in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Durante muito tempo tinha como crença que ser vulnerável era ser fraca, hoje entendo que é uma força!
Talvez seja necessária uma atenção especial quando se diz a alguém para ser forte, por estar a passar determinada situação que, ao leigo olhar, é vista como difícil e dolorosa, porque existe a possibilidade de estar a impedir que essa pessoa descubra quais as necessidades que precisam ser atendidas e que possa pedir apoio para as suprir.
Durante esta minha experiência de vida fui notando várias crenças sobre força e fraqueza que acabaram por, de alguma forma, definir uma grande parte da pessoa que hoje sou, e que acolho agora com muito amor.
Esta visão da vulnerabilidade não é recente, mas só há poucos anos foi “desenterrada” da sua tumba, graças a esta vontade de cada um querer furar o casulo e mostrar-se como é na sua essência.
Ser vulnerável é abraçar a sensação de incapacidade, e não ter medo ou vergonha de o assumir, uma vez que muito boa gente cresceu a ser “obrigada” a ser forte, quer fosse para não dar trabalho, quer fosse para crescer rápido para dar suporte a algum familiar, ou qualquer outra causa mais profunda.
A Vulnerabilidade vem, por exemplo, dar à luz a resposta a muitas doenças físicas. Como assim dar à luz?
Cada vez mais vou observando e entendendo que, todas as doenças advêm de causas emocionais escondidas. E a doença vem precisamente trazer a oportunidade de olhar para elas, e o mais interessante é que quando se fala de doenças hereditárias, é precisamente deste “trazer à luz” que se fala, que por uns tempos é preciso olhar para trás e observar o que aconteceu, para depois andar para a frente com a intenção de não repetir padrões que foram impeditivos de viver com leveza.
Quando se inicia um caminho de autoconhecimento com vista na cura emocional, física e no desenvolvimento evolutivo enquanto ser humano, olhar para a vulnerabilidade pode muitas vezes despertar alguns sentimentos que se transformam em emoções pouco fáceis de lidar, como o choro, a zanga, a raiva, a frustração, o medo ou a sensação de incapacidade, e por isso custa muito mergulhar em águas profundas e aceitar ser vulnerável.
Alguns pais desenvolveram o hábito de dizer aos filhos, e muitas outras pessoas num contexto geral, algo como “não chores!” ou mesmo “engole o choro”, para não mostrarem a sua incapacidade em lidar com a dor dos filhos ou dos que estão ao redor. Muitas vezes nem se apercebem que este ato, após consumado, possa dar, por exemplo, origem a problemas de obesidade e tiroide na fase adulta ou mesmo ainda durante a infância. Além de recalcar a zanga, a frustração, e a raiva, que tendencialmente e inconscientemente se vai repetindo vezes sem conta, vai também criar um vazio interno de afeto e conexão, que se não for estruturado acaba por ser preenchido por comportamentos menos saudáveis.
A força da vulnerabilidade é que afinal não precisamos de ser “fortes” o tempo todo, e está tudo bem!
E se existe o medo de mostrar alguma fraqueza (algo com o qual não se sente bem, mas tem vergonha de que se saiba), talvez o mais indicado seja falar com alguém, de preferência que pratique a escuta ativa, que entenda, que não vai criticar ou julgar (a quem chamo de “adulto estruturado”), e que possa trazer mais leveza ao sentimento silenciado.
Por isto gostaria de lembrar que “cair” faz parte da vida e que pode doer, e se doer pode chorar, e chorar faz parte da força que a seguir nasce e se levanta para cuidar da ferida. E cuidar da ferida faz parte do crescimento, e que às vezes é preciso pedir ajuda e às vezes basta ir mergulhar no mar e depois emergir, e outras vezes é deixar a vida tomar conta, porque ela se encarrega de colocar tudo no devido lugar.
Vivendo e balançando pelo que acrescenta e melhora a condição humana, e soltando o que já não cabe na bagagem e nem serve no corpo.
Resumindo de forma metafórica:
Ser Vulnerável, é ser capaz de mudar de roupa, sempre!
COACH E TERAPEUTA HOLÍSTICA
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