in REVISTA PROGREDIR |FEVEREIRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Temos chefias que deixam muito a desejar. Temos colegas em quem não podemos confiar, pois o mais provável é sermos apunhalados pelas costas.
Temos demasiado trabalho comparativamente ao que ganhamos e ao tempo disponível para o realizar.
Passamos assim um e outro. Dia após dias, chegando a casa cansados, saturados, sem paciência e completamente fechados num casulo. Casulo esse que fora criado para nos proteger do dia a dia social, mas que mantemos selado ao chegar ao nosso lar.
Vem o animal de estimação pedir mimo e nós, o que fazemos? Vem a família pedir atenção e nós, o que fazemos? Vêm os filhos pedir atenção, ajuda, colo… e nós, o que fazemos?
Muitas vezes a cápsula é de tal ordem espessa que nada chega à nossa alma. Os carinhos que damos são superficiais, a atenção é dada pela metade, pois a outra metade está ainda a pensar no dia que passou ou em mais um dia que vem amanhã. A disponibilidade para brincar é diminuta, pois a energia está de tal modo em baixo, que precisamos realmente de recarregar. E isto acontece dia após dia, semana após semana, ano após ano.
E o tempo passa, a vida passa. Os animais envelhecem e morrem. As crianças crescem e seguem o seu caminho, criando eles os seus ciclos e por vezes, idênticos aos dos pais e deixam de ter tempo para estes.
Os companheiros(as), fartam-se do vazio e do distanciamento e abandonam essa vida. E nós ficamos velhos, sozinhos, amargurados, vazios. Vazios porque nunca parámos, nunca assumimos uma posição firme para connosco, para com os outros. Esquecemos que ao fechar o casulo, bloqueamos a vida, impedimos que a energia flua em nós, ou seja, que saia o que não interessa e entre aquilo que nos alimenta. O que nos alimenta e mantém vivos, não é a comida, mas sim os sentimentos, as ligações humanas, as emoções. Se perdemos isso, o que resta? Já está comprovado que até as árvores “sentem”, por isso são seres vivos, tal como todos os outros. E então, vais fechar-te ao mundo e deixar de sentir?
A vida por vezes parece demasiado dura, mas lembra-te, o gelo também o é, mas alterando as condições ao seu redor, alterando o seu estado vibratório a nível molecular, ele torna-se água e vapor de água. Ou seja, ele pode ser duro e impenetrável, ou pode tornar-se parte de tudo o que existe. Apesar de neste caso não ser uma opção dele, tu, na tua vida, tens essa opção.
A Cocriação, a capacidade de mudar o teu dia a dia de acordo com as tuas decisões. Sem teorias, esquece tudo, limita-te a esta ideia, TU MUDAS A TI E AO QUE TE RODEIA COM A TUA POSTURA E ATITUDE PERANTE AS SITUAÇÕES. Comunica com aqueles que entram em conflito contigo, não te feches, mas partilha ideia, opiniões e sugestões, se não for de forma direta, que seja indireta.
Cria ligações, não vivas o teu trabalho isoladamente, afinal, passas grande parte do teu dia lá. Não precisas mostrar tudo de ti, mais vai dando um pouco de ti e quem sabe não mudas a atitudes desses teus colegas.
Em casa, aprende a parar, deixar lá fora o teu dia profissional e a escutar o que têm para te contar. A sentar e observar os olhares de quem partilha contigo a vida. A dar alguns minutos de plena atenção às crianças para fazer um jogo, esclarecer uma dúvida. Dar colo aquele animal que precisa de atenção e mimos, pois também dedicam a sua vida ti. Fazer algo que te permita cuidar e dar atenção a ti, para que te ames e não te vás apagando como tempo.
A vida é um dar e receber, um fluxo constante, tal como o ciclo da água. Sê essa água, alimenta a tua própria vida. Constrói dentro de ti o amanhã que queres, que o teu coração pede, não o que o teu ego almeja. Depois, sente e age, de acordo com os valores da tua alma, num caminho de honestidade, de transparência. Num percurso que te leva a ti mesmo(a), onde a cada passo, és mais tu, a cada “batalha”, és mais feliz, com cada pessoa que se cruza na tua vida, sorris um pouco mais.
Será assim tão difícil? Não, não é! Requer disponibilidade interior e possivelmente largar o que sempre foste? Sem dúvida! Mas a decisão é tua, não só no agora, mas refletindo todo o amanhã.
Até já*
MILITAR, AUTOR E FACILITADOR
www.facebook.com/autor.paulomarques
in REVISTA PROGREDIR |FEVEREIRO 2019
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