in REVISTA PROGREDIR |NOVEMBRO 2024
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Desde cedo, somos ensinados a combater tudo o que ameaça a nossa paz. A ideia de que "a luta leva à vitória" é incutida em nós. No entanto, essa noção pode revelar-se menos correta quando percebemos que o Universo nos devolve exatamente aquilo que damos, tal como a terra nos devolve o que nela plantamos. Se o que semeamos é confronto, confronto é o que vamos invariavelmente, colher e quanto mais resistimos ou lutamos contra algo, mais forte essa situação se torna, eventualmente voltando para nós de forma ainda mais forte e intensa.
No campo da espiritualidade, o princípio "não lutar, não temer" oferece uma perspetiva transformadora. A luta, a qualquer nível, gera resistência, e essa resistência alimenta e perpetua a própria situação, seja ela material, física ou no campo da emoção, que queremos evitar. Paradoxalmente, ao confrontarmos situações negativas com resistência, estamos a fortalecê-las. Isso cria um ciclo vicioso que drena as nossas forças, desviando-nos do verdadeiro caminho para a paz interior, objetivo primordial da espiritualidade.
Sob esta ótica, o confronto é uma expressão de competitividade e dualidade, conceitos contrários à espiritualidade, que promove a harmonia e a unidade. A verdadeira espiritualidade não necessita da validação ou vitórias sobre adversários, mas sim da aceitação e transformação interior. O verdadeiro objetivo não é ganhar uma luta, mas compreender o seu significado e transcender a dinâmica que nos afasta do nosso propósito espiritual mais profundo.
Optar por "não lutar, não temer" não significa passividade ou resignação, mas sim uma atitude de não-resistência, confiança, fé e entrega. Essa postura permite-nos enfrentar os desafios de forma mais serena e eficaz, sem a necessidade de confrontação direta, mas de uma ação direcionada ao nosso interior, mais acessível e fértil. A verdadeira humildade reside na capacidade de aceitar o que está à nossa frente, analisar com clareza e então decidir se aceitamos ou recusamos aquilo que a vida nos apresenta.
Adotar esta filosofia é, essencialmente, um convite à introspeção e à aceitação. Ao abraçarmos os nossos medos e desafios com serenidade e consciência, permitimos que se dissipem naturalmente, seja por meio de trabalho interno ou com o tempo, sem gerar mais dor ou conflito. Essa escolha consciente de nutrir a paz interior em vez da disputa externa não significa apatia, mas sim a decisão de transformar a nós mesmos, a única coisa sobre a qual realmente temos controlo.
Então, na espiritualidade, o confronto não precisa ser considerado um caminho válido para alcançar a paz. Pelo contrário, a verdadeira libertação surge da compreensão e aceitação. Quando reconhecemos o que não queremos nas nossas vidas, em vez de confrontarmos diretamente, trabalhamos para nos libertar dessas dinâmicas destrutivas, a que muitas vezes estamos habituados e de onde é tão difícil sair. Essa prática não apenas transforma a nossa vida pessoal, mas também contribui para um mundo mais pacífico e harmonioso. Afinal, a verdadeira paz não é a ausência de conflito, mas a presença de amor e compreensão.
FORMADORA E TERAPEUTA DE TAROT E ORIENTAÇÃO
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