidade de Vida é definida como a perceção da pessoa sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais vive, e em relação aos seus objetivos, expetativas, padrões e preocupações. Ou seja, trata-se de um conceito amplo, que interrelaciona o meio ambiente com os aspetos físicos e psicológicos, o nível de independência, as relações sociais e as crenças pessoais.
Hoje em dia, em que tudo parece estar em constante aceleração, parece haver uma quase exigência em fazer cada vez mais coisas em cada vez menos tempo, o que, muitas vezes, parece inviabilizar a possibilidade de estabelecermos os nossos próprios objetivos e escolhermos, de alguma forma, o caminho a seguir. Sabemos que para uma pessoa sentir que a sua vida tem qualidade, tem que ter vários aspetos satisfatórios, nomeadamente a concretização de objetivos e satisfação das suas expetativas. No entanto, ao acontecer tudo mais rápido, como se não houvesse tempo para escolhas, impossibilita-nos, muitas vezes, de sabermos com clareza o que desejamos, podendo, ainda, surgir a sensação de que estamos a passar pela vida com muita pressa, perdendo a oportunidade de a vivermos de facto. Por outro lado, esta noção de falta de tempo para nos questionarmos acerca daquilo que queremos viver, sentindo-nos quase sobrecarregados com a vida, pode ser uma pista importante para refletirmos acerca daquilo que queremos fazer com o nosso tempo, daquilo que verdadeiramente queremos viver.
Uma pessoa sem objetivos é um barco em alto mar sem uma bússola. Sem destino, navegamos de um lado para o outro sem chegar a lugar nenhum, porque sem direção não podemos definir um caminho. À deriva, escondemo-nos na ilusão de que nos protegemos de questões maiores e mais profundas. O receio de fazermos a escolha errada, ou de falharmos em alcançar as metas a que nos propomos, podem deixar-nos tão ansiosos que acabamos por quase paralisar, e deixamo-nos, mais uma vez, ir com a maré. Procuramos evitar estas sensações desagradáveis, mas isso coloca-nos numa espécie de “dormência” também em relação às sensações boas das nossas vidas. Ao negligenciarmos esta parte de nós que sonha e deseja, estamos, gradualmente, a perder contacto connosco próprios.
É essencial criarmos metas e objetivos, estratégias para atingir essas metas, e irmos avaliando as estratégias utilizadas, modificando-as quando não funcionam. Podemos (devemos?) ir ajustando também cada objetivo, aceitando que aquele que definimos há 5 anos pode agora não fazer tanto sentido para a pessoa que somos hoje.
Parece difícil acreditarmos que quase tudo nos é possível e permitido, que somos muito mais livres do que nos permitimos imaginar. Perante todos os compromissos, regras, preconceitos e obrigações, é como se houvesse pouco espaço para as nossas expetativas, para escolhermos aquilo que desejamos viver a seguir. Elas, as expetativas, são uma parte fundamental da vida, são elas que nos motivam para agir: a expectativa de receber um salário pode motivar-nos a ir trabalhar cada dia, a expetativa de ter boas notas motivar-nos a estudar para um exame. Contudo, pelo sentido oposto, quando não temos expetativas ou são fracas, não nos conseguimos motivar e não nos envolvemos na situação. Assim, importa também gerir as expetativas de forma equilibrada, porque se, por um lado, ao serem fracas nós não nos envolvemos, por outro lado, caso sejam demasiado altas podem criar-nos ansiedade e, caso não as atinjamos, frustração.
Voltando novamente para o conceito de qualidade de vida, sabemos que todas estas questões mais psicológicas, nos permitem sentir bem com a vida, sentirmo-nos satisfeitos, mas não apenas isso. Quando estamos de bem com a vida, quando percebemos o que realmente nos motiva, onde reside a nossa verdadeira alegria, o nosso organismo desenvolve como que uma proteção para doenças e a nossa saúde (mental e física) fica muito mais fortalecida.
PSICÓLOGA CLÍNICA DA EQUIPA DA CLARAMENTE
JOANA DE SÃO JOÃO RODRIGUES
PSICÓLOGA CLÍNICA DA EQUIPA DA CLARAMENTE
www.claramente.pt
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in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2016
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