Por Sílvia Coelho
in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2020
(clique no link acima para ler o artigo na Revista)
Gostaria de partilhar algumas reflexões, não da reviravolta completa em termos de vida profissional, isto é, mudar de emprego, perder o emprego, criar o seu próprio emprego, etc., mas sim da manutenção do emprego de forma mais criativa e saudável. Nem sempre somos felizes na nossa atividade profissional. As rotinas instalaram-se, os processos são maçadores, os colegas são assim ou assado e a melhor parte do dia é a hora da saída.
Estando nós metidos com os nossos próprios botões a pensar em como somos tão desperdiçados no nosso local de trabalho, de repente, levantamos a cabeça para fora do nosso próprio umbigo e damos conta de uma pandemia, de uma grande pedrada no charco, que nos vira a vida, tal como a conhecemos, de pernas para o ar.
Sem que tenhamos tido muito tempo para pensar no assunto, a nossa vida profissional também fica virada do avesso (ou do direito, dependendo das perspetivas). Sem sabermos como, tivemos que encontrar formas de sobreviver pessoal e profissionalmente, inventando novas rotinas, novos processos e novas soluções. Desde sempre que se diz que a necessidade aguça o engenho. E ao contrário da frase comum, estou plenamente convencida de que são os ratos que param montanhas. São pequenos movimentos que produzem grandes consequências.
Na maior parte dos casos, no que diz respeito à nossa vida quotidiana, bastam pequenos gestos, para se produzirem grandes alterações. Assim sendo, faz todo o sentido que se aproveite este momento tão difícil na história da humanidade para renovar tudo o que nos for possível. Verdadeiramente, o que nos é possível, é o que depende exclusivamente de nós. O que é produto da nossa capacidade e das nossas escolhas.
A nossa possibilidade é diretamente proporcional à nossa capacidade interna.
Resumindo: o que é que podemos fazer de diferente, com aquilo que temos? O que podemos alterar utilizando apenas os nossos recursos internos e os externos que já temos ao dispor? O que podemos deitar fora? O que podemos destralhar? O que podemos renovar? Este tem que ser o raciocínio. Já que nos tivemos de adaptar, à pressa e sem rede, a uma nova realidade, vamos aproveitar para renovar o que nos for possível.
Também em termos profissionais, para sermos mais felizes e mais realizados, mesmo que não se goste assim tanto do emprego que se tem. Podemos fazer uso dos nossos “ratitos” e produzir montanhas. E sempre que melhoramos o nosso bem-estar nos locais onde nos encontramos, produzimos uma montanha. Podemos começar por renovar a nossa secretária. Não, não é necessário comprar outra. Podemos apenas alterar a organização, renovar os objetos, as fotos, trocar as coisas das gavetas e destralhar.
Quando se destralha, limpa-se o ambiente. O externo e o interno. Podemos olhar para o espaço e perceber como é que o podemos otimizar e transformar num local mais agradável. Colocar uma planta nova? Uma foto diferente? Uma nova moldura? Uma caneca diferente para as canetas e outra para o café? Trocar a secretária de lugar? O que podemos tornar mais bonito e leve? Começar por renovar o espaço, é sempre começar pelo sítio certo: o princípio. Sem grande esforço, damos conta que os objetos estavam num determinado local, só porque sim. Porque era assim e deixou-se estar.
Quantas vezes, o nosso ambiente interno e produtivo também se instala no “sempre foi assim”. Renovar o espaço para renovar os processos. Agora vamos olhar para a nossa forma de trabalhar, de fazer as coisas, de arrumar os ficheiros, de transmitir os assuntos. Faço desta ou daquela maneira, por que razão? Porque sempre foi assim? Por que sim? Por que sim, não é resposta. A importância está na pergunta. Por que razão se faz desta ou daquela maneira? Posso ou não fazer diferente de forma a ser mais satisfatório, eficiente e eficaz? (Eficiente é quem reza bem, eficaz é quem vai para o céu). Posso ou não colocar o meu cunho pessoal, aquele que é só meu e pode fazer a diferença na forma de trabalhar? Sinto-me melhor, produzo melhor e, por efeito dominó, vou estar melhor com os outros.
Se eu souber aproveitar o momento de instabilidade para encontrar roupas novas para soluções antigas (funcionantes), ou novas formas de enfrentar as rotinas, eu consigo acrescentar valor e umas lufadas de ar fresco na vida profissional. Este é o momento.
Agradecer o que se tem, com a força interna para renovar tudo o que tiver ao alcance.
Desta forma, o que parecem ratitos, são forças motrizes que podem criar e mover montanhas. As nossas.
PSICÓLOGA
magdalagabriel.blogspot.pt
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in REVISTA PROGREDIR | NOVEMBRO 2020
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