in REVISTA PROGREDIR |NOVEMBRO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Uma das áreas que melhor espelha tudo isto, são os relacionamentos amorosos. Aprendemos a acreditar que, se encontrarmos aquela pessoa então vai ficar tudo bem. E isso faz-nos continuar a perpetuar nos mesmos padrões, em busca da solução no exterior.
Só que, tudo aquilo que evitamos, acaba por controlar a nossa vida. Toda esta necessidade em encontrar a paz ou a alegria do lado de fora, é também um mecanismo de defesa. Enquanto continuamos à procura, não temos de lidar com as nossas dores, os nossos traumas e as nossas feridas emocionais. Todas as distrações servem de compensação, para aliviar um pouco o nosso stress ou ansiedade.
Evitamos a todo o custo lidarmos com o nosso conflito interno, e quanto mais evitamos, mais repercussões isso vai ter na nossa saúde. Costumo perguntar aos meus clientes: “que segredos é que não querem que ninguém descubra?”
Disfarçamos muito bem a nossa dor, a nossa tristeza, o nosso medo ou a nossa raiva. Somos especialistas em fazê-lo e temos dificuldade em mostrar a nossa vulnerabilidade. Tudo se tornaria mais fácil se tomarmos a decisão consciente de não mais fugir de nós. De não mais fugir e rejeitar os nossos estados emocionais. “Eles” não se vão embora simplesmente porque os ignoramos. Vão continuar a chamar-nos atenção, até que comecemos a olhar de frente para tudo aquilo que temos evitado.
É necessária coragem para abraçarmos cada vez mais a nossa vulnerabilidade. Baixarmos as defesas que aprendemos a erguer. Começarmos a dissolver as máscaras que usamos para fingir que somos o que não somos. Mas se não nos damos permissão para o fazer, então vamos acabar constantemente desiludidos. Isto porque somos nós que criamos as nossas próprias ilusões e expectativas, e quando em algum momento somos confrontados com a realidade, dói.
Quanto mais vulneráveis nos tornamos, menos necessidade há de fugir. Quando entendemos que a única coisa de que temos medo é de sentir, e decidimos não mais fugir dos nossos sentimentos, o conflito interno naturalmente diminui e com isso a nossa saúde melhora como consequência.
A ansiedade, por exemplo, não é nada mais nada menos do que a perceção de que existe um perigo para enfrentar. Com isso o nosso corpo fica em constante estado de alerta pronto para enfrentar o suposto perigo. Mas onde está o perigo? É mesmo verdade que neste exato momento existe algum perigo? E a resposta é Não. Mas como o nosso corpo não distingue entre o que é real daquilo que é imaginado e percecionado, vai ficar agitado, ansioso, preparado para o pior. Um corpo nesse estado está tenso e rígido. Está assustado. E como não queremos que ninguém veja o quanto assustados estamos, colocamos várias capas e máscaras, para não sermos descobertos.
A paz, liberdade e alegria que tanto procuramos, surge naturalmente, a partir no momento que começamos a reconhecer e a sentir o que está por trás de tudo isso. É no reconhecimento e na aceitação que o conflito cessa. Não podemos curar aquilo que não nos permitimos sentir. Não há nada de errado com nenhum sentimento nosso, a não ser o facto de acreditarmos nisso. Se acreditamos que existe algo de errado, vamos naturalmente esconder, não nos apercebendo de que nos estamos a esconder. A nossa livre expressão é o indicador que mostra que estamos cada vez mais à vontade na nossa vulnerabilidade. Quando começamos a deixar de esconder o que sentimos, trazendo luz aos nossos aspectos mais ocultos, diminuímos a resistência e sentirmo-nos mais livres e mais vitais é uma consequência natural.
COACH E AUTOR ESPECIALISTA EM TRANSFORMAÇÃO PESSOAL
www.paulocordeiro.pt
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