in REVISTA PROGREDIR | SETEMBRO 2022
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Recordemos igualmente que a experiência em si não reporta polaridade ou categorização, nenhuma experiência é “boa” ou “má”, são apenas significados que lhes atribuímos! Tudo são passos no caminho da evolução e do polimento humano, tudo nos leva à coexistência do ser, à cocriação humana consciente, em profunda fusão com a vida, ao crescimento no
percurso evolutivo.
Tudo é energia e a necessidade de vivenciar determinadas experiências, devem ser instigadas e posteriormente intuídas ao natural fluxo da vida e da superação humana.
Todo o momento tem um propósito, confere-nos a “tarefa” de captar a lição espiritual que poderá ser feita, a dádiva que essa aprendizagem trará.
O maior legado relaciona-se com construir um futuro livre de aprisionamentos, conscientes das memórias que inevitavelmente existem, são apenas reflexo de um passado que deve e pode ser substituído por energia de criação, vitalidade, fruto do tremendo poder do agora! A resiliência estimulada em momentos de alguma “carga” ou tensão emocional, acresce valorização ao ser humano, mais sentido à vida, um alinhamento profundo da energia de auto amor e auto confiança.
Após situações de cariz mais “traumático”, a ressignificação e resiliência, possibilitam o aumento de comportamentos de amor compassivo, maior benevolência e altruísmo. A diversidade e a vulnerabilidade emocional, funde-nos em essência, à valorização do que é momentaneamente crucial nas nossas vidas, ativando as nossas virtudes humanas, a coragem e transcendência são exemplos disso mesmo. Vários estudos reportam que a experiência de emoções positivas, aumenta após situações de clara fragilidade.
O passado pode e é revisado, mas pode ser interpretado à luz da consciência, momentânea, que se expande, a cada nova experiência.
Um novo eu re-criado mais poderoso, pela permissão de olhar de um diferente ponto de vista, uma perspetiva maior, no caminho da transformação, da busca da “melhor versão” do ser humano.
Nessa busca, a virtude reside no esclarecimento e jamais na ignorância permitida, mais ou menos consciente.
Crer em algo irreal, é viver a ilusão de ser feliz ou consignar a minimização da arte de amar, de ser agradecido. O Condicional “e se” que muitos de nós reportam, projeta-nos numa imaginação pouco fértil, excessivamente discriminatória e crítica que em nada acresce á alma humana, lúcida.
É esse o ponto original, o retorno constante ao ponto origem, ao presente, sem cobranças, na antiga filosofia de escassez, de eras anteriores.
A atribuição de novos significados, catapulta a apreciação da beleza e excelência a tudo (virtude da transcendência), abre portas a um sentido de liberdade, pois queiramos fugir ou saborear a “imagem” do que foi vivenciado, é inevitável viver com ele, pois não há vida sem história ou passado, devemos honrá-lo, é honrar a vida, a nossa trajetória e bravura!! Acolher tudo quanto é trazido em honestidade e simplicidade, do não manifesto ao manifesto, são evidências, da atração do próprio ser humano aos seus desejos e necessidades mais profundas, em diferentes fases da vida. Gira em si só o sentimento de ou possibilidade de estarmos profundamente gratos, construído o futuro perfeito e em harmonia.
As ações consequentes, o que fazemos com a atribuição de significados aos eventos
passados, das tomadas de decisão, a estimulação das forças pessoais, ou inércia face ao estímulo das mesmas, são um caminho na direção do comprometimento, para quem já vive focado no deslumbramento do aqui e agora. Honrar o passado, não se trata de magnificar por excesso ou por defeito, mas sobretudo impedir que o mesmo, quando “marcadamente doloroso”, feche o seu ciclo, permite acessar à paz interior, para que novas perspetivas e oportunidades se criem e aproveitem, de viver
melhor, um desejável e melhor, presente.
Mediante tudo o que acontece existem duas diretrizes e escolhas distintas: o passado ou é assumido e gratificado, pelo que na realidade acontece, sem “fados” ou exageros, tonalidade “melodramáticas”, egóicas, ou pelo contrário, é aproveitado para somar passos, à maturidade espiritual, na assunção da liderança e liberdade pessoal que é concedida, a cada novo instante.
Dar excessiva relevância ao passado, ancora o pensamento a algo que é irreversível, sendo conscientes que o pensamento é de fato o primeiro ato criativo e com tremendo poder, na delineação ou manifestação do que mais se deseja.
Avançar ou ficar presos, são escolhas que devem ser sustentadas em consciência, que agregam funcionalidade, alegria e simplicidade à vida, a novas experiências e aprendizagens. Muitos estudos reportam que é pouco salutar viver em obsessão por um passado face à excessiva atenção e energia de baixa vibração que poderá ancorar.
À semelhança do olhar longínquo, sobre o passado, fixar excessivamente a meta no futuro, distancia-nos manifestamente da possibilidade de sentir a vida, o reino do pensamento pelo reino do sentir e viver de verdade.
A origem da situação traumática, se tocando em aspetos basilares da vida, como o sentido, a inversão de prioridades ou até mesmo, questões relacionadas com a identidade, incutem assim a grande possibilidade de sugerir uma sensibilidade mais aprimorada, um revigorar de forças pessoais e virtudes até então não manifestas.
E de fato crucial sentir, a genuína satisfação e gratidão face a experiências passadas, em especial as mais desafiantes, são a evidência da superação, no momento presente em que agora refletimos. É de fato uma forma de viver com mais qualidade, de forma manifestamente mais positiva.
No âmbito da psicologia positiva, em pesquisas relativamente recentes, é notória a influência no bem estar pela esperança e otimismo que recheiam o futuro, assim como a escolha da visão ou explicação do passado.
A felicidade reporta para ajustarmos metas, objetivos, ancorando inevitavelmente os pés no presente, na gratidão pelo momento presente, é isso que confere plenitude à vida e contentamento pelo mais simples ato.
No momento presente reviver o passado, reprogramando a mente consciente, os seus “eus passados”. Com envolvimento total sensorial, é possível sugerir a redução de intensidades de estados emocionais, a referida ressignificação, auxiliando em definitivo a neuroplasticidade das células.
A cada instante somos convidados a integrar o que é útil no presente, guiando-nos para um melhor futuro, a potenciar a nossa apreciação, sobre tudo com que nos deparamos. Mediante situações de maior complexidade ou ativação emocional, a forma como é encarada, pensada a capacidade de considerar ser capaz lidar com as mesmas, sustentam o entendimento de que tudo se altera designadamente a filosofia de vida e a compaixão em relação ao próprio e ao outro.
Não podendo generalizar, existem de fato pessoas que não se recuperam de catástrofes ou de situações projetadas como inalcançáveis!
Trabalhar a mudança de paradigma impele a expandir a consciência.
PISCOTERAPEUTA ESCRITORA COACH SISTÉMICA
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