in REVISTA PROGREDIR | MAIO 2023
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Ouvimos falar de estilos de vida saudáveis, de literacia em saúde, de gestão da doença crónica, mas considerando a premissa de viver melhor emergem questões como: podemos viver melhor, considerando que somos doentes? Podemos viver melhor, com os recursos que temos, mesmo não tendo doenças? Se já consideramos viver bem, o que significa viver melhor?
Vou, pois, propor, que nos debrucemos sobre a vivência melhor do nosso estado atual, com as lentes da ciência que melhor domino, a Enfermagem. Esta ciência, preocupa-se com o estudo e os cuidados às Pessoas, não na perspetiva das doenças, mas na perspetiva das infirmezas. E é desta forma que a partir daqui vamos encarar o conceito de viver melhor. Viver melhor é uma orientação para um estado de elevação das firmezas na nossa vida, a partir das circunstâncias que somos e dos recursos que temos.
De acordo com a Ciência de Enfermagem, devemos procurar elevar as nossas firmezas em três tipos de processos:
- Os processos intencionais, que é tudo aquilo que nos leva a tomar decisões e a agir nas nossas vidas e que relaciona com fatores como: os conhecimentos que temos sobre os assuntos sobre os quais temos de decidir; as crenças que fomos construindo sobre os mesmos assuntos ou a nossa hierarquia de valores na vida;
Neste domínio, podemos viver melhor se:
a) Procurarmos mais e melhor informação sobre os assuntos que podem contribuir para termos melhor qualidade de vida (desde a alimentação à concretização de projetos de vida e vivência positiva de emoções). Para cada um destes assuntos, devemos procurar fontes de empoderamento: Como consultas com profissionais de saúde, manuais validados sobre os assuntos, Coaching, etc.
b) Refletir criticamente sobre as nossas crenças e como as podemos transformar, assim como sobre a nossa hierarquia de valores, para nos elevarmos nas nossas condições de vida. Também aqui, uma boa consulta de Enfermagem de Saúde Familiar e com um Coach profissional, podem ser recursos interessantes para otimizar as crenças.
- Os processos não intencionais, que representam aqueles que não conseguimos controlar, mas com os quais temos de viver, como por exemplo os fisiológicos.
Neste domínio, podemos viver melhor se:
a) Nutrirmos o nosso corpo com os melhores nutrientes alimentares, mas também emocionais: escolhendo os alimentos, os contextos e os fatores que nos fazem melhor e nos permitem otimizar o nosso equilíbrio fisiológico.
b) Potenciarmos uma adequada vigilância do nosso corpo, frequentando consultas com profissionais de saúde para promover a saúde física e mental.
c) Orientar os processos intencionais para concretizar estilos de vida mais saudáveis no que respeita às diferentes dimensões que influenciam o nosso funcionamento fisiológico: a atividade e exercício físicos, a alimentação, a ausência de consumos nocivos de álcool, tabaco e outras substâncias, a vida saudável em família e socialmente, um contexto de trabalho e desenvolvimento positivos e potenciadores, entre outros.
- Por último, os processos de interação com o ambiente. Aqui falamos do espaço onde vivemos, desde a nossa casa ao bairro ou município, as políticas que influenciam a nossa vida, os diferentes elementos económicos que norteiam as nossas circunstâncias, etc.
Neste domínio, podemos viver melhor se:
a) Analisarmos o ambiente físico e social em que vivemos e optarmos por o otimizar para melhorar a nossa qualidade e vida: melhorando a nossa casa, melhorando as nossas relações;
b) Participarmos ativamente no exercício da cidadania, exercendo o direito de Votar, de sugerir melhorias nas assembleias de freguesia do local onde vivemos ou criando processos de interação positiva com os nossos vizinhos e pessoas com quem nos relacionamos socialmente de forma mais plena e ainda otimizando os processos de gestão financeira, que nos garantam mais recursos financeiros a partir da relação entre os ganhos e os custos da nossa realidade.
Apenas enquadrando a nosso foco nos processos intencionais, não intencionais e de interação com o ambiente, é possível identificarmos uma grande quantidade de elementos nos quais podemos tornar-nos mais firmes, ou seja, dotados de conhecimentos, competências, atitudes e comportamentos que nos empoderem para elevar as nossas condições de vida.
Garantindo a otimização das nossas firmezas, nas nossas circunstâncias, estamos a garantir o empoderamento individual, mas também daqueles que nos rodeiam, para elevar as condições e a qualidade da nossa vida e isso é, plenamente, viver melhor e com mais saúde.
PROFESSOR AUXILIAR E INVESTIGADOR NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA ENFERMEIRO, COACH, ESCRITOR
www.youtube.com/c/PedroMeloPhD
[email protected]
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