in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2014
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
É nesta conjuntura de insustentabilidade generalizada que, neste início do século XXI, nos confrontamos com o quase culminar de uma ameaça superior que atenta contra os valores humanos de forma ímpia e transversal às várias áreas da vida e do planeta. Tendo como base de reflexão este facto, iremos fazer uma breve contextualização acerca da história e do conceito sustentabilidade antes de abordarmos as alternativas que gostaríamos de apresentar.
O debate sobre as questões da sustentabilidade é assinalado pela primeira vez em 1972, por Ignacy Sashs, em Estocolmo, debatendo a problemática do Ecodesenvolvimento e da premente necessidade de um novo paradigma para o desenvolvimento, consequência do descontentamento crescente, social, económico e ambiental, que se acentuava desde as convulsões sociais de Maio de 1968, instigadas sobretudo por jovens estudantes e já anteriormente antevisto, por Stuart-Mill, no século XIX, devido à industrialização e a todas as suas implicações inerentes que conduziram as gerações futuras para um caminho de insustentabilidade por nós testemunhado e vivificado.
O conceito sustentabilidade e desenvolvimento sustentável é reconhecido em 1987, na altura do lançamento do relatório de Brundtland, intitulado “O nosso futuro comum”, chamando à atenção para as questões ambientais e procurando alternativas não comprometedoras para as gerações futuras.
Hoje, e salientando que não se confinam à mera realidade financeira, podemos enumerar os valores intrínsecos ao conceito de sustentabilidade (por ordem alfabética,): amor, bondade, compaixão, diversidade, ética, fraternidade, harmonia, justiça, multiculturalidade, participação, partilha, proximidade, solidariedade e troca.
Os domínios de abrangência e as áreas de aplicação da sustentabilidade: alimentar, ambiental, conhecimento, cultural, económico, educacional, emocional, espiritual, financeiro, político, psicológico, social e territorial.
Como o nosso desafio é encontrar as bases da sustentabilidade financeira, na realidade contemporânea, propomos, por agora, incidir a nossa reflexão na consciencialização e na integridade do indivíduo. Para tal, torna-se premente colocar a seguinte pergunta: Qual é a minha responsabilidade pelo uso do dinheiro?
Inquestionavelmente podemos afirmar que são os nossos comportamentos e ações que podem mudar o rumo das nossas vidas e das sociedades, porquanto o dinheiro e outros recursos que se possa possuir ou aceder não servem apenas fins e necessidades pessoais, mas todo um ecossistema, acumulando valor para a comunidade o ambiente e para as gerações futuras. Enquanto consumidores, somos decisores. Podemos proporcionar o desenvolvimento local, ecológico, de qualidade, preservando os direitos humanos e dos animais, proporcionando a reciclagem, criando um ciclo de desenvolvimento económico sustentável e benéfico para o território, como também, por outra via, podemos ignorar toda esta realidade e promover as grandes corporações (os seus acionistas, note-se), a exploração de trabalhadores e de seus direitos intrínsecos, a destruição ambiental, a escravatura, enfim… é necessário não consumir desenfreadamente, apenas porque tem um preço baixíssimo… Que grande ilusão! Selecionando a qualidade e a sustentabilidade consciente, obtemos resultados pessoais e sociais de altíssimo valor acrescentado, conseguindo no curto prazo a redução dos nossos encargos periódicos.
Do mesmo modo, quando, para gerir as poupanças tentamos rentabilizá-las nos produtos financeiros com promessas ávidas de lucro e rápido retorno, a consequência é garantidamente a promoção de produtos e serviços de insustentabilidade sem propósito e sem transparência. A opção em depositar as poupanças em bancos éticos, aplicá-las em financiamentos sociais, apoios de proximidade, que financiem empreendimentos “verdes” e responsáveis e com taxas de juros justas, torna-nos mentores da transição para um futuro melhor.
Esta transição em consciência e integridade também se aplica aos rendimentos que obtemos. Como será possível concretizar um empreendimento ou encontrar a realização profissional sem ter presente a alegria, a inspiração, a conciliação familiar, profissional e social? Ou como podemos, em troca de um salário, ignorar os valores que sustentam a nossa integridade e felicidade?
Propomos que a mudança comece por dentro de cada um de nós, tomando consciência das reais necessidades que temos e das dos outros, respeitando as leis da natureza e do bom senso, tendo a coragem de abandonar as velhas “zonas de conforto” que nos prendem na teia da especulação e da destruição. Então estaremos aptos para promover e disseminar as finanças sociais, o desenvolvimento económico, o comércio justo, enfim um novo modo de sustentabilidade financeira assente na transparência, na participação, na fraternidade e na ética.
“EMPOWER TO LIVE”
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in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2014
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