Por Manuela Selas
in REVISTA PROGREDIR |SETEMBRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Estamos habituados a pensar em metas e objetivos pessoais e a defini-los individualmente.
Definimos objetivos físicos, como alcançar um determinado peso, forma física, deixar de fumar, de roer as unhas, etc. Encaramos como natural e até desejável definir objetivos materiais como comprar um carro, uma casa, tirar um curso ou realizar uma viagem. E reconhecemos a importância de definir objetivos profissionais para alcançar determinados resultados ou gerar determinados lucros, mas raramente definimos objetivos para a nossa relação.
Quando pergunto aos casais que me procuram qual é o seu objetivo, qual a intenção ou qual o propósito da sua relação, a resposta normalmente é:
- Queremos ser felizes!
E está tudo bem… “Ser feliz” é uma necessidade humana básica e universal. Todas as pessoas, de uma ou de outra forma, desejam ser felizes. Mas isso não chega. Desejar ser feliz pode não ser suficiente para enfrentar todos os desafios da vida a dois e todos os momentos menos felizes e até infelizes que, inevitavelmente, irão acontecer. Fazem parte da vida.
O que acontece muitas vezes nas relações, é as pessoas ficarem à espera que “o amor resolva tudo”.
E claro, a vida trata de demonstrar, (às vezes de forma muito dolorosa) que não é bem assim… E que acreditar que um casal, porque se ama, será “feliz para sempre” pode ser um grande engano. Aliás, segundo os especialistas, pode até estar na base do insucesso de muitas relações.
De acordo com os dados mais recentes (apurados pela Pordata), a taxa de divórcios situou-se, em 2017, nos 64,20%. Esta percentagem aumenta quando falamos de segundos casamentos e não inclui as relações que não foram formalizadas junto do registo civil.
Estes números dão-nos que pensar.
O que falha nas relações?
Quando é que a chama se apaga?
Com podemos antecipar e prever o fim da magia?
Até onde devemos estar dispostos a ceder?
É possível resgatar o amor e a alegria?
Como podemos ser felizes e manter-nos felizes?
Estas dúvidas assolam muitos casais à beira de uma crise.
A resposta pode parecer simples… ou nem por isso.
- Tudo numa relação é possível, desde que ambos acreditem que é possível.
Na verdade, a resposta é simples, mas naturalmente, a sua concretização não é nada fácil.
Porque aquilo em que acreditamos determina as nossas ações, os nossos comportamentos, a forma como pensamos e a forma como nos sentimos. Por isso, há uma questão que todos os casais devem regularmente colocar a si próprios sob pena de, se não o fizerem, ela acabar gerar mais cedo ou mais tarde, direta ou indiretamente, com mais ou menos sofrimento, resultados imprevisíveis e devastadores para a relação:
A pergunta é:
- A nossa relação vale a pena?
Há relações que devem terminar rapidamente e algumas que nunca deveriam ter acontecido. Há relações que só geram sofrimento e que potenciam comportamentos, atitudes, desejos e sentimentos que revelam a pior versão de cada um dos elementos do casal. Essas relações, obviamente, devem terminar e libertar as pessoas para serem felizes. Mas isso não é, seguramente, o que acontece com a maioria das relações. A maior parte delas, acredito, vale mesmo a pena. E merece ser cuidada.
Da minha experiência enquanto coach constato que a maior parte das pessoas não faz melhor apenas porque… não sabe como.
Por isso é tão importante as pessoas aprenderem a ser felizes de forma mais consciente e, quando não souberem como, procurarem ajuda.
Às vezes é importante parar e conversar sobre o propósito da relação, sobre o futuro da relação, sobre os valores que unem as duas pessoas, sobre aquilo que desejam fazer juntos, sobre o dia a dia que querem viver, sobre os sonhos que querem realizar, sobre a vida que querem construir e sobre o destino que querem ter.
Se o casal não dialoga, não partilha sonhos, se não está alinhado na forma como vê, como sentem e como entende a relação, então o mais provável é que o barco da relação prossiga à deriva e o destino seja apenas uma questão de sorte… Ou de azar…
No conto da Alice no País das Maravilhas, há um momento em que a Alice, perdida, encontra o Gato em cima de uma árvore e pergunta-lhe:
– O senhor pode ajudar-me?
– Claro! - responde o Gato.
– Qual é o caminho que devo seguir para sair daqui?
- Isso depende muito de para onde tu queres ir” - responde-lhe o Gato.
- Eu não me importo muito para onde… - responde Alice.
- Então qualquer caminho serve - concluiu o Gato.
A intenção, o propósito, a missão numa relação é um princípio orientador. Faz com que tudo se alinhe e ganhe sentido. Defini-lo, desenhá-lo e senti-lo em casal de forma explícita e inequívoca abre o caminho para uma relação saudável, profundamente comprometida e única.
Abre o caminho para a felicidade.
COACH DE CASAIS
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in REVISTA PROGREDIR |SETEMBRO 2019
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