in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2017
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Há quem adoeça por “ter compaixão”. Mas há quem se cure por SER compaixão. “ENQUANTO você pode aliviar a dor de alguém, a vida não é em vão”, escreveu Helen Keller.
“Recordo-me de um caso onde a minha cliente chegou ao consultório a sentir-se esgotada por “ter compaixão”: “Sabe, eu sou bondosa demais, tenho compaixão crónica e por isso sinto-me cansada de dar e estou magoada com a vida, dou de mim no trabalho ao cuidar dos que mais precisam, dou de mim aos meus filhos, dou de mim ao meu marido e agora só me apetece desaparecer por uns tempos”. Após algumas sessões, a Joana (nome fictício) sentiu que a sua bondade provinha de uma necessidade emocional, em ser vista, de se sentir querida aos olhos dos outros, aumentando superficialmente a sua auto-estima. Chegando ao ponto de compreender o “para quê” de ter escolhido a sua profissão de Assistente social.”
A esta situação podemos chamar de “ter compaixão”, um dar ilimitado sem se sentir suficientemente recompensada, um esvanecimento crónico do cuidado e da preocupação com os outros, devido ao uso excessivo de sentimentos de bondade na busca de uma compensação emocional.
Bondade e Empatia não são compaixão, o sofrimento empático vem antes da compaixão, é o seu ponto de partida. O poder da compaixão está além do sofrimento pessoal e está focado no que pode ser feito ou seja na solução para minimizar a dor do outro sem se perder de si mesmo.
Ser compaixão, é ter tomado banho nas diversas águas do sofrimento e também por isso ser tocado naturalmente pela dor do outro, é sentir um desejo de aliviar ou minimizar o seu sofrimento. É mais que compreender as razões do outro estar em dor, é sentir essa dor mas porém voltar ao seu ponto de partida mais rapidamente e a isto chama-se resiliência.
“Vejamos o caso da Cátia (nome fictício) que foi deixada pelo namorado. Consciente de que a relação é uma via de mão dupla, procurou a terapia para assumir as suas responsabilidades e transformar a sua dor em autoaprendizagem.
Os seus olhos decorados por lágrimas que saltam, transmitem uma tristeza encantada, aquela que emana Paz, fez-se silêncio, respirou fundo e disse: “sabe que mais, às vezes penso que um dia, no leito da morte, existirá um momento final de aprendizagem através de uma viagem regressiva e nesta viagem sentiremos a dor e os sentimentos negativos que guardamos a respeito dos outros, e se assim for eu não consigo suportar a ideia de contribuir para o seu sofrimento.” E a Cátia perante esta hipótese escolheu conscientemente transmutar a sua dor pela entrega confiante, uma vez que alimentar a sua dor perpetuará a dor no outro (independentemente de quem esteja moralmente errado).”
Ser compaixão, é ser amor, é poupar a pessoa que amamos a essa dor, é poupar o nosso corpo, mente e alma a sentimentos negativos que adoecem.
“Ainda estou a aprender a Ser compaixão, a incorporar sentimentos de bondade e empatia quando penso em situações e pessoas que me activam dor ou quando reconheço que a causei involuntariamente. A essas pessoas devolvo o melhor de mim, pois são elas as provedoras do meu autoconhecimento, das minhas aprendizagens conscientes, são elas que me fazem, a cada dia, amar melhor.”
PSICOTERAPEUTA FACILITADORA DE GRUPOS DE METAMORFOSE EMOCIONAL
FUNDADORA DAS AULAS CRIATIVAS JOYFULL PARA CRIANÇAS
PROFESSORA UNIVERSITÁRIA
www.mariabartolomeu.com
[email protected]
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