Por Sílvia Coelho
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
É na relação com o outro que eu aprendo a ser gente. É na relação com o outro que eu (co)crio a minha identidade. Do ponto de vista psicológico, somos pessoas porque nos relacionamos com outras pessoas. Logo, uma referência é sempre fundamental na vida e no desenvolvimento de qualquer ser humano. Pode ser boa para imitar ou pode ser boa para contrariar. É neste encontro entre o “Eu” e o “Outro” que se Cocria a realidade. E a nossa realidade define-se entre o dentro e o fora. Entre o verso e o reverso. O mundo interno e o mundo externo de cada ser humano são perfeitamente interligados e correlacionados. São uma realidade com duas dimensões diferentes. Para cada um de nós possa evoluir enquanto pessoa, é tão importante o autoconhecimento como a qualidade da relação que é estabelecida com os outros.
O mergulho profundo em si próprio é um exercício fundamental e que recomendo vivamente. Cada um, à sua maneira, deverá caminhar no sentido do seu núcleo, da sua essência. Saber-se quem se é, será, talvez, a 8ª maravilha do mundo! Por outro lado, a descoberta de quem somos depende das referências que temos, isto é, depende daquilo que se passa no exterior, particularmente do meio humano onde nos movemos. É na relação com o outro que eu me descubro. Que eu decido quem quero ser e que caminho quero seguir. Por modelo ou por antítese, o produto da relação com o outro é Cocriadora da minha identidade. Quando eu integro em mim aspectos do mundo que me rodeia, eu estou a evoluir. Quando consigo retribuir ao outro o produto da minha própria evolução, crescemos os dois. Daí que “Eu” e o “Outro” sejamos agentes que Cocriam realidades, a minha, a do outro, e o espaço de interseção, a que chamamos de “nossa”. Estou verdadeiramente convencida de que a qualidade da nossa vida e da forma como a apreciamos depende essencialmente de dois aspetos fundamentais:
(1) da qualidade e do afinco com que nos procuramos conhecer internamente. Quem sou eu afinal? Qual é a minha essência? Qual é o meu propósito? Eu sou eu, ou sou apenas um reflexo da expetativa dos outros?
(2) da qualidade das relações que estabelecemos com os outros significantes na nossa vida. Sou capaz de aceitar a diferença como o impulso que me faz evoluir? Que me abre horizontes? Sou capaz de respeitar e analisar a perspetiva do outro? Sou capaz de integrar outras perspetivas? Vejo o outro como complementar à minha própria existência?
Pois é...para que eu possa ir evoluindo no “Eu sou”, em bem, tenho que mergulhar a pique na minha essência e, em simultâneo, caminhar com o outro, dando, recebendo e interagindo. E é nesta maravilhosa troca que se esconde a magia do ser humano. O “Eu” individual só existe porque existem os outros dos quais eu me diferencio. E dessa relação com a diferença, nasce o meu mundo. Um mundo que se vai criando e reinventando todos os dias. (Inter)relação e (co)criação são inseparáveis! Desta forma, todos contribuímos para Cocriar a nossa (melhor) realidade e para melhorar a realidade dos outros. Pensar sobre isto já é meio caminho andado!
PSICÓLOGA
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in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2019
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