Por Renata Perre
in REVISTA PROGREDIR |SETEMBRO 2023
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Esta é uma palavra que talvez seja desconhecida por muitos, mas já havendo conhecimento da mesma, deverá fazer-se presente na nossa vida, a fim de não sermos esmagados pela doença deste século: a ansiedade.
Geramos ansiedade em nós mesmos por acharmos que tudo devia ter sido para ontem ou então porque achamos que o que tanto ambicionamos alcançar na vida deverá ser como os pacotes de milho para fazer pipocas, que se coloca no micro-ondas durante três minutos, na temperatura indicada e pufff, já está. Um dos maiores erros que nos leva a fracassar tantas vezes é o facto de não sabermos esperar, e não percebermos que tudo tem o seu tempo de criação e um tempo determinado/oportuno para manifestar-se.
Assim como a gestação de um bebé dentro da barriga da sua mãe tem um tempo determinado de nove meses para que o mesmo nasça perfeito e sem qualquer tipo de mazelas, também existe um tempo estabelecido para tudo na nossa vida e aplica-se em cada área, quer seja ela amorosa, financeira, profissional e todas as restantes.
Existem decisões precipitadas e passos dados fora do seu tempo, que nada de bom nos pode trazer, pois idealizamos sempre tudo de forma perfeita e queremos alegrar-nos com o que tanto almejamos, no entanto, se por acaso não tivermos a capacidade de perceber se é ou não o tempo oportuno, podemos ficar frustrados, tristes, irritados, sentirmo-nos injustiçados, entre tantas outras consequências. Pois o que chegou até nós, ainda não estava totalmente preparado ou nós ainda não estávamos totalmente preparados, amadurecidos para alcançar o almejado.
A nossa pressa, negligencia, imaturidade pode matar sonhos, planos, projetos se não permitirmos que tudo tenha o seu fluxo natural, se não nos permitirmos ouvir, se não estivermos atentos aos pormenores. Antecipamos tantas coisas porque pensamos que temos que mostrar ou provar alguma coisa aos outros, entramos em batalhas desnecessárias para mostrarmos quem somos como se aquilo que somos estivesse ligado ao que temos.
Perdemos tanto quando achamos que se o outro já tem, nós também temos que ter. Se o outro já casou, nós também temos que casar. Se os nossos amigos já tiveram filhos, nós também temos que os ter. Se houve um colega na empresa que já alcançou um cargo mais elevado, nós também temos que conseguir alcançar o mais breve possível. Isto é tão errado, porque cada um de nós tem um propósito na terra e cada um de nós tem a sua singularidade e o seu próprio tempo, o seu Kairós.
Desenvolvemos ansiedade, inveja, ciúmes e matamo-nos por dentro porque não compreendemos que o que é nosso vem parar à nossa mão, no tempo oportuno. Não crescemos ou amadurecemos todos ao mesmo ritmo, e o que a vida ou Deus, chamem o que quiserem, tem reservado para cada um de nós poderá ser parecido ou completamente diferente do que está reservado para o outro, mas nunca será igual porque somos todos distintos, temos talentos ou polivalências diferentes, formas de pensar diferentes, desejos, sonhos, ambições diferentes. Que não vivamos a vida dos outros ao ritmo dos outros, mas dediquemo-nos a viver a nossa vida, o nosso propósito, no nosso tempo e ao nosso ritmo.
A nossa mente, o nosso corpo, os nossos corações estão sedentos de paz, tranquilidade, amor, carinho, alegria, sorrisos e de vitórias bem geradas. Vamos deixar as “nossas borboletas” no casulo o tempo que precisarem para poderem voar sem qualquer tipo de deficiência. E enquanto todo este processo decorre, aguardemos o que está a ser gerado com paciência e felizes, pois é no tempo do processo que também amadurecemos, crescemos, aprendemos e isto também é motivo de celebração: o tempo do processo. Arrisco-me a dizer que o tempo do processo é mais importante do que o momento em que alcançamos a(s) nossa(s) vitória(s).
Para terminar, questiono o seguinte: Entre o preço que o leitor tem que pagar por permitir-se esperar pacientemente pelo tempo oportuno (Kairós), vivendo à posteriori com grande gozo o que alcançou e, o preço de avançar arriscadamente correndo o risco de nada ser como esperava e sentir-se frustrado, qual o preço que o leitor prefere pagar a partir de agora? Qual o estilo de vida que vai permitir-se viver?
Acredito solenemente que a melhor escolha será feita, de forma a usufruir de um estilo de vida exemplar e completamente saudável.
Permita que Kairós aconteça em si.
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in REVISTA PROGREDIR |SETEMBRO 2023
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