in REVISTA PROGREDIR | SETEMBRO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Nada é estático ou permanente. Ao longo da nossa vida, cada um de nós atravessa vários processos de mudança. Quando se vive um relacionamento a dois esta mudança individual tem impacto no casal ou parceria. Inicialmente pode existir a expectativa e a ilusão de que o que temos nos fará felizes e existirá para sempre, mas vem a vida e mostra-nos que nada é como esperávamos e que a permanência nas relações não existe. E aí sofremos, sendo nós mesmos os responsáveis por esse sofrimento criado pela ilusão da permanência. Talvez se consiga harmonizar a dor quando aceitamos que nada controlamos e entendemos o conceito budista de que “nada é permanente, a não ser a própria impermanência”.
A vida é movimento, fluidez, portanto, pensar que controlamos tudo é pura ilusão.
A ilusão cria expectativas que levam a sofrimentos causados por nós mesmos e a ideia de permanência nas relações é uma dessas ilusões quando nos apegamos a momentos, emoções e pessoas. Pensar que tudo é igual, quando nós mesmos vamos ficando diferentes ao longo dos anos faz criar hábitos e rotinas obsoletos entre pares que continuam juntos e quando notam, apenas remam sem direção definida. Habituaram-se a remar, mas sem norte, sem a bússola inicial, pois até esse destino primordial pode ter mudado com o tempo. É altura, então, de dar um rumo à relação, um novo significado. Analisar o caminho percorrido, as conquistas e derrotas feitas em conjunto e perceber as mudanças que foram acontecendo e que a rotina do dia a dia foi mascarando e deixando invisíveis. A partir deste lugar há que ressignificar e tomar decisões sobre o sentido da relação.
Quando observamos casais de idade avançada que ainda passeiam pela rua de mãos dadas vemos manifestações de muito carinho mútuo, tentamos perceber o que os faz manterem a chama do namoro acesa. Uma das coisas que fizeram durante a sua vida foi precisamente ressignificar. Perante os desafios quotidianos, as rotinas, os stress, o aparecimento dos filhos e mais tarde dos netos, bisnetos, a saúde e a destreza que vão sendo menores, etc., estes casais foram mudando individualmente, mas em comunhão, também, foram dando novo significado à sua relação, foram evoluindo na mesma. Isto talvez seja possível com muito jogo de cintura de ambos, respeito mutuo e diálogo franco. E claro está com um Amor que não se importou de ir mudando ao longo das décadas e de se ir adaptando e readaptando no casal.
Será que ressignificar os relacionamentos mais longos traz algum benefício? Permite-nos proporcionar-nos diante dos problemas, onde atuaremos na perspetiva do adulto que toma decisões em conjunto, quer seja para partir para o divórcio, quer seja para manter a relação, transformando as experiências negativas e as rotinas em aprendizagem e encontrando motivos para continuar (em conjunto ou sozinhos). Ao dar um novo significado numa relação, o casal pode olhar e perceber o que pode ser feito dali para a frente para que não sejam cometidos os mesmos erros e o caminho vai-se fazendo com este acertar de agulhas enquanto existir a vontade de ambos.
Quando o casal está disposto a ressignificar a sua parceria, a mesma irá ter mudanças. No entanto, é importante que olhem o passado de frente, ou seja, que as experiências passadas que os levaram a ter de dar um novo rumo na relação sejam pacificadas, procurando extrair as coisas boas e os ensinamentos que lhes trouxeram.
Honrar e respeitar a história vivenciada pelo casal significa que se devem orgulhar de tudo o que lhes aconteceu e de como superaram os desafios e obstáculos e de como as mudanças individuais foram transformando, também, a parceria que se foi adaptando, reinventando ao longo do tempo. No fundo, como se foi ressignificando, trazendo mais segurança e confiança ao casal, dotando-os de recursos necessários para vencer todos os desafios que a vida lhes traz.
TERAPEUTA HOLÍSTICA
metamorphosestrelas.wixsite.com/terapiaseformacao
[email protected]
in REVISTA PROGREDIR | SETEMBRO 2022
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)