Quando falamos em equilíbrio financeiro, não há sorte que nos valha! Embora a nossa relação com a sorte seja sempre positiva, revelando-se em forma de sonho e até de alguma projeção futura, a verdade é que a sua característica aleatória, incontrolável e imprevisível não pode estar associada a objetivos financeiros. A resposta está, portanto, em criarmos a nossa própria “sorte” por via do conhecimento e da educação financeira. Só assim conseguimos avaliar os contornos e os riscos da “sorte” quando esta nos bate à porta, ao mesmo tempo que criamos condições para sustentar e fomentar um futuro financeiro equilibrado e próspero. Por Susana Gonzalez
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2023
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
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A sorte é considerada uma força misteriosa que pode impactar a nossa vida financeira de uma forma incrivelmente positiva. É vista como a “melhor amiga” que chega de surpresa e permite realizar sonhos, resolver problemas financeiros e até elevar a nossa condição de vida a patamares nunca imaginados. Tudo parece ser possível alcançar… basta que tenhamos um pouco de sorte!
A verdade é que, embora (muito) bem-vinda, a sorte, com a sua natureza imprevisível e caprichosa, é uma armadilha perigosa que facilmente se transforma em “azar”, com consequências muito graves.
A literacia financeira é o antídoto para evitar as armadilhas do acaso e alcançar o sucesso financeiro que tanto desejamos.
O conhecimento é assim o alicerce sobre o qual se constrói uma trajetória sólida em direção à estabilidade e ao crescimento financeiro. Envolve o entendimento de conceitos básicos, como orçamento, poupança, crédito, investimento, seguros e até literacia financeira digital. Conhecer estes conceitos não só nos capacita para tomar decisões conscientes e informadas, como nos ajuda a avaliar riscos e a enfrentar desafios financeiros sem ilusões.
Planeamento e orçamento – Não há sorte que resista!
Planear e orçamentar as receitas (o que recebemos) e as despesas (o que gastamos) é uma das principais ferramentas para uma boa gestão financeira. Ao contrário da sorte, que é altamente imprevisível e está fora do nosso controlo, planear e orçamentar permite-nos viver com estabilidade, identificar oportunidades e definir estratégias de crescimento financeiro.
Poupar e investir – Um bocadinho de sorte…
Poupar é fundamental para fazer face aos azares (ou seja, imprevistos) da vida. Quantas vezes já nos sentimos aliviados perante um problema e dizemos, “a sorte é que tinha algum dinheiro de parte” … pois bem, este é o tipo de “sorte” que devemos criar para as nossas vidas, pois é totalmente confiável e controlada por nós. Por outro lado, investir é um passo importante para que possamos fazer “crescer o dinheiro” a longo prazo. Também aqui a educação financeira é obrigatória para conhecer onde investir, como avaliar os riscos e o retorno que daí pode advir.
Dívidas – O azar dos azares
É muito fácil contrair uma dívida. Seja por via de um crédito à habitação, com a compra de um eletrodoméstico pago em várias prestações, aquela viagem de sonho que estava a um preço irresistível ou mesmo um automóvel com espaço para toda a família. O “azar” bate à porta quando tomamos decisões sem conhecer em detalhe o impacto dos juros (ou o que são), as consequências de um incumprimento ou mesmo os riscos associados a cada tipo de crédito.
Jogos da Sorte – Desta vez a sorte vai estar do meu lado!
Há quem pense que as apostas nos jogos da sorte (como o euromilhões, as raspadinhas ou semelhantes) são um bom investimento. Será que é assim?
Tomando o exemplo do Euromilhões, vamos analisar alguns factos: existem 139.838.160 combinações possíveis para a chave vencedora (entre números e estrelas) e € 349.595.400 seria um valor aceitável para o primeiro prémio para que pudesse ser considerando como “investimento” (sendo que, ainda assim, estaria sujeito a 20% de imposto). Será que vale a pena? Quantas vezes incluímos o custo destas apostas no nosso orçamento? Quanto gastámos ao final de um ano? Qual foi o retorno?
É de facto preocupante sabermos que em Portugal cerca de 100 mil pessoas têm problemas de jogo com as “raspadinhas", como foi concluído num estudo encomendado pelo Conselho Económico e Social (CES). Estima-se ainda que cerca de 30 mil sofrem de perturbação de jogo patológico.
Portugal é o país da Europa com maior gasto per capita em raspadinhas, o que representa mais do dobro da média europeia. Em 2019, a receita com a raspadinha cresceu 7,8% face ao ano anterior, atingindo 1.718 milhões de euros.
Portanto, com a sorte… todo o cuidado é pouco, e este tipo de jogos, apesar de aportarem alguma esperança, podem ser uma espécie de areias movediças disfarçadas de rios de ouro que brilham aos nossos olhos!
O Equilíbrio
Sejamos claros: Não devemos deixar de sonhar e não queremos eliminar a sorte das nossas vidas, nem tudo de bom o que ela nos pode trazer. Mas também não queremos ser reféns da sua imprevisibilidade.
Por isso, vamos apenas enfrentar a realidade, inverter os papéis e apostar todas as nossas fichas na educação e literacia financeira, uma vez que esta é a única forma de viver em equilíbrio financeiro. Assim vamos poder reconhecer a sorte quando ela chega e maximizar esses momentos, com escolhas inteligentes e informadas a partir do conhecimento adquirido.
A educação financeira deve ser a nossa bússola para um caminho sólido, estruturado e seguro rumo ao sucesso financeiro.
A verdade é que, embora (muito) bem-vinda, a sorte, com a sua natureza imprevisível e caprichosa, é uma armadilha perigosa que facilmente se transforma em “azar”, com consequências muito graves.
A literacia financeira é o antídoto para evitar as armadilhas do acaso e alcançar o sucesso financeiro que tanto desejamos.
O conhecimento é assim o alicerce sobre o qual se constrói uma trajetória sólida em direção à estabilidade e ao crescimento financeiro. Envolve o entendimento de conceitos básicos, como orçamento, poupança, crédito, investimento, seguros e até literacia financeira digital. Conhecer estes conceitos não só nos capacita para tomar decisões conscientes e informadas, como nos ajuda a avaliar riscos e a enfrentar desafios financeiros sem ilusões.
Planeamento e orçamento – Não há sorte que resista!
Planear e orçamentar as receitas (o que recebemos) e as despesas (o que gastamos) é uma das principais ferramentas para uma boa gestão financeira. Ao contrário da sorte, que é altamente imprevisível e está fora do nosso controlo, planear e orçamentar permite-nos viver com estabilidade, identificar oportunidades e definir estratégias de crescimento financeiro.
Poupar e investir – Um bocadinho de sorte…
Poupar é fundamental para fazer face aos azares (ou seja, imprevistos) da vida. Quantas vezes já nos sentimos aliviados perante um problema e dizemos, “a sorte é que tinha algum dinheiro de parte” … pois bem, este é o tipo de “sorte” que devemos criar para as nossas vidas, pois é totalmente confiável e controlada por nós. Por outro lado, investir é um passo importante para que possamos fazer “crescer o dinheiro” a longo prazo. Também aqui a educação financeira é obrigatória para conhecer onde investir, como avaliar os riscos e o retorno que daí pode advir.
Dívidas – O azar dos azares
É muito fácil contrair uma dívida. Seja por via de um crédito à habitação, com a compra de um eletrodoméstico pago em várias prestações, aquela viagem de sonho que estava a um preço irresistível ou mesmo um automóvel com espaço para toda a família. O “azar” bate à porta quando tomamos decisões sem conhecer em detalhe o impacto dos juros (ou o que são), as consequências de um incumprimento ou mesmo os riscos associados a cada tipo de crédito.
Jogos da Sorte – Desta vez a sorte vai estar do meu lado!
Há quem pense que as apostas nos jogos da sorte (como o euromilhões, as raspadinhas ou semelhantes) são um bom investimento. Será que é assim?
Tomando o exemplo do Euromilhões, vamos analisar alguns factos: existem 139.838.160 combinações possíveis para a chave vencedora (entre números e estrelas) e € 349.595.400 seria um valor aceitável para o primeiro prémio para que pudesse ser considerando como “investimento” (sendo que, ainda assim, estaria sujeito a 20% de imposto). Será que vale a pena? Quantas vezes incluímos o custo destas apostas no nosso orçamento? Quanto gastámos ao final de um ano? Qual foi o retorno?
É de facto preocupante sabermos que em Portugal cerca de 100 mil pessoas têm problemas de jogo com as “raspadinhas", como foi concluído num estudo encomendado pelo Conselho Económico e Social (CES). Estima-se ainda que cerca de 30 mil sofrem de perturbação de jogo patológico.
Portugal é o país da Europa com maior gasto per capita em raspadinhas, o que representa mais do dobro da média europeia. Em 2019, a receita com a raspadinha cresceu 7,8% face ao ano anterior, atingindo 1.718 milhões de euros.
Portanto, com a sorte… todo o cuidado é pouco, e este tipo de jogos, apesar de aportarem alguma esperança, podem ser uma espécie de areias movediças disfarçadas de rios de ouro que brilham aos nossos olhos!
O Equilíbrio
Sejamos claros: Não devemos deixar de sonhar e não queremos eliminar a sorte das nossas vidas, nem tudo de bom o que ela nos pode trazer. Mas também não queremos ser reféns da sua imprevisibilidade.
Por isso, vamos apenas enfrentar a realidade, inverter os papéis e apostar todas as nossas fichas na educação e literacia financeira, uma vez que esta é a única forma de viver em equilíbrio financeiro. Assim vamos poder reconhecer a sorte quando ela chega e maximizar esses momentos, com escolhas inteligentes e informadas a partir do conhecimento adquirido.
A educação financeira deve ser a nossa bússola para um caminho sólido, estruturado e seguro rumo ao sucesso financeiro.
SUSANA GONZALEZ
AUTORA DO DESENHO ESTRATÉGICO DO PROGRAMA DE LITERACIA FINANCEIRA “FINANÇAS PARA TODOS” E ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO DO PROJETO
www.financasparatodos.pt
in REVISTA PROGREDIR | DEZEMBRO 2023
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AUTORA DO DESENHO ESTRATÉGICO DO PROGRAMA DE LITERACIA FINANCEIRA “FINANÇAS PARA TODOS” E ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO DO PROJETO
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