in REVISTA PROGREDIR | ABRIL 2017
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Tendo em conta os princípios budistas, definiu-se a compaixão como a capacidade em possuir uma sensibilidade emocional em relação ao sofrimento do outro, de forma a que desperte em nós uma consciência equilibrada acerca do mesmo em detrimento de uma postura e /ou atitude de desligamento, indiferença, tal como a motivação/desejo em aliviar e amenizar o sofrimento no outro. Esta definição engloba componentes como: (a) bondade, isto é, a capacidade de ser amável e compreensivo para com o sofrimento do outro, (b) humanidade comum, que significa entender que as próprias experiências fazem parte de uma experiência humana partilhada; e (c) mindfulness, ou seja, a consciência equilibrada, aceitação e abertura em relação ao sofrimento do outro.
Por sua vez a psicologia ocidental concetualizou a compaixão como uma combinação de motivos, emoções, pensamentos e comportamentos que nos abre ao sofrimento dos outros, levando-nos a compreender o sofrimento duma forma não avaliativa, bem como a atuar tendo em vista o seu alívio. É através da Psicologia Positiva que focando-se na componente positiva das experiências subjectivas e dos traços individuais, preocupando-se em fomentar a criação de qualidades positivas, contribuiu para que este conceito ganhasse força, afastando-se da visão de saúde mental e de doença mental.
É o nosso auto-criticismo, esta relação interna hostil-dominante que desencadeia (activa) o nosso sistema de processamento defesa-ameaça, que é ativado quando sentimos que falhámos em tarefas importantes, ou as coisas correram mal. Uma resposta alternativa ao fracasso pode ser o auto-suporte ou a Auto-Compaixão.
Para conseguirmos alcançar a auto-compaixão, será necessário preparar-nos para estabelecer o contexto e introduzir este modelo através do treino da mente compassiva, que deverá ser realizado a partir da nossa análise sobre as evidências que apoiam ou invalidam as razões para sermos hipercríticos. Explorarmos o impacto de se desenvolver a compreensão, o afeto e a compaixão por nós mesmos e pelos outros, avaliando as crenças que poderão dificultar este trabalho, não caindo no erro de considerarmos a compaixão num sinal de fraqueza, que não ajuda a resolver nada ou até considerar que não merecemos ter compaixão por nós mesmos e pelos outros.
Necessitamos sim de analisar as qualidades que tem, a capacidade para nos preocupar e cuidar do bem estar próprio e do outro, o aumento da tolerância para com o sofrimento, a empatia, simpatia e o calor/afeto. Consequentemente é necessário desenvolver a compreensão empática, gerando uma empatia com o nosso sofrimento e preocupação com o nosso bem estar e dos outros, especialmente com a parte que se sente subordinada, derrotada ou deprimida, envolvendo neste processo o reconhecimento das dificuldades da situação. A compreensão empática ajuda-nos no processo de aceitação de que “posso sentir-me desanimado/a de vez em quando”. É nesta sequência de processos teremos de gerar alternativas compassivas, que envolve alargar a atenção (além do foco na ameaça), não só para obtermos evidência contra a crítica, mas com uma atenção compassiva, reavaliando e retribuindo.
Em síntese, a compaixão manifesta-se através do toque, calor e confiança, permitindo a redução da resposta autonómica de stress relacionado com a atividade da amígdala, actuando como um agente de proteção contra várias condições psicológicas negativas, e dada a sua natureza afiliativa pode também ser associada à melhoria das relações sociais.
Para terminar deixo-vos um desafio:
Após um breve período de relaxamento, foque-se nas qualidades da compaixão e a gerar uma imagem de compaixão. Estas imagens estão frequentemente associadas a sensações de se ser segurado ou de calor. Quanto mais rica sensorialmente for a imagem mais fácil será a sua recordação quando necessária. A imagem deve ser única e especial para si. Peço-lhe que crie na sua mente um lugar seguro (imagem de compaixão), e que a descreva/pense onde é esse lugar e qual é a sensação associada a esse lugar seguro.
Esse será o seu lugar onde a vergonha, a autocritica não faz sentido e podem ser vocês mesmos. Essa imagem de compaixão pode estar consigo quando você precisar dela.
PSICÓLOGO, TERAPEUTA FAMILIAR, LIDER DE GRUPOS DE PAIS E DOUTORANDO
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