Por Filipe Alves e Bárbara Leão
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2013
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Hoje em dia, claramente em voga, é utilizada por todos e nas mais diversas situações, da Sustentabilidade “da minha horta” à sustentabilidade da segurança social, sem que este complexo e comprido arranjo de consoantes e vogais se traduza verdadeiramente e de forma coerente numa Ação objetiva e assente em princípios inabaláveis que contribua para a resiliência, competitividade e felicidade dos nossos sistemas.
Importa pois pensar o que é então a Sustentabilidade? O que é ser Sustentável? Será que uns quantos carros eléctricos e umas ciclovias junto ao rio se qualificam para tornar, por exemplo, a nossa capital e os nossos cidadãos mais Sustentáveis? Temos de ir ao cerne da questão da Sustentabilidade e compreender que viver de forma sustentável é viver de forma mais consciência. É tomar opções de compra que não comprometam o futuro dos nossos eco sistemas. É compreender que fazemos parte de uma família global, e tal como tal, (clichés à parte) todos temos que cumprir a nossa parte. Poderíamos definir este poderoso e transformador conceitos em apenas 15 palavras como: capacidade de alcançar um equilíbrio intergeracional no uso dos recursos que possibilite alcançar a plenitude humana. Mais do que garantirmos que os nossos filhos também se poderão reproduzir e usufruir deste milagre chamado Terra a flutuar num mar negro sem fim, a palavra chave aqui será mesmo PLENITUDE, isto é, seguirmos um caminho evolutivo constante que nos permita continuamente explorar as nossas capacidades e Progredir enquanto seres sencientes que somos.
Conceitos bonitos e caros mas faltanos o COMO? Será que temos de voltar todos aos tempos dos nossos avós, aquecer a comida na lareira e viver uma vida tranquila no campo perdendo acesso à componente urbana? Será que temos de converter 70% da população europeia (a população urbana) ao veganismo, ao ciclismo, à reciclagem de tudo e mais alguma coisa, às hortas comunitárias, à microgeração de energia, à partilha, à troca, ao simplismo voluntário? Será que temos de viver todos em eco aldeias ou comunas/repúblicas anarquistas e autossuficientes, quais “nowtopias” saídas de um filme de ficção? Ou será que conseguimos fazer a transição? Encontrar equilíbrios? Sinergias? Pontos de encontro entre o nosso passado e o nosso futuro? Formas de conciliar tradição e cultura com inovação e tecnologia? Formas de conciliar a procura da riqueza, verdadeira riqueza, e a harmonia com o planeta que nos sustém, a todos. Acreditamos que é possível, acreditamos no presente e num futuro diferente, acreditamos que trabalhando juntos, em cooperação, em co-criação, com base na transparência, na confiança, na resiliência conseguimos alcançar aquilo que os nossos corações anseiam, aquilo que faz sentido na maior profundidade do que “sentido” significa.
A Sustentabilidade não é nem te de ser um mito, nem um regresso “às cavernas” nem tão pouco numa pseudo religião. A sustentabilidade é, acima de tudo, um caminho que escolhemos percorrer e que sabemos que nos irá trazer harmonia, justiça, equidade, resiliência e Felicidade. Pois é um Meio e um Fim em si mesma.
Concretamente sugerimos que se comece a fazer o que se ama. Sim... Sustentabilidade é procurar estarmos felizes em tudo o que fazemos. Ter a consciência tranquila relativamente ao que potencialmente compramos. É partilhar, é dar o nosso melhor todos os dias sem fundamentalismos. Mais do que exemplos concretos para se tornar mais eficiente na sua reciclagem, ou providenciar listas de produtos que contribuem para causas sociais, lembramos que a sustentabilidade vem de dentro. Da procura pela saúde física e mental; do bem-estar e da felicidade pessoal. É transformar as nossas vidas, e reinventarmo-nos diariamente procurando novos hábitos que substituam padrões antigos que já não nos servem. Por mais abstrato que tudo isto pareça, o que é certo, é que conforme vamos consolidando este “mindset”, os produtos, as pessoas e as informações certas vão aparecendo com um efeito transformador. Tudo acaba por chegar no seu devido tempo para nos mudar, tornar mais felizes e realizados, e ficar.
FILIPE ALVES E BÁRBARA LEÃO REPRESENTAÇÃO DA BIOVILLA CO-FUNDADORES BIOVILLA www.biovilla.org [email protected] in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2013 |