Por Ana Guimarães
in REVISTA PROGREDIR | JULHO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A feijões ou em competições mais sérias. No desporto. Em ambiente profissional. Até nos serões familiares de jogos de tabuleiro.
Vencer faz-nos sentir bem! Sentimo-nos poderosos.
E essa sensação de empoderamento tem impacto nos resultados que obtemos...
Quanto mais poderosos nos sentimos, melhores e mais consistentes os nossos resultados.
A recíproca também é verdadeira: quando nos sentimos desempoderados, a nossa performance cai a pique, mesmo que a tarefa em questão seja algo em que geralmente somos bons.
UM EXEMPLO PRÁTICO
Numa experiência, o desafio consistia em fazer lançamentos de basquetebol com os olhos vendados. As pessoas eram observadas separadamente.
Uma pessoa foi aplaudida e encorajada. Deram-lhe a informação falsa de que tinha convertido boa parte dos lançamentos.
Outra pessoa converteu a maior parte dos lançamentos, mas o público recebeu instruções para fazer sons de contestação e desencorajamento. Além disso, ainda foi erradamente informada de que a sua taxa de conversão tinha sido muito baixa.
O impacto foi visível!
Costas direitas, postura ereta e confiante com expressão facial triunfante e motivada no primeiro caso. O exato oposto, no segundo caso.
A primeira melhorou os resultados obtidos, após o feedback falso. A segunda, piorou significativamente.
O QUE ACONTECE NO CÉREBRO QUANDO VENCEMOS
O nosso cérebro evoluiu para buscar a sensação de bem-estar gerada quando adotamos comportamentos que suportam a nossa sobrevivência.
Essa recompensa também pode ser obtida artificialmente, assistindo a competições (desportivas, por exemplo), jogando jogos de vídeo, vendo filmes, entre outros exemplos.
A vitória da nossa equipa ou o do nosso herói favorito, faz-nos sentir triunfantes e poderosos!
O nosso cérebro despoleta a segregação de doses elevadas de dopamina, oxitocina e serotonina, um cocktail bombástico de neuroquímicos de bem-estar!
A dopamina antecipa a sensação de recompensa futura para garantir comportamentos alinhados com os nossos objetivos de sobrevivência e de reprodução.
Num exemplo mais mundano, comemos o nosso bolo favorito porque antecipamos o prazer que iremos obter ao fazê-lo. Não faz a diferença entre sobreviver ou não, mas torna a experiência muito mais saborosa!
Este mecanismo desempenha um papel fundamental na prossecução dos nossos objetivos pessoais.
Quando desenvolvemos novas competências ou damos outros passos na direção dos nossos objetivos, também temos direito a cocktail e à recompensa gerada!
A serotonina é produzida quando nos sentimos respeitados pela tribo.
A oxitocina entra em campo quando nos sentimos aceites e parte de um grupo.
Após termos um gostinho da recompensa esperada, do respeito do clã e da sensação de pertença ao mesmo, não medimos esforços para voltarmos a ter oportunidade de nos sentirmos assim!
Damos o nosso melhor em alguma tarefa porque reproduzimos no momento presente a sensação fantástica de sermos nela bem sucedidos futuramente.
E repetimos comportamentos ou ações que nos geraram picos deste cocktail de neuroquímicos anteriormente.
A sua ligação à nossa motivação é clara: quanto mais sucesso, mais frequente é o cocktail.
Mas... Após sucessos repetidos a sensação de vitória vai-se esbatendo. Após a vitória, estes neuroquímicos são metabolizados. Para obter mais, teremos que fazer mais!
Nesses casos, a motivação é recuperada com novos objetivos, mais ambiciosos e audaciosos. Novidade! No novelty, no dopamine!
E a seleção natural brindou-nos com um cérebro que se sente bem quando trabalha na prossecução de objetivos.
Este circuito de estabelecimento de objetivos, vitória e recompensa, estabelecimento de novos objetivos dita o ritmo do nosso crescimento, evolução pessoal e profissional! São loops vitoriosos! E são desenhados para nos manterem motivados e em ação!
VENCER É UM INSTINTO PRIMÁRIO
E terá as suas raízes no mais básico instinto humano: a sobrevivência.
Se não vencêssemos a batalha contra o predador ou contra a tribo rival... Então, game over!!
A problemática e desafios de sobrevivência evoluíram, mas o instinto permaneceu.
A vitória. A sensação de poder. A posição assim consolidada na hierarquia do grupo. Impactam até à nossa longevidade!
Os vencedores de Óscares vivem, em média mais 2 anos do que os nomeados!
Contudo, o momento atual da nossa espécie pede um esforço consciente para valorizarmos, realmente vivermos e claro, celebrarmos as vitórias do caminho!
Se até os neuroquímicos de recompensa são metabolizados e desaparecem após a vitória almejada...
É sinal de que o caminho é tão ou mais importante do que a chegada ao destino, propriamente dita.
Apreciar a experiência do caminho, o processo que nos leva à nossa próxima melhor versão de nós mesmos.
Essa é a verdadeira vitória e garantia de um estado consistente de bem-estar e empoderamento!
NEUROCOACH | TRAINER | SPEAKER I EMOTIONAL BRAIN EXPERT | SCIENCE TRANSLATOR
Descodificar a Mente | Decifrar o Cérebro | Transformar Padrões Cerebrais
www.anaguimaraes.pt
[email protected]
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