in REVISTA PROGREDIR | MARÇO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
A pandemia e os desafios para a Saúde
A pandemia por Covid-19 veio trazer-nos vários desafios para a Saúde (para a Saúde Pública, para a saúde das comunidades, para a saúde individual e para a saúde das famílias). Como Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Comunitária e Saúde Pública tive a oportunidade de diagnosticar e intervir (quer no apoio aos cuidados, quer no ensino e na investigação) nestes vários domínios da saúde.
Na Saúde Pública, desde logo uma crise de saúde, que exigiu uma gestão com a otimização de equipas (mobilizando recursos para responder à pandemia) e promovendo a informação e adesão da população às medidas de proteção.
Na saúde individual (e coletiva), em paralelo, o diagnóstico da suscetibilidade à infeção das pessoas (analisando o seu grau de risco de ser infetadas, baseado nos seus conhecimentos, crenças e comportamentos) e as pessoas infetadas, identificando-as através de encaminhamento para testes, avaliando o seu comportamento de procura de saúde, o seu autocontrolo da infeção.
Ao nível das famílias, por exemplo, quando as pessoas infetadas eram crianças ou pessoas dependentes, avaliando e dando suporte ao papel parental no primeiro caso e ao papel de prestador de cuidados no segundo. Outros desafios houveram relacionados com a Saúde Familiar, como a crescente prevalência de Rendimentos Familiares insuficientes (por via da perda económica associada à necessidade de ficar em casa, seja por via do isolamento profilático, seja por via do autocontrolo da infeção). Também aumentaram os problemas relacionados com a Satisfação Conjugal e o risco, e a prevalência da violência doméstica.
Mas houve ainda a necessidade de abordar a Saúde das comunidades, como as Estruturas Residenciais para Idosos ou as Escolas e aqui diagnosticar e promover a Gestão Comunitária para responder à pandemia, ajudando-as a reorganizar-se.
A segunda vaga: desafio maior, força maior
Esta segunda vaga da pandemia que em Portugal começou em janeiro, tendo o seu pico máximo precisamente no final desse mês, com um número superior aos 16 000 casos em 24 hora e centenas de mortos, retornámos a um confinamento apertado, que reforçou os desafios de saúde que apresentei acima. Os serviços de saúde ficaram sobrecarregados e sem resposta a outras situações não-Covid. Mas foi o mês em que começou a avançar a vacinação da população. Estamos agora a vacinar os mais velhos e os doentes crónicos, depois de protegidos os profissionais da linha da frente. Espera-se que até ao verão consigamos atingir a imunidade de grupo.
Mas além disso, não somos mais os cidadãos de março de 2020. Somos cidadãos informados, que se superaram nos desafios e que demonstraram ser capazes de em 2021 mostrar que nos uniremos cada vez mais para vencer esta pandemia e para nos apoiarmos nos próximos desafios que aí vêm, relacionados com a crise económica.
A segunda vaga dará origem a uma terceira vaga, mas desta vez, estou convicto, uma vaga de Esperança, de reforço da Solidariedade e na prova de que os portugueses não são um povo qualquer e sabem usar a energia do Amor para vencer tudo.
PROFESSOR NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA (ICS – PORTO) E ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA; ESCRITOR
www.facebook.com/escritorpedromello
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