in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2014
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O facto de poder antecipar o consumo do futuro para o presente (através do endividamento) não é algo mau à partida. Aliás, pode ser algo muito bom para as suas finanças pessoais. Tudo vai depender do nosso olhar.
Se uma pessoa vive maioritariamente com recurso ao crédito (habitação, automóvel, férias, máquina de lavar, televisão, smartphone, compras de supermercado,…) pode facilmente ficar iludido. Pode pensar que tem mais dinheiro do que tem na realidade. Por outro lado, se recorre ao crédito para satisfazer uma necessidade básica ou se o faz com plena consciência dos seus custos e benefícios, está a utilizar o dinheiro de forma responsável.
O dinheiro pode não ser uma dor de cabeça! Como sabemos é ele que nos permite ter determinados bens e serviços que contribuem para o bem-estar da sociedade. Tudo depende do olhar responsável que cada um tem perante o dinheiro.
Um olhar não possessivo Há ensinamentos populares que são de uma sabedoria impressionante. Costuma-se dizer que “o poder cega” e o dinheiro é seguramente uma das formas mais evidentes de ter poder.
O desejo de termos poder através do dinheiro é algo que nos acompanha no nosso dia-a-dia. Reparemos nas listas dos homens mais ricos do mundo. Quem não gosta de sonhar em integrar essa lista? Ou nas entrevistas e reportagens do jet set em que todos parecem felizes em mansões excêntricas ou carros topo de gama.
A questão do poder do dinheiro muitas vezes está associada a uma prisão do mesmo. Ambicionamos tanto ter esse poder que ficamos cegos sobre a nossa realidade e rapidamente começamos a viver acima das nossas possibilidades. Comparamos a nossa vida com a do vizinho e ficamos tristes por não aceitarmos a nossa realidade. Na prática, a galinha da vizinha é sempre melhor do que a minha…
Por isso, é altura de perguntar: mas afinal de contas quem é que possui quem? Somos nós que possuímos o dinheiro, ou é o dinheiro que nos possui?
Parece uma pergunta elementar, mas saber responder pode evitar muitos dissabores. O nosso olhar sobre o dinheiro deve ser libertador e clarividente. Se deixamos que o dinheiro nos possua, e sobretudo se é à conta dos empréstimos que obtivemos, até podemos aparentar poder, mas facilmente caminhamos para uma cegueira que não nos deixa aceitar positivamente a nossa realidade. Um olhar não possessivo sobre o dinheiro é a garantia de uma vida financeira saudável e mais feliz.
Um olhar a longo prazo O horizonte do nosso olhar é uma das chaves de sucesso na gestão das suas finanças pessoais. Se somos pessoas de horizontes curtos facilmente desacreditamos que a vida pode ser melhor. Esta descrença sobre o futuro é um impedimento para alterar a gestão do nosso orçamento familiar.
A proposta que apresentamos assenta num exercício de horizontes largos. Saber olhar a longo prazo para a vida financeira é o que nos permite acumular poupanças e não nos deixar levar pelas necessidades imediatas.
Muitas pessoas vivem preocupadas com as prestações do cartão de crédito porque na altura em que o utilizaram não conseguiram ter este olhar de longo prazo. Pensaram que assumir uma prestação mensal de, por exemplo, 100 euros seria possível tendo em conta o momento presente. Esqueceram-se, contudo, que Setembro é o mês do regresso às aulas e que esses custos iriam estrangular a possibilidade de cumprir com a prestação acordada. Outras são as pessoas que se recusam a começar uma poupança porque não conseguem poupar, mas esquecem-se de que deixar de tomar 1 café por dia fora de casa pode representar uma poupança anual de 220 euros. Outras esperam para ter mais idade a fim de começar a poupar, mas esquecem-se da mecânica dos juros compostos que facilita muito o esforço da poupança.
Um olhar para si próprio Já referimos anteriormente que comparar as nossas finanças com as dos outros não é uma boa opção pois facilmente começamos a viver a vida de terceiros.
A agitação dos nossos dias leva-nos a não dedicarmos muito tempo a nós próprios. As solicitações são tantas e a rapidez com que que o tempo passa por nós é tão elevada que muitas pessoas não conseguem ter um olhar nítido sobre si próprias. Não conhecem verdadeiramente os seus gastos, nem conseguem prevenir-se para os ciclos do ano financeiramente mais exigentes. Pensam que têm as contas controladas, mas quando no final do mês se lembram que é altura de pagar o seguro do automóvel já não têm o dinheiro disponível. Esta é uma realidade comum e que pode ser combatida.
O novo olhar que aqui referimos pretende ajudar a ter uma relação mais saudável com o seu dinheiro. Para além do olhar responsável, não possessivo e de longo prazo, o que está na base de tudo é a capacidade de saber olhar para nós próprios. E este olhar é, antes de mais, um olhar positivo, crítico e exigente.
Não vale a pena comparar-se com os outros nem esperar que mude a realidade à nossa volta. A mudança opera-se em nós. Esperar que o Estado providencie todos os apoios que necessitamos não é solução. O olhar sobre nós próprios é um olhar dinâmico e que tem de ser atualizado ao longo da vida. A nossa vida financeira não é estática, pelo que temos de ir aprimorando a visão todos os dias. Lembre-se, também, que cada um é responsável pela gestão das suas finanças.
Não deixe que os Bancos decidam por si. Não se esqueça de que eles estão ao seu lado para vender dinheiro pelo que não deve deixar que sejam os Bancos a decidir por si se consegue, ou não, pagar determinada prestação. Tenha os olhos bem abertos para não ficar iludido!
Se queremos evitar cair em crises como a que estamos agora a atravessar é urgente ter um novo olhar sobre as nossas finanças!
JOÃO RAPOSO DIRETOR COMERCIAL DA REORGANIZA www.reorganiza.pt [email protected] in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2014 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |