Por Elisabete de Paiva Monteiro
in REVISTA PROGREDIR |MARÇO 2021
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
O ano terminou, mas a pandemia não. O novo ano 2021 trouxe com ele uma segunda vaga de infeções, provocando um agravamento, já verificado em 2020, em vários sistemas da sociedade: profissional, familiar, social, educacional, entre outros.
Face à alta contagiosidade do vírus, e como forma de minimizar os contágios, várias medidas políticas tiveram que ser tomadas, tais como: suspensão da atividade profissional, trabalhar a partir de casa (teletrabalho), redução de contactos sociais, mobilização inter e intra país limitada, escolas e universidades encerradas.
Apesar destas medidas serem necessárias em termos de saúde pública, elas acarretam consequências: diminuição de interações sociais e familiares, isolamento social, doenças mentais e físicas, diminuição ou ausência de remuneração, atividades económicas suspensas, reduzidas, ou mesmo extintas, aprendizagens escolares empobrecidas, entre outras.
O contexto profissional foi substancialmente afetado pela pandemia. Por um lado, na área da saúde, a pandemia provocou um enorme aumento de doentes a necessitarem de cuidados de saúde/hospitalares, aumentando o volume de trabalho de médicos, enfermeiros, psicólogos, técnicos de diagnóstico, de análise, entre outros profissionais. Por outro, houve uma redução do número de empregos, postos de trabalhos que foram extintos, noutras áreas da economia, provocando uma crise económica e social.
Como já referido anteriormente, uma das medidas que se tomou para reduzir a propagação do vírus, foi a possibilidade de se fazer teletrabalho. Esta era, até há um ano, uma modalidade de trabalho pouco exercida em Portugal.
Para além do aspeto positivo (redução de contágios), o teletrabalho comporta aspetos negativos que podem comprometer a vida profissional, pessoal e familiar: o isolamento social (a interação direta entre chefias, colegas, clientes, etc., deixou de existir), dinâmicas familiares que passam a existir em simultâneo com dinâmicas profissionais (ainda que tenham lugar à distância), os limites entre a vida profissional e pessoal/familiar podem ter ficado diminuídos, conciliar, horários como desempenho profissional e com as tarefas escolares dos filhos (aulas à distância), dificuldade em ter um espaço e meios em casa que permitam trabalhar com as melhores condições possíveis, diminuição de remuneração, etc…
Compatibilizar vida profissional, com vida escolar, com vida familiar e, ainda, com vida pessoal, num só espaço, durante 24 horas, sete dias na semana, poderá tornar-se numa experiência difícil, com repercussões na vida mental.
Partindo deste facto, e para minimizar os impactos do teletrabalho na saúde mental dos trabalhadores, propõem-se os seguintes autocuidados, promotores de saúde mental:
a) Reconhecimento das dificuldades de adaptação ao regime de teletrabalho (por ser uma situação nova, não há referências de como no passado se fez);
b) Aceitação e compreensão que a produtividade em regime de teletrabalho não é igual à produtividade em regime presencial;
c) É natural sentir-se stressado, cansado, frustrado e sobrecarregado, ou até, desmotivado;
d) Tentar reduzir as distrações e interrupções (em conjunto com a família, estabelecer horários para trabalho, descanso e lazer);
e) Estabelecer e cumprir objetivos e limites (procurar respeitar o horário definido e não manter o computador ligado depois do horário de trabalho);
f) Introduzir momentos de pausa e a necessidade de autocuidado (tomar um café ao ar livre, sair para um pequeno passeio higiénico, brincar com um animal de estimação, por exemplo);
g) Não se isolar (reforçar o contacto com colegas (um “café à distância” ou um “almoço à distância”. O mesmo se aplica a família e a amigos);
h) Praticar exercício físico (dentro ou fora de casa);
i) Ter uma alimentação saudável.
PSICÓLOGA CLÍNICA (CÉDULA PROFISSIONAL Nº 22877, DA ORDEM DOS PSICÓLOGOS PORTUGUESES)
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in REVISTA PROGREDIR |MARÇO 2021
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