Por Júlio Barroco
in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2015
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Por dentro ou por fora, quando viajamos tendemos a respeitar mais o momento presente, e muito do que pomos de lado nas rotinas do dia-a-dia. Sejam ambientes, destinos ou pessoas - ou tendências, recordações ou sonhos - o que é encarado desta forma tem uma melhor oportunidade de conseguir inspirar-nos. Num dado momento, uma viagem pode ser a peça que falta para cativar a nossa atenção, abrir ainda mais a nossa mente ou expandir o nosso coração – pode conseguir tudo isto.
Acredito que faz sentido considerarmos três tipos de viagens: de escape, de aproximação ou aprofundamento, e de descoberta.
Nas viagens de escape, colocamos a atenção noutra parte de nós ou das nossas vidas. É o tipo habitual nas viagens de férias ou fins de semana (“escapadelas”) – ou, antes disso, nas viagens diárias que repetimos pela televisão e internet, por exemplo. No seu melhor, regeneram-nos. Encontramos aberturas para nos reconectarmos - revitalizamos perceções e conseguimos um novo fôlego. A principal armadilha deste tipo de viagens está em poder ser usado como fuga à realidade.
Nas viagens de aproximação ou aprofundamento, a tendência é escolhermos uma extensão do caminho onde estamos. É o tipo habitual nas viagens profissionais ou culturais, e também em certos processos de desenvolvimento pessoal, nos cursos que fazemos ou nos livros que lemos. Procuramos certas experiências, e queremos levar ainda mais longe a parte da nossa vida que se relaciona com elas. Uma das principais armadilhas está em confundir ou baralhar essas experiências com a viagem maior, invertendo prioridades.
Nas viagens de descoberta há um salto deliberado no desconhecido. A imagem típica que nos surge é a do viajante solitário. Na essência, é uma questão de atitude: qualquer meio serve (o mesmo se aplica aos outros tipos). Estas viagens requerem uma boa dose de preparação – e de coragem. São as mais raras de todas. Promovem um contato com a vida sem rival, e testam o viajante nos seus limites. Como armadilha, facilitam a dependência das sensações de pico, e a tendência para saltar de experiência em experiência, sem as assimilar e aprofundar além do momento.
Uma boa viagem cria uma nova história na nossa vida – mesmo sendo apenas uma secção ou capítulo da história maior. Traz uma dose extra de sentido e de cor, principalmente quando sabermos conjugar intenção, atenção e espaço nas doses certas. E permite que a usemos para crescermos além dos guiões e das rotinas.
Seja qual for a realidade ou tipo de viagem (na prática, é uma combinação de todos), talvez o melhor daquilo que tem para nos oferecer seja isto: ampliar o sentido das nossas vidas. Quase sempre, consegue-o pelo contraste com a parte por ampliar: mostra-nos o que fazemos e o que deixamos de fazer – o que somos e o que podemos ser. Traz-nos novas perspetivas. Em muitas das melhores reflexões acabamos por perceber que aquilo que vivemos no exterior é uma metáfora dos processos interiores que fizemos - ou deixámos de fazer. É assim que vamos mesmo até ao fim. E encontramos pistas preciosas para melhorar.
JÚLIO BARROCO COACH, CONSULTOR, FORMADOR, AUTOR, EMPREENDEDOR www.juliobarroco.com facebook.com/pages/Júlio-Barroco-Dreamer-Changer/310682895641197 www.linkedin.com/in/juliobarroco [email protected] in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |