Por Andresa Salgueiro
in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Gerir a vida financeira é na maior parte das vezes, não comprar mais um par de sapatos só porque combina com uma saia, poupar umas moedas num mealheiro para ir jantar fora ao restaurante novo e dispendioso que abriu há pouco tempo, reduzir os gastos da luz ou da água, diminuir a conta do telefone, entre outras coisas.
O que nos esquecemos a maior parte das vezes é que gerir a nossa vida financeira é também fortalecermo-nos ou fortalecermos os outros com as nossas escolhas. A maior parte das vezes as nossas escolhas, com um cariz mais consciente fortalecem-nos em alturas vindouras, mesmo que a prazo imediato nos faça gastar mais algum dinheiro.
Caso disso é por exemplo, a nossa alimentação. Se escolhermos uma alimentação predominantemente biológica, com certificação aprovada poderemos ver certamente (esperemos que num futuro próximo tal se inverta) um aumento de gastos financeiros no final do mês. Contudo, a médio-longo prazo a nossa saúde é fortalecida resultando numa poupança em médicos, medicamentos e hospitais. Mudando as nossas escolhas nos nossos gastos alimentares, com escolhas mais conscientes e mais equilibradas para com o ambiente, sem dúvida criaremos condições a nós próprios e às nossas famílias de serem mais fortes, duradouros e saudáveis. Ao apoiarmos pequenos agricultores, na compra de um cabaz biológico semanal, fortaleceremos também a vida da nossa comunidade, o comércio local e a maior escala a economia nacional. Comprando sobretudo produtos nacionais, quer sejam alimentares ou outros, fortaleceremos a nossa economia, os nossos vizinhos comerciantes, a nossa comunidade e o nosso país.
O ato de comprar mostra-se pois, como um ato de contribuição para um fortalecimento de nós próprios, de quem nos rodeia e do nosso país. Escolhas conscientes, focadas com um olhar num amanhã diferente servem para nos fortalecerem nas escolhas do hoje. Pode ser que em alguns casos o poupar não seja a tónica do mês, mas certamente que estas escolhas proporcionarão um melhor e novo futuro.
Outro caso, é o não poupar por exemplo, na compra de uma peça de vestuário ou calçado, ao nível da qualidade com que é fabricado, e mais uma vez, na escolha de um produto nacional. Quantas vezes compramos uma peça de roupa só porque é a moda naquela estação, mas sabemos cá dentro de nós, se não estivesse na moda, nunca a compraríamos?! É aqui que se escolhe de forma consciente. Que interessa ter uns sapatos baratos e com fraca qualidade que só duram alguns meses, em vez de ter apenas um par de sapatos de boa qualidade, confortáveis e que duram uma vida? A isto se chama também fazer escolhas fortalecidas num dia-a-dia mais consciente e sábio.
Atualmente ouvimos muitas vezes falar em dicas para diminuir o consumo da água, da eletricidade, do gasóleo, do gás não como uma forma de fortalecer o nosso ambiente e planeta, mas com a finalidade de pouparmos uns trocos ao final do mês, trocos esses que serão gastos por exemplo, no telemóvel topo de gama que é só topo de gama porque tem mais espaço para colocarmos selfies que nunca mais iremos rever. A importância da poupança em cada uma destas temáticas não deveria ter como finalidade a economia de uns trocos para novas compras, mas sim, a economia de um planeta finito de recursos, necessários para a nossa sobrevivência. Poupar no gasto de água, de eletricidade ou gasóleo não mais é do que fortalecer o nosso planeta e dar-lhe a possibilidade de gastar menos ao contrário dos atos egoístas que temos.
Há um livro bastante interessante intitulado “Simplicidade Voluntária” de Duane Elgin, que nos explica que viver de forma simples é bastante diferente de vivermos de forma pobre. A simplicidade é voluntária, consciente, deliberada e intencional sustentando uma qualidade de vida superior. Contudo, cada um de nós tem a oportunidade de viver de forma simples, consoante a sua forma de vida, os seus gostos, a sua missão de vida e as suas necessidades. Se para mim é essencial ter um carro para a minha vida profissional, então tal atitude é um ato simples, desde que o meu carro seja escolhido de forma equilibrada para as minhas necessidades. Posso escolher um carro com menos cilindrada, que polui pouco, que é partilhado com os meus vizinhos ou que dá boleias diárias aos meus familiares. O que interessa é a minha escolha deliberada consoante aquilo que eu penso que é a simplicidade para mim. Também é assim que se deve fazer a gestão financeira de um lar, adequando às necessidades da família, o que é consciente, voluntário, deliberado e intencional como sendo uma vida fortalecida, robusta na construção de um amanhã melhor.
PSICOPEDAGOGA E CONSULTORA PSICOPEDAGÓGICA
MENTORA DO PROJETO BELIEVE IN PORTUGAL
www. andresasalgueiro.weebly.com
www.facebook.com/blogtrocasandresa
www.vivoatroca.blogspot.pt
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | OUTUBRO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)