
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2014
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Existem muitos prismas pelos quais podemos olhar para a espiritualidade, sendo que seja qual for o prisma escolhido não podemos descurar o ideal do encontro de um sentido para a vida com uma conexão connosco próprios e com algo superior a nós, que sirva como um guia, uma orientação, um apoio. Ao mesmo tempo, convém realçar a ideia de que a espiritualidade não tem que estar necessariamente ligada a uma religião, que é regida por regras e dogmas.
Cada ser humano vive a espiritualidade de uma forma muito própria, procurando diariamente o seu desenvolvimento e potenciação, apoiando-se em inúmeros conhecimentos partilhados por outros seres humanos que têm como objetivo a partilha e promoção da consciencialização e da vivência genuína da espiritualidade de cada pessoa.
Tendo em conta a procura de um sentido para a vida, foram-se desenvolvendo ao longo dos anos diversas terapias, baseadas em diferentes fontes de conhecimento, para a promoção da espiritualidade para que cada pessoa se conectasse consigo mesmo e encontrasse apoio em algo superior que o orientasse na sua caminhada de vida.
A par deste boom de terapias, surgiram grandes controvérsias, como por exemplo algumas “guerrilhas” científicas que tentam desacreditar essas terapias, mas que ao mesmo tempo investigam a espiritualidade, baseando-se num conceito transversal: o encontro da pessoa consigo mesmo, com as suas emoções, sentimentos e o encontro de estratégias promotoras de bem-estar.
Mais do que a forma como a pessoa se apoia para desenvolver a sua espiritualidade é como a vive, sente e desenvolve em si e para si diariamente. Não é de todo suficiente adquirir e diversificar os seus conhecimentos, se depois não há a vivência da espiritualidade no seu dia-a-dia, expressa nas suas ações, emoções, palavras e nas suas relações.
Olhando direta e conscientemente para a espiritualidade nos dias de hoje, pode se constatar que existe um grande fator de desenvolvimento espiritual, mas que se deixa ficar pela rama, por uma partilha e aquisição de conhecimentos sem existir uma integração na vida de cada pessoa, quer esteja a partilhar os seus conhecimentos ou a adquirir.
Esta vivência mais superficial da espiritualidade tem contribuído para a valorização dos argumentos de quem se dedica a desvalorizar, criticar e desacreditar todas as terapias que foram sido criadas e desenvolvidas ao longo dos tempos.
Neste sentido, gostaríamos de fazer uma proposta ao leitor: que por instantes parasse o ritmo frenético da sua vida, refletisse sobre a forma como sente e vive a sua espiritualidade e como a manifesta no seu dia-a-dia. Que ideias surgirão com esta reflexão?
Possivelmente após refletir por um dado período de tempo surgirão mais questões do que respostas a estas perguntas que cada um colocará a si mesmo, sendo que este processo está totalmente relacionado como a forma como sentimos a espiritualidade em nós e se por exemplo, só nos lembramos que somos seres espirituais quando nos encontramos a viver um período mais conturbado necessitando de orientação.
A espiritualidade de uma pessoa não está presente apenas nos períodos mais conturbados, de medos e dúvidas, sendo algo que faz parte do nosso ser, tendo em conta a visão holística de cada ser humano e contribui para o bem-estar de todos os outros níveis da nossa vida: psicológico, mental, emocional e físico. É este sentido consciente de espiritualidade que nos permite procurar e atingir um equilíbrio no nosso dia-a-dia e na nossa vida.
A vivência genuína da espiritualidade permite uma conexão consciente com as nossas emoções, com o nosso poder pessoal, promovendo o desenvolvimento do nosso autoconhecimento e aperfeiçoando a forma como nos relacionamos connosco próprios e com os outros. Ao mesmo tempo permite que encontremos algo superior que nos sirva de orientação, de apoio, mas que podemos encontrar em todos os momentos da nossa vida, sejam eles mais ou menos felizes.
Um olhar sobre a espiritualidade é olhar atentamente para o nosso interior, sentindo cada emoção, escutando cada sinal emanado pelo nosso corpo, tendo em conta cada pensamento criado pela nossa mente, de forma a podermos desenvolver uma conexão genuína com o nosso interior e encontrando assim a orientação de algo superior, que é muitas vezes um reflexo potenciado do nosso próprio interior.
Ricardo Fonseca Escritor/ Enfermeiro http://ricardosousafonseca.pt.to in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2014 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |