Por Susana Milheiro Silva
in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2019
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Começou com o Infante D. Henrique: “O que é a Terra, qual a sua geografia?” – dando origem aos Descobrimentos; Leonard daVinci, inicia o estudo de cadáveres, levando à origem da Medicina; Maquiavel, questiona o poder do Rei, a cultura; Cupérnico: “Será a Terra o centro do Universo?” – confronto entre a Igreja e a ciência; Lutero, questiona o poder religioso, originando a imprensa e dando início ao movimento protestante; no Séc. XIX, Nietzsche diz-nos: “Deus está morto!”, ou seja, o Ser Humano já é adulto!; e mais tarde Sartre, questiona o sentido da existência.
A 5ª cultura (a atual) irá até ao ano 3577, aproximadamente.
Durante este longo período, e devido a esta constante transformação e crescimento ao longo dos séculos, chegámos aos dias de hoje com uma certeza - passámos de criaturas a criadores! Somos Cocriadores da nossa realidade.
Tudo tem sido colocado em perspetiva. Tudo tem sido questionado e observado a partir de um olhar mais adulto, responsável e consciente.
Deixámos para trás um tempo em que fomos o resultado da boa-vontade dos deuses, ou de um Deus-único, que nos castigava ou brindava consoante correspondíamos a uma vontade moral. Agora esse deus está dentro de cada um de nós. Somos o resultado das nossas escolhas e acções. Nada acontece ao acaso.
Esta mudança de paradigma reflete-se em todas as áreas da Vida e é-nos sempre mais fácil reconhecê-la quando o resultado é algo positivo e benéfico. Quando a Vida nos corre de feição, sentimo-nos empoderados. Sentimo-nos heróis e conquistadores. Realizados e por vezes até superiores aos demais. Em oposição é-nos grande parte das vezes muito difícil aceitar que os azares que nos batem à porta, também esses são obra nossa! Passamos a viver conetados com o nosso corpo de dor, como afirma Eckhart Tolle no seu best-seller “O poder do Agora”. Para transcendermos esta auto-comiseração e deixarmos o lugar de vítimas da nossa própria Vida, é fundamental reconhecermos que é nosso o papel principal. Que somos o realizador, o produtor e o interprete da nossa história.
Talvez a área da Vida mais dificil de aceitar e reconhecer este novo paradigma seja a saúde. É-nos fácil designarmos as doenças como um jogo de roleta russa. De azar ou de sorte. Mas será que assim é ?
Também nesta área a consciência coletiva, e obviamente também individual, está a mudar. Só nos anos 60 e até 90 do séc. XX, o termo salutogénese começou a ser conhecido e estudado. É designado pela palavra latina salus, salutis: saúde; e a palavra grega genesis: origem. Ou seja: a Medicina começa a pensar na saúde e na sua origem, em vez da antiga e caduca patogénese (composta pelas duas palavras gregas pathein: sofrer, e genesis: origem) significando a origem do sofrimento, ou seja, da doença.
Assim, o conceito da patogénese baseia-se, por exemplo, nas doenças infecciosas, no modelo de contágio. Onde nos perguntamos: quem é que me contagiou? Que vírus é, que bactéria? Qual o melhor tratamento?
Por outro lado, segundo salutogénese, a pergunta que faremos é: porque razão fui eu a contrair esta infeção, enquanto outros à minha volta continuam saudáveis? Porque razão o meu rim ou fígado, está sensível neste momento de modo a ter contraído esta infeção? Ou, o que me está a querer dizer o meu corpo neste momento?
Cada vez mais o ser humano está a trazer à sua consciência estas pertinentes questões. Deste modo é-nos possível a todos, e não só a alguns como sucede no antigo paradigma, encontrar dentro de cada um de nós a possibilidade de cura, de auto-cura.
Chegados aqui a pergunta que se coloca é: Enquanto Cocriadores da nossa saúde, de que modo podemos ser pessoas saudáveis?
Lembremo-nos que ao referirmos saúde estamos a conter o aspeto físico, emocional, espiritual e energético. É no equilíbrio em todos estes aspetos que nos podemos considerar pessoas sãs. É no respeito pelo nosso corpo, pelo nosso sentir e acção que encontraremos o sentido da nossa Vida e desta forma estamos com uma real auto-imunidade. Cada vez que nos anulamos, não ouvindo a nossa verdade, estamos em risco de adoecer. E isto manifestar-se-à em qualquer uma das áreas da nossa Vida. Importa recordar que a nossa existência tem sentido quando vivemos em liberdade e nos vinculamos a quem realmente somos, estabelecendo pontes saudáveis com o exterior.
PSICÓLOGA CLÍNICA, VIA® APRENDIZAGEM INTEGRATIVA DA VIDA CONSULTORA MINDFULNESS PELA EEDT. MEMBRO FUNDADOR DO CLUBE UNESCO-KIRON, PSICOTERAPEUTA DA EPHESUS THERAPEUTIKUM
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in REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2019
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