in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2014
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Desde crianças que acontece partilharmos o nosso espaço, tempo, vontades, bens, com quem está próximo… para uma harmonia e bem-estar do grupo. No jardim-de-infância, fazer um jogo com amigos e partilhar risadas no recreio, trocar lápis de cor numa catividade de pintar, passar a outro um livro de histórias que já viu ou libertar um brinquedo para um/a colega brincar, são exemplos disso!
Na nossa sociedade atual, dita “de consumo”, podemos ser levados a correr para a aquisição e substituição rápida e facilitada de bens novos e apelativos. Mas será a única opção? Necessitar de algo e ficar limitado de o alcançar apenas na medida da sua capacidade financeira e à custa de consumir mais recursos?
Considerando que todos nós possuímos bens e capacidades que não estamos a usar (oferta) e existem outros que nos seriam úteis (procura), partilhar é ligar as pessoas que precisam às pessoas que possuem. Partilhar é dar e receber.
Existe uma crescente adesão ao conceito de Economia da Partilha, um modelo socioeconómico que promove um modo de vida e de negócio sustentáveis, com esta reciprocidade, para criar uma comunidade global de pessoas que partilham. Em que a necessidade de possuir é transformada em poder aceder àquilo de que necessitamos.
Cada um de nós é um potencial fornecedor de bens, serviços e experiências “partilháveis”!
Foram estimados em +400 mil milhões de euros1 os bens que, a nível mundial, não estão a ser usados e poderiam ser partilhados (trocados, emprestados, alugados…). E ainda milhares de serviços associados a este conceito que podem ser promovidos e divulgados como tal, tornando-os mais acessíveis. (Ref: 1. Agência Lusa in Jornal i, 3/Out/2013, dados The People Who Share 2013, valor original em libras).
Desde lugares livres num carro a espaços disponíveis na casa ou escritório, competências, conhecimento, tempo, recursos, responsabilidades, oportunidades, ideias, produtos, equipamentos, serviços…! Partilhar, em casa, no trabalho, com amigos, vizinhos, família ou desconhecidos, contribui para estilos de vida mais felizes, saudáveis e sustentáveis. Vai viajar para um local frio/quente? Ter um filho? Viver para outra casa? Limpou a garagem? Os recursos necessários ou em excesso podem circular numa rede de partilha, por iniciativa própria, em lojas ou eventos de partilhas e trocas ou em sites da área. No dia-a-dia, pode sugerir ou emprestar um filme ou música de que se gostou, talvez trazer outro na volta, debater ideias num grupo de trabalho ou de lazer, abraços, troca de roupa usada, fazer refeições partilhadas, contar as aventuras das férias e viajar assim em conjunto, ver um pôr-do-sol, levar para o trabalho o bolo que sobrou de uma festa para os colegas provarem, sorrisos entre desconhecidos, entre outros, são gestos que preenchem aos poucos e tornam a vida diária mais colorida, simples e leve.
Podemos começar ponderando: O que partilho? O que gostaria de partilhar?
Assim, é só escolher: ponderar outras opções antes de uma aquisição e colocar a circular bens e competências que estão paradas e serão úteis a outros. A Partilha baseia-se em princípios que têm assumido cada vez mais importância na nossa sociedade, pois é:
- Atual: enquadra-se na crescente consciência para a sustentabilidade e considera alternativas ao contexto socioeconómico menos favorável;
- Sustentável: uma vez que partilhando promovemos a redução do consumo de novos materiais e recursos e a reutilização dos existentes;
- Social: promove a interação e o diálogo entre pessoas diferentes e gera interações benéficas para todos os envolvidos;
- Fácil: todos temos coisas que não usamos ou que necessitamos;
- Divertida: experimentar novas dinâmicas em casa, no trabalho, com amigos, vizinhos, família ou desconhecidos, procurando novas soluções para as necessidades;
- Acessível: pode-se partilhar em casa, no trabalho, com amigos, vizinhos, família ou desconhecidos, presencialmente ou à distância.
Existem alternativas sustentáveis e felizes para a nossa vida e consumo em sociedade. A partilha implica uma mudança de perspetiva e postura, mas criativa e leve, em que surgem novas hipóteses perante uma necessidade e permite alcançá-la com benefícios para todos os envolvidos.
Juntos somos mais fortes, felizes e sustentáveis!
CÂNDIDA RATO CONSULTORA, FORMADORA E COORD. NACIONAL THE PEOPLE WHO SHARE - PORTUGAL www.thepeoplewhoshare.pt facebook.com/ThePeopleWhoSharePortugal [email protected] in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2014 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |