in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2015
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Com algum esforço, volte no tempo e pense como foi, por exemplo, no primeiro dia de aulas, no primeiro mês num trabalho novo, ou quando interagimos com um chefe pela primeira vez ou ainda num primeiro encontro. Andamos a “pisar em ovos”, e até chegamos a parecer-nos com uns autênticos elefantes numa loja de artigos em porcelana, sempre atentos para não cometermos um deslize qualquer...
Analisando um relacionamento amoroso, por exemplo, dá-se aquele começo com tanta cerimônia e formalidades (e não há nada de errado nisto) para, passados poucos meses, sobrar pouca ou, em alguns casos, nenhuma gentileza. E se avançarmos mais outros tantos meses na mesma relação, e conseguirmos lembrar de como foi no momento inicial, há de certeza uma sensação de liberdade, porque passado todo este tempo, já conseguimos ser quem realmente somos, sem máscaras, sem filtros, sem truques.
Por que há tanto desta “suposta” autoconfiança ao dizer que “quem quiser, tem de gostar de mim como eu sou”, quando na verdade há uma grande pré-disposição para moldarmo-nos ao que é expectável e aceitável para a outra pessoa? E mesmo para quem não está disposto a fazer qualquer alteração, por mínima e temporária que esta seja, será assim durante toda a relação? Irredutível? Como perceber se o que estamos a fazer é apenas cedência e flexibilidade da nossa parte, ao invés de tratar-se de bajulação e perda de identidade própria?
Todos nós temos os nossos encantos e beleza, interior e exterior, a nossa luz e a nossa sombra. Somos o que de mais simples e complexo existe num único ser e, sermos compreendidos e amados pela pessoa que somos é o que todos merecemos.
“Tem de gostar de mim como eu sou!” Sim! E tem toda a razão em dizer estas palavras, vezes e vezes sem conta. Mas, e você? Gosta de si próprio exatamente como é, hoje? E não somente pelo aspeto físico, pois este é só uma embalagem que pode ser danificada a qualquer altura. Gostava de ter alguém ao seu lado com o mesmo feitio, atitudes, caráter, ideias e opiniões, tudo igual ao que você é, tem e sente? Por outras palavras, acha que neste momento, é igual à pessoa com quem gostaria de “estar”? Se sim, os meus parabéns! De certeza que percorreu uma jornada considerável no seu desenvolvimento pessoal. Se não, está tudo bem e não há nada de errado em ser uma pessoa autêntica. Mas, acha que poderia alterar algo no seu comportamento ou forma de ver as coisas e, com isso, para tornar-se numa pessoa mais atrativa até para si próprio?
Se tivesse que pedir à pessoa que está mais próxima de si, que tentasse resumir as suas caraterísticas em duas ou três palavras, quais acha que seriam os itens desta lista? E quais realmente gostaria que fossem? E se tivesse que fazer o mesmo à sua cara-metade? Como já é e, no seu ideal, como gostaria que ela fosse? É fácil listar defeitos nos outros e mais fácil ainda listar as qualidades que gostaríamos que os outros desenvolvessem. E sim, é verdade que cada um é como é. É verdade que os outros têm de gostar de mim como eu sou. Mas também é verdade que somos uma obra inacabada, perfeitamente imperfeita e passível de constante evolução. Não somos árvores, literalmente, porque podemos mudar-nos se estamos mal onde estamos e, figurativamente, porque podemos mudar-nos se estamos mal como somos.
De tempo em tempos, pergunte a si próprio se gosta de si como é. Se a resposta for “não”, não é caso para entrar em desespero. Estamos sempre, sempre a tempo de mudar. E seja qual for a mudança que optar fazer, faça-a por si, principalmente, e não para agradar terceiros. Nascemos sozinhos e, antes de pertencermos a um casal, somos indivíduos. Antes de sermos fiéis a alguém, temos que ser fiéis a nós próprios. Temos de criar e defender a nossa identidade, os nossos valores, as nossas próprias crenças e respeitar os nossos sentimentos antes de entregarmos o nosso coração a outro alguém. Temos de ter uma boa relação com a pessoa do espelho, e é com esta pessoa que mais deve preocupar-se, a quem deve sempre procurar agradar e dar motivos de orgulho. Desta forma, este amor será cada vez mais puro, mais profundo e incondicional.
EVELIN MENEZES LIFE COACH E FORMADORA www.evelinlifecoach.com [email protected] in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2015 (clique no link acima para ler o artigo na Revista) |