Por Rute Pereira
in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2017
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A verdade aparece como algo natural, ligada ao instinto, à criança que existe em cada adulto (essa criança enquanto crescia foi aprendendo a mentir e a esconder-se), ligada à simplicidade e à “despreocupação” com as consequências. A verdade é um estado consciente de consciência, que implica um conhecimento profundo de si mesmo, do outro e do ambiente que os rodeia.
Este estado de consciência, vai sendo camuflado à medida que o medo entra em cena. O medo é o maior inimigo da verdade, por isso toda a gente mente; toda a gente mente porque toda a gente tem medo. Pode haver uma exceção ou outra, mas são as mesmas exceções que confirmam a existência da regra.
Enquanto o ser humano não compreender efetivamente o medo, vai continuar a vivenciar meias verdades e puras mentiras, e a receber na sua vida as consequências destas. Porque tudo tem consequências. Até as verdades. Verdade verdadinha. E só por aí já dá para entender o que poderá acontecer a seguir a uma “mentirinha”: esta ser descoberta e levar a um caminho de descrédito e desconfiança, por exemplo. Diz a ciência que o cérebro humano está concebido para mentir. E isso é interessante, na medida que a mente se chama mente porque mente, de facto! O cérebro guia-se pelos cinco sentidos físicos e estes por vezes são muito falíveis, eles mesmos mentem.
Lá está, toda a gente mente; incluindo os sentidos, os anúncios, e os lideres espirituais e religiosos. Às vezes são apenas mentiras “piedosas”, mas são mentiras, aumentam a ilusão, estimulam o não-ser.
Poucas são as relações humanas sem mentiras ou omissões, sem meias verdades. Porque o medo está presente. E o Ser não. O Ser está presente quando não se pensa em nada, quando não há comparações nem criticas, externas ou internas. O Ser está presente quando a mente se aquieta e silencia, quando a pessoa é livre para dizer a verdade, para encarnar a verdade e para defendê-la acima de tudo. Esta aparece sempre que há uma integração completa entre o pensar, o sentir, o falar e o agir.
Ter a compreensão disto é demais fundamental no relacionamento consigo mesmo, pois proporciona uma liberdade tal, que se propaga para o relacionamento com os outros e com a sociedade onde se está inserido. Enquanto a própria sociedade e os seus padrões criarem ilusões, a verdade será sempre só meia, um quarto ou um terço. Não será inteira nem absoluta. O ser humano tem de se relacionar com a verdade e amá-la e adorá-la e senti-la como uma aliada, como uma protetora, como algo que é parte intrínseca do seu Ser.
Isto torna-se mais real na medida em que o individuo for trabalhando a prática da verdade em pequenas coisas do quotidiano, em pequenas decisões diárias.
É necessário aquietar a mente e os pensamentos, equilibrar as ansiedades e os medos, ser VERDADEIRO E CONSEQUENTE CONSIGO PRÓPRIO, para amar a verdade e partilhá-la com os outros continuamente, deixando-a fluir de forma harmoniosa.
Encarar a verdade como um ato coragem e até de rebeldia contra algumas mentiras que parecem já estar instituídas, favorece a mudança interior e nas relações pessoais e profissionais. É algo realmente libertador!
Por vezes, diz-se que a verdade dói. Diz-se que a verdade pode fazer com que a pessoa perca outra. Ou perca o emprego. Ou perca os amigos. Na realidade, as verdades não precisam magoar nem implicam fazer perder o que quer que seja; exigem apenas uma verdadeira consciência da consequência da ação, mas isso também o fazem as mentiras.
Portanto, e como a vida é feita de escolhas, cada quem que escolha onde quer estar com mais frequência: na mentira, na ilusão, na meia verdade ou na verdade absoluta. Qualquer que seja a escolha, o melhor é mesmo fazê-la com consciência da consequência. Porque certamente, nem sempre vai estar a mentir e nem sempre vai ser verdadeiro (principalmente consigo mesmo).
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in REVISTA PROGREDIR | JUNHO 2017
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