Por Sónia Gravanita
in REVISTA PROGREDIR | JANEIRO 2018
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
São muitas as influências, dos livros, às músicas, ao cinema, que inspiram o desejo de encontrar a outra metade da laranja, o parceiro que completa a parte que nos falta para vivermos felizes para sempre.
Recorda-se da ultima vez que se apaixonou? Como se sentia? Talvez sem saber como, ou sabendo, conforme a experiência de cada um, deixou-se encantar por aquela pessoa, pelo humor, pela beleza, pelo brilho do olhar, pelas suas caraterísticas, tudo era maravilhoso, parecia que todos os problemas tinham desaparecido e o mundo deixou de ter importância, aquela era a tal pessoa, que sempre desejou para a sua vida. Sem ter consciência, projetou naquele Ser todas as suas idealizações, talvez a pessoa que iria salva-la(o) e que a iria livra-la(o) de todos os problemas, este é o sonho de muitas pessoas. A Ciência diz-nos que no estado de paixão, o cérebro fica alterado como se estivesse sobre o efeito de uma droga, é um estado alterado de consciência, em que se perde a lucidez.
É passada esta fase inicial, que o encanto se começa a quebrar, que se olha o outro como ele é, e não como queríamos que fosse, é tempo de ver o todo. Aqui pode nascer a desilusão, o outro começa a mostrar-se como é, e isso não corresponde ao parceiro ideal construído, começam a surgir os primeiros conflitos, estes acontecem porque são colocados em cena carências, vazios, sombras e feridas emocionais. Esta pode ser uma razão em que se saí rumo a uma nova paixão, ou um momento de soltar as ilusões, porque nos deixamos enganar por uma parte de nós mais imatura, que desejava que o outro se pudesse responsabilizar e cuidar por nós.
A partir daquele momento, abre-se uma nova oportunidade, uma vez que já se vê o outro, abrimo-nos à possibilidade de descobrir o outro e descobrirmo-nos no outro, construindo uma nova relação de partilha e de parceria. A relação de casal é um laboratório de observação, o outro espelha coisas que não se quer ver, ou estão extremamente reprimidas, ou perante um determinado comportamento, ou a falta dele, são ativadas memorias das nossas feridas, que fomos enterrando no mais profundo do nosso ser, colocarmo-nos em contacto com essa imagem do passado, podem trazer-nos emoções de abandono, rejeição, medo, raiva e levar-nos para essa dor antiga. Estes são momentos dolorosos, mas extremamente férteis, ao darmo-nos conta, que cada membro do casal tem a sua própria história, que tem de abraça, acolhendo atravessando os seus próprios “demónios” internos, responsabilizando-se por si, e desenvolvendo compaixão por si e pelos outros, aceitando a Humanidade de cada um.
É neste espaço em que os dois são inteiros que se escolheram e se relacionam com compromisso, intimidade, verdade e qualidade comunicacional, em que cada um cuida da sua individualidade e da relação de casal que esta pode florescer. Em que as várias dificuldades no caminho são uma oportunidade para avançar e crescer a partir da consciência, um passo a seguir ao outro, em atenção plena e presença.
PSICÓLOGA CLÍNICA
PSICOTERAPEUTA
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