Por Sofia Martins
in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2016
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Cuidamos das plantas, da nossa casa. Procuramos a harmonia em cada gesto. Uns de uma forma mais desajeitada do que outros, mas todos queremos amor.
Acontece é que, na ânsia de cuidar, esquecemo-nos que também nós precisamos de muita atenção. Não se trata de egoísmo, mas de nutrição. Porque, por mais cheia que seja a nossa vida, é sempre a nós que voltamos. Vivemos connosco a vida toda, mesmo que outros entrem e saiam ao longo do nosso caminho pessoal.
E se é assim, torna-se importante e vital que essa convivência seja o mais pacífica possível.
Agora, há de facto alturas na nossa vida em que as nossas necessidades tornam-se pequenas perante o sofrimento daqueles que amamos. Queremos ajudar, cuidar, proteger, nutrir. E o amor pode ser de tal forma gigante que nos arranca partes da nossa alma que doamos sem hesitar.
Mas não é inesgotável. Por muito que cuidemos dos outros e bem, há um espaço dentro de nós que reclama. Deixamos de dormir, de tratar de nós. Olhamo-nos no espelho e não gostamos do que vimos. Sentimo-nos tristes, com a autoestima do tamanho de uma ervilha.
Cuidar de nós é importante para todos os que nos rodeiam. Porque ao faze-lo, estamos a alimentar o nosso brilho. Meditar, nutre a alma. Caminhar, fazer desporto, nutre o corpo. Ler e aprender, nutre a mente. Abraçar, nutre os afetos. Observar, nutre a capacidade de nos deslumbrarmos. E tudo isto é fundamental para que nos sintamos vivos.
Quando tomamos conta de nós desta forma, criamos uma força inesgotável, capaz das maiores superações. Ganhamos energia, vitalidade e luz.
Há mães completamente realizadas nos seus papéis, mas que sentem uma tristeza que não conseguem identificar e culpam-se por isso. São imensamente cuidadoras, protetoras, carinhosas com os seus filhos. Procuram ser umas donas de casa exemplares. Mulheres dedicadas aos seus maridos. Cuidam de tudo e de todos com a maior competência. Mas há uma parte delas que se olha ao espelho à noite e não consegue encontrar-se. O que se estará a passar? Estarão a ser ingratas? Ou será que lhes falta outra coisa? Falta-lhes… “elas”?
Não deixando os homens de fora, acontece precisamente o mesmo com eles. Na ânsia de cumprir os seus papéis sejam eles quais forem, descuram o seu próprio espaço interior. E quando nos abandonamos, sentimo-nos inevitavelmente sozinhos. Mesmo no meio de muita gente.
Cuidar de nós não é sinónimo nem de egoísmo, nem irresponsabilidade perante aqueles que nos rodeiam. É sim uma forma de espelharmos um bem estar que inspire e motive os outros a procurarem o mesmo para si próprios. Então o mundo avança, mais solidário e autónomo.
Há pois que dar os primeiros passos em direção à sua paz interior. Que tal começar por 3 perguntas? Fica a recomendação que as faça logo de manhã, ou em momentos específicos ao longo do dia.
Comece por fazer três inspirações profundas. Observe os seus olhos ao espelho. E comece:
Pergunta um: Como me estou a sentir?
Pergunta dois: Será que me reconheço nestas sensações?
Pergunta três: Do que preciso agora?
Faça então o que poder por si nesse momento. Mas faça mesmo. E veja o impacto que essa atitude tem na sua vida.
Tomar consciência de que existimos para além daqueles que cuidamos é o primeiro passo para nos respeitarmos. Cada um de nós é único e responsável pelo seu corpo, pela sua alma, pelo seu caminho.
Honra-lo é amar a dobrar. E amar a dobrar é o segredo para uma vida muito, mas mesmo muito mais feliz.
TERAPEUTA E COACH
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in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2016
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